Conflitos no Rio deixam 12 mortos, diz Beltrame

RIO DE JANEIRO – O secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrami, disse que “dez marginais” foram mortos em confronto com a polícia do Rio de Janeiro neste sábado, 17. Outros dois policiais também morreram, na explosão de um helicóptero. Durante todo o dia, a cidade teve diversos confrontos entre polícia e traficantes. Em entrevista coletiva, ele acrescentou que foram apreendidos dez fuzis, uma carabina, que houve um preso.

Durante uma operação policial no morro dos Macacos, em Vila Isabel, na zona norte do Rio, traficantes atingiram um helicóptero, que tentou um pouso forçado e explodiu, causando a morte de dois policiais. Um capitão PM foi baleado na perna e outros dois policiais tiveram queimaduras sem gravidade. O aparelho, parcialmente blindado, dava apoio a uma operação com 120 homens da PM para acabar com o confronto entre traficantes na guerra de disputa por pontos de vendas de drogas no Morro dos Macacos.

Após pouso forçado em campo de futebol, helicóptero começou a pegar fogo e explodiu

De acordo com o relato de moradores, o confronto entre traficantes começou por volta da 1h30 e se estendeu durante a manhã de hoje. Segundo informações da polícia, houve uma tentativa por parte da facção criminosa Comando Vermelho de invadir o Morro dos Macacos, dominado pela facção Amigo dos Amigos (ADA). Criminosos do Complexo do Alemão, Manguinhos e do Jacarezinho teriam invadido a favela em um caminhão-baú, que ficou abandonado em um dos acessos à comunidade Alguns moradores da favela colocaram fogo em pneus na Rua Visconde de Santa Isabel para impedir a chegada da polícia. Em seguida, manifestantes tentaram, sem sucesso, invadir a carceragem da Polinter para linchar presos da facção que invadiu a favela.

Até o início da tarde, cinco ônibus, um carro, um depósito de gás e duas salas de uma escola municipal foram incendiados nas imediações da Favela do Jacaré. Mesmo após a chegada de 120 policiais militares, o tiroteio entre os traficante continuou. Um policial do 6º BPM (Batalhão da Polícia Militar) ficou encurralado no alto do morro dos Macacos. Um helicóptero Fênix da Polícia Militar foi resgatá-lo. De acordo com testemunhas, a aeronave foi alvo de intensos disparos. Atingida, começou a pegar fogo e o piloto perdeu o controle. O pouso forçado aconteceu em um campo de futebol na Vila Olímpica do Sampaio, nas imediações do Morro da Matriz, na zona norte da cidade, a cinco quilômetros do morros dos Macacos.

Ação das facções foi em retaliação à operação da polícia

“Ouvimos um barulho do helicóptero, depois o som do impacto no chão, seguido por uma explosão”, relatou uma moradora. Os três policiais que sobreviveram à queda, pularam da aeronave, antes de ela tocar no chão. Os dois que ficaram morreram carbonizados. “Um PM saiu com o corpo em chamas e ficou apenas de cuecas”, contou um morador. No momento do resgate dos feridos, os traficantes voltaram a atirar na direção dos policiais.

Depois da tragédia, a polícia acionou o Corpo de Bombeiros, que informou que não prestaria socorro, por se tratar de “área de risco”. Uma ambulância e três viaturas chegaram apenas 50 minutos depois. Dois outros helicópteros, um da PM e outro blindado da Polícia Civil, foram acionados e também foram alvo de disparos, mas não foram abatidos. O confronto se estendeu para favelas vizinhas ao morro dos Macacos e do complexo do São João.

Folgas foram suspensas em vários batalhões da região metropolitana e nas delegacias especializadas. No início da tarde de hoje, os confrontos haviam arrefecido, mas não havia ainda um número oficial de mortos. Atingido por um bala “traçante”, o almoxarifado de uma escola municipal pegou fogo. No Jacaré e na avenida suburbana, por volta das 12h20, traficantes incendiaram dois ônibus.
agencia estado

Rizzolo: Vou retomar um comentário que já fiz inúmeras vezes nestes dois anos de Blog. Se existem bandidos que contam com a proteção e simpatia da população, é porque o Estado ainda não surgiu com os devidos investimentos na área social nestas áreas. O governo Lula avançou muito em relação à inclusão social destas comunidades, mas ainda não foi o suficiente. Isso é parte de um problema; agora não há como convivermos com um Estado paralelo e substituto ao oficial, por mais ausente que este possa ser. É inadmissível que bandidagem tenha o controle de territórios demarcados. Infelizmente quem sofre é a pobre população dos morros, da periferia que na sua maioria é composta de gente honesta e trabalhadora, mas infelizmente foram abandonados pelo Poder Público durante muitos anos. Pobre povo brasileiro, se há algo que me deixa indignado é o cometário daqueles que culpam os moradores do morro pelo poder paralelo dos marginais, a população dos morros são, como já disse anteriormente, vítimas de um Estado ausente e perverso.

O Brasil fora da lei – Coluna Carlos Brickmann

Coluna de domingo, 18 de outubro

Legalmente, não estamos em campanha eleitoral. Legalmente, fazer campanha nesta época é crime eleitoral. Na prática, a campanha eleitoral se faz abertamente. E outra ilegalidade, campanha com dinheiro público, ocorre ao mesmo tempo. Tribunais? Ministério Público? Até agora, quedam-se em silêncio.

A visita do presidente Lula às obras de transposição do rio São Francisco, levando a tiracolo dois possíveis candidatos – Dilma Rousseff, plano A, e Ciro Gomes, plano B – é campanha eleitoral. A promessa da ministra Dilma, de construir mais domicílios, a fiéis que transportavam miniaturas de casas na procissão do Círio de Nazaré, é campanha eleitoral. A massacrante propaganda da Petrobras, Redenção Suprema do Povo Brasileiro, é campanha eleitoral. E fora da lei.

Os aliados do presidente Lula não estão sozinhos na prática de ilegalidades. O discurso de José Serra, o mais provável candidato do PSDB à Presidência, na Basílica de Aparecida, no Dia da Padroeira, procurava ensinar aos fiéis as virtudes do bom governante. A Sabesp, estatal paulista de saneamento básico, fez campanha nacional pela TV – e, no entanto, só atua em São Paulo. E é dinheiro público que promove festas como a do sanfoneiro Dominguinhos, ao lado de quem o governador Serra, como se fosse Suplicy, pôs-se a cantar.

Este colunista acha que campanha não deveria ter datas marcadas. Quem quisesse começar cedo que gastasse seu dinheiro e ficasse ao sol e ao sereno. Mas a lei existe para ser cumprida. E os encarregados de defendê-la, por onde andam?

Cinema para todos

O filme “Lula – o filho do Brasil” entra em cartaz em 1º de janeiro do ano eleitoral, bem antes do início legal da campanha. A verba de propaganda do filme é de R$ 4 milhões. Além disso, do esforço de massificação do filme participam sindicatos, centrais, os chamados movimentos populares, todo o aparato lulista.

Bola em jogo

O PSDB diz que vai representar à Justiça Eleitoral contra o PT, por campanha antecipada. Talvez seja só bravata: é o roto falando do esfarrapado. E para ir à Justiça entregar a representação é preciso descer do muro. Como isso cansa!

Nós e eles

João Reis Santana (PMDB-Bahia), secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, falava num auditório com ar-condicionado sobre a transposição do rio São Francisco, enquanto os trabalhadores da obra e suas famílias aguardavam de fora, sob os 35 graus do sol do sertão baiano. Quando alguém lhe fez sinal para encerrar, depois de 50 minutos de exposição, Santana reagiu: “Não estou preocupado. Quem manda é o presidente Lula. O resto que se exploda”.

Meia nota

O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, fechou o que chama de “pré-acordo” para apoiar a candidatura petista de Dilma Rousseff. Temer deve cumprir sua parte: o tempo de TV, por exemplo. Mas não tem como entregar boa parte da legenda. Em Minas, o PMDB tende a fechar com o PSDB: em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco, o PMDB já apoia o PSDB. No Paraná, o governador Roberto Requião decidiu lutar por candidatura própria. Pode acabar apoiando Dilma, mas isso é apenas uma possibilidade.

As cuecas do senador

A melhor definição da cena constrangedora ocorrida no Senado, do senador Eduardo Suplicy (PT de São Paulo) desfilando de terno e cuecas vermelhas para o Pânico na TV, a pedido da comediante Sabrina Sato, saiu no blog de Josias de Souza:

“O homem não é senão um ridículo em recesso, esperando para acontecer”.

Injustiça

Muitas críticas ao Senado por ter aprovado proposições equivalentes à metade das aprovadas pela Câmara. Grande injustiça: o antigo governador mineiro Hélio Garcia, que passou boa parte do mandato em sua fazenda, costumava dizer que cada resolução que ele não assinava representava economia para a população.

Tudo pelo social

Aprenda, caro leitor, aprenda: as paredes de três metros de altura, de aço, concreto e policarbonato à prova de bala, que a Prefeitura do Rio começa agora a construir para separar as favelas das vias expressas, não são muros. São, conforme explica o prefeito Eduardo Paes, do PMDB carioca, “barreiras acústicas”. E têm como objetivo, sempre segundo Sua Excelência, proteger as favelas do barulho do trânsito. Deve ser maravilhoso poder contar com autoridades tão preocupadas com o bem-estar da população mais carente!

Coxa de fora

O lendário negociador Eduardo Rocha Azevedo, Coxa, que foi presidente da Bolsa paulista e fundador da Bolsa Mercantil e de Futuros, BMF, vendeu sua corretora Convenção à Tullett Prebon Plc, especializada em renda fixa e derivativos. Coxa teve duelos memoráveis com adversários do porte de Naji Nahas, levou sua corretora, em 35 anos, ao grupo das cinco maiores do Brasil, e só não deu certo na carreira política, quando pensou em ser deputado federal.