Lula critica elite ‘pedante e arrogante’ em discurso para catadores de papel

SÃO PAULO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira a elite e a imprensa brasileiras. Sem dizer a dizer a palavra elite, Lula criticou setores da sociedade que é “pedante e arrogante”. Falando para um grupo de catadores de material reciclável, na Expocatador, a primeira exposição internacional de materiais recicláveis, em São Paulo, Lula disse que membros da elite passam de carro pelas ruas e jogam lixo nos carrinhos dos catadores de material reciclável.

Vocês estão fazendo mais do que catar material. Vocês estão ensinando a essa gente pedante, a essa gente arrogante, que o ser humano não pode ser discriminado pela sua profissão ou pelo trabalho que faz – disse Lula, falando para aproximadamente 1.500 catadores de material de Brasil, de outros países da América Latina e até da Índia.

Antes da exposição de material reciclável, Lula passou no XVII Salão Internacional do Transporte (Fenatran), no Parque do Anhembi, que reúne fabricantes de material para transporte e fabricantes de caminhão, como Scania e Mercedes-Benz.

– Eu sinto orgulho. É que eles (fabricantes de caminhões) estão bem. Saio do lado mais rico que está bem graças à política acertada do governo e venho aqui para a parte mais pobre – comentou Lula.

Depois, dirigindo-se aos jornalistas que trabalhavam no evento, Lula criticou a imprensa. O presidente disse que não existe mais o chamado formador de opinião, pois “hoje o povo tem sua própria opinião”.

– Esquece a pauta de seus editores e escuta essas pessoas que estão aqui. Vocês vão compreender porque a figura do chamado formador de opinião pública que antes decidia as coisas neste país, já não decide mais. É porque esse povo já não quer mais intermediários. Esse povo tem pensamento próprio. Anda pelas suas pernas, trabalha pelos seus braços, enxerga pelos seus olhos e fala pela sua boca – disse Lula, que estava acompanhado por vários ministros, como Carlos Lupi (Trabalho), Márcio Fortes (Cidades), Paulo Vanucchi (Direitos Humanos), Gilberto Carvalho (chefia de gabinete) e Luciano Coutinho (BNDES). O prefeito Gilberto Kassab (DEM) também estava no evento, assim como o ex-prefeito Paulo Maluf (PP).

Na semana passada, Lula já havia criticado a atuação dos meios de comunicação. Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, ele afirmou que o papel da imprensa não é o de fiscalizar , e sim de informar.
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Rizzolo: Não resta a menor dúvida que o antigo ” formador de opinião”, já não existe com tanta influência, prova disso, é que Lula conseguiu se eleger sem o apoio da grande mídia. Talvez por falar a língua do povo, do pobre, do trabalhador, não precisou de intermediários. Entendo que com esta visão do mais pobre em relação à elite, a própria classe mais favorecida passou a entender melhor as mazelas sociais. Hoje o que assistimos são pessoas que outrora rechaçavam discursos sociais, e atualmente cerram fileira na defesa dos pobres deste país.

Comissão do Senado aprova adesão da Venezuela ao Mercosul

BRASÍLIA – O governo saiu vitorioso da sessão da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado nesta quinta-feira, 29, com a aprovação, por 12 a 5, do protocolo de entrada da Venezuela no Mercosul, em voto em separado apresentado pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RO).

Mais cedo, a CRE rejeitou o parecer do relator original do projeto, Tasso Jereissatti (PSDB-CE), contrário à entrada da Venezuela no bloco econômico do Cone Sul. O texto foi negado por 11 votos a seis, com abstensão do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que substituiu o governista Fernando Collor de Melo.

A aprovação do protocolo coincide com nova visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Caracas, onde ele terá o quarto encontro deste ano com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Agora, Romero Jucá articula entre os líderes partidários a possibilidade de votar o projeto em plenário na próxima semana. A Câmara dos Deputados já aprovou o protocolo, que depende apenas do aval do Senado para ser encaminhado à sanção presidencial.

A sessão começou com uma discussão acirrada entre governo e oposição sobre a adesão, e esteve quase o tempo todo focada na questão da democracia na Venezuela. Para Jereissati e a maioria dos oposicionistas, enquanto Hugo Chávez estiver no poder, o Brasil não deveria aceitar o ingresso da Venezuela no bloco.

“Na Venezuela, jornalistas estão na prisão, os servidores públicos são obrigados a se filiar ao partido oficial, há presos políticos. Estamos abrindo precedente perigosíssimo. Além disso, em todas as disputas políticas, a Venezuela atuou contra o Brasil”, afirmou o relator tucano.

Os senadores do governo, por sua vez, defenderam a entrada do país sob o argumento de que se trata de uma relação entre Estados, e não entre governos. Os governistas também argumentam que o comércio entre os dois países sairá favorecido. A Venezuela é o 5º parceiro comercial do Brasil.

Política Vs Ideologia

A discussão começou com a defesa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) pela aprovação do seu parecer contrário à adesão do país vizinho ao bloco sul-americano.

O voto do senador tucano tem como posição central argumentos sobre a democracia na Venezuela e a forma de agir do presidente Hugo Chávez, que, na avaliação do senador, fere os princípios da democracia.

“Bastará uma natural mudança política no comando do Brasil para que o relacionamento entre nossos países corra o risco de sofrer uma perigosa mudança de rumos”, diz o voto, apresentado à comissão em reunião no último dia 1º.

“Quando eu estou falando dos aspectos políticos, não estou falando de ideologia. Não me importa se o Chávez é de esquerda ou de direita, se é isto ou é aquilo. O Mercosul começou aqui com o presidente José Sarney a partir de países que saíam de ditaduras. Era o grande ideal: uma América do sul Integrada, não mais sujeita àquelas turbulências”, disse o senador.

“Aceitar a Venezuela no bloco é dizer que preso político é um pequeno detalhe, liberdade de imprensa é um pequeno detalhe, não aceitação de contratos é um pequeno detalhe”, continuou.

Não é Chávez, é a Venezuela

Antes da explanação de Tasso, Jucá apresentou um resumo do seu voto em separado favorável à adesão rebatendo as alegações do senador oposicionista. Ele destacou que a Venezuela é hoje o 5º parceiro comercial do Brasil. Além disso, segundo Jucá, a integração entre os países poderia ser útil para que a comunidade internacional interceda junto a Chávez nas questões internas da Venezuela.

“Alguns argumentam que o Brasil não deveria permitir que Hugo Chávez ingresse no Mercosul e perturbe o funcionamento do bloco. Outros questionam se o atual regime político da Venezuela é compatível com o compromisso democrático do Mercosul. Quem está aderindo não é o atual governo venezuelano, mas sim a Venezuela, país vizinho com o qual o Brasil sempre manteve boas relações, hoje profundamente adensadas”, defende o governista no seu voto.

“Não ampliamos a democracia isolando ninguém. Se existem problemas, e eu reconheço que existem problemas, o remédio é integração, abertura, intermediação internacional”, completou Jucá.

Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Francisco Dornelles (PP-RJ), também defenderam a adesão. Para Dornelles, a não entrada da Venezuela no bloco seria prejudicial ao país, dado o grande fluxo comercial entre os dois países.

Missa de sétimo dia

Já para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), a entrada do país irá significar no colapso do bloco. “Estamos antecipando a missa de sétimo dia do Mercosul”, disse

Virgílio disse ainda que as trajetórias dos “ditadores” da América do Sul começam com o cerceamento da oposição e da imprensa, e terminam num conflito armado. O tucano acredita que a vítima de Chávez pode ser a Guiana, já que se atacasse a Colômbia e o Brasil seria “fragorosamente derrotado”.

“Tenho a certeza quase absoluta de que estamos dando um voto de morte para uma união que poderia superar economicamente a Alemanha, se tivesse seguido os rumos adequados”, concluiu.

O ingresso na Venezuela no bloco foi aprovado pela Argentina e pelo Uruguai, mas o protocolo precisa ser referendado também pelo Paraguai, que adiou a votação para 2010, quando o Brasil já terá encerrado o debate.
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Rizzolo: ( Repetindo comentário ) É uma boa notícia. Não há como negar a entrada da Venezuela no Mercosul. Na última década as relações comerciais entre o Brasil e a Venezuela aumentaram substanciosamente. A grande questão é abstermos de misturar questões ideológicas com comerciais, os governos passam e os países ficam. O Brasil não pode sob pena de alguns entenderem a Venezuela apenas do ponto de vista político, desprezarmos o potencial do mercado venezuelano. Sou completamente favorável a inclusão da Venezuela no Mercosul, não tem cabimento deixá-la de fora por caprichos de alguns.

CNI: empresário está otimista com mercado interno

BRASÍLIA – Os empresários do setor industrial estão otimistas em relação ao desempenho da demanda no mercado interno para os próximos seis meses e, por isso, esperam contratar mais funcionários. Isso é o que mostra a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O índice que mede a expectativa dos industriais em relação às futuras contratações de empregados subiu pelo terceiro trimestre consecutivo este ano, de acordo com a pesquisa. O índice que mede as intenções de compras de matérias-primas também subiu no terceiro trimestre, frente ao registrado no segundo trimestre deste ano.

Apesar dos resultados mais favoráveis, os empresários do setor ainda se mantiveram pessimistas quanto à recuperação das exportações brasileiras. A evolução negativa das vendas externas e a recuperação ainda lenta dos investimentos são fatores críticos, na avaliação da CNI, para que a recuperação da produção industrial se mantenha de forma sustentada no futuro. “São alertas muito importantes”, declarou o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. A Sondagem Industrial, realizada no período de 30 de setembro a 23 de outubro deste ano, ouviu dirigentes de 1.418 empresas.

A pesquisa mostra ainda que, apesar da cautela dos empresários em relação às exportações, são as grandes empresas – justamente as que mais exportam – que estão puxando o movimento de recuperação da produção industrial. Segundo o coordenador da pesquisa, Renato Fonseca, é normal que isso aconteça. “As grandes empresas têm mais infraestrutura e maior capacidade para suportar as adversidades”, afirmou. “Na hora da retomada, são normalmente as grandes que puxam, porque têm mais mercados e maior poder de concessão de descontos para colocar seus produtos.”
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Rizzolo: Dois aspectos da notícia. Primeiro que confirmado aquilo que este Blog sempre disse, o caminho para o desenvolvimento é um mercado interno forte e robusto. Segundo aspecto da notícia é que as grandes empresas, principalmente as multinacionais, pouco sentem os devassos efeitos da alta do dólar por conseqüência da política de juros. Quem sofre é o pequeno e médio exportador brasileiro, que fica mais uma vez em desvantagem. Prestigiar a pequena e média empresa nacional é o que está faltando em função das altas taxas de juros reais praticadas neste país.