BOGOTÁ – A principal guerrilha esquerdista da Colômbia parece ter perdido seu principal aliado, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o que pressiona o grupo a negociar a paz e libertar seus reféns, disseram analistas na segunda-feira. Chávez pediu no domingo ao novo comandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Alfonso Cano, que liberte sem pré-condições os seus 40 reféns políticos, entre eles a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt.
Mas, para surpresa geral, Chávez disse no domingo em seu programa de rádio e TV que não há mais espaço para uma guerra de guerrilha na América do Sul, e que sua existência se tornou um pretexto para os EUA ameaçarem o seu governo.
“[As Farc] perderam o último balão de oxigênio que lhes restava, que era dado pelo governo da Venezuela”, disse à Reuters o analista político e militar venezuelano Alfredo Rangel.
A guerrilha também vem sofrendo muitas deserções e a morte de sucessivos dirigentes, em meio à ofensiva militar das Forças Armadas colombianas, com apoio dos EUA.
Pelo menos quatro dirigentes importantes morreram vítimas de ações militares ou traições desde o começo do ano, inclusive Raúl Reyes, que era o porta-voz das Farc. Em março, um ataque cardíaco matou o fundador da organização, Manuel Marulanda, o “Tirofijo”.
“As Farc agora sim estão pressionadas com mais força. Quando seu último aliado lhes tirou esse apoio político que lhes estava dando, as Farc têm nessas declarações de Chávez um instrumento de pressão a mais para se decidir a libertar os seqüestrados e a realizar conversações de paz com o governo colombiano”, disse Rangel.
Mas outros analistas manifestaram ceticismo na hipótese de os reféns libertarem os reféns unilateralmente e entregarem as armas. Consuelo Ahumada, analista da Universidade Javeriana, acha que o próximo passo dependerá muito da flexibilidade do governo de Álvaro Uribe, a quem acusou de ter pouco interesse na libertação dos reféns e no processo de paz.
O próprio Uribe, porém, afirma estar disposto a negociar com a guerrilha a libertação dos reféns, alguns dos quais mantidos há mais de dez anos em cativeiros na selva. Porém, governo e guerrilha não se entendem nem sobre o local da negociação.
O ex-parlamentar colombiano Luis Eladio Pérez, que passou 7 anos preso pelas Farc e foi entregue em fevereiro a uma missão humanitária liderada por Chávez, disse que as palavras do venezuelano são reflexo da realidade internacional.
“Acho que a atitude do presidente Chávez é o reflexo do sentimento da comunidade internacional, e que ele diz com franqueza que seu espaço e seus tempos [das Farc] acabaram, que sua luta militar não conduziu a nada diferente do que deixar um quadro de sangue, de tristeza, de viúvas e desolação no território colombiano”, disse Pérez.
Agência Estado/ Reuters
Rizzolo: Finalmente Chavez começa a mudar seu discurso, afinal, as provas encontradas pelos EUA, e Colômbia de sua íntima relação com as Farc saltaram aos olhos do mundo. Não há como compactuar de um ” socialismo bolivariano” apoiando indiretamente um grupo de terroristas. Chavez agora tardiamente, tenta recuperar e desprestígio ideológico infantil que permitiu que antigos simpatizantes com a causa socialista na Venezuela se debandassem.
A cada dia Chavez perde prestígio seu na América Latina, e isso pode se inferir até pela sua postura física, cansada de certa forma derrotado. Mas como existe as leis da compensação, Chavez implementa agora uma legislação de cunho fascista intimidatório; o presidente criou por decreto um sistema de inteligência que obriga todos os cidadãos a colaborar com os espiões do governo. Quem não o fizer poderá ser condenado a cumprir de dois a seis anos de cadeia. Juízes e promotores têm obrigação especial de passar ativamente informações à polícia política.
A Lei de Inteligência e Contra-Inteligência tem por objetivo declarado reunir dados que ajudem na defesa da segurança nacional. Ainda bem que eu como inúmeros outros brasileiros deixei de comtemplar esse tipo ” socialismo fascistóide”. Pena para o povo venezuelano.