Na América Latina há uma crescente divisão entre países que abraçam certas políticas de livre mercado americanas e os que as rejeitam, segundo uma reportagem publicada nesta quarta-feira no jornal americano Washington Post.
“O porta-voz líder do lado anti-americano é Hugo Chávez, que viajou ao Brasil na terça-feira e pediu aos países vizinhos que continuem a se desconectar da economia americana, classificada por ele como ‘vagão de morte'”, diz o jornal, no artigo intitulado “Crise nos EUA aprofunda divisões na América do Sul”.
“Na Bolívia, Evo Morales disse que as empresas estão sendo nacionalizadas para que as pessoas tenham dinheiro, enquanto nos Estados Unidos querem nacionalizar dívidas e a crise das pessoas que já têm dinheiro”.
Segundo o Washington Post, alguns analistas e economistas estão receosos de que países que expressam seu antagonismo aos Estados Unidos –Venezuela, Bolívia, Equador e em certa parte a Argentina– explorem a crise para tirar “benefícios políticos”.
“Ganância sem limites”
O jornal diz que a crise financeira mundial fez o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, mudar o discurso e subir o tom em relação aos Estados Unidos e destaca as declarações de Lula durante a abertura da reunião da Assembléia Geral da ONU em Nova York, na semana passada.
“Lula enfatizou que ‘a ganância sem limites’ de poucos não poderia ser carregada por todos, e que as economias emergentes haviam feito seu melhor para seguir boas políticas fiscais, não podendo ser vítimas do cassino erguido pela economia americana”.
Segundo o diário americano, a crise no setor financeiro americano “picou” os mercados emergentes e enfureceu líderes que “engoliram” durante anos os conselhos americanos sobre responsabilidade fiscal.
“Na América Latina, onde vários líderes fizeram de suas diferenças ideológicas com os Estados Unidos uma parte central de sua retórica, a crise parece ter degradado ainda mais a credibilidade americana”.
Sobre os efeitos da crise no Brasil, o diário destaca que o destino da China terá importância mais imediata sobre as exportações brasileiras do que o que acontecer nos Estados Unidos.
“Ainda assim, alguns economistas prevêem que a taxa de crescimento do Brasil, projetada para 5% este ano, poderá cair para apenas 2% em 2009 se os Estados Unidos forem dominados por uma recessão”.
Folha online
Rizzolo: Já comentei várias vezes o fato de que não podemos nos igualar do ponto de vista político com o chavismo, e seus discípulos. Mas ao que parece de nada adianta apregoarmos no Brasil uma política internacional menos populista e mais realista. É impressionante como ao se virem juntos, Chavez, Morales, Correa, e Lula compactuam eles irmanamente das mesmas idéias, e dos discursos quase imperceptíveis do ponto de vista ideológico em relação aos EUA. Amaldiçoar os EUA, como um ” grande satã”, ou amaldiçoar o capitalismo se referindo aos banqueiros e ao sistema financeiro americano como culpado, não vai resolver o problema, em si, a não ser a popularidade daqueles que se utilizam da crise para alavancar prestígio, blindar-se, e ao mesmo tempo jogar a culpa no mercado americano.
É claro que houve sim uma falta de regulação financeira, isso todos sabem, mas é o regime capitalista, é o sistema capitalista. Ora, não vamos conseguir mudar o mercado financeiro americano e mundial, ou o capitalismo, portanto, discursos de Chavez, Lula, Morales, ou seja, essa retórica que os petistas e a esquerda tanto gosta, serve apenas para se eximir de uma eventual queda de popularidade. É a tal mania que persiste na esquerda da América Latina de sempre culpar os EUA. Aliás por culpar os EUA, será que o presidente Lula tirou satisfação de Chavez em relação às manobras no Caribe com os russos? Ah! Provavelmente, os russos podem não é, agora a Quarta Frota pertence ao grande satã… Eh! Brasil…..Os discos de Mercedes Sosa ainda fazem sucesso por aqui…
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