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Quartier des Batignolles e os aposentados no Brasil

Alguns podem estar estranhando o fato de ontem eu nada ter escrito em relação ao Shabat. Na verdade não escrevi por falta de tempo, alem disso, no momento em que estava disponível, já era shabat, de forma que já não poderia mais escrever. Paris é uma cidade fantástica, e o que me encanta são as coisas simples que vejo pelo meu caminho, nas calçadas, nas esquinas, no metrô.

Do Quartier des Batignolles, onde fico, até a Sinagoga Chabad, na Avenue des Champs- Élysées, a distância não é longe, costumo ir a pé ao Shabat, e a cada quarteirão sinto um pouco do que é o 17º arrondissement de Paris, sua história, seu passado, seus personagens. Nesse mesmo bairro, existe um parque onde os velhos e as crianças passam seu tempo. Ao olhar o rosto dos velhos de Paris, lembro-me do desespero do saber estar envelhecendo no Brasil, o descaso do governo com os aposentados, e o empenho daqueles que ao invés de estarem se dedicando a pensar nas necessidades dos idosos, se prestam a lutar politicamente pela perpetuação do fator previdenciário, numa conduta reprovável em relação aos velhos e doentes que necessitam do amparo do Estado, sob uma “argumentação financiaresca”, que chega às raias da amoralidade social.

Ontem não escrevi, apenas orei, pensei nas notícias que li sobre a intenção do governo petista em manter esse mecanismo perverso, que retira do aposentado um direito assegurado pela Lei, pelo bom senso e pelo respeito. O olhar calmo dos velhos de Paris me induziu a uma reflexão do quanto de abandono os aposentados brasileiros padecem sob a insensibilidade do governo petista.

O olhar calmo e sereno dos velhos de Paris, me desafia a cada vez mais sentir que o exemplo de luta dos franceses, é o melhor caminho para se estabelecer a dignidade aos mais idosos; até porque se depender do governo brasileiro, e do Ministro da Previdência sob as ordens do PT, o golpe de misericórdia aos aposentados será dado, mantendo esse fator vergonhoso.

Fico triste pelo que vejo aqui e observo aí, e nas esquinas e parques do Quartier des Batignolles, senti que algo ficou para trás, afinal o desrespeito aos velhos não é algo novo no Brasil. O olhar dos idosos de Paris me fez ontem apenas caminhar, sem o direito de escrever ao voltar, apenas rezei, caminhei, tomei um copo de vinho e dormi, sonhando um dia com um Brasil mais justo, bondoso, e acima de tudo com o devido respeito aos que já deram seu quinhão de trabalho e suor.

Bom domingo

Fernando Rizzolo

Lula pede ação de países ricos contra a crise e fim do G-8

WASHINGTON – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, 15, na reunião do G-20, convocada para tentar encontrar saídas para a crise financeira que se espalhou pelo mundo, que a melhor solução para evitar que a crise se alastre, são os países ricos resolverem seus problemas. “É a primeira vez que os problemas estão nos países ricos e não nos pobres. Não adianta ficar procurando medidas paliativas se não resolver o problema crônico da política americana e da política econômica européia”, afirmou Lula. O presidente disse ainda que o G-8 “não tem mais razão de ser” e defendeu maior participação dos emergentes.

Pouco antes de seguir para reunião na Casa Branca, o presidente explicou a necessidade de o G-20 ter uma “regulação séria” e se transformar em um verdadeiro foro político. “O G-8 não tem mais razão de ser porque é preciso levar em conta as economias emergentes no mundo globalizado”, comentou Lula, acrescentando que, “se todos os presidentes estiverem de acordo com isso, a crise será debelada com mais rapidez”.

Para Lula, se medidas não forem tomadas, como o nosso país está tomando, “a crise pode se aprofundar ainda mais e chegar a todos os países”, inclusive no Brasil. Ele salientou ainda que é preciso que os países ricos “tratem de fazer” com que os recursos que já injetaram na economia, “cheguem na ponta para que o mercado financeiro volte a funcionar com uma certa normalidade”, porque “do US$ 1,5 trilhão que os Estados Unidos injetaram na economia, apenas US$ 250 bilhões foram repassados”.

Lula reconheceu que a situação norte-americana “é delicadíssima”, até porque o momento é de transição, mas insistiu que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anfitrião do encontro, “tem de assumir a responsabilidade de que ele é o presidente até dia 20 de janeiro e que não pode ter vacilações nesta questão do tratamento da crise”. Bush, em entrevista na sexta-feira, insistiu na sua resistência de regular o mercado.

Brasil

O presidente lembrou que “todas as medidas que o BC e o Ministério da Fazenda têm tomado são no sentido de fazer com que o mercado interno supra parte desta deficiência que vai ter no mercado externo, como a crise nos Estados Unidos e na União Européia”.

Ele lembrou ainda a necessidade de restabelecer a representatividade e a legitimidade das instituições financeiras multilaterais. “Precisamos de mais produção, mais emprego e mais inclusão social”, pregou Lula, diante de uma platéia de presidentes na Casa Branca, em Washington, depois de salientar que o Brasil não vai abdicar de crescer e, para isso, manterá os investimentos previstos no PAC.

Lula, que insistiu no discurso da necessidade de regulamentação dos mercados, disse ainda que é essencial a reativação dos setores produtivos, para que se mantenham os empregos e a economia em movimento. O presidente lembrou ainda que a receita brasileira para combater a crise internamente é expandir o mercado interno.

O presidente comentou também, que, no jantar de sexta-feira com todos os países do G-20, na Casa Branca, ao falar com Bush sobre a necessidade de regulamentação do mercado, insistiu que não é possível que se ganhe dinheiro, sem trabalho. “Eu disse ao Bush que, quando eu era metalúrgico, para conseguir comprar uma TV, eu tinha de fazer 40 ou 60 horas extras por mês. Eu tinha de me matar de trabalhar. Não é justo que alguém fique bilionário, sem produzir uma única folha de papel, um único emprego, sem pagar um único salário”, narrou Lula.

Emergentes ‘farão sua parte’

Ao salientar que os países emergentes vão continuar a fazer a sua parte, crescendo e gerando os empregos, Lula acrescentou que “o que pode acontecer de pior é que uma crise que começou por conta da especulação, venha causar problemas sérios no setor de produção dos países que tanto precisem crescer”.

O presidente observou que a economia poderá não mais crescer nos patamares que o governo desejava, mas está adotando políticas para que o crescimento não pare.

“No Brasil, depois do sacrifício que fizemos, para manter a economia estável, não vamos abdicar de fazer o Brasil crescer”, declarou Lula. “Todas as medidas que o BC e o Ministério da Fazenda tem tomado são no sentido de fazer com que o mercado interno supra parte desta deficiência que vai ter no mercado externo”, disse.

De acordo com Lula, o PAC tem um papel fundamental nesse processo. “Nos poderemos facilitar que o povo brasileiro tenha acesso a esses bens que ele não tem. Por isso nos vamos manter todo o investimento do PAC e trabalhando para facilitar a irrigação do sistema financeiro”, comentou. E emendou: “nos temos muito que fazer no Brasil e nós não vamos parar de fazer os investimentos previstos porque a economia brasileira não pode deixar de crescer”.

Recepção

Na chegada para a cúpula, presidente foi saudado por um sonoro “Lula” pelo presidente dos Estados Unidos ao ser recepcionado para a fotografia do aperto de mãos na chegada para o encontro sobre mercados financeiros e economia mundial. Outro presidente saudado por Bush por apelido ou primeiro nome foi o francês Nicolas Sarkozy, a quem o presidente norte-americano chamou de “Nick”.

O presidente brasileiro foi o último líder a ser recepcionado para a cúpula. Além de chefes de Estado e de governo, estão presentes os dirigentes de organizações multilaterais: o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.

Os participantes da cúpula integram duas sessões plenárias que são fechadas para a imprensa. A expectativa é que o presidente Lula faça duas intervenções, uma em cada sessão, com duração de no máximo cinco minutos cada.

Agência Estado

Rizzolo: Bem uma coisa é o presidente Lula sugerir o fim do G8, outra são os países ricos aceitarem esta proposta um pouco absurdo no meu ponto de vista. Os países ricos jamais irão abdicar de serem os condutores das políticas econômicas internacionais, e os emergentes, enquanto não forem classificados como ricos e economicamente de peso, ficarão neste ” conselho consultivo” que nada resolvem e apenas discutem o “sexo dos anjos”.

Sinceramente acho que o presidente Lula faz uso do marketing político para lançar mão dessas propostas já sabidamente inviáveis e inaceitáveis. A verdade é que os ricos determinam os rumos da economia, e cabe aos emergentes ter capacidade econômica para acompanhar os ” desbalanceamentos financeiros” causados pelos agentes financeiros pouco regulados. A recessão já chegou ao Brasil e cabe a nós enfrentarmos de frente fora da esfera da vaidade política.