Lula: ‘quem acha que autorizei aumentar juros está doido’

Durante uma visita a Praga, na República Tcheca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desmentiu notícias na imprensa brasileira de que teria dado sinal verde para um aumento da taxa de juros. ”Quem acha isso (que teria autorizado o aumento) está doido”, afirmou o presidente, ao ser abordado por jornalistas brasileiros na ponte Carlos, durante um passeio pela capital checa.

Lula disse que foi mal-interpretado por jornalistas no dia anterior, quando declarou que ”não será nem a redução de 0,25 (ponto percentual) nem a manutenção (dos juros) em 11,25 nem o aumento de 0,25 que trará qualquer transtorno à economia brasileira.”

Ainda na sexta-feira, em Haia, na Holanda, Lula disse que alta dos juros é uma decisão que cabe ao Banco Central. Na próxima terça e na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir se aumenta ou não os juros.

Enquanto a reunião do Copom não acontece, diversos setores do país mobilizam-se numa campanha para que o aumento de juros não ocorra. Entre aqueles que já aderiram à campanha está o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, Delfim Neto e a uma valorosa bancada de deputados na Câmara.

“Os gargalos, que são poucos e pontuais, devem ser enfrentados com medidas voltadas basicamente para a ampliação da importação; podem ser enfrentados com a redução do crédito localizado aos setores e não com a elevação da taxa de juros, que significa um corte do consumo de forma horizontal. A elevação dos juros atua sobre todo o consumo, e significaria, inclusive, a possível interrupção do ciclo de investimentos. Porque, se os juros sobem, o investimento produtivo deixa de ser atrativo, fazendo com que se alimente ainda mais a cadeia da financeirização do país”, defende Pochmann.

Campanha

Em meio à disputa dentro do governo – entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o PCdoB decidiu pautar o assunto das taxas de juro, ameaçadas de subir na próxima reunião do Copom, nos dias 15 e 16 de abril. O partido avalia que ao subir os juros, o Copom pode frear o desenvolvimento do país.

“O desenvolvimento tem que ser permanente e não um vôo de galinha”, defini Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB.

Em reunião esta semana com a bancada do partido na Câmara, foi definida uma programação para dar visibilidade à campanha ”juros altos não”. O slogan está estampado em camisetas, bottons, adesivos e nas falas dos parlamentares e dirigentes comunistas.

Em meio a discursos e distribuição de materiais a bancada do PCdoB também está articulando com outras lideranças partidárias a adesão à campanha para formar um grupo parlamentar afim de desenvolver atividades que pressionem o Copom a não aumentar os juros.

‘Sem nervosismo’

Devido às pressões dentro e fora do governo, Lula pediu calma. ”Os juros irão aumentar quando for necessário aumentar, e cair quando for necessário cair. Eu tenho dito ao ministro (presidente do Banco Central, Henrique) Meirelles e ao ministro (da Fazenda) Guido Mantega que não volte à tensão cada vez que o Copom for se reunir”, declarou Lula em Praga.

Lula disse ainda que não há motivo para nervosismo. ”A economia está bem, a economia está crescendo, o crédito está crescendo, a demanda está crescendo, a produtividade está crescendo. Se você tem um aumento sazonal de um produto, você pode corrigir no próximo trimestre ou no próximo quadrimestre. O momento é de menos palpite e mais tranqüilidade para ver as coisas acontecerem”, disse o presidente na sexta-feira.

A tentativa de aproximação com a República Checa se dá meses antes de o país assumir a Presidência da União Européia, em janeiro do ano que vem, quando ainda devem prosseguir as negociações para um acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul.

O Brasil é o principal parceiro comercial da República Checa na América Latina, mas os números são baixos: o intercâmbio comercial foi de apenas US$ 335 milhões em 2007, com uma desvantagem de US$ 214 milhões para o lado brasileiro. A presença de empresas brasileiras na República Checa é imperceptível.

Da redação, com agências
Site do PC do B

Rizzolo: Engraçada essa esquerda, e mais engraçado ainda é o presidente Lula apoiar veladamente em suas frases o aumento dos juros, e depois, como sempre, desdizer o afirmado. Observem que a esquerda stalinista sempre apóia absolutamente tudo no governo petista, e ” faz uma cena” em que não concorda com a política econômica. Ora, se de fato não concorda parem de apoiar o governo, tornem-se oposição como outras esquerdas, ou cerrem fileira com a oposição.

A velha desculpa é a autonomia do Banco central; está mais do que provado, que o empresariado, a população, enfim todos os segmentos da sociedade querem um basta nessa compulsividade por aumento de taxas de juros promovida pelo Copom e BC. Ou é oposição ou não é, agora ser contra com o slogan ” Juros altos não ” e ficar cortejando o governo petista, é no mínimo falta de caráter político. Poderia ser “Juros altos Não, discordar do PT também Não “. Incoerência pura.

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