“Não há bancos quebrando”, diz Mantega ao explicar MP da estatização

Em entrevista coletiva em Brasília nesta manhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, explicaram a medida provisória que permite a estatização de instituições financeiras, públicas ou privadas, sediadas no país. Mantega negou que haja bancos brasileiros prestes a quebrar.

“Quero deixar claro que não há banco quebrando. O sistema financeiro brasileiro é um dos mais sólidos do mundo, justamente porque é menos alavancado, mais prudente e mais rentável. Só que isso não o isenta de ter problemas de liquidez. Estamos apenas criando alternativas e irrigando o sistema para que o país não tenha problemas e estamos dando conta disso”, disse Mantega.

Como o governo tem dito que não faria pacotes, mas só tomaria medidas pontuais quando elas fossem necessárias, a autorização para estatização de bancos significaria que já haveria instituições com risco de quebra, diferentemente do que analistas e governo afirmavam antes.

O ministro Mantega foi questionado sobre isso na entrevista. Também foi indagado quais seriam essas instituições que deveriam ser salvas de imediato com a compra estatal.

Ele negou qualquer risco de quebra já. Mantega preocupou-se apenas em dizer que bancos pequenos e médios podem vir a ter problemas de falta de dinheiro em caixa e, por isso, o governo criou as novas medidas.

“A idéia é não interromper a liquidez da economia brasileira. O problema da liquidez está dado. É claro que isso pode trazer falta de liquidez para algumas instituições, de médio porte, de pequeno porte.”

Ele disse que, apesar de não haver bancos quebrando, a medida foi tomada para dar “mais uma alternativa” ao mercado.

Mantega declarou que, apesar da autorização para estatização, isso pode não acontecer. Segundo ele, apenas é uma abertura para interesse das instituições, se for o caso.

O ministro disse que, depois de recuperados, os eventuais bancos comprados poderiam ser revendidos à iniciativa privada, da mesma forma que prevêem os pacotes de resgate da Europa e dos EUA.

Questionado sobre como a sociedade brasileira poderia ter certeza de que essas operações de fusões bancárias seriam transparentes, Mantega afirmou que qualquer negociação desse tipo será realizada com base em regras e preços de mercado.

“Todas as ações que o governo brasileiro está tomando são transparentes. Não demos nenhum subsídio ou socorro específico. Apenas queremos dar alternativas e tranqüilidade para os bancos que possam vir a ter dificuldades. Mas as regras serão claras”, afirmou.

Recursos
A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil possuem recursos suficientes se precisarem fazer compra de outros bancos, segundo Mantega.

“O governo não fará nenhum aporte de capital no BB ou na CEF, porque não é necessário. Eles já têm recursos suficientes”, disse.

Sobre a medida que autoriza os bancos públicos a atuarem em outros segmentos, por exemplo com a compra de instituições previdenciárias, o ministro da Fazenda afirmou que essa operação também é uma forma de elevar a liquidez no país, sem entrar em detalhes.

Folha online

Rizzolo: Como comentei anteriormente, a medida é boa, porém traz no seu bojo a dimensão da crise financeira que atinge certos bancos. Não há dúvida que a medida tem endereço certo, ou seja, muito embora mais uma vez o governo não admita, a extravagância da medida em si denota a preocupação existente. Não há uma explicação plausível para a urgência da medida, a não ser o direcionamento a certas instituições que já estão no fundo do poço e em sentido de espera. Agora a grande incógnita é saber quais são estas que serão beneficiadas; com certeza isso gera mais pânico no mercado e insinua a gravidade da crise. Quando se fala em ” comprar bancos em dificuldade” o investidor e o empresariado entendem o recado, e retraem ainda mais seus investimentos.

A notícia é boa do ponto de vista de manejo da crise, e péssima do ponto de vista do mercado financeiro brasileiro. Em três dias, a moeda subiu 12,52%. No ano, a alta acumulada é de 33,99%, donde se conclui que, “até agora o BC está apenas está enxugando gelo” . Na verdade tenho sérias críticas em relação aos chamados Leilões à vista, ou seja, quando o Banco Central vende dólar físico, queimando as reservas internacionais. É uma operação que não tem volta, portanto, o BC deve tomar cuidado ao se desfazer dos recursos estrangeiros que o País possui, esses leilões, visam principalmente resguardar as empresas que especularam.

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Governo autoriza estatização de instituições privadas no País

SÃO PAULO – O governo mostrou mais uma vez seu comprometimento para evitar que a crise financeira atinja com força o Brasil. Nesta quarta-feira, 22, o Diário Oficial da União traz uma medida provisória, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a comprarem ações em instituições financeiras privadas. Na prática, a MP permite aos bancos estatizar as instituições com problemas.

De acordo com a medida, os dois bancos federais poderão comprar participações em instituições financeiras, públicas ou privadas, sediadas no Brasil, incluindo empresas dos ramos securitário, previdenciário e de capitalização, entre outras. Além disso, o negócio poderá ser realizado sem qualquer licitação para isso.

A MP 443 autoriza ainda a criação da empresa Caixa – Banco de Investimentos S.A., sociedade por ações, subsidiária integral da Caixa Econômica Federal, com a finalidade de explorar atividades de banco de investimento.

A última determinação da medida, que entra em vigor já nesta quarta, é que o Banco Central poderá realizar operações de swap (contratos que trocam os rendimentos em juros pela oscilação da moeda estrangeira) de moedas com bancos centrais de outros países, nos limites e condições fixados pelo Conselho Monetário Nacional.

O presidente do BC, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, darão uma entrevista coletiva a partir das 11 horas, na sede do Ministério da Fazenda em Brasília, para explicar a Medida Provisória.

Agência Estado

Rizzolo: A medida é boa e poderá amenizar o problema de falta de liquidez de algumas instituições financeiras. Observem que o problema todo gira em torno da confiabilidade no mercado, quanto mais o governo sinalizar nas propostas que pautam a segurança do financeira, melhor será as reações inclusive na questão cambial, que é alavancada pela especulação. Nesse mesmo esteio de proposta, os bancos europeus agiram para conter a crise. Hoje existe de forma acentuada um caráter endógeno de geração de crises no capitalismo, e demora na participação do Estado como elemento regulador pode causar danos irreparáveis.

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Charge do Novaes para a Gazeta Mercantil

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Bolsas asiáticas desabam seguindo perdas de Wall Street

TÓQUIO – As Bolsas asiáticas fecharam em baixa as operações desta quarta-feira, 21, seguindo Wall Street que fechou em queda na terça-feira. O temor sobre a situação da economia americana aumentou depois que um grupo de empresas importantes dos EUA advertiram sobre maiores complicações no futuro por causa da crise.

O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio desabou 631,56 pontos (6,78%), para 8.674,69. Já o índice Topix, que reúne todos os valores da primeira jornada, caiu 67,41 pontos (7,04%), aos 889,23.

Em Seul, o índice Kospi perdeu 61,51 pontos (5,14%), aos 1.134,59. Enquanto que o indicador de valores tecnológicos Kosdaq caiu 15,44 pontos (4,40%), para 335,53.

Os outros mercados ásiaticos também fecharam no vermelho. Hong Kong perdeu -5,42%; Bangcoc -1,95%; Jacarta -4,32%; Manila – 1,12%; Cingapura -4,93% e Xangai -3,58%. A bolsa australiana amargou perda de -3,09%.
Agência Estado

Rizzolo: Os dados concretos de que a economia americana caminha para uma recessão derrubou os mercados, companhias como a Caterpillar, a DuPont e a Sun Microsystems divulgaram na terça-feira resultados piores do que os esperados. Esse fato com certeza repercutirá mal no mercado brasileiro nesta quarta-feira. O nosso problema cambial se agrava, à medida que o crédito escasso e o clima de desconfiança dos empresários brasileiros aumentam. Alguns setores como o imobiliário, já enfrentam dificuldades e o socorro às construtoras ainda parece longe de ser o suficiente.

Ontem Mantega afirmou que o governo não vai arcar com prejuízos de empresas obtidos em operações de derivativos. “Não vamos cobrir nenhum tipo de prejuízo”, afirmou. Segundo ele, essas empresas tiveram lucros nessas operações anteriormente e agora, com a desvalorização do real, tiveram prejuízos, com os quais devem arcar e “seguir a vida”, ou seja, já está de uma forma clara dizendo ao empresariado, ” virem-se”. O governo só esquece que ele também contribuiu para esse quadro, quando “induziu” – do ponto de vista mercadológico -, essas empresas a fazer tais operações face às altas taxas de juros. É como eu sempre digo, a economia vive de ambiente confiável, afirmações como esta apenas pioram o ambiente financeiro.

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