Reitor da Uniban revoga expulsão de Geisy Arruda

SÃO PAULO – O reitor da Universidade Bandeirante, Heitor Pinto, determinou a revogação da expulsão da estudante de Turismo Geisy Arruda, 20. O desligamento de Geisy da Uniban havia sido publicado em anúncio em jornais paulistas neste domingo, 8, e definido como ato do Conselho Universitário. O assessor jurídico da reitoria da instituição, Décio Lencioni Machado, informou que a decisão de invalidar a expulsão foi tomada pelo “reitor, como pessoa física”.

Na nota, além de anunciar a expulsão, a instituição responsabilizava exclusivamente a aluna pelo episódio ocorrido no último dia 22, quando estudantes formaram uma multidão que a ameaçou de linchamento por causa da roupa que ela usava. “Foi constatada atitude provocativa da aluna, que buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar”, diz a nota da Uniban. A instituição considerou ainda que a atitude dos outros alunos foi uma “reação coletiva de defesa do ambiente escolar”.

A decisão, no entanto, provocou uma forte reação negativa na opinião pública, que se fez sentir rapidamente em blogs e no Twitter. Um dos mais célebres ex- alunos da Uniban de São Bernardo, o deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho, havia até mesmo prometido usar sua influência junto a reitoria da universidade para tentar reverter a expulsão da estudante.

“Estou agendando uma audiência com o reitor Heitor Pinto. Pedirei que ele revogue essa decisão equivocada. A Uniban não devia ter arrumado essa confusão. Acredito que isso não tenha passado por ele. Deve ter sido uma decisão das instâncias menores”, disse o deputado ao Estado.

Durante o curso de direito da Uniban – ele se formou em 2004, quando já era deputado federal – Vicentinho ficou amigo de Heitor Pinto. Tanto que aceitou, em 2003, ser garoto propaganda da Uniban, que espalhou outdoors pela cidade com foto e depoimento do aluno ilustre. “Mas não ganhei nada por isso”, disse o parlamentar. O atual prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, foi colega de Vicentinho e também aceitou ser garoto propaganda da Uniban.

Mais cedo, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) convidara os membros do Conselho Universitário da Uniban a reconsiderarem a decisão que expulsou a aluna.

Mais reações

Ao longo do dia, diversas autoridades e figuras públicas manifestaram-se contra a expulsão. A Secretaria Especial das Mulheres havia enviado um pedido para que o Ministério Público Federal investigasse, por crime contra os Direitos Humanos, a expulsão da estudante. Senadores, partidos e a Ordem dos Advogados do Brasil também se manifestaram.

O Ministério da Educação havia encaminhado pedido de informações para a Uniban, por fax e e-mail, pedindo explicações sobre o caso. “Lamentamos que a declaração da universidade dê respaldo a atitude agressiva da comunidade de aluno como se fosse em defesa do ambiente universitário”, dissera a ministra das Mulheres, Nilcéia Freire.
Agência estado

Rizzolo: É triste observar que o bom senso surge apenas quando há pressão da sociedade. Não é possível que uma Universidade de plano dê guarida a atitude preconceituosa de um grupo de alunos, que, estes sim deveriam ser punidos. Vamos aguardar os desdobramentos do caso.

Brasil já criou mais de 1 milhão de empregos em 2009, afirma Lupi

O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afirmou nesta segunda-feira (9) que o Brasil ultrapassou, em outubro, a marca de 1 milhão de empregos formais gerados desde o início do ano. O dado fechado, segundo ele, será anunciado nos próximos dias, com as estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

“Quando eu disse, em janeiro, que criaríamos mais de 1 milhão de empregos este ano, cheguei a ser ridicularizado, só faltaram me chamar de louco”, disse o ministro, em palestra na abertura da feira Fenashore, em Niterói, região metropolitana do Rio.

Segundo Lupi, o número de empregos gerados é um sinal de que o Brasil já superou a crise econômica, com o apoio das medidas anticrise postas em prática pelo governo federal durante o ano. “Já estamos vendo a crise pelo retrovisor. A crise, hoje, é só para gringo”, afirmou, em rápida entrevista após participação no evento.
Globo

Rizzolo: Um dos maiores desafios no Brasil, foi fazer com que grande parte da população que outrora participavam do mercado informal tivesse acesso aos empregos formais. Com isso conseguimos trazer cidadania a uma grande parcela de brasileiros, desta feita amparados pela legislação trabalhista, com seu elenco de benefícios. O grande salto e desafio agora, será aumentar esse número, promovendo o desenvolvimento do mercado interno com as devidas políticas desenvolvimentistas. A saída para o nosso desenvolvimento esta em fortalecer nosso mercado interno prestigiando a indústria nacional, repensando a atual política macroeconômica.

O vestido rosa-shocking e os valores desfeitos

Foi a mistura de fatores, como a proximidade aos bares, o mau exemplo da televisão ou dos filmes violentos, o desejo interior de arruaça social ou o desrespeito à figura da mulher em relação à sua individualidade, que fez um grupo de jovens hostilizar a estudante de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo), num ato de vandalismo sem precedentes?

A verdade é que esse fato nos leva a uma reflexão sobre os reais motivos da conduta assustadora e sem sentido dos estudantes da Uniban, que fez a estudante de turismo sair escoltada por PMs da universidade para se proteger de cerca de 700 alunos “descontrolados”. A questão em si não está no vestido, na roupa, até porque, se assim fosse, vandalismos existiram nas praias, nos clubes, nas piscinas.

O que podemos inferir do caso em questão é que por trás daquele ato de selvageria existe um componente de agressividade gratuito, que tem, em essência, a certeza da impunidade, fazendo com que grupos de desordeiros passem a conclamar os demais estudantes a fazer parte de uma grande manifestação de revolta, cujo objetivo é a intimidação vazia, rebelde, que nos remete aos tipos de conduta de arruaça social política.

O vestido rosa-shocking, os estudantes, o tumulto, a participação da PM demonstram que os valores éticos de respeito à individualidade feminina se misturam aos conceitos prejulgados por grupos, que, de modo violento, tentam impor sua visão distorcida, preconceituosa e agressiva como forma de ditar regras que sempre foram balizadas pelo bom-senso e respeito ao próximo.

O conceito de que a democracia permite a livre manifestação de ideias de forma pública não se entende por estender tais ideias à restrição da liberdade da mulher, ao seu modo de se vestir ou agir, sob pena de estarmos nos voltando a um fundamentalismo moralista, extirpando das mulheres a liberdade de vivenciar um Estado Democrático de Direito.

O vestido de Geyse nos serve de alerta para repensarmos o papel da mulher no inconsciente juvenil, a conduta permissiva das universidades, que não dispõem do mínimo de segurança interna, da banalização da imagem feminina na mídia e, acima de tudo, dos efeitos dos bares próximos, que, com suas mesas regadas de cerveja, inundam o cérebro dos jovens, que, por mais das vezes, estão permeados de alto teor alcoólico e de pouco teor humanista.

Fernando Rizzolo