Cúpula do PT: ” ruim de serviço” ou “ruim de aliança” ?

Se existe uma expressão até hoje vigente no interior do Estado de São Paulo capaz de descrever a forma exata daquele que não sabe trabalhar, não tem vocação, ou é incompetente, é a expressão caipira ” ruim de serviço”. O camarada que não é bom prefeito, então ele é ” ruim de serviço”, o próprio ex-governador Orestes Quércia, que é do interior do Estado e um político sábio se refere aos políticos incompetentes como ” ruins de serviço”, pode -se também se referir a um mal profissional aí ele seria um sujeito ” ruim de serviço”, e por aí afora, atrarvés dos anos a expressão se consolidou no interior do Estado de São Paulo.

Agora para coroar a política petista de cunho “coronelista federal” onde os caciques lulistas entendem o PT como tendo prestígio de sobra para não depender de alianças, podemos confortavelmente afirmar que o PT é ” ruim de aliança”; como no caso de BH em que em Nota dura a Executiva Nacional do partido, condena veementemente a aliança na capital mineira. Além disso, condena, não só a aliança, mas também o governo Aécio Neves. Repetindo uma resolução do Diretório Regional, que dizia: “O Governo Aécio não se coaduna com o que o PT quer para Minas Gerais e muito menos para o Brasil.”

Esse gosto petista pela hegemonia pode sair caro, o conceito de alianças é essencial na política e apostar apenas no prestígio lulista que os programas do governo como o Bolsa -Família emprestam pode ser um grande erro. Não há dúvida que a ” marca registrada” dos programas saem diretamente do governo federal para os habitantes dos municípios, transformando o prefeito em personagem secundário, mero agente do governo Lula, porem, esse conceito pode ser um engano principalmente em Minas Gerais onde os mineiros sabem bem aonde querem chegar.

Do ponto de vista estratégico o PMDB age de forma distinta, é um partido federado. Em São Paulo, por exemplo, Michel Temer tem um acordo com Orestes Quércia: Temer não se mete no PMDB paulista e Quércia não se mete no PMDB nacional. Alem disso, o veto e o “bater pezinho” da direção nacional do PT à aliança com o PSDB de Aécio Neves poderia abrir janela para o ingresso do PMDB na chapa de Márcio Lacerda (PSB), o candidato patrocinado pelo governador tucano em Belo Horizonte.

Enganam-se aqueles que entendem ou emprestam aos acontecimentos da semana passada uma derrota de Aécio Neves visando 2010. Minas é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, Aécio Neves representa uma volta de Minas ao cenário político federal, existe um sentimento de ” poder mal resolvido”, um vácuo com a morte de Tancredo Neves, será a oportunidade de se explorar e se apregoar a volta de um mineiro à presidência da república. Alem disso, Minas está geograficamente, entre duas bandas, os Estados do norte e do sul, bem na divisória de poder; com certeza virá com toda a força a imagem de Tancredo, de Juscelino Kubitschek de Oliveira, nascido em Diamantina – MG, e o direito e a vez de Minas Gerais no Planalto.

Ao acertar-se com com o PMDB, Aécio daria o troco no seu rival tucano José Serra, a quem atribui a costura do acordo que uniu o peemedebista Orestes Quércia ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), em São Paulo. Todo cuidado é pouco principalmente em se tratando de PMDB, e do rebelde diretório municipal do PT em Belo Horizonte, o qual desafiou a Executiva Nacional do partido e confirmou a aliança com o PSDB na capital mineira nas eleições municipais deste ano. Podemos assim afirmar, que se a cúpula do PT é ” ruim de serviço”, por outro lado o diretório municipal do PT mineiro e o PMDB são ” bons de aliança”!

Fernando Rizzolo

Charge de Bessinha para A Charge Online

Serra e Aécio vão às previas tucanas em igualdade

A dois anos e meio da sucessão de 2010, José Serra figura em todas as pesquisas eleitorais como franco favorito. Aécio Neves amarga uma constrangedora terceira colocação. Na queda-de-braço que travam pelo controle da máquina do PSDB, porém, os dois ostentam uma igualdade que contrasta com a sondagem pública.

Dissemina-se pelo tucanato a impressão de que não são negligenciáveis as chances de que, numa eleição prévia, o azarão Aécio prevaleça sobre Serra. Atento ao risco, o governador de São Paulo abriu janelas em sua agenda para correr os Estados. Algo que Aécio já vinha fazendo desde 2007 e que intensificou neste ano.

Serra arrosta dificuldades mesmo no diretório de São Paulo, Estado que governa. Ali, embora majoritário, Serra vê o pedaço do partido fiel a Geraldo Alckmin bandear-se para o lado de Aécio. A secção mineira, em contraposição, devota fidelidade canina a Aécio.

Estrategistas do partido começaram a mapear a disputa que se avizinha. Na extremidade inferior do mapa, verifica-se que, se a disputa fosse hoje, Aécio bateria Serra no Rio Grande do Sul, perderia em Santa Catarina e dividiria ao meio o Paraná. No outro extremo do país, Serra tem dificuldades de entrar.

No Amazonas, maior Estado da região Norte, Serra é praguejado como inimigo da Zona Franca de Manaus. Ali, Aécio tende a disputar votos não com seu rival número um, mas com o amazonense Arthur Virgílio, líder tucano no Senado, que declara-se disposto a disputar a vaga presidencial. Não há aferição confiável nos demais Estados da região. Mas imagina-se que não estejam alheios ao discurso anti-São Paulo que impregna o Amazonas.

No Nordeste, verifica-se flagrante equilíbrio entre os dois principais contendores tucanos. No diretório do Ceará, protegido por barricadas erguidas pelo senador Tasso Jereissati, Aécio anula Serra. Na Bahia, dá-se o oposto. Ajudado pelo deputado Jutahy Magalhães Jr., um amigo de décadas, Serra é favorito.

O Rio Grande do Norte pende para Serra. Pernambuco, para Aécio. A Paraíba é uma incógnita. Em 2006, o governador tucano Cássio Cunha Lima ficou ao lado da candidatura presidencial de Alckmin, contra Serra. Agora, não se sabe que posição irá adotar. Na dúvida, os dois candidatos fazem-lhe a corte.

A engrenagem partidária da Paraíba, de Alagoas, e de Sergipe está dividida entre Serra e Aécio. A posição do Piauí é, por ora, ignorada. Mais ao centro, Serra é majoritário em Mato Grosso do Sul. Há uma divisão na máquina do partido em Mato Grosso. Goiás aguarda por uma definição do senador Marconi Perilo, mandachuva do tucanato local.

Conhecido como um partido de cúpula, o PSDB parece decidido a democratizar a escolha de seu candidato às eleições de 2010. A realização de prévias foi aprovada pela Executiva nacional tucana, ainda sob a presidência de Tasso Jereissati (CE), o inimigo cordial de Serra. Sérgio Guerra (PE), substituto de Tasso, toma agora as providências para que a consulta ocorra.

Entre a saída de Tasso e a chegada de Guerra, sobreveio a decisão de Arthur Virgílio de submeter seu nome a teste. Aécio soltou fogos. Com três candidatos, diz ele, a prévia, antes apenas conveniente, passou a ser imprescindível. Na semana passada, Virgílio foi aos EUA especialmente para testemunhar a disputa dos democratas Barack Obama e Hillary Clinton na prévia da Pensilvânia.

Nas pesquisas que captam a intenção de voto de todo eleitorado, a vantagem de Serra é devastadora. Na última sondagem do Datafolha, divulgada em 31 de março, o governador paulista lidera em todos os cenários. Seus percentuais oscilam entre 36% e 38%. Aécio balança entre 11% e 14%. Fica atrás de Ciro Gomes (PSB) e até de Heloisa Helena (PSOL).

É curioso que, submetido a tais indicadores, Aécio consiga ombrear com Serra na disputa interna. Fica a impressão de que o discurso anti-São Paulo e a propalada antipatia de Serra, quando confrontadas com o também lendário jeitinho mineiro de fazer política, encontra eco nas engrenagens do partido.

Atento aos fenômenos, Serra resolveu se mexer. Nos últimos três meses, esteve no Ceará, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e na Bahia. Prepara nova visita a Pernambuco. Move-se como se estivesse decidido a encurtar a distância que separa a curva das pesquisas externas dos gráficos que medem os votos internos. Tempo não lhe falta. A eleição ainda é um ponto longínquo no calendário. O problema é que Aécio não está e não vai ficar imóvel.

Blog do Josias

Rizzolo: Não podemos subestimar as possibilidades do governador de Minas Aécio Neves. O governador de Minas já está se articulando há um bom tempo e muito bem em todo o Brasil. Sua aproximação com o PT, a insatisfação do eleitorado mineiro que há tempos não elege um presidente da república – o último, Tancredo Neves tornou-se uma relação de poder mal resolvida face à sua morte -e tendo o segundo maior colégio eleitoral em suas mãos, o faz um candidato de peso.

Não há dúvidas que a forma de Aécio fazer política, é agregadora, conciliatória, bem ao estilo mineiro. Serra por sua vez, enfrenta alguns problemas no próprio Estado de São Paulo. Estrategicamente do ponto de vista físico ou geográfico, Aécio tem a sua disposição duas bandas bem definidas de atuação, ao norte de Minas e ao sul de Minas. Quanto ao PT com sua maneira péssima no tocante à capacidade de fazer alianças, entende ser um partido hegemônico, não precisam de ninguém, se bastam com Lula. Cuidado, isso é no mínimo um ledo engano. Precisamos saber qual a capacidade de Lula na transferência de votos.