PF indicia ex-secretário da Casa Civil por quebra de sigilo funcional no caso dossiê

A Polícia Federal indiciou hoje o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires pelo crime de violação do sigilo funcional. Aparecido é suspeito de vazar o dossiê com informações sigilosas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para André Fernandes, assessor parlamentar do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

O ex-secretário depôs hoje por cerca de três horas para o delegado Sérgio Menezes, responsável pelo inquérito que investiga o vazamento do dossiê.

De acordo com a PF, Aparecido respondeu a todas as perguntas feitas pelo delegado no depoimento, não se recusando a falar sobre nenhum assunto. A PF encaminhará ainda hoje as cópias dos depoimentos de Aparecido e de Fernandes –que foi ouvido na semana passada– para a CPI dos Cartões.

Aparecido foi o primeiro a ser indiciado nesse inquérito. A PF já ouviu dez pessoas –inclusive Fernandes e outros funcionários da Casa Civil, onde o dossiê foi montado.

A saída do ex-secretário da Casa Civil da PF foi tumultuada. Cercado por jornalistas, ele deixou a PF sem falar com a imprensa.

O advogado de Aparecido, Luiz Maximiliano Telesca, disse apenas que o depoimento foi “muito bom”.

A PF já conseguiu identificar o responsável por repassar ao ex-secretário o dossiê. Menezes disse ontem que as investigações já apontaram o computador do qual o dossiê foi encaminhado a Aparecido. Mas ele manteve o nome do servidor sob sigilo.

Acusações

A oposição acusa Aparecido de ter demorado a prestar depoimento à PF para fechar uma versão, junto com o governo federal, com o objetivo de “blindar” a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) nas investigações sobre o dossiê.

DEM e PSDB acusam a ministra e a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, de terem determinado a montagem do dossiê para atingir politicamente o ex-presidente FHC.

A PF procurou Aparecido desde o final da semana passada, mas só conseguiu notificá-lo nesta quarta-feira. O ex-secretário e Fernandes vão prestar depoimentos à CPI dos Cartões Corporativos na terça-feira, separadamente.

Folha online

Rizzolo: Fica evidente que Aparecido moldou sua versão para blindar a ministra Dilma. A demora em notificá-lo, denota ” engendramentos” com intuito de subsistir uma versão oficial por parte do governo. Nessa questão do dossiê, tanto oposição quanto o governo carecem de postura ética; a bem da verdade, não interessa a nenhuma das partes a exposição dos gastos dos presidentes envolvidos. Existe no Brasil uma postura aética endêmica, que só será sanada quando o povo brasileiro tiver mais acesso à cultura para melhor exercer a democracia, que é sagrada. Por hora o pobre trabalhador humilde brasileiro, mal acompanha o desenrolar dessa triste realidade política brasileira, se deleitando apenas com os discursos do nosso presidente. Se condenado, Aparecido poderá pegar de dois a seis anos de cadeia.