Quem não se lembra do MOBRAL ? Bem, com certeza uma grande maioria, até porque nem nascidos eram. Mas vale a pena relembrar esse Movimento Brasileiro de Alfabetização que surgido em 15 de dezembro de 1967, propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando “conduzir a pessoa humana (sic) a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida”.
Este movimento, mantido pelo governo federal durante o governo militar, visava a instrumentalizar o cidadão e torná-lo capaz de exercer sua cidadania. No entanto, o MOBRAL se limitou a alfabetizar de maneira funcional, não oferecendo uma formação mais abrangente, que capacitasse ao verdadeiro exercício da cidadania. Durante anos, jovens e adultos freqüentaram as aulas do MOBRAL, sem atingir um nível aceitável de alfabetização face a uma série de problemas de gestão. O MOBRAL acabou sendo incorporado pela Fundação Educar, devido à recessão econômica iniciada nos anos oitenta.
Mas o que eu gostaria de refletir neste artigo, é o aspecto arrojado do movimento que propunha a erradicação do analfabetismo. Hoje temos um outro tipo de analfabeto: o analfabeto digital. Estima-se que o número de internautas residenciais ativos em fevereiro de 2008 cresceu 4,5%, atingindo 22 milhões de usuários, 56,7% mais do que em fevereiro de 2007. Também continuamos a ser o país com maior tempo médio mensal de navegação residencial por internauta entre os 10 países monitorados pela Nielsen/Netratings. Face a esses dados, podemos nos certificar que a medida que determinada faixa de usuários aumenta, demais faixas ou classes sociais ainda não participam do mundo digital, quer pela indisponibilidade operacional do Estado na oferta de computadores, quer pelo completo analfabetismo digital que antecede a inclusão nos programas que poderíamos chamar de “inclusão digital “.
Com efeito, é imperiosa a necessidade de implementarmos num compasso definido, a disponibilidade das redes nos órgãos públicos, nas escolas públicas, no financiamento na compra de computadores populares, bem como uma iniciativa arrojada nos termos de um MOBRAL DIGITAL, que denominei como MOBRINDI, Movimento Brasileiro de Inclusão Digital, onde a sociedade e o Estado, sob inspiração do antigo Mobral, compactuassem de um mutirão contra o analfabetismo digital.
O que observamos, é que mesmo a implementação técnica dos projetos de inclusão, face aos recursos destinados, estes correm à frente da informação didática básica a ser levada ao usuário pobre, sobre de que forma utilizar e navegar na Internet; na realidade a inclusão digital do ponto de vista pessoal informativa, deveria preceder ao investimento material e tecnológico, sob pena de no futuro termos computadores disponíveis e uma população de baixa renda sem a devida instrução sobre seu uso.
O governo do presidente Lula através do Ministério da Ciência e Tecnologia, possui projetos arrojados de implantação tecnológica de redes, mas isso não basta se na outra ponta, a população, a grande massa, não tiver a informação operacional, estando devidamente alfabetizada do ponto de vista digital. O grande desafio passa a ser do Poder Público, principalmente o Municipal, em oferecer instrumentos para viabilizar o que eu carinhosamente chamei de MOBRINDI, Movimento Brasileiro de Inclusão Digital, na luta contra o analfabetismo digital, com informação e inclusão da grande massa. E mais, Mobrindi lembra brinde, que sabe poderia ser até um computador.
artigo de Fernando Rizzolo