Com ironia, Kassab diz que briga pela paternidade de obras o deixa “muito feliz”

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), afirmou nesta quinta-feira que a disputa pela autoria de algumas obras da prefeitura o deixa “muito feliz” porque demonstra o reconhecimento dos adversários às suas realizações. Ele também retrucou Alckmin ao dizer que sabe reconhecer quando uma boa obra foi feita em administrações anteriores.

“Posso dizer que estou muito feliz e agradeço tanto a ex-prefeita [e candidata Marta Suplicy, do PT] quando ao ex-governador [e candidato Geraldo Alckmin, do PSDB] os elogios que fazem às nossas realizações”, afirmou o prefeito logo depois de entregar carteiras para viagens a idosos no centro da cidade.

Ontem, Alckmin afirmou que as AMAs (assistências médicas ambulatoriais) –uma das principais bandeiras eleitorais de Kassab– foram realizadas quando ele ainda era governador de São Paulo. “O governo, em parceria com a prefeitura, fez 23 AMAs.” Ele disse que o Estado desembolsou em sua época R$ 36 milhões entre investimento e custeio.

Já a ex-prefeita visitou ontem o Centro Cultural da Juventude. A assessoria de Marta dizia que a estrutura do prédio foi feita por ela, mas o site da prefeitura diz que o centro foi inaugurado pelo então prefeito José Serra (PSDB), hoje governador.

“Todos eles elogiando as ações que faço na prefeitura visitando o nosso Centro da Juventude, as AMAs, os CEUs (centos educacionais unificados) e até querendo assumir a paternidade deles me deixam muito feliz”, disse Kassab.

Alckmin havia criticado os políticos que não reconheciam a realização de administradores anteriores. Sobre o assunto, Kassab rebateu dizendo que é um político diferente. “O que são coisas boas, mas não foram realizadas em nossa gestão, eu sempre elogiei e continuarei elogiando.”

Folha Online

Rizzolo: Não há dúvida que a gestão kassab foi muito boa. Temos que reconhecer isso. Toda minha restrição na questão PSDB-DEM, era em relação ao comportamento de tucanos que deveriam apoiar candidatos de seu partido – PSDB- e não provocar uma crise interna. Contudo, passado o constrangimento, podemos observar não só o caráter pessoal de Kassab que é uma pessoa boa, com um espírito empreendedor e dotado de uma “retidão administrativa” invejável.

Aqueles que querem difama-lo, principalmente petistas, tentando impregnar sua imagem à do ex-prefeito Celso Pitta, com as expressões pejorativas tipo ” gestão Pitta-Kassab”, esquecem que sua participação naquela gestão foi pequena, até porque ficou pouco tempo no governo. Agora contou, sim, a gestão Pitta-Kassab com a colaboração daquele que seria o secretário de candidata Marta Suplicy (PT), Jorge Wilheim, quando ela assumiu a prefeitura em 2001. Portanto não adianta Dona Marta falar de gestão Pitta-Kassab, que isso a remeterá de plano à participação do ex-secretário da petista no mesmo governo.

Fiesp demonstra falácia do BC na “inflação” dos preços industriais

Estudo mostra que dos 20 itens que compõem o IPA, 16 apresentam inflação de 3,2% no acumulado de 12 meses até maio de 2008

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) rebateu o alarmismo do Banco Central de que o maior risco da inflação “advém dos preços industriais”, como afirma o relatório de Inflação do BC divulgado no último dia 25 de junho, para justificar a elevação da taxa Selic a pretexto de combater a inflação. Além disso, a entidade considera que o ciclo de aumento das taxas de juros “é um remédio muito forte para o setor industrial brasileiro”.

“As altas taxas de juros praticadas no país geram efeitos colaterais fortes, principalmente em relação a uma maior valorização do Real. Isso traz dificuldades para a indústria brasileira pois torna o produto nacional menos competitivo nos mercados interno e internacional”, afirma a Fiesp.

O estudo “A Inflação no Brasil: Um Diagnóstico do Setor Industrial”, realizado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, mostra que dos 20 itens que compõem o Índice de Preços por Atacado (IPA) 16 “apresentam inflação de 3,2%, no acumulado de 12 meses até maio de 2008”.

Alguns setores inclusive apresentaram variação de preços abaixo do IPCA (5,58%), no período: equipamentos de informática (- 18,51%), artigos do vestuário (- 3,22%), artigos de borracha e matrial plástico (- 1,80%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicação (- 1,62%), máquinas e equipamentos (2,08%), entre outros.

Os quatro componentes que registraram variação de preços acima da média da indústria de transformação são: produtos alimentícios e bebidas, derivados de petróleo, químicos e metalurgia básica. Esses produtos tiveram uma variação, no período, de 14,8%. Neste caso, a Fiesp concorda com a análise do relatório de Inflação, mas afirma que o “BC erra ao afirmar que ‘o maior risco, porém, advém dos preços industriais’, pois a elevação dos preços da indústria está concentrada justamente nos setores citados acima”. De acordo com o estudo, “os aumentos localizados em alguns subitens industriais são conseqüência direta dos choques de preços ocorridos mundialmente”. Ou seja, “a inflação observada nos preços do atacado é muito mais advinda de uma alta mundial dos preços que do descompasso entre oferta e demanda”, diz a Federação das Indústrias.

EQUÍVOCO

Na visão da Fiesp, “o BC e alguns outros analistas se equivocam ao afirmar que há descompasso entre oferta e demanda, pois os dados de crescimento da produção e de investimentos produtivos continuam apresentando percentuais consideráveis ao longo do tempo”.

“Quando analisamos os preços ao consumidor”, diz o estudo, “novamente identificamos os preços industriais caminhando muito abaixo da média, isto é, a inflação em 12 meses é de 3,6%, ou seja, 0,9% abaixo da meta do IPCA. Os preços dos itens relacionados aos serviços também se encontram bem próximos à meta, com crescimento em 12 meses de 4,6%”.

A Fiesp aponta um “equívoco” do BC “porque não leva em conta a forte expansão da capacidade instalada da indústria”. “Na comparação do período de janeiro a maio de 2008, contra mesmo período do ano anterior, o crescimento do INA [Indicador de Nível de Atividade] foi de 8,3%. Quando ocorrem 8,3% de crescimento da atividade e menos de 1% de variação do NUCI [Nível de Utilização da Capacidade Instalada]/Fiesp, fica evidente o aumento da capacidade instalada ocorrido”.

O estudo mostra uma elevação de 20,5% na produção de bens de capital, de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2007. O consumo aparente de máquinas e equipamentos – CAME (produção menos exportações, mais importações) cresceu 25% na mesma comparação. “Isso demonstra a resposta da indústria de pleno atendimento da demanda da economia brasileira pois o CAME tem crescido a taxas crescentes e, na sua esteira, a capacidade de produção da indústria também o faz”.

Ainda sobre a capacidade da oferta (produção) fazer frente à demanda, cabe registrar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre. Na comparação com trimestre imediatamente anterior, os investimentos tiveram uma variação de 1,3%, enquanto o consumo das famílias aumentou 0,3%. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, os investimentos tiveram uma expansão de 15,2% e o consumo familiar, 6,6%.
Hora do Povo

Rizzolo: Desta feita o BC pretende atribuir o aumento dos preços aos preços industriais, o que não é verdade, aliás, a indústria está acompanhando o nível de consumo. A Fiesp tem sido uma voz contrária a essa absurda escalada da alta dos juros, onde apenas quem lucra são os especuladores, ou aqueles que jamais investem na produção e sim no mercado financeiro. O pior nesse embate é que ninguém consegue deter essa política do BC e o Copom, nem a Fiesp, tampouco Lula que não tem correlação de forças para isso, ou seja ganhou mas não levou.

Alta dos alimentos e petróleo é criada por bancos que perderam com imóveis nos EUA

O presidente Lula denunciou, em pronunciamentos durante a reunião do Mercosul, na Argentina, na terça-feira, e também no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2008/2009 (ver ainda matéria na página 5), na quarta-feira, em Curitiba, com o governador do Paraná, Roberto Requião, a especulação externa com alimentos e petróleo. Ele informou que vai cobrar dos países ricos uma ação contra os especuladores, durante a reunião do G8, na próxima semana. Abaixo os principais trechos dos pronunciamentos.

“Os bancos que perderam dinheiro na especulação imobiliária estão agora tentando ganhar dinheiro especulando com o alimento e especulando com o petróleo. Não há nenhuma outra explicação para o petróleo estar a 140 dólares. Quando a gente pergunta à Petrobrás, ao nosso amigo Chávez, a quem tem petróleo, eles falam: ‘É o consumo da China, porque a China compra tudo’. É meia-verdade. A outra verdade é que a quantidade de petróleo vendido no mercado futuro é igual ao consumo da China. Portanto, não é uma China, são duas Chinas: uma real, que consome; a outra, fictícia, que está especulando.

“Sobre a crise imobiliária americana, vejam que o FMI não está lá, eles não falam de ajuste fiscal, os bancos europeus que perderam bilhões e bilhões não aparecem na conta. Se fosse o coitado do Brasil, estaria todo mundo aqui querendo meter o bedelho, como se nós fôssemos um potinho de água benta, todo mundo querendo colocar o dedo. Lá eles vivem uma crise profunda e não se mexem.

“Eu lembro perfeitamente bem daquela reunião na cidade de Lima, com a União Européia, em que eu imaginava que esses temas viriam a público. Como não houve espaço para que nenhum de nós falasse, o máximo que nos coube foi ser relatores dos grupos a que pertencíamos. Os oradores foram europeus, e não entrou nem o tema dos alimentos, nem o tema do subprime.

“Parece que não aconteceu a crise, parece que os Bancos Centrais europeus não perderam dinheiro, e até agora o FMI não deu um único palpite de como os americanos devem consertar a sua economia, em função da especulação. Esse assunto também não está sendo discutido.

“O dado que é, eu penso, preocupante, é que nós temos dois produtos importantes (milho e soja) no desenvolvimento dos nossos países, e também na alimentação da Humanidade, que não estão sendo discutidos com muita clareza. Primeiro, o chamado mercado futuro de alimentos: no Brasil eu criei uma equipe de economistas para investigar e pesquisar o que existe de verdade por trás disso. O dado concreto é que tem uma especulação no mercado futuro que permite a um produtor de milho ou de soja vender a sua produção de três anos sem ter produzido – e o que pode ser grave é que o preço no mercado futuro precifica o preço do presente. Isso pode ser extremamente grave. É preciso que a gente aprofunde essa investigação para saber o que está acontecendo de verdade”.

REUNIÃO DO G-8

“É esse discurso, Requião, que eu pretendo levar na semana que vem ao G-8, em Tóquio, quando vou me encontrar com os países ricos.

“O mundo desenvolvido, companheiros, quando quer discutir o preço dos alimentos, joga a culpa em cima da cana-de-açúcar. Eu fui agora na FAO e disse para eles não apontarem seus dedos sujos de óleo e de carvão para o etanol limpo deste país. Eles não querem discutir quanto o petróleo tem de incidência no custo do fertilizante, eles não querem discutir quanto o petróleo tem de incidência no custo do frete, no custo da energia, eles não estão dispostos a discutir isso. E também não têm nenhuma explicação para o petróleo estar a 140 dólares o barril, nenhuma explicação.

“Temos que nos preparar para enfrentar isso. Aqui no Brasil, este lançamento do Plano de Safra é a primeira etapa. Amanhã, lançaremos o plano da agricultura familiar, em que também teremos uma palavra de ordem: dobrar a produção de cada pequena propriedade. Vamos anunciar o financiamento de 60 mil tratores para a agricultura familiar. Nós queremos fazer uma revolução, porque, quando o mundo precisar comer, o Brasil tem que dizer: venha comprar, o Brasil tem para vender.

“Tudo isso, que é tratado pela imprensa como se fosse uma crise e é vendido no mundo como se fosse uma crise, nós, brasileiros, sem nenhuma arrogância e sem nenhuma presunção, precisamos encarar que o que para os outros é uma crise, é para nós uma extraordinária oportunidade de nos transformarmos verdadeiramente no celeiro do mundo, que tanta gente preconizou a vida inteira”.

MERCOSUL E IMIGRAÇÃO

“Há alguns anos este bloco parecia desacreditado. Nossas economias passavam por dificuldades e muitos de nós experimentávamos sentimentos de frustração. Os parceiros menores sentiam, com razão, que não lhes chegavam os benefícios da integração. Resolvemos enfrentar as dificuldades dobrando a aposta no Mercosul.

“A lógica que predominava aqui na América do Sul era a lógica de quem era mais amigo da Europa ou de quem era mais amigo dos Estados Unidos. Eu lembro que a Argentina tinha um presidente, e o Brasil tinha outro, que ficavam disputando quem conversava mais com os governantes da Europa e dos Estados Unidos. Nós não precisamos disso.

“Hoje estamos colhendo os frutos das decisões tomadas ao longo desses últimos anos. O Mercosul demonstrou ser um instrumento fundamental para aumentar o comércio, fomentar os investimentos e gerar empregos. Permite aos nossos cidadãos se conhecerem melhor e se sentirem cada vez mais parte desse projeto comum.

“Vocês acompanharam a lei da imigração, aprovada pelo Parlamento Europeu, vocês estão acompanhando a lei da imigração feita pela Itália, e eu tenho claro que só tem um jeito da gente evitar imigração: garantir a possibilidade de trabalhar e de viver no seu país de origem. Se não for assim, as pessoas vão migrar para outros países”.

Hora do Povo

Rizzolo: Existe muita lógica nas palavras de Lula, realmente ocorre uma recuperação dos ativos que se foram coma crise irresponsável das ” subprime”, mas o maior responsável pela inflação mundial, é a inclusão da população chinesa no mercado consumidor . Os trabalhadores chineses passaram a comer mais, os indianos também, enfim o mundo passou a produzir mais e por conseqüência a consumir mais também. Já a nossa inflação é um tanto fabricada, o temor, a exaltação ao perigo inflacionário é puramente político até porque estamos dentro do aceitável, nós e o Canadá.

No capitalismo a ação de recuperação dos ativos é normal, agora há uma restrição no tocante ao Brasil, temos que rever os gastos públicos, e não me refiro aos projetos sociais como o Bolsa Família mas aos reajustes aos comissionados petistas, nisso volta a bater no Lula, no demais concordo com o presidente. É como eu sempre digo, Lula pode não ter cultura acadêmica, mas tem um cérebro bom, ágil e inteligente o que estraga é o partido dele. Bem faz ele em se distanciar.

Charge do Adnael para Charge online