Um dia após declarar apoio a Alckmin, Serra elogia Kassab

Um dia após declarar apoio à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à prefeitura de São Paulo, o governador José Serra não economizou elogios ao agora adversário do tucano Gilberto Kassab (DEM), prefeito da capital paulista que concorre à reeleição.

“Na minha campanha para prefeito prometi que a prefeitura entraria no metrô. O prefeito Gilberto Kassab deu continuidade à minha gestão e está cumprindo aquilo que prometemos em campanha”, afirmou Serra, em discurso durante anúncio de convênio com bancos japoneses que prevê investimento de U$S 1,275 bilhão na expansão e modernização das linhas do metrô paulistano e da CPTM. O anúncio foi feito nesta segunda (23), por volta das 14h, no Palácio dos Bandeirantes.

Tanto Kassab quanto Serra evitaram polêmicas quanto ao racha dos tucanos com o DEM após a oficialização da candidatura Alckmin, que ocorreu em convenção do PSDB no domingo (22). Ao ser questionado sobre a decisão do PSDB, Kassab limitou-se em reafirmar que o partido é “um aliado importante”.

Serra também esquivou-se de todas as perguntas sobre a corrida pela prefeitura de SP e, perguntado se subiria no palanque junto a Alckmin, simplesmente ignorou. “Eu faço anúncio de um investimento tão importante como esse e vocês vêm me perguntar sobre eleições municipais?”, ironizou o governador, aos jornalistas, após o evento. “Estamos entrando no metrô, de fato. Não de boca, de fantasias. É na prática.”

Ontem, Serra participou da convenção do PSDB. Antes, havia sinalizado apoio a uma coligação PSDB-DEM, o que causou divergências entre os membros do próprio partido. Durante a convenção, o governador também defendeu uma possível aliança de Alckmin e Kassab no segundo turno contra a petista Marta Suplicy.
Folha online

Rizzolo: Não vejo problema algum no elogio de Serra à Kassab, tampouco vejo alguma relação entre a decisão na convenção do PSDB de ontem, com o convite feito à Kassab para uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, bem como o anúncio da assinatura do convênio com um banco japonês destinado ao transporte público. Investimento em transporte é sempre bem-vindo e nada tem a ver, como alguns insinuam, em ” adoçar” a boca de Kassab.

Feio foi o comportamento de alguns empenhados na desconstrução do PSDB. Mas como não pertenço ao partido rachado, assisto de camarote esta triste cena que serve sim de pavimentação à candidatura de Marta Suplicy. O bom senso indica que Geraldo Alckim, quer queiram ou não, é o candidato ideal, pelo menos é a cara da classe média paulista, e com densidade eleitoral para enfrentar o PT. Será que enfrenta?

Desigualdade entre salários de ricos e pobres cai 7% desde 2002, diz Ipea

A desigualdade entre os rendimentos dos trabalhadores brasileiros caiu quase 7% entre o quarto trimestre de 2002 e o primeiro de 2008, indica um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta segunda-feira.

Nesse período, o índice de Gini na renda do trabalho, ou o intervalo entre a média dos 10% mais pobres da população e a média dos 10% mais ricos, caiu de 0,543 para 0,505. O indicador varia de 0 a 1 – quanto mais perto de 1, maior desigualdade; quando mais perto de zero, menor desigualdade.

“Para um país não ser primitivo, esse índice precisa estar abaixo de 0,45”, afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, em entrevista à BBC Brasil.

Os números divulgados pelo Ipea mostram que a diferença diminuiu porque os ganhos de renda dos mais pobres foram quase cinco vezes maior que a recuperação da dos mais ricos.

O estudo do Ipea divide a população em dez grupos pela renda e mostra as variações nas médias salariais de cada decil. No acumulado do período, os três primeiros decis (com médias salariais de R$ 206, R$ 378 e R$ 422) tiveram aumentos salariais de 21,96%, 29,91% e 15,79%.

Para efeito de comparação, os três decis mais ricos (com médias salariais de R$ 1.159, R$ 1.797 e R$ 4.853) acumularam ganhos de 2,3%, 2,1% e 2,6%.

Políticas sociais
Para Pochmann, a redução da desigualdade é conseqüência do crescimento econômico com estabilidade monetária e articulado com políticas sociais.

“Geralmente, aqueles que têm melhor escolaridade tendem a ter melhores resultados, especialmente em um país onde há preconceitos como o racial e o de gênero. O crescimento cria um ambiente favorável, mas por si só não garante melhor distribuição intersalarial”, disse o presidente do Ipea.

O estudo, porém, diz que com a redução do desemprego e a expansão do PIB “seria razoável esperar um crescimento na demanda por mão-de-obra principalmente de menor valor e, por isso mesmo, uma elevação dos salários de base em relação aos extratos de mais elevada renda”.

O Ipea cita ainda o crescimento do pessoal empregado e o aumento da massa salarial e do número de carteiras assinadas como “efeitos benéficos” do crescimento econômico do país.

Padrão tributário
Para manter a tendência de diminuição das diferenças salariais, Pochmann diz que é necessário mudar o “padrão tributário” do país, que hoje, com a grande carga de impostos indiretos, faz com que a população mais pobre pague proporcionalmente mais tributos do que os ricos. “No ganho acumulado, uma parte se perde por força da tributação.”

Do ponto de vista conjuntural, o presidente do Ipea considera a alta dos juros e a inflação as maiores ameaças à tendência de diminuição das diferenças salariais identificada no estudo.

Segundo o estudo, a participação dos salários no PIB tem se mantido estável desde 2004, revertendo uma tendência de queda verificada até então (de 40,3%, em 1995, para 35,8%, em 2002, segundo exemplo citado no estudo).

O levantamento foi feito a partir dos microdados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE. O Ipea é vinculado ao NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República.

Da BBC Brasil em São Paulo

Rizzolo: O estudo é interessante, contudo como podemos inferir, estamos ainda longe de atingir valores dignos, ou seja, abaixo de 0,45 como afirma Pochmann. O grande problema no Brasil é a questão tributária que faz com os pobres realmente acabem pagando mais impostos de forma indireta. Uma reforma tributária visando uma melhor distribuição da renda, poderia vir de encontro com melhores resultados nos índices. Não há dúvida que houve avanços no governo Lula, não só em função a melhora do cenário externo, mas também em função das políticas públicas de geração de renda.

Uma melhora geral no quadro, deve ser acompanhada da diminuição das altas taxas de juros que visam frear o desenvolvimento do País, beneficiando os especuladores internacionais e nacionais. O próprio empresariado já não suporta mais essa política ortodoxa, errada e perversa do BC e do Copom. Uma vergonha num País pobre como o nosso onde precisamos gerar 4,5 milhões de emprego por ano.