Algo está errado na política internacional brasileira. Realmente indignado, custei para acreditar ao ler neste domingo, noticias dando conta sobre as declarações do chanceler brasileiro, Celso Amorim, quando num rompante vergonhoso de cunho argumentativo, lançou mão “de uma frase” do chefe da propaganda no governo nazista, Joseph Göbbels, quando costumava dizer que se você repete uma mentira várias vezes, ela acaba se tornando uma verdade.
O infeliz insulto, formalizou-se para justificar o fato dos países ricos adotarem uma estratégia de desinformação similar na defesa de seus interesses. Segundo o chanceler, os países mais pobres demandam cortes nas tarifas agrícolas e nos subsídios concedidos pelos países ricos aos seus produtores, e segundo Amorim, a argumentação e a tática dos países mais ricos na manipulação das informações sobre as negociações da Rodada Doha, se assemelha as manobras nazistas.
Ora, não é possível que o chanceler não se antecedeu, ou não teve a percepção de que não seria de bom alvitre citar Goebbels na defesa de suas argumentações. Muitas vezes acredito que deve haver sim uma linguagem subliminar em declarações dessa natureza; estamos tratando de um Ministro das Relações Exteriores, que no mínimo possui toda rede de assessoria disponível no Planalto para que de boa forma e maneira, conduza as negociações sem, de forma alguma, macular a imagem do Brasil ou ferir os sentimentos de pessoas como a representante de Comércio da Casa Branca, associando tal prática a Susan Schwab, que é filha de sobreviventes do Holocausto. Isso fere não só a Susan Schwab, os países envolvidos, e o bom-senso; mas essa referência trazida para um momento atual de negociação internacional, dá margens á reboque, para um desconforto em toda a comunidade judaica dos EUA, Europa e Brasil.
O que não aconteceria em qualquer empresa privada, numa negociação internacional normal, acorreu com o Brasil na OMC. A falta de tato, de preparo do Brasil nas tratativas e abordagens internacionais, saltam aos olhos do mundo pela sua inépcia e deselegância; só não poderiamos imaginar que chegaríamos a tanto. As desculpas pelo ” papelão” foram dadas como de praxe e costume, mas é bom lembrar citando Benjamin Franklin, e não Goebbels, que ” Aquele que é bom para elaborar desculpas, raramente é bom em qualquer outra coisa “.
Fernando Rizzolo