Influenciados pelo expansionismo, pela utópica instabilidade econômica brasileira, e acima de tudo pela crença da vulnerabilidade política do País, muitas empresas brasileiras priorizaram o mercado externo em detrimento aos investimentos no mercado interno brasileiro. Poucos observavam que o nível de investimento internacional, se avolumava na medida em que as políticas de inclusão se faziam prioridades nos últimos dez anos.
O mercado interno, na verdade, foi o principal responsável pelo crescimento de 5,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2007. Assim como a demanda interna foi responsável por uma contribuição de 6,9 p.p. (pontos percentuais) na expansão da economia brasileira no ano passado, ao passo que a demanda externa teve influência negativa, de 1,4 p.p. Não resta a menor dúvida, que em 2007 o aumento do investimento, aliado ao consumo das famílias – que cresceu 6,5% em 2007 – foram os principais fatores para este resultado, alem disso em 2008, o dinamismo da demanda interna continuou sustentando a atividade econômica no trimestre encerrado em agosto do referido ano.
A atual crise econômica, nos impulsiona para uma nova realidade que nos compele a repensar o Brasil de dentro para fora. Somos 190 milhões de consumidores, um potencial fantástico, que até agora de certa forma, fora preterido pelas grandes empresas brasileiras e cobiçado pelo mercado internacional. Um exemplo clássico é a Embraer, que decidiu praticamente abandonar o mercado interno de aviões, para participar em proporção maior no mercado internacional fragilizado pela crise.
Só para se ter uma idéia, o programa Bolsa Família, aqueceu a economia em pequenas cidades, em especial do Norte e do Nordeste, onde mais da metade dos benefícios é paga; no Brasil são 11 milhões de pessoas que se beneficiam com o programa de inclusão, consumindo bens e impulsionando a economia, e o melhor, para implementá-lo, o governo desembolsa menos de 1% do PIB.
Com efeito, os programas de inclusão vem ao encontro a esta nova visão sobre o mercado interno brasileiro, que se fortalecido, poderá ser a grande saída para as empresas brasileiras e as demais. O perfil de novos produtos, inserido numa nova estratégia adequada a uma recém classe média ascendente, fazem desse novo desafio uma oportunidade fantástica, ao mesmo tempo em que cria um ciclo virtuoso de consumo no País. É sempre bom lembrar, que uma nova visão sobre o mercado interno, não exclui de forma alguma alguns mecanismos de proteção – mesmo que seletivos, incidindo sobre produtos sensíveis – no sentido de nos precaver do excedente de produtos oriundos do exterior em função da crise; produtos estes abaixo dos preços de mercado, inviabilizando dessa forma nossa produção nacional.
Rever as prioridades investindo no mercado interno, contrapõe -se à política de expansão no mercado internacional – adotado por muitas empresas – onde atualmente não mais vislumbra-se o potencial mercadológico de outrora. Quem sabe um novo olhar sobre o mercado interno, aliado à possibilidade de fortalecê-lo implementando e promovendo a indústria nacional, seja a saída e ao mesmo tempo um retorno a nos fazer acreditar num novo Brasil.
Fernando Rizzolo
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