“Não estamos em 1968. A Rússia não pode fazer o que quiser, invadir um país e sair impune”, declarou a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, em coletiva transmitida pela rede CNN nesta quarta-feira.
Rice fazia alusão a ocupação da Tchecoslováquia (hoje, República Tcheca) pela URSS, em 20 de agosto de 1968. Tropas soviéticas invadiram o país para sufocar um movimento reformista que tentava “humanizar o socialismo”, em um episódio que entrou para a história como a “Primavera de Praga”. No total, 72 pessoas foram mortas e 200 ficaram feridas.
A secretária de Estado também defendeu “a integridade do governo democraticamente eleito da Geórgia” e condenou a Rússia. “Os ataque russos foram além da questão da Ossétia do Sul, eles bombardearam Gori e destruiram a infra-estrutura georgiana. E é, por isso, que a comunidade internacional e os EUA falam de consequências.”
Rice, porém, não especificou quais seriam as retaliações americanas e européias à Rússia pelos ataques na Geórgia. Ontem surgiram especulações de que a entrada russa na OMC (Organização Mundial do Comércio) poderia ser uma opção, mas nem os EUA ou a UE confirmaram a informação.
“As diferenças da Ossétia do Sul com a Geórgia poderiam ter sido resolvidos com muita calma, por meio negociações. Ao ampliar o conflito, a Rússia colocou em perigo as vidas dos civis na Ossétia e na Geórgia”, acrescentou Rice.
Mais cedo, o presidente americano, George W. Bush, anunciou que Rice será enviada a Tbilisi para ajudar nas negociações de cessar-fogo entre a Geórgia, aliada dos EUA, e a Rússia. Os dois países estão em conflito há seis dias devido a uma ofensiva da Geórgia à região separatista da Ossétia do Sul, defendida pela Rússia.
Primeiro, Rice voa a Paris. “Vou à França porque nós apoiamos a presidência francesa da União Européia. Acreditamos que a Rússia vai cumprir seus compromissos e abandonar as ações militares, como se comprometeu há 24 horas com o presidente francês [Nicolas Sarkozy]”, afirmou a secretária de Estado americana.
Ontem, os presidentes da Geórgia, Mikhail Saakashvili, e da Rússia, Dmitri Medvedev, assinaram um acordo de cessar-fogo proposto pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy –cujo país preside atualmente a UE. No entanto, em poucas horas, a Geórgia acusou a Rússia de desrespeitar o cessar-fogo.
Nesta quarta, Saakashvili afirmou à rede de TV CNN que, ao invés de recuar, como previa o acordo, as forças russas estão avançando para a capital georgiana, Tbilisi, e tentando sitiá-la. Mais cedo, ele já havia afirmado também que tanques russos tinham atirado contra habitantes da cidade de Gori.
O acordo assinado ontem pelas autoridades georgiana e russa previa, entre outros pontos, a a renúncia ao uso da força por parte dos dois países; o fim definitivo das ações militares; o livre acesso de ajuda humanitária; e o retorno tanto de tropas de ambas as partes às suas posições originais.
Folha online
Rizzolo: Sinceramente, já estava na hora dos EUA começar a falar mais “grosso” em relação a essa brutalidade russa. Desde a época do czarismo os judeus já sabiam que os russos só entendem uma linguagem: a da força. O governo Bush pouco tem a perder nesse final de mandato, e usando uma linguagem mais forte em relação à Rússia, agrada o eleitor conservador americano em contraponto ao discurso de Obama que é muito ” light” para um mundo cada vez mais “heavy”.
As sanções comerciais a Rússia devem ser implementadas caso o fracasso das negociações siga sua nula trajetória. A Rússia apostava no silêncio dos EUA, mas esqueceu-se que o discurso republicano de falar duro agrada inclusive eleitores de Obama. No fundo o povo americano gosta de sentir seu poderio expresso nas palavras de seu presidente, e nisso os republicanos são especialistas.