Lula evita responder sobre caças franceses

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou responder hoje às perguntas de repórteres sobre a negociação para a aquisição de aviões caças. Ao ser questionado se é definitiva a decisão do governo brasileiro de comprar caças franceses, ao mesmo tempo que a Boeing, dos Estados Unidos, acreditava que poderia fechar negócio com o Brasil, o presidente respondeu: “daqui a pouco vou receber de graça”.

O anúncio antecipado pelo presidente Lula sobre a preferência brasileira pelos caças franceses na última segunda-feira incomodou o Comando da Aeronáutica, que levou o Ministério da Defesa a divulgar, ontem, nota oficial afirmando que a discussão ainda não está encerrada. Lula chegou ao Palácio do Itamaraty esta tarde para encontro reservado e almoço com o presidente de El Salvador, Mauricio Funes.
agência estado

Rizzolo: É como eu já havia comentado anteriormente, o presidente Lula às vezes se porta como se ainda estivesse no comando de um sindicato. Tudo é propaganda, política, simplismo, e na verdade quando se trata de assunto técnico, militar, é lógico que os militares especialistas é que tem a palavra e a obrigação institucional de participar ativamente na escolha. O Comando da Aeronáutica por bem fez com que o Ministério da Defesa a divulgar, ontem, nota oficial afirmando que a discussão ainda não está encerrada. Afinal, com todo o respeito não estamos em São Bernardo do Campo.

Livro diz que verdadeiro criador do Fusca era judeu

Ferdinand Porsche pode não ser o verdadeiro criador do Fusca. Segundo o historiador holandês Paul Schilperoord, que acaba de lançar um livro intitulado Ware Verhaal van de Kever (A Verdadeira História do Fusca), quem teve a idéia de criar um automóvel pequeno, com motor traseiro, suspensão independente e uma carroceria arredondada, completamente diferente dos carros da época, foi um engenheiro e jornalista húngaro, chamado Josef Ganz.

Uma versão chegou a ser fabricada por uma pequena indústria alemã, denominada Standard Fahrzeugfabrik. De acordo com o livro, Ganz, que inclusive havia chamado seu carro inicialmente de Maikäfer (Meu Besouro), tentou inutilmente obter apoio financeiro para produzi-lo em grande série, ao mesmo tempo em que publicava vários artigos propondo uma revolução no design automotivo e criticando os pesados e inseguros carros da época. Desagradando aos grandes fabricantes e, por ser judeu, ele acabou sendo preso pela Gestapo, polícia secreta nazista, devido a uma acusação forjada de chantagem.

Libertado, Ganz mudou-se para a Suíça, onde continuou tentando sem sucesso produzir seu carro – o projeto chegou a ser roubado pelo próprio governo suíço. A idéia do engenheiro húngaro, na mesma época, teria chegado ao ditador Adolf Hitler que, entusiasmado e desejoso de motorizar a população alemã, encarregou Ferdinand Porsche de sua concretização, obviamente ocultando a autoria do projeto inicial por um judeu. A Standard Fahrzeugfabrik, coincidentemente, foi proibida de usar o nome Volkswagen, carro do povo, na promoção de seu automóvel.

Após a Segunda Guerra Mundial, Ganz tentou durante vários anos provar na justiça seus direitos sobre o Fusca. Ele acabou indo morar na Austrália, onde trabalhou na Holden (hoje parte da GM), falecendo pobre e sem chegar a ser reconhecido, a não ser por um restrito número de designers e engenheiros. Embora sua história não fosse desconhecida, o livro de Schiperood é o primeiro inteiramente dedicado a ela e está sendo cogitado para servir de base para um futuro filme.

A história de Ganz pode ser encontrada, em detalhes no site http://www.ganz-volkswagen.org

Fonte: Pletz

Rizzolo: Uma história realmente interessante. O Fusca traz para todos nós uma lembrança dos velhos momentos. Jamais poderia imaginar que o Fusca teria sido idealizado por Josef Ganz.

Charge do Renato para o A Cidade (R. Preto)

renato

O pré-sal já está dando lucro – Coluna Carlos Brickmann

Coluna de quarta-feira, 9 de setembro

O mar de petróleo da camada pré-sal só deve jorrar normalmente daqui a uns dez anos. Mas o dinheiro começou a jorrar bem mais cedo: o pré-sal já se mostrou extremamente lucrativo para os franceses e seus parceiros brasileiros.

Em um dia, o Brasil gastou algo como US$ 15 bilhões em armas – sem contar as 25 usinas nucleares a ser construídas em 25 anos. Os 36 caças supersônicos Rafale são moderníssimos e o Brasil é pioneiro: o primeiro país a comprá-los, depois que perderam todas as concorrências internacionais de que participaram. Os quatro submarinos a diesel e o casco de submarino nuclear compartilham com os Rafale uma característica comum: todos ainda terão de ser construídos (o que não é tão ruim, porque o óleo do pré-sal, que segundo o presidente Lula será protegido pelas novas armas, continua aninhado nas mesmas rochas porosas onde se aloja há milhões de anos). Mas o pagamento já está sendo feito.

Os fatos mais estranhos são a exigência de que uma empreiteira específica, a Odebrecht, se encarregue, sem concorrência, do estaleiro a ser concluído; e as tais 25 centrais nucleares, uma por ano. Nos últimos 47 anos, o Brasil construiu duas centrais nucleares e está a meio caminho da terceira. Precisará acelerar bem o passo, qual um Usain Bolt da tecnologia atômica, para cumprir o novo prazo.

E por que 36 aviões? Desde que a velha esquadrilha brasileira de Mirages ficou obsoleta, falava-se em 12 caças – agora, de repente, multiplicados por três.

Definitivamente, este é o ano da França no Brasil.

Perguntas incômodas

As armas novas já foram encomendadas. Qual o soldo de um militar com capacidade para trabalhar num avião de US$ 100 milhões a unidade? Já estão normalizadas as refeições, o rancho, dos recrutas do Exército?

O sonho e o feijão

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quer formar uma “aliança bolivariana” para se contrapor às grandes potências. A Venezuela comprou supersônicos Sukhoi, fuzis e tanques russos (os submarinos, por enquanto, estão suspensos). Colômbia e Chile compraram supersônicos F-16 americanos. O Brasil comprou armas francesas. Resultado da política venezuelana de se contrapor às grandes potências: as grandes potências estão felizes com tantas vendas de armas.

Semana quente…

Dois temas da maior importância começam a ser decididos hoje:

1 – O Supremo inicia o julgamento do caso Cesare Battisti – o italiano acusado de terrorismo que a Itália quer extraditar e a quem o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu asilo político;

2 – O Congresso vota a ampliação do número de vereadores em 7.343, espalhados pelo país. Novos vereadores, novos assessores, novas secretárias, novos contínuos, novos salários e benefícios, novos parentes, novos móveis, novas verbas – e novos espaços, que terão de ser obtidos com reforma ou ampliação de edifícios. Querem que você, caro leitor, acredite que os gastos serão reduzidos.

…semana fria

A votação dos novos vereadores é um atrativo para que os parlamentares compareçam a Brasília, apesar da semana mais curta. Mas não se espere nada diferente disso: nem urgência para a nova legislação do pré-sal, nem articulações para aprovar a CSS (aquela contribuição “só” para a saúde, etc., etc.) Nem sempre é bom que o Congresso se mate de trabalhar. Como disse uma vez o governador mineiro Hélio Garcia, sempre que ele descansava não criava despesas.

Santo do pau oco

O senador paraense José Nery é do PSOL: doido para denunciar irregularidades dos outros (menos da presidente de seu partido, Heloísa Helena, que deve quase um milhão ao Fisco, em processo já transitado em julgado, mas parece que ela pode). Descobriu-se que ele mora de graça na casa de uma assessora, em Brasília, mas nunca se esqueceu de pegar os R$ 3.800 mensais de auxílio-moradia. Ele foi um dos que mais criticaram José Sarney por fazer a mesma coisa.

Candidaterríssimo

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, não entrou em nenhum partido, não se definiu entre petistas e tucanos, nada disso. Mas Duda Mendonça não está na Fiesp por acaso. Nem é por acaso que Paulo Skaf virou apresentador dos anúncios da Fiesp no horário mais caro da TV, o intervalo do Jornal Nacional. Se surgir uma oportunidade, é candidato ao Governo paulista. Se não surgir, tentará criar uma.

Fatos e fotos

Até ministros do Supremo já foram flagrados prestando mais atenção a conversas via computador do que nos argumentos da defesa e da acusação. A história se repete: o desembargador Carlos Roberto Santos Araújo, do Tribunal de Justiça da Bahia, foi fotografado jogando xadrez pelo computador. Tentou negar, dizendo que o jogo era apenas uma imagem na tela. Era – mas se movia e apresentava peças em posições diferentes entre uma foto e outra. O fotógrafo Haroldo Abrantes, de A Tarde, de Salvador, foi quem percebeu e registrou a cena. O TJ baiano decidia o fechamento de seu órgão de gestão. Era importante – e daí?

Carlos Brickmann é Jornalista, consultor de comunicação. Foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes (prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA, em 78 e 79, pelo Jornal da Bandeirantes e pelo programa de entrevistas Encontro com a Imprensa); repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S.Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

Brasil diz que processo para escolha de caças não está encerrado

Da BBC Brasil em Brasília – O Ministério da Defesa brasileiro informou, na noite desta terça-feira, que a licitação para compra de 36 aeronaves de combate não está encerrada.

Em comunicado à imprensa, o ministério disse ainda que as negociações continuam “com os três fornecedores”. Além da francesa Dessault, participam da licitação a americana Boeing e a sueca Saab.

A mensagem contraria a afirmação do chanceler Celso Amorim, feita na segunda-feira, de que o Brasil havia iniciado um processo de negociação com a francesa Dessault e que o “mesmo não se aplicava aos outros dois concorrentes”. O negócio pode chegar a US$ 4 bilhões.

Ao anunciar o “início de negociação” com a Dessault, na segunda-feira, o governo brasileiro não esclareceu se o fato significava o fim da licitação, ou seja, se as outras duas empresas estavam descartadas do processo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega francês, Nicolas Sarkozy – que esteve em Brasília no feriado – confirmaram que os dois países estão em negociação, o que, segundo eles, pode levar meses.

Licitação

Durante sua passagem pelo Brasil, a equipe de Sarkozy trouxe um novo elemento à mesa de negociação: a França se comprometeu a comprar 10 aeronaves de transporte militar brasileiras, fabricadas pela Embraer.

A nota do Ministério da Defesa diz que, “diante desse fato novo… as negociações junto aos três participantes serão aprofundadas” e que as propostas apresentadas até o momento podem ser “eventualmente redefinidas”.

A Defesa também havia informado, na semana passada, que o ministro Nelson Jobim aguarda o relatório técnico do Comando da Aeronáutica com análise de prós e contras de cada fabricante.

A decisão final será do presidente Lula, que no domingo falou abertamente sobre sua preferência pela empresa francesa.

A França teria oferecido melhores condições para transferência de tecnologia, faltando agora definir os preços.
agencia estado

Rizzolo: O grande problema do governo Lula, é que tudo passa pela simplicidade, pelo discurso político. Fechar o maior contrato de compra de armamento do mundo, e não dar a oportunidade aos demais concorrentes ofertarem seu lance último, é demonstrar que falta regras na negociação. A França de Sarkozy é extremamente sedutora, envolvente, e duvido muito de sua honestidade na transferência de tecnologia. Ora, ninguém transfere nada, pessoal. Para se transferir tecnologia desse porte primeiro precisamos estar aptos a ter estrutura para recebe-la, e isso não tão simples.

Vende-se algo e depois alega-se que o País não tem estrutura de pessoal, técnica, e geral, para absorve-la, e então está desculpada a não transferência, portanto a culpa será nossa. É muito delicada essa questão. Agora o que houve foi um ” papelão comercial”, primeiro afirma-se que o negócio está praticamente fechado, e depois provavelmente alguém deve ter dado um ” puxão de orelha” nos ” Amorins” do planalto, para desdizer a negociação. A grande verdade é que o presidente Lula e o ministro Nelson Jobin, que não são do “metier”, atropelaram os militares, os especialistas, em troca de um discurso político, é o velho erro de ser simplório.