Jobim refuta críticas e reafirma que destroços eram de Airbus

SÃO PAULO – O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reagiu nesta segunda-feira, 8, a críticas de que teria se precipitado ao relacionar os destroços encontrados no mar ao Airbus da Air France que desapareceu na rota Rio-Paris na noite de domingo, 31. Jobim declarou que optou por falar dos destroços para aliviar a angústia das famílias das vítimas do acidente.

Um dia após o ministro ter feito a declaração, a Aeronáutica o desmentiu, apontando que as peças eram de madeira e não poderiam pertencer ao avião. Jobim negou ter errado, pois se referia a uma trilha de destroços que eram do Airbus e depois se dissiparam no mar.

“Tenho costas de crocodilo e arrogância de gaúcho”, disse, ao ser questionado sobre as críticas, em evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo. “Acho absolutamente irrelevante o que foi dito pela imprensa francesa porque, na verdade, os destroços eram do próprio avião”.
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Rizzolo: Jobim foi taxado de “bavard” pelos franceses que significa ” falador”, ou falastrão. Agora sinceramente, o ministro tem umas coisas que realmente são, digamos, ” exageradas”. Essa mania de se vestir com roupas militares, quando nunca foi militar, de se “rambonizar”, de falar quando não é devido, ou apropriado, mostrar essa “gauchez” meia fora de moda, enfim estes comportamentos e estas justificativas acabam ficando piores.

Melhor é a condição dos militares brasileiros, quando envoltos pela parcimônia apontaram que as peças eram de madeira e não poderiam pertencer ao avião. Para que isso, esta postura ? Não estaremos induzindo os franceses ainda insistirem na velha história da guerra da Lagosta e na afirmativa “le Brésil n’est pas un pays sérieux”.

Brasil rebate críticas de relator da ONU sobre homicídios

GENEBRA – O governo brasileiro rebateu nesta segunda-feira, 8, as críticas feitas pelo relator da ONU em torno dos números de homicídios no País. Para o Itamaraty, o relator da ONU contra Assassinatos Sumários, Phillip Alston, violou normas do Conselho de Direitos Humanos da ONU, ao colocar em dúvida, na semana passada, a redução de mortes apresentadas pelo governo. A atitude do relator foi classificada como “irresponsável”.

A polêmica ocorre a uma semana da primeira visita de um presidente brasileiro ao Conselho de Direitos Humanos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falará no dia 15 de junho em Genebra perante o Conselho. ONGs internacionais e brasileiras também vêm criticando as posições do País em relação a crises no Sri Lanka e na Coreia do Norte.

A reação do Itamaraty acontece após as declarações de Alston em uma conferência de imprensa. O relator havia estado no Brasil em 2007 e preparou uma avaliação sobre a violência que foi colocada à disposição dos países na semana passada. Na quinta-feira, o governo brasileiro tomou a palavra para comentar a situação e afirmou que, entre 2002 e 2007, o número de homicídios no País havia caído em 20%.

Alston discordou dos números apresentados pelo governo brasileiro e disse ter dúvidas sobre a credibilidade dos dados. Já a Anistia Internacional denunciou o fato de que a polícia continua matando no Brasil e que não há qualquer mudanças para lidar com a impunidade.

O Itamaraty, em uma dura resposta, garantiu que Alston “está errado” e que existem estudos da USP que mostram essa queda. “Queremos convidar o relator a revisitar seus preconceitos e aposentar seus estereótipos que prejudicam sua avaliação objetiva sobre a realidade”, afirmou a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo.
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Rizzolo: Direitos Humanos engloba uma série de fatores, e na verdade, o exterior está mais bem preparado para avaliar estas questões do que os órgão do Brasil. É claro que houveram avanços no país, mas afirmar que o número de homicídios no por aqui caiu em 20%, acho um exagero. A violência no Brasil é cabal, assustadora, e apesar dos esforços não acredito nestes números do governo.

Agora o relator como qualquer cidadão brasileiro, tem o direito de duvidar dos números, e daí. Isso é motivo para se ofender? Poucas são as críticas por parte do governo brasileiro em relação aos direitos humanos no Irã, aos direitos humanos na Coréia do Norte, enfim divergir dos números não é questão para tanto barulho; pior é o silêncio em relação à situação das mulheres no Irã e as prisões arbitrárias na Coréia do Norte.

Inflação para mais ricos supera a dos mais pobres em maio

SÃO PAULO – A taxa de inflação para a população de maior poder aquisitivo foi mais expressiva do que a verificada para a população de menor renda na capital paulista em maio. Conforme levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) por meio do Índice do Custo de Vida (ICV), enquanto a variação média do indicador foi de 0,23%, o indicador específico para os mais ricos registrou taxa de 0,29% e o que engloba o custo de vida dos mais pobres apresentou variação de 0,17% no mês passado.

Além do ICV geral, o Dieese calcula mensalmente mais três indicadores de inflação, segundo os estratos de renda das famílias da capital paulista. O primeiro grupo corresponde à estrutura de gastos de um terço das famílias mais pobres (com renda média de R$ 377,49); e o segundo contempla os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (renda média de R$ 934,17). Já o terceiro reúne as famílias de maior poder aquisitivo (renda média de R$ 2.792,90).

No primeiro grupo, o ICV de maio foi 0,32 ponto porcentual inferior à variação de 0,48% de abril. No terceiro, de maior renda, a taxa de inflação foi 0,04 ponto mais elevada do que a do mês anterior, de 0,25%. No grupo intermediário, o ICV passou de 0,36% para 0,14% entre abril e o mês passado.

De acordo com o Dieese, os reajustes ocorridos no grupo Despesas Pessoais – que subiu 6,65% e representou 0,25 ponto porcentual do ICV geral – tiveram origem no aumento dos cigarros (16,24%), em resposta à alta da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Para o instituto, esta política tributária foi “extremamente regressiva” para a renda familiar, trazendo um agravamento da inflação maior para o grupo de menor poder aquisitivo, do primeiro e do segundo estratos, com contribuições no cálculo de suas taxas de ICV de 0,40 ponto porcentual e de 0,30 ponto, respectivamente, em relação à do terceiro estrato, cuja representação foi de 0,19 ponto porcentual.

Em contrapartida, a taxa média elevada de 0,45% do grupo Habitação foi consequência, segundo o Dieese, do aumento no item Serviços Domésticos e Condomínio, que resultou em maior contribuição, de 0,17 ponto porcentual, no cálculo da taxa do terceiro estrato. No primeiro estrato, a Habitação gerou até um alívio, de 0,01 ponto, enquanto, no intermediário, a contribuição foi de apenas 0,02 ponto porcentual para o ICV destas famílias.

Em Saúde, o subgrupo Assistência Médica foi o responsável pela alta média de 0,27% deste grupo, uma vez que os medicamentos e produtos farmacêuticos indicaram ligeira deflação em seus valores. Dada a forma de despender das famílias de maior poder aquisitivo, estas foram mais impactadas por estes aumentos, que contribuíram com 0,05 ponto no cálculo de sua taxa, em relação aos dos demais estratos: de 0,02 ponto para o primeiro e de 0,03 ponto porcentual para o segundo.

Um grande destaque que ajudou o ICV dos mais pobres foi o comportamento do grupo Alimentação, que apresentou deflação geral de 0,34% em maio. De acordo com o Dieese, a baixa aliviou a inflação das famílias do primeiro estrato em 0,21 ponto porcentual e a do segundo em 0,15 ponto porcentual. Para as dos terceiro estrato, o alívio foi um pouco menor, de 0,05 ponto.

Já o grupo Transporte, que mostrou queda geral de 0,33% no mês passado, amenizou mais a inflação dos mais ricos, em 0,06 ponto porcentual. Para os mais pobres e o setor intermediário, os alívios foram de 0,02 ponto e de 0,04 ponto, respectivamente.

“As variações de preços em maio afetaram as famílias de forma diversa. As pertencentes ao primeiro estrato foram as mais beneficiadas com as quedas nos alimentos e, por outro lado, as mais prejudicadas pelos reajustes do fumo. As de maiores renda, do estrato 3, foram as mais favorecidas pelas baixas no Transporte e mais afetadas pelos reajustes ocorridos na Habitação e Saúde”, disseram os técnicos do Dieese. “As diminuições de valores dos alimentos, transporte e equipamentos, vieram a beneficiar mais as famílias do segundo estrato, as quais também foram bem prejudicadas com o aumento dos cigarros”, complementaram.

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Rizzolo: O fato dos mais pobres terem se beneficiado em relação à inflação, denota que a alimentação está em deflação, e isso é um bom sinal. O grande diferencial desta amostragem, nos remete a uma análise do comportamento econômico virtuoso em relação aos mais pobres, vindo de encontro com a política macroeconômica do governo. A inflação quando atinge as camadas mais pobres, tem seu efeito desastroso, corroendo os salários e desestruturando as políticas de inclusão. Para os pobres é uma notícia boa.

Charge do Clayton para o O Povo (CE)

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