Dólar dispara com crise financeira; BC vende quase US$ 1,5 bi

As Bolsas de Valores da Europa e da Ásia fecharam em forte baixa nesta segunda-feira, refletindo a preocupação dos investidores de todo o mundo com o agravamento da crise financeira dos Estados Unidos.

Às 13h, a moeda americana avançava 5,72%, a R$ 2,163 na venda. Contra a escalada da moeda americana, o Banco Central vendeu dólares nesta segunda-feira. O leilão somou aproximadamente US$ 1,47 bilhão e foi realizado por meio de um “swap” cambial (contratos que trocam o rendimento em juros pela oscilação do dólar), entre 13h e 13h30.

O mercado absorveu apenas parcialmente o lote de 41,6 mil contratos, com vencimento em 3 de novembro de 2008. Foram colocados 29,5 mil contratos, a uma cotação mínima de 99,5506. A taxa nominal foi de 6,59%, e a linear, de 6,25%.

Com essa operação, o BC tem como objetivo oferecer proteção às empresas – pagando a variação do dólar e, em troca, recebendo juros. Se o dólar subir, os investidores que participaram da operação saem ganhando; se os juros subirem, quem ganha é o BC.

A autoridade monetária não realizava esse tipo de leilão desde 30 de maio de 2006.

Incerteza
Momentos de incerteza no setor financeiro têm provocado a alta do dólar nos últimos dias. Investidores vendem papéis de maior risco, como ações, trocando-os por dólares, para se refugiarem em aplicações mais seguras, como os títulos do Tesouro americano, considerados o investimento mais seguro do mundo.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) já teve seu pregão interrompido duas vezes nesta segunda. Primeiro, quando a queda alcançou 10%, os negócios pararam por meia hora. Depois, a Bolsa continuou caindo até atingir a marca de 15%, o que levou a uma interrupção por mais uma hora.

A preocupação dos investidores é com o possível efeito dominó na crise financeira iniciada nos Estados Unidos. Bancos europeus têm apresentado dificuldade, o que gera temor de que os problemas americanos se espalhem pela Europa.

Folha online

Rizzolo: Para entendermos a necessidade de um contrato de swap, podemos citar por exemplo uma empresa exportadora, que têm receitas em dólar, mas cujas despesas são corrigidas por juros pós-fixados. Nesse caso, a empresa poderia usar um contrato de swap para trocar o “risco cambial” pelo “risco de juros pós-fixado”. Uma típica empresa interessada nesse título seria uma varejista importadora, cujas despesas são atreladas ao dólar e cujo caixa está aplicado no mercado (acompanhando assim a evolução dos juros). Assim, essas duas empresas fazem um contrato de swap entre si, ou através da intermediação de instituição financeira, para trocar uma posição de risco.

O governo está tentando controlar a crise, que como insisto, é grave e necessita de medidas econômicas à altura, que superem os interesses políticos. Observem que a queda de hoje da Bovespa, segundo Bloomberg Latin America, foi a maior da década, e que a autoridade monetária não realizava esse tipo de leilão ( swap cambial) desde 30 de maio de 2006.

Só para se ter uma idéia da gravidade, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta segunda-feira, que o governo federal vai disponibilizar parte das reservas internacionais do País – que somam cerca de US$ 207 bilhões – para os bancos, com o objetivo de financiar o comércio exterior e impedir a deterioração das exportações brasileiras em razão da crise financeira, alem disso, o dólar comercial fechou em forte alta nesta segunda-feira, acompanhando o desabamento das Bolsas no mundo. A moeda saltou 7,53%, cotada a R$ 2,20 na venda. Para tentar conter o avanço da moeda, o Banco Central voltou a intervir no mercado, com a venda de dólares, mas a operação não foi suficiente. É, para quem achava que o problema era do Bush…. Ah! Uma observação, quinta-feira é feriado judaico e as bolsa mundiais costumam se acalmar, geralmente compra-se na turbulência e vende-se na calmaria.

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Rabino será primeiro não-católico em sínodo no Vaticano

ROMA – Um rabino de Israel, o rabino Shear-Yashuv Cohen, será o primeiro não-cristão a discursar em um sínodo da Igreja Católica.

O rabino foi convidado a falar sobre a interpretação judaica das Escrituras, das partes que são lidas por cristãos e judeus.

Cohen vem de uma família que, há 18 gerações, conta com rabinos e estudiosos da Bíblia e é o Grande Rabino de Haifa, em Israel.

Segundo o correspondente da BBC para assuntos religiosos Christopher Landau, Cohen afirmou que seu convite para o sínodo é “um sinal de esperança” no relacionamento entre as duas religiões.

Bispos do mundo todo estão reunidos em Roma para o sínodo, que reúne mais de 200 cardeais e bispos de todo o mundo e é realizado a cada três anos. O encontro de três semanas deste ano foi iniciado com uma missa celebrada pelo papa Bento 16 na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, no domingo.

Velho Testamento

Cohen vai liderar as reflexões a respeito de como os judeus usam suas Escrituras, que os cristãos chamam de Velho Testamento.

O rabino reconheceu que alguns judeus encaram a possibilidade de diálogo com cristãos com desconfiança.

Mas, segundo Landau, Cohen afirmou que pretende promover o respeito e a coexistência, acrescentando que o judaísmo é o “irmão mais velho” do cristianismo.

O convite para a participação do rabino ocorre em um momento em que o Vaticano dá um novo impulso às suas relações com outras religiões.

Em novembro, o papa Bento XVI vai realizar uma reunião inédita em Roma com estudiosos islâmicos.

Agência Estado/ BBC

Rizzolo: A palavra sínodo tem sua origem no idioma grego – sýnodos – e quer dizer “caminhar juntos” . Em um sínodo diocesano, trata-se de uma “assembléia de eclesiásticos” e leigos “convocados pelo seu prelado ou outro superior” que se reúnem com o propósito de “caminhar juntos”, seguindo um determinado plano. É uma expressão utilizada pelos cristãos. Em relação ao encontro, acho muito interessante este diálogo inter religioso. No mundo não há mais espaço para que discordâncias religiosas se transformem em motivos para o prosperar da intolerância. O povo judeu com seu conhecimento baseado na Torá, tem muito a acrescentar ao debate. O cristianismo vem do judaísmo, já a intolerância e o preconceito vem da falta da presença de D´US, nos corações duros daqueles não que sabem enxergar as diferenças. Provavelmente o rabino Cohen alem ser Cohen no nome, deve ser advindo da tribo de Cohen ( religiosos ) do Templo. Nem todo Cohen é Cohen, mas isso é um pouco difícil de explicar no momento. Fica para outra oportunidade. Valeu a notícia.

Bovespa cai mais de 15% e tem segunda interrupção no dia; dólar dispara

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu mais de 15% e parou de funcionar pela segunda vez nesta segunda-feira. A Bolsa caía 15,06%, aos 37.814 pontos, quando o pregão foi suspenso. O dólar está disparando.

A sessão havia sido interrompida na primeira vez às 10h18, após o Ibovespa atingir 10,09% de queda. O pregão ficou parado meia hora, das 10h18 às 10h48. A maior queda da Bovespa foi de 22,26% em 21 de março de 1990.

Desta vez, os negócios ficarão interrompidos por uma hora, das 11h44 até as 12h44. Quando voltar a funcionar, não existirá mais limite de queda. A decisão de uma nova parada dependerá do diretor do pregão.

Essas interrupções acontecem automaticamente. O sistema é chamado “circuit breaker” e é acionado para tentar acalmar o mercado. A primeira parada ocorre quando a queda é superior a 10%. Depois quando atinge mais de 15%.

É a terceira vez em uma semana que o sistema de parada da Bovespa é acionado. Na segunda-feira passada, dia 29 de setembro, houve o mesmo problema.

O mercado está com medo do efeito dominó da crise financeira sobre a Europa, o que está derrubando mercados no mundo todo.

Por volta das 12h, o dólar comercial operava em forte alta de 5,62%, cotado a R$ 2,161 para venda (veja quadro com a cotação do dólar atualizada).

Embora o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush tenha sancionado na última sexta-feira a lei que autoriza o pacote de US$ 700 bilhões para socorrer os bancos norte-americanos em crise, o mercado não se convenceu e seguiu sem otimismo.

As Bolsas asiáticas, por exemplo, afundaram nesta segunda-feira com os investidores temerosos quanto a eficácia das medidas dos governos norte-americano e europeus para acalmar as tensões nos mercados financeiros.

Noticiário
O Bank of America anunciou que está disposto a gastar até US$ 8,4 bilhões para reestruturar os empréstimos hipotecários dos clientes de sua nova filial Countrywide, adquirida em julho quando estava à beira da falência.

O maior banco dos Estados Unidos afirmou que está pronto para revisar as taxas aplicadas ou renegociar para baixo os empréstimos hipotecários de quase 400.000 clientes do Countrywide, segundo um comunicado divulgado pela empresa.

O governo e os bancos da Alemanha fecharam um acordo neste domingo para a criação de um plano de 50 bilhões de euros para evitar a quebra do Hypo Real Estate (HRE), no mesmo dia do anúncio de que o governo garantirá correntistas e poupadores particulares.

O banco americano Wells Fargo anunciou no domingo à noite que conseguiu anular, com um recurso de apelação, a decisão do juiz de Nova York que ordenava o congelamento da fusão com o Wachovia.

O Banco Central Europeu (BCE) injetou nesta segunda-feira US$ 50 bilhões com vencimento amanhã e a uma taxa de juros marginal de 4% em uma operação extraordinária para colocar liquidez no mercado.

Brasil
O mercado financeiro reduziu a estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2009 pela segunda vez seguida, mas também espera inflação mais moderada no próximo ano.

De acordo com levantamento do Banco Central divulgado nesta segunda-feira, o país deve crescer 3,5% em 2009, levemente abaixo dos 3,55% estimados na semana anterior. Para a inflação, a estimativa é de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) alcance 4,85% em 2009, pouco abaixo dos 4,9% estimados anteriormente.

Rizzolo: A crise atingindo a Europa, e os EUA em direção a uma forte recessão acabou por influenciar as bolsas asiáticas. Como tenho comentado, a crise é extremamente grave, até porque passa por uma questão de confiança nos mercados, e na real possibilidade do pacote americano não refletir os efeitos desejados. Não há dúvida que isso também criará uma ” bolha” na China, que ao constatar uma demanda menor dos seus produtos exportados, terá que redirecioná-los para o mercado interno, cujo poder aquisitivo é baixo, e onde não há a cultura do consumo.

No Brasil ainda existe certa resistência em admitir que a crise já está às nossas portas. Existe na visão do governo, um certo “pudor” em agir rápido, e em não admitir a gravidade alegando que o Brasil ” não corre nenhum risco”, pelo receio de que a popularidade do presidente possa vir a ser maculada pela turbulência. Pessoalmente acredito numa alta da inflação no Brasil, vez que com a restrição e o encarecimento do crédito, o custo financeiro será repassado ao consumidor, existindo, portanto, mais um forte componente inflacionário a ser considerado. Essa queda de hoje, segundo a Bloomberg Latin America, é considerada a maior da década, e está relacionada com o declínio da produção do elenco de commodities no Brasil, além da restrição ao crédito.

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Charge do Sponholz para o Jornal da Manhã

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Lula e o efeito placebo

Quando todos imaginavam que poderiam contar com um “maná” vindo dos céus, como o ocorrido no deserto relatado pelo Antigo Testamento, ao receberem os resultados das urnas, tristemente constataram os apadrinhados que, posar ao lado do presidente, pouco efeito produz de concreto ao candidato apoiado; porém por outro lado, muito resultado é auferido ao próprio presidente, que com isso, acaba ganhando de certa forma mais popularidade.

Aliás num exercício de analogia, de nada adianta um cantor popular de música sertaneja se postar à platéia, e ao invés de cantar, pedir ao público que se encantem com seu outro amigo cantante; o público quer sim ouvir o cantor principal, não o recomendado. A transferência de votos tão apregoada e tão temida, perdeu-se na realidade das urnas. A condição dos indicados de Lula no palanque, indica também a derrota na emprestabilidade de seu prestígio a outros. Constata-se que a popularidade de Lula é sim de caráter personalíssimo.

O imaginário do eleitor em relação à popularidade de Lula, não se mistura com um outro candidato apoiado pelo presidente. Como que reconhecesse que estaria Lula prestando apenas uma deferência, ou um reconhecimento pessoal, o eleitor rechaça a transferência de voto e faz uma leitura pequena do gesto em si. Uma prova disso é o fato de o presidente ter tido pouca influência na eleição do Rio de Janeiro, assim como no resultado da candidatura de Marta, em São Paulo, bem como com Luiz Marinho em São Bernardo; embora tenha havido todos os esforços empreendidos, constatou-se um resultado muito abaixo do que o próprio presidente previa.

A análise de que as eleições municipais estão mais ligadas aos problemas do dia-a-dia do município, é procedente; contudo a pauta das propostas dos candidatos apoiados por Lula, eram centradas na essência do pensamento petista de desenvolvimento dos municípios, e nem assim essa combinação entre a proposta e a imagem, sensibilizou os eleitores. O melhor exemplo ocorreu em Natal, onde a adversária do PT foi eleita já no primeiro turno, o que foi uma derrota para Lula.

Da forma em que foram constatados os resultados das eleições municipais no país, e a participação da presença de Lula no palanque como fator de transferância de votos, podemos já prever que Dilma Roussef enfrentará problemas; talvez menores do que a decepção petista em São Paulo, ou em outras capitais. A lição do palanque sugere um remédio talvez na verdade, bem mais forte do que aquele experimentado e vivenciado pela mágica de Lula em gerar votos aos seus apadrinhados.

Fernando Rizzolo