São Paulo – Em sua última participação na campanha da ex-ministra Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, dia 18, que o governador José Serra (PSDB) deveria lhe pedir desculpas por ter acusado o PT e os movimentos sindicais de insuflarem o protesto de policiais na cidade, na quinta-feira. A uma semana do segundo turno, Lula defendeu a petista, que, na sua avaliação, é vítima de preconceito “raivoso e rançoso”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na manhã deste sábado de ato de campanha da candidata do PT à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy. O encontro aconteceu na Casa de Portugal, na Liberdade.
O encontro do presidente e de Marta com representantes de movimentos sociais e sindicalistas transformou-se em uma manifestação de desagravo à campanha da petista. Lula disse ter comido “o pão que o diabo amassou” em 2005, mas advertiu que, em nenhum momento, jogou a culpa por suas dificuldades nas costas dos outros. “Quem não quer ser cobrado que não seja governo”, afirmou.
Na platéia, formada por cerca de 1.700 militantes, havia policiais civis. O presidente disse que sempre recebe reivindicações de trabalhadores. “Isso é democracia. Por que vou ficar nervoso quando um sindicalista vai a Brasília fazer passeata?”
Na quinta-feira, Serra acusou o PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), de incentivar o protesto de policiais com o objetivo de influenciar o segundo turno da eleição, no dia 26. Disse não ter dúvidas de que a manifestação, que terminou em conflito entre policiais civis e militares nas proximidades do Palácio Bandeirantes, tinha participação ativa de petistas e das duas centrais, que apóiam Marta.
Na avaliação do presidente, o governador não mediu as palavras e agiu de forma “insensata”. Um dia antes, o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, chegou a dizer que se sentiu “ofendido” com o ataque desferido pelo governador. “Lamento que ele não devolva com a mesma generosidade o carinho com que tem sido tratado pelo Palácio do Planalto”, comentou Carvalho.
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, presente ao evento de Marta, interveio para evitar que um grupo de policiais entregasse um documento ao presidente. “Se trouxéssemos esse assunto para o Lula hoje, politizaríamos a greve. É tudo o que o Serra quer”, afirmou.
PRECONCEITO
Em tom veemente, Lula afirmou que nunca viu alguém sofrer tanto preconceito quanto Marta e, de forma indireta, mencionou a propaganda eleitoral do PT que perguntava se o prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, era casado e tinha filhos.
“Dizem agora que essa mulher é contra os homossexuais, justamente ela, que, quando havia preconceito, estava na TV Mulher defendendo as minorias”, insistiu o presidente. Lula disse ainda que transformaram “uma guerreira defensora das minorias em acusadora”. “Eu ainda vou criar o Dia da Hipocrisia neste país”, afirmou.
O presidente lembrou que repassa recursos federais para São Paulo independentemente dos partidos dos governantes e lamentou que Marta tenha administrado a cidade em uma época de penúria financeira. Foi nesse momento que ele criticou o governador tucano.
Em conversas reservadas, Lula afirmou que Kassab só pode apresentar à cidade vistosas obras nas áreas de transporte e saneamento porque recebeu “generosos” recursos federais.
O discurso de Lula marcou sua última participação na campanha de Marta. Desde o primeiro turno, o presidente subiu no palanque da petista em outras duas ocasiões: em São Miguel Paulista (zona leste), onde desfilou em carro aberto ao lado da candidata, e num comício em Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.
Afilhado político de Serra, Kassab desdenhou do apoio de Lula a Marta: afirmou que, embora o aval do presidente tenha peso, “não é novidade” para os eleitores e, portanto, pode não se transformar em novos votos. (Colaborou José Maria Tomazela)
Agência Estado
Rizzolo: Primeiramente o PT e outros partidos, contribuíram sim e muito para o desfecho da crise; isso todo mundo sabe, e quem estava lá, pode constatar. Agora Serra errou, conduziu de forma errada as negociações, não recebeu os líderes, e isso é imperdoável. Agora afirmar que a Marta é vítima de preconceito isso já é demais; a dinâmica petista de se fazer propaganda política, ferindo e constrangendo as pessoas, a privacidade, com argumentos insinuadores é lamentável. Infelizmente, se PT acreditava na capacidade do presidente Lula em transferir votos, se enganaram redondamente. Lula é a estrela, só ele; os outros por ele indicados, são apenas referências, o povo não se impressiona com as recomendações de Lula. É uma realidade que o PT não sabia e descobriu.
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