Arnold Glasow, humorista americano e frasista popular da Internet, costuma afirmar que ” O problema com o futuro é que ele usualmente chega antes de estarmos prontos “. Dizem também, que a política é uma estrada e seu percurso é muita vezes incerto perigoso, e nublado. Na estrada da sucessão presidencial de 2010, o caminho se torna cada vez mais nublado e nebuloso para o PSDB, que vive sua estratégia política presidencial baseada naquele que já bem adiante está com seu farol anti neblina iluminado pela popularidade: o presidente Lula.
O que observamos hoje, é um PSDB que procura entender os movimentos de Lula e pouca movimentação se dispõe a fazer para resolver os problemas internos partidários. Toda essa percepção eleitoral tucana, passa pelos números apontados pelas pesquisas encomendadas pela legenda da oposição que atestam uma súbita ascensão do prestígio da ministra Dilma Rousseff. O índice de intenção de votos da chefe da Casa Civil, que oscilava entre 2% e 3%, já roça a casa dos 10%.
Para desespero daqueles que apostavam que a ” Mãe do Pac” sairia com arranhões depois de ter sido pendurada nas manchetes dos jornais em notícias que a associam à confecção do dossiê anti-FHC, acabaram se decepcionando; ela subindo dois dígitos, e o pior, subiu sem ter sido sequer oficialmente apontada como candidata oficial, muito embora, Lula tenha sinalizado isso sem o menor pudor, levando-a a tiracolo nos famosos comícios de ” inauguração” das obras do PAC.
Nessa atitude contemplativa na estrada da sucessão, os caciques do PSDB observam mais os carros que estão à frente, do que o caminho que devem trilhar na contenção da nublada visibilidade sucessória, derrapando na fragmentação interna do partido. A falta de unidade partidária e a ausência de um discurso que fascine o eleitor até 2010, pode ser fatal. José Serra e Aécio Neves trazem histórias políticas diferentes e ambos querem fazer valer suas próprias trajetórias, como a mais apropriada diante deste contexto; nem cientista político precisa ser, para se inferir que diante desse quadro fragilizado a surra que a oposição levaria de Lula seria “unforgettable”.
Sem uma união interna, sem um discurso apropriado e realista, sem a garantia de que as políticas sociais implementadas por Lula serão preservadas formatando num discurso inovador, de nada adiantará permanecer e insistir em estratégias tucanas isoladas. Melhor será estacionar no acostamento do bom senso, desembaçar o vidro, e tentar enxergar uma forma tucana de estar pronto antes que o futuro chegue mais rápido do que as discórdias.
Fernando Rizzolo