Militar francês garante repasse de tecnologia de caças

BRASÍLIA – O almirante Eduard Guillaud, chefe do gabinete militar francês, disse hoje em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado que a transferência de tecnologia dos caças Rafale, da empresa francesa Dassault, será “total, sem limite e sem restrição” caso o Brasil venha a comprá-los. O almirante afirmou que, se o Brasil produzir, no futuro, peças de reposição mais baratas, a própria França poderá comprá-las.

Segundo o almirante, a França investiu cerca de sete bilhões de euros para chegar ao atual modelo do Rafale, que tem vida operacional entre 35 e 40 anos. “Substitui sete aeronaves diferentes na Marinha francesa. Essa aeronave tem potencial de crescimento formidável. Estamos disposto a explorá-lo com o Brasil. Se você fabricar peças de reposição mais baratas para o Rafale aqui que na França, eu mando a Marinha francesa comprar aqui no Brasil, não na França”, disse o Almirante em resposta ao senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

Guillaud também criticou os aviões F-18 Super Hornet, da americana Boeing, e os caças Gripen, da empresa sueca Saab, que disputam com a França pela venda dos caças ao Brasil. “Não compramos F-16, não participamos de programa americano. Todos que participam dele acham que o retorno tecnológico é muito fraco comparado aos investimentos que fizeram. Se quiserem a minha opinião, vale a pena”, disse. O almirante não deu detalhes sobre os dois caças Rafale que caíram no Mar Mediterrâneo há duas semanas.
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Rizzolo: Essa conversa de transferência de tecnologia é uma balela. Nenhum país irá “dar de mão beijada” tecnologia militar, as desculpas virão, “falta de capacidade de absorção técnica”, “falta de fornecedores qualificados ” e por aí afora. O que eles querem é o contrato. Quem viver irá conferir.

Não podemos cogitar censura à imprensa, diz ministro do STF

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quinta-feira (1) que não se pode cogitar em um estado democrático a possibilidade de censura aos meios de comunicação. A declaração foi feita em referência a uma liminar do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) que proíbe o jornal “O Estado de S. Paulo” de publicar informações sobre a Operação Boi Barrica, que investiga o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Na quarta (30), a 5ª Turma do TJDFT se declarou imcompetente para julgar o caso e determinou que o processo seja transferido para a Justiça Federal Cível de 1ª instância do Maranhão, estado onde foi deflagrada a operação. Apesar da decisão, os membros do colegiado mantiveram a validade da liminar, concedida no dia 31 de julho pelo desembargador Dácio Vieira.

“Eu fui surpreendido por uma declinação de foro, a remessa do processo para o juizo federal do estado de Maranhão. Não sei qual foi a premissa. Agora, de qualquer forma, creio que não podemos nessa quadra, considerados os ares democráticos, cogitar de censura à imprensa”, disse Marco Aurélio Mello.

Questionado sobre a manutenção da liminar, ele evitou criticar o TJDFT. “É uma manutenção provisória, que geralmente se implementa até que um juizo competente possa realmente exercer o crivo. Aguardemos”, ponderou.

Sessão

Na sessão secreta realizada pela 5ª Turma, os membros do colegiado nem chegaram a julgar o recurso apresentado pelo jornal, que pretendia revogar a liminar que estipulou multa de R$ 150 mil para cada reportagem publicada em descumprimento à ordem. Em sua justificativa, o desembargador havia alertado que a medida foi tomada para evitar “lesão grave e de difícil reparação” a Fernando Sarney.

Também em sessão secreta, no último dia 15, o Conselho Especial do tribunal afastou Dácio Vieira do processo, por considerar que alguns fatos que vieram depois da concessão da liminar geraram insegurança em relação à imparcialidade do desembargador para julgar o processo de Fernando Sarney contra “O Estado de S. Paulo”. Dácio teria feito críticas públicas ao jornal.

Gravação

No dia 22 de julho, na reportagem “Gravação liga Sarney a atos secretos”, “O Estado de S. Paulo” revelou o teor de diálogos gravados durante a Operação Boi Barrica. As gravações mostram Fernando Sarney conversando com o pai sobre a nomeação de um suposto namorado de sua filha para uma vaga no Senado.

Na sequência de sete diálogos, além do filho de Sarney e do próprio presidente do Senado, também aparecem a neta e o neto de Sarney. A Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, investiga as atividades empresariais de Fernando Sarney. Foi a partir do monitoramento das ligações telefônicas do empresário que os agentes gravaram as conversas com o presidente do Senado.
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Rizzolo: Não há como não se indignar com esta situação. Se há algo que nenhum poder deve restringir é a liberdade de informação. Estamos assistindo uma mordaça e um cerceamento das liberdades democráticas. Censurar a imprensa, não é coisa de país democrático e o judiciário deve refletir, concordo plenamente como ministro Marco Aurélio Mello.

Pesquisa indica viabilidade de Skaf ao governo de SP

SÃO PAULO – O presidente estadual do PSB, deputado federal Márcio França, confirmou em entrevista à Agência Estado o convite feito ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, para que seu nome seja lançado à sucessão no Palácio dos Bandeirantes em 2010. “Eu fiz o convite”, assegurou França, que se baseia em pesquisa de intenção de voto realizada recentemente pelo partido.

“Skaf se animou bastante com a proposta e pediu um tempo para avaliar as circunstâncias de uma eventual candidatura ao governo”, completou. A filiação de Skaf ao PSB foi assinada por volta das 14 horas de hoje na sede da Fiesp, na capital paulista. Antes de se filiar à sigla, o empresário manteve contato com outras legendas, como PMDB, PR e PV.

A candidatura de Skaf à sucessão paulista é defendida desde o início do ano por França. O deputado mantém contato com o empresário há oito meses, desde que Skaf cogitou pela primeira vez se filiar a uma legenda. “Desde o começo do ano dialogamos e trocamos impressões”, ressalta França.

Pesquisa

No início avesso a integrar-se ao PSB, o empresário teria mudado de postura nas últimas semanas, quando pesquisa de opinião encomendada pelo partido mostrou Skaf como um nome competitivo para as eleições ao governo de São Paulo.

“Ele tem força no Estado. Na pesquisa, o Geraldo Alckmin sai na frente, mas o Skaf é um nome altamente competitivo”, diz França, referindo-se ao virtual candidato tucano na disputa pela sucessão do governador José Serra (PSDB). França não diz quais são os porcentuais de intenção de voto registrados pela pesquisa.

O presidente estadual da sigla ainda elogiou a trajetória profissional de Skaf e exaltou a entrada de empresários na política nacional. “Paulo Skaf é um nome de referência nacional e um empresário que tem uma liderança grande na economia”, enalteceu França.
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Rizzolo: Vejo esse movimento de conservadores ingressando no PSB como algo enriquecedor. É claro que tanto Chalita quanto Skaf terão que fazer um ” intensivão” de socialismo, porem vejo com bons olhos essa incursão. A única ressalva que tenho em relação a Skaf é o fato de ele ser totalmente contra a CSS ou a antiga CPMF, vez que já está mais do que provado que a saúde pública necessita de recursos. Quem sabe agora, convertendo-se em socialista mude de idéia. Skaf é uma boa pessoa, assim como Chalita que gentilmente me convidou para sua posse. Enfim uma boa notícia, tirando a contrariedade da CSS.

Oposição usa crise em Honduras contra Venezuela no Mercosul

A votação sobre a entrada da Venezuela no Mercosul, que deve acontecer na próxima semana, no Senado, ficou ainda mais “complicada” com o agravamento da crise em Honduras, de acordo com a oposição.

O argumento é de que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, contribuiu para o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, a Honduras – causando um “problema” para o Brasil.

O fato é citado no parecer do relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Depois de quase seis meses de análise, o senador concluiu que a Venezuela não deve ser aceita no bloco.

“Mais uma vez Chávez é responsável por dificuldades e embaraço ao governo brasileiro”, diz o texto, referindo-se ao retorno de Zelaya e à escolha da embaixada brasileira como “destino final”.

Há cerca de três meses, Jereissati chegou a considerar um parecer favorável “com ressalvas”.

O texto final será apresentado nesta quinta-feira, na Comissão de Relações Exteriores.

O parecer traz ainda uma série de outras críticas ao presidente da Venezuela. Entre elas, afirma que Chávez contribui para a “discórdia” na região e que sua gestão traz “incertezas” quanto ao cumprimento de compromissos.

Adiamento

O documento será apresentado nesta quinta-feira, mas é provável que a base governista faça um pedido de vista, adiando a votação para a próxima semana.

O pedido de vista também permite que um novo parecer, inclusive com diferente teor, seja apresentado e aprovado na Comissão. O documento costuma ajudar os senadores na votação em plenário, sobretudo entre aqueles que não acompanham de perto a discussão.

O presidente da Comissão, senador Eduardo Azeredo, diz que o impasse em Honduras colocou o governo “em contradição”.

“O governo defende com afinco a democracia em Honduras e ao mesmo tempo quer abrir o Mercosul para a Venezuela, que atualmente segue uma linha autoritária”, diz.

Segundo ele, há “claros indícios” de atentados à democracia e à liberdade de imprensa no país vizinho.

O tema também foi abordado no parecer de Jereissati, que inclui um anexo com relatórios da Organização dos Estados Americanos (OEA) citando casos de descumprimento à carta democrática identificados na Venezuela.

O texto questiona ainda a legitimidade das eleições no país vizinho, “onde políticos são proibidos de concorrer” e a forma “quase ditatorial” de governar do presidente Chávez.

‘Constrangimento’

O parecer do relator diz que o governo coloca o Congresso em situação “constrangedora”, pois se vê obrigado a analisar um protocolo de adesão que “ainda carece de documentos”.

O texto refere-se ao fato de a Venezuela ainda não ter cumprido todos os pré-requisitos dentro dos prazos estabelecidos.

“A decisão de não incorporar os seus resultados no texto do Protocolo de Adesão impõe, sem dúvida, um constrangimento indevido ao Congresso Nacional”, diz o parecer.

Segundo o documento assinado pelo senador Jereissati, “na União Européia, aos candidatos a membros se impõe uma lista de condições e enquanto não as cumprem não são aceitos”. BBC Brasil – Todos os direitos reservados.
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Rizzolo: Bem, a grande discussão é saber se a Venezuela deve ou não fazer parte do Mercosul. O grande erro nessa história, é a oposição misturar questões políticas com econômicas. Não é possível integrarmos o Mercosul, avançarmos em direção a uma interação comercial maior na América Latina, sem a Venezuela. E olha que eu sou um dos maiores críticos do chavismo. Conheço a Venezuela, critico a política chavista, mas sinceramente misturar as coisas denota uma insensibilidade política e econômica sem tamanho. Não concordar com um regime, com posições políticas, não invalida as questões maiores que dizem respeito ao comércio bilateral. Se assim fosse, não teríamos relações comerciais coma China, e outros países autoritários.

Certa vez ouvi de um empresário brasileiro uma afirmativa muito coerente, quando perguntei a ele sobre os pesados investimentos siderurgicos que fazia seu grupo na Venezuela de Chavez, e ele apenas me respondeu: ” Chavez passa, a Venezuela fica “. Nesse prisma que precisamos ter o foco, o resto é bobagem da oposição, que diga-se de passagem, não tem mais discurso, e usa este tema para ter ganho secundário eleitoral. Quem sofre é o empresariado que quer vender e ter uma participação maior no mercado venezuelano. Uma pena.

Charge do Mirrya para O Critica

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É hora de mudar a medicação de Bernanke ?

*GREG PALAST

Ainda sinto um tremor toda vez que ponho a mão em um memorando confidencial com a inscrição “Casa Brança, Washington” no cabeçalho. Mesmo quando – o que estou olhando agora – que é sobre um tópico sonolento: A cúpula do G20 desta semana.

Mas o conteúdo da carta me sacudiu e me despertou. Foi capaz de me manter de pé o resto da noite.

A carta de 6 páginas da Casa Branca, datada de 3 de setembro, foi enviada aos 20 chefes de Estado que se encontrarão em Pittsburg na quinta-feira. Depois de algum prolegômeno diplomático inicial, o guia do nosso presidente para a cúpula, Michael Froman, faz uma pequena dança da vitória, anunciando que a recessão foi derrotada. “Os mercados globais de títulos cresceram 35% desde o final de março”, escreve Froman. Em outras palavras, o mercado de ações está em alta e tudo está bem.

Enquanto reconhece que a economia deste ano foi para o inferno em uma sacola, o assessor e embaixador de Obama para o G20 parece papagaiar a exuberância irracional do chefe do Fed, Ben Bernanke, que declarou esta semana que, “A recessão está aparentemente bastante superada”. Tudo o que faltava na declaração de Bernanke era uma faixa: “Missão Cumprida”.

E os franceses estão furiosos. A carta da Casa Branca aos líderes do G20 foi uma resposta à missiva diplomática confidencial do chefe da União Européia, Fredrik Reinfeldt, escrita um dia antes ao “Monsieur le Président” Obama.

Temos também a nota confidencial de Reinfeldt. Nela o presidente da União Européia diz, apesar da fala alegre de Bernanke, que a “crise não terminou” e que “o mercado de trabalho vai continuar sofrendo as conseqüências do fraco uso da capacidade de produção nos próximos meses”. Isto é discurso diplomático para dizer: O que será que Bernanke anda fumando?

Deixe-me lembrá-lo Monsieur le Président, que no mês passado 216.000 americanos perderam seus empregos, trazendo o total desde sua posse a cerca de 7 milhões. E crescendo.
O Wall Street Journal também tem uma cópia da carta da Casa Branca, ainda que não a tenha divulgado. O WSJ torce o vazamento do jeito como gostaria a Casa Branca: “Grandes mudanças para a Política Econômica Global” para produzir “crescimento duradouro”. Obama assume o comando! O que falta na reportagem do WSJ é que o plano de Obama de forma sutil mas significante atira de volta as reivindicações européias de apertar as regulamentações da atividade financeira e, mais importante, desvia-se das preocupações da UE sobre o combate ao desemprego.

Os líderes da Europa estão com medo de que o governo Obama vai cortar de forma prematura o estímulo fiscal e monetário. A Europa reivindica que os EUA continuem bombeando a economia com base em um programa salve-nosso-lado coordenado mundialmente. Como coloca Reinfeldt, em seu apelo à Casa Branca, “É essencial que os chefes de Estado e de Governo nesta cúpula, continuem a implementar as medidas de economia política que têm adotado”, e não unilateralmente. “Estratégias de saída [devem] ser implementadas em uma forma coordenada”. Traduzindo da linguagem diplomática: Se vocês nos EUA cortarem o estímulo fiscal e monetário agora, por conta de vocês, a Europa e o planeta afundam, a América junto.

O embaixador de Obama diz, Non! Ao contrário, escreve que cada nação deve ter a permissão para “afrouxar” os esforços anti-recessão “no ritmo apropriado às circunstâncias de cada economia”. Em outras palavras, “Europa, você deve se virar por si própria!”

O conflito sobre a técnica política a ser adotada entre os planos de Obama e a UE reflete a profunda diferença na resposta a uma questão crucial: De que em é a recessão afinal? Para Obama e Bernanke, é um recessão dos banqueiros e portanto, como “o stress nos mercados financeiros foi reduzido de forma significante”, para usar as palavras da epístola da Casa Branca então os Dias Felizes Estão de Volta De Novo. Mas se essa recessão é sobre os trabalhadores perdendo seus empregos pelo mundo afora e as economias de toda a vida, a visão da EU, então é ainda Amigo Pode Economizar Seus Vinténs.

Se Bernanke e Obama estivessem realmente preocupados sobre a preservação de empregos, teriam solicitado aos bancos carregados com o botim do bail-out que emprestassem estes fundos para consumidores e empresários. A China fez isso, ordenando seus bancos a aumentar o crédito. E, cara, eles o fizeram. Expandiram o crédito a um crescimento visível de 30% lançando a economia da China para fora da recessão a uma taxa de crescimento de dois dígitos.

Mas o governo de Obama tem ido na direção oposta. A carta da Casa Branca ao G20 pede para que lentamente se aumentem as reservas bancárias, o que só pode resultar em que um mercado de crédito apertado sofra mais aperto ainda.

Não é que a Casa Branca ignore completamente as perdas de emprego. “O G20 deveria se comprometer com…apoio à renda dos desempregados”. Dá pra imaginar os europeus, que já recebem generosos seguros-desemprego – a maior parte sem limite de tempo – ficando vermelhos diante destes benefícios. A extensão de fancaria das compensações por desemprego sob o Plano de Estímulos está começando a expirar sem uma proposta viva de sua continuação para as vítimas sem emprego dessa recessão.

Os europeus são tão simpáticos quando ficam com raiva, quando batem com seus pequenos punhos. Obama supõe que não pode ignorá-los. A UE, no passado grande agente no G7, tem visto o status de seus membros se diluir no G20, onde as potências BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) agora flexionam seus músculos. Porém os europeus têm uma ou duas coisas a ensinar aos americanos sobre economia de crepúsculo do império.

Talvez sejam diferenças culturais, não econômicas; é que aos europeus falta o otimismo do pode-fazer do Destino Manifesto da América.

Portanto, para dar aos visitantes uma degustação do espírito sim-podemos, Obama deveria convidar os 93.700 desempregados de Pittsburg para o encontro do G20 para celebrar o crescimento de 35% no mercado de ações.

Ou – minha sugestão – mudem a medicação de Bernanke.
texto do jornal Hora do Povo