Negro recebe metade do que ganham outros paulistanos

SÃO PAULO – Os profissionais não-negros ganham quase o dobro em relação ao rendimento dos negros na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com o boletim “Os negros no mercado de trabalho”, realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Fundação Seade, em 2007, o rendimento médio por hora entre negros correspondia a R$ 4,36, enquanto o de não-negros era de R$ 7,98. Isso representa uma diferença de 83%.

Além disso, do total de desempregados da capital no período analisado, 42,9% eram negros, sendo que a população economicamente ativa negra era de 3,678 milhões de pessoas em 2007, o que representa 36,1% da força de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo no período. A coordenadora do estudo, Patrícia Lino Costa, destaca que a inserção dos negros no mercado de trabalho é desfavorável. Segundo ela, a distribuição da massa de rendimentos sintetiza esse quadro: os negros apropriam-se de 23,1% do total da massa e os não-negros, de 76,9%, na época analisada.

A presença dos negros é predominante nos segmentos produtivos que oferecem postos de trabalho com menores exigências de qualificação profissional, menores remunerações e, com freqüência, condições de trabalho mais desfavoráveis. Em 2007, a construção civil, setor tipicamente masculino, absorvia 13,6% dos homens negros ocupados e 6,5% dos não-negros. Já o de serviços domésticos, tipicamente feminino, empregava 26,4% das ocupadas negras e 11,9% das não-negras.

Os negros estão mais presentes nas tarefas de execução semiqualificadas e, principalmente, não qualificadas. Do total de não-negros ocupados, 18,2% fazem parte dos cargos de direção, gerência e planejamento, enquanto apenas 4,8% dos negros estão empregados nesse setor.

No que diz respeito à jornada de trabalho, em 2007, os negros cumpriam carga horária maior. Os assalariados negros trabalhavam, em média, 44 horas semanais, duas a mais do que os não-negros. As assalariadas negras exerciam jornada semanal de 41 horas, uma a mais do que as não-negras.

Escolaridade

Na avaliação de Patrícia, o nível de escolaridade alcançado por negros e não-negros explica a diferença dos índices de ocupação e rendimento. Nas faixas que incluem as pessoas não-alfabetizadas até as que possuem o ensino médio incompleto estavam classificados 58,5% dos ocupados negros e 37,6% dos não-negros. Já nas que consideram do ensino médio completo até o superior completo, estavam 41,5% dos ocupados negros e 62,4% dos não-negros. Ela também destaca que os negros entram no mercado de trabalho mais cedo.

Agência Estado

Rizzolo: Há muito tempo este Blog tem se manifestado contra a exclusão dos negros na sociedade brasileira. Quem acompanha os comentários, sabe da observação de que ainda há muito que se fazer à população negra brasileira no tocante à integração e a inclusão social. À medida que os cargos se tornam mais qualificados, os negros perdem espaço para a população não negra; uma prova disso é o papel do negro no judiciário que ainda é muito pequeno, há muito poucos juízes negros no Brasil. O governo brasileiro deve continuar atuando para que os negros sejam cada vez mais incluídos, implementando programas específicos nesse sentido. A verdade é que há poucos médicos negros, poucos juízes negros, poucos ministros negros. Por outro lado o Brasil possui uma população negra imensa.

Aqui na França, uma nova consciência negra está surgindo, tardiamente acelerada, entre outros motivos, pela vitória de Barack Obama. Um artigo no jornal francês Le Monde, há alguns dias, descreveu como Obama está “provocando novas esperanças” entre os negros da França. Todo palavra “negro” nos jornais franceses era, até há pouco tempo, motivo de espanto. Ao mesmo tempo, há seis meses, 60 carros foram queimados e 50 jovens entraram em confronto com a polícia e o corpo de bombeiros, deixando muitos feridos, no subúrbio de Vitry-le-François, na cidade de Marne, norte da França.

Os americanos, que debatem as relações inter-raciais desde o surgimento da república, provavelmente encontram dificuldades em entender que as diferenças raciais, como a religião, ainda são assuntos tabus aqui na França. A França sempre se considerou mais esclarecida sobre as questões raciais que os EUA, no entanto, o país se encontra em uma situação que desmente essa crença. Incidentes como os ocorridos há seis meses, trazem à mente os protestos que explodiram na França três anos atrás. Desde a abolição da escravidão há 160 anos, o País declarou oficialmente que não mais haveria diferenciação entre as raças – mas vendo Obama, uma nova geração de negros franceses está argumentando que chegou a hora de ter o tipo de discussão franca que precedeu a vitória do Democrata nos EUA.

Uma resposta to “Negro recebe metade do que ganham outros paulistanos”

  1. J. Batista Says:

    Brasil a maior nação miscigenada; o que é ser negro? o correto não é sermos mestiços? Nação Brasileira formada por descendentes de diversas localidades do planeta.
    “Raças?? Desde os primórdios da humanidade houve violência entre grupos humanos, mas só na era moderna essa violência passou a ser justificada por uma ideologia racista. De fato, nas civilizações antigas não são encontradas evidências inequívocas da existência de racismo (que não deve ser confundido com rivalidade entre comunidades). É certo que havia escravidão na Grécia, em Roma, no mundo árabe e em outras regiões. Mas os escravos eram geralmente prisioneiros de guerra e não havia a idéia de que fossem “naturalmente” inferiores aos seus senhores. A escravidão era mais conjuntural que estrutural – se o resultado da guerra tivesse sido outro, os papéis de senhor e escravo estariam invertidos. “Perversamente, o conceito tem sido usado não só para sistematizar e estudar as populações humanas, mas também para criar esquemas classificatórios que parecem justificar o status quo e a dominação de alguns grupos sobre outros”, afirma o autor. “Assim, a sobrevivência da ideia de raça é deletéria por estar ligada à crença continuada de que os grupos humanos existem em uma escala de valor- Sérgio Pena”Humanidade Sem Raças”.”


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