Jobim recomenda aos EUA distância do Conselho de Defesa sul-americano

“Manter distância”. Esta foi a resposta do ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao questionamento do secretário de Defesa dos EUA, Bob Gates, de como o seu país poderia contribuir com o conselho de defesa sul-americano, proposta brasileira para desenvolver um sistema unificado de defesa e para o desenvolvimento de uma indústria de armamentos integrada.

Segundo o relato do próprio Jobim, durante a sua viagem de quatro dias aos EUA, ele defendeu os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Rafael Correa (Equador) em conversas com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, com o assessor do Conselho de Segurança Nacional, Stephen Hadley, e o chefe do Comando da Otan, Jamis Mattis.

Jobim disse que reafirmou a posição brasileira para Rice de que quem não respeita a democracia na Venezuela é a oposição ao presidente Chávez. “Quem agiu não-democraticamente foi a oposição que [com apoio dos EUA] tentou um golpe para derrubar Chávez em 2002”, afirmou.

O ministro destacou ainda que rejeitou as ofertas feitas pelos norte-americanos para fornecer os caças que o Brasil pretende comprar para renovar o esquadrão da FAB (Força Aérea Brasileira).

De acordo com Nelson Jobim, o governo está interessado em adquirir equipamentos bélicos de países que oferecem transferência de tecnologia.

Hora do Povo

Rizzolo: Em primeiro lugar ” adquirir equipamentos bélicos de países que oferecem transferência de tecnologia” é no mínimo uma ingenuidade de cunho infantilóide. Jamais um País que detenha tecnologia bélica vai ” transferir tecnologia” para o Brasil, ou para qualquer outro País. Os militares estão aí e não me deixam mentir. Um País de verdade se constrói com investimentos maciços na formação profissional, até para ter capacidade de copiar. Sim, é uma palavra forte, mas é a pura realidade, A China fez isso. Ai invés de pensarmos em tocar os nossos projetos como o desenvolvimento do nosso submarino nuclear, fortalecer nossa indústria bélica sucateada, que um dia já foi competitiva, ao que parece o ministro busca alguém que nos entrega a ” receita de bolo pronta “. Ora, isso não existe, alguém tem que acordá-lo.

Segunda questão: se de fato, o ministro afirmou que a Venezuela é uma vítima na América Latina, e que a distância dos EUA do pretenso ” Conselho de Defesa” seria de bom grado, está caracterizado outra ingenuidade. O governo americano acompanha de perto todas as movimentações na América Latina, haja vista a interferência no caso da Colômbia com o Equador, ademais, esse Conselho só faria sentido se de fato houvesse na Améirca Latina, um perigo eminente, um estado de beligerância. Se foi isso mesmo que afirma o texto, além de ingenuidade, está patente uma total falta de prestigiar as ações de diplomacia.

Charge do Jorge Braga para O Popular

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Dengue, epidemia de politicagem

Não são poucas as vezes que em reuniões entre amigos, em conversas no canto da sala, sempre se ouvem de alguém mais intolerante, para não dizer radical, que no Brasil o povo é atrasado face à nossa colonização. Se deixarmos a conversa rolar, das alegações de má colonização, o ” radical” passará a insinuar que o problema além da colonização, é o ” espirito latino” de desorganização, a aí por diante. Sempre tentei não enxergar o Brasil dessa forma, mas tentar entender a desordem e a ineficácia tamanha que reina no nosso meio político, é um árduo exercício, ademais, todo cuidado é pouco na análise, para que não venhamos cair nas argumentações dos radicais e intolerantes.

O fato é que, a ineficácia da política pública de combate ao mosquito transmissor da dengue e o jogo de empurra entre os governos federal, estadual e municipal, produziram um resultado concreto no Rio de Janeiro: agora, a doença é epidêmica. Nos últimos 15 anos, na cidade do Rio de Janeiro, morreram vítimas da dengue 149 pessoas, registrando-se 274,9 mil casos da doença.

Conforme levantamento realizado pelas Secretarias Municipal e Estadual da Saúde, a pedido do jornal O Globo, outras 204 pessoas morreram no mesmo período no Estado, tendo sido notificado 613,4 mil casos. Durante esse período, as autoridades municipais, estaduais e federais não foram capazes de implantar uma política eficaz de combate ao mosquito transmissor da doença nem de preparar a rede pública de hospitais para atender ao número crescente de casos.

Mais de 32 mil casos de dengue já foram registrados no Estado do Rio nos três primeiros meses deste ano. Quase 100 mortes foram notificadas como suspeitas de dengue, sendo 48 confirmadas, número que já supera o total de mortes (31) ocorridos no Rio em todo o ano de 2007. O índice de letalidade da doença na cidade está em torno de 5% dos pacientes contaminados, muito acima do considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 1%.

Esse quadro nos leva a uma reflexão sobre a saúde pública no Brasil. Infelizmente, passa-se maior tempo tentando atribuir a culpa sobre a questão da epidemia, do que medidas eficazes de erradicação do transmissor. As autoridades municipais, estaduais e federais não foram capazes de implantar uma política eficaz de combate ao mosquito transmissor da doença nem de preparar a rede pública de hospitais para atender ao número crescente de casos.

O cerne da questão é o descaso com o trato das coisas públicas mais simples; as iniciativas dos governos em atender de forma expedita questões básicas, se perdem nos meandros da politicagem acreditando os homens públicos, que o pior não acontecerá e que se acontecer a atribuirão com certeza a culpa em alguém

A saúde pública no Brasil passa por uma crise muito séria, e desvendar essa questão não é tão complicado como assim parece. Gestões interessadas no sucateamento do papel do Estado em promover bem-estar, entusiastas do modelo americano de privatização da saúde, a perversa conceituação de que pode-se ” ganhar dinheiro” com investimentos em hospitais, tudo isso nos levou ao que vivemos hoje no País, chancelado ainda, pela inoperância e conivência dos políticos.

Nunca aceitei a argumentação dos intolerantes e radicais, como afirmei acima, mas entendo o porque que em determinadas situações surgem os radicais de direita; a explicação é simples: da mesma forma que o meio ambiente predispõe ao mosquito se alastrar, o meio político predispõe aos fascistóides surgir. E isso é um perigo, mais perigoso que Aedes aegypti .

Fernando Rizzolo

Lula diz que dossiê contra FHC é ‘mentira’; Dilma liga para Ruth

Denúncia da ‘Veja’ diz que ex-presidente e sua mulher tiveram gastos bisbilhotados nos anos de 1998, 2000 e 2001

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 24, que “é uma mentira” a reportagem da revista Veja segundo a qual o Palácio do Planalto teria elaborado um dossiê sobre os gastos com cartões corporativos feitos no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). “Se não fiz dossiês em 2005, na época em que precisava fazer enfrentamentos, por que os faria agora. A quem pode interessar isso agora?”, disse Lula. As declarações do presidente foram feitas na reunião desta segunda do Conselho Político, no Palácio do Planalto, segundo o senador Renato Casagrande (PSB-ES) e o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).

Ainda no esforço para desmentir a história, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, telefonou também nesta segunda para a mulher do ex-presidente, a antropóloga Ruth Cardoso, assegurando que o governo não montou dossiê sobre despesas dela, à época em que era primeira-dama (1995-2002), com cartões corporativos. Foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem informou sobre as explicações de Dilma a Ruth. Na reportagem da Veja, o ex-presidente e sua mulher tiveram os gastos bisbilhotados nos anos de 1998, 2000 e 2001, todos efetuados com a chamada conta B, um fundo de despesas que antecedeu a criação dos cartões corporativos.

Lula afirmou que o governo vai se dedicar “muito” para saber quem vazou documentos sigilosos citados na reportagem da revista. Ainda foi lida, durante o encontro, uma nota divulgada no sábado pela Casa Civil, em que o Planalto nega a autoria do suposto dossiê. Diante da ameaça de integrantes da oposição de abandonar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Cartões, caso os governistas insistam em manobras que impeçam a votação de requerimentos que pedem a quebra de sigilo, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse que se afastar das investigações é “legitimar a farsa”. “Se o governo deixar claro que não quer investigar, o PSDB tem de estar vigilante na CPI para denunciar a operação. Abandonar a comissão vai nos colocar na posição de coadjuvantes da farsa”, disse.

Agência Estado

Rizzolo: Essa questão do dossiê é séria. Prova disso é que o presidente Lula chegou ao ponto de pedir para que a ” mãe do Pac” telefonasse para a antropóloga Ruth Cardoso. Ora, ninguém vai chegar às raias de pegar um telefone e dar explicações sobre algo que sabe não ter existido. Na minha opinião há sim um dossiê intimidatório. Para casos como este em questão, a oposição deve ir às últimas conseqüências, sair à frente e abrir as contas de FHC com intuito de fazer com que Lula se sinta constrangido e passe a aceitar a investigação sobre seus gastos.. Agora, ” se dedicar muito para saber quem vazou as informações ” como afirma Lula, é no mínimo ser réu confesso. Não há outra saída para a oposição a não ser em insistir para que as contas sejam abertas.

O próprio ministro Tarso Genro admitiu que existe um levantamento minucioso dos gastos do governo Luiz Inácio Lula da Silva e do anterior, mas por razões de Estado, não para chantagear a oposição. “O objetivo é levantar dados universais que estejam disponíveis para o Congresso, o Judiciário e os órgãos de fiscalização do Estado.” Por favor ! Depois alega que não há dossiê, isso só pode ser uma brincadeira petista, não é?