Em discurso a líderes da Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (12) que chegou ao cargo por obra divina. Ele também defendeu a importância das religiões na formação cultural das crianças, embora mantenha a importância de o Estado ser laico.
“Estou há 1 ano e 4 meses de terminar meu mandato. Posso dizer que só cheguei ao meu mandato por obra de Deus”, afirmou Lula durante celebração dos 150 anos da presença da Igreja Presbiteriana no Brasil.
“Não estava previsto em nenhum livro de nenhum cientista político brasileiro que um torneiro mecânico pudesse encontrar um vice [José Alencar] também com 4 anos de escolaridade e eles pudessem chegar à Presidência da República. Não estava escrito, a não ser por uma obra de Deus.”
Lula, que se declara católico, disse também que a educação escolar deveria passar por ensino religioso, sem necessariamente se fixar em uma religião. “Imaginem se toda criança brasileira tivesse como ser educada para ir a uma igreja. Desde logo cedo ter um aprendizado religioso, para que depois essa criança pudesse fazer sua opção se quer continuar e não continuar”, declarou o presidente, acompanhado do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, e do prefeito, Eduardo Paes.
“Nós teríamos menos violência, menos deliquência, menos gente com propensão a entrar na criminalidade. Não conheço nenhum momento histórico em que a religião encaminhou uma nação à perdição. Se todo mundo tivesse a oportunidade de ter um encontro com a religião, que seria um encontro com Deus, o mundo seria menos violento, seria muito mais de paz.”
Ele voltou a se referir à crise do Senado, presidido por seu aliado José Sarney (PMDB-AP), pressionado por colegas para deixar o cargo em meio a acusações de favorecimento a familiares e assessores. Lula declarou que o nível do debates na Casa está abaixo da média de compreensão da sociedade.
“São todas pessoas formadas, acima de 35 anos de idade, que ao invés de prestar atenção ao que a TV está transmitindo, elas se agridem. Mesmo o cidadão que gosta muito de política fica sem saber o que está acontecendo”, disse. Na quinta-feira passada a tensão no Senado atingiu seu pico, quando Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Renan Calheiros (PMDB-AL) trocaram ofensas no plenário.
Culpa das TVs
Para o presidente, é melhor se aproximar da religiosidade do que passar o dia assistindo televisão. Recentemente ele afirmou que a instituição do Vale Cultura serviria para levar os brasileiros a teatros, cinemas e espetáculos de dança para que “o povo saia da poltrona”. Ele afirmou que a degradação das famílias nas últimas décadas tem de ser debitada em parte à programação televisiva.
“Quantos momentos de bom ensinamento nós temos na televisão, na nacional e na importada? Seria importante que a gente fizesse essa aferição. Se uma criança vê das 7 da manhã à meia-noite, o que ela vai formar dentro de si?”, questionou.
“Se nós ficássemos sentados na frente de uma TV brasileira e contássemos durante 30 dias no mês quantos filmes falam de integração familiar, amor e paz, perceberíamos que o percentual é infinitamente menor do que filmes que começam com tiro e acabam com tiro”, comentou.
folha online
Rizzolo: Quando Lula afirma que só chegou à presidência por obra de Deus é verdade absoluta. É claro que nada nessa vida é por acaso, e se tirarmos o aspecto político do cenário da vida do presidente, sabemos que ele não estava preparado pessoalmente para tal encargo, e se o alcançou, é porque espiritualmente forças superiores o auxiliaram. Pessoalmente, nunca tive nada contra o presidente Lula, sua pessoa, seus ideais, sua luta, sua opção por justiça social.
Ademais o presidente às vezes me surpreende. Sem a menor pretensão literária, e por me considerar um simples advogado idealista, religioso, e honesto, parece até que Lula na calada da noite lê minhas idéias, porque quando menos espero, ele vem de encontro com o que eu digo. O texto acima é um exemplo.
Outro exemplo: um comentário dias atrás, me referia sobre a incoerência ideológica na América Latina em relação as bases americanas na Colômbia. De repente fui surpreendido com um bom senso de Lula em suas novas declarações em tom de amenizar a questão. Acho ótimo tudo isso, quem sabe um dia terei o prazer de saber que o presidente um dia realmente leu um artigo meu e concordou comigo, em relação à televisão então nem fale, está coberto de razão. Já percebi que pelo menos espiritualmente estou afinado com Lula, já em relação ao partido dele, digamos que ele merece coisa melhor..
12/08/2009 às 11:10 PM
Se todo mundo tivesse a oportunidade de ter um encontro com a religião, que seria um encontro com Deus, o mundo seria menos violento, seria muito mais de paz.
Falou dos danos causados pela programação da TV falou tudo de certo, mas cometeu um equívoco sobre a opinião religiosa. O Próprio DEUS instituiu que o ser humano deveria escolher entre um ou outro “senhor” (digo entre DEUS e o diabo) sem ficar em cima do muro, e se tratando de líder religioso, ambos são, um do bem e outro do mal. Acho que a frase do presidente ficaria melhor da seguinte forma: Se todo mundo tivesse a oportunidade de ter um encontro com DEUS…. e não com a religião. A partir do momento que se institui liberdade de credo religioso, é porque supostamente não existe apenas uma religião e sim várias contendo diversos “deuses” que NÃO realmente são DEUS, pois DEUS é único, ou seja, infinito, sem divisões, eterno.
De resto concordo plenamente com ele.