Assim como ocorreu com as despesas do ex-presidente, objetivo seria constranger a oposição no Congresso
Informações sobre os gastos de ministros da gestão Fernando Henrique Cardoso, além das despesas sigilosas já conhecidas do ex-casal presidencial, foram reunidas pelo governo e repassadas a integrantes da base aliada no Congresso.
Os dados registram despesas semelhantes às que alimentaram o dossiê contra o ex-presidente — ou seja, selecionadas para causar constrangimento a nomes conhecidos da gestão tucana. Essas informações começaram a circular pelos corredores das casas legislativas antes que documentos chegassem ao arquivo da CPI do Cartão Corporativo. Não há, porém, registro de que tenham sido organizadas num dossiê.
Os gastos supostamente irregulares ou exóticos de ex-ministros foram bancados, principalmente, com recursos das chamadas contas tipo B, que antecederam a criação dos cartõescorporativos e eram usadas para despesas com alimentação, transporte e hospedagem fora de Brasília.
Esse “banco de dados” tem até agora três alvos principais: Paulo Renato Souza (Educação), Francisco Weffort (Cultura) e Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário). Esse último se antecipou e tornou públicas suas despesas.
Os gastos dos ministros do governo tucano ainda chegarão de forma oficial à CPI, em resposta a um requerimento do deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Ao que tudo indica, chegaram há mais tempo ao Palácio do Planalto, e não só na Casa Civil.
Ex-ministros de Fernando Henrique confirmam a circulação de informações sobre eles. Paulo Renato, hoje deputado, diz ter recebido, no início de março, alertas de “três ou quatro” deputados governistas, amigos seus, sobre supostos gastos ilegais em compras regulares em supermercados de Brasília.
Alguns informes foram detalhados a ponto de mencionar produtos adquiridos por ele, como filé de tilápia.
— Eram (os recados) num tom um pouco de ameaça, dizendo: “Olha, você se cuide porque ouvi dizer que tem problema” — conta Paulo Renato. — Eu pessoalmente fazia os supermercados, mas nunca apresentei nota nenhuma. Então, quero saber o que é. É uma forma de fazer política covarde.
O ex-ministro enviou ofício em março ao atual ministro da Educação, Fernando Haddad, pedindo a relação de seus gastos à frente da pasta. Dados sobre despesas de 2002, inseridas semana passada no Portal da Transparência, mostram que ecônomos do MEC fizeram ao menos duas compras em supermercados, num total de R$ 440. Outras teriam sido feitas com verbas das contas tipo B.
Nas últimas semanas, os parlamentares receberam detalhes que só poderiam ser encontrados em notas fiscais anexadas a antigos processos de prestação de contas, como a descrição e a quantidade de produtos ou serviços pagos pelos ex-ministros.
Segundo os dados disseminados sobre Weffort, ele teria usado verba pública para se hospedar em hotéis como o Copacabana Palace, em viagens ao Rio. Ele confirma que se hospedou uma vez no hotel.
Blog do Noblat/ O Globo
Rizzolo: É impressionante como os novos ” bancos de dados” começam a surgir e o governo, como sempre, nada sabe, estando à procura daqueles que vazaram as informações; afinal, confeccionar dossiê não constitui crime capitulado no Código Penal Brasileiro, como afirma o ministro Tarso Genro, o que não deixa de ser verdade, contudo, o restante, ou seja, questões de ordem ética, probidade administrativa, constrangimento à oposição, isso ao governo não interessa, são outras questões.
Costuma-se dizer em Direito, que os Códigos em geral existem para permear e impor a sociedade o mínimo de moral e ética. Ao que parece, dessa forma entende o governo a menira de se governar, ou seja, governar com o mínimo contemplado nos Códigos, ao mesmo tempo em que as contas da presidência acabam deixando de serem o foco principal da questão. Ah! em nome da ” segurança nacional, é claro.