O país dos aspones – Coluna Carlos Brickmann

Coluna de quarta-feira, 16 de dezembro

A Toyota se transformou numa das maiores empresas automobilísticas do mundo por pensar o tempo inteiro na redução de custos. O Brasil espera se colocar entre os grandes países do mundo, com lugar até no Conselho de Segurança da ONU, praticando o tempo inteiro o aumento de custos.

Os EUA, com 300 milhões de habitantes, têm cinco mil servidores públicos comissionados – nomeados sem concurso. O primeiro-ministro inglês nomeia umas dez pessoas sem concurso. Aqui, só o Distrito Federal tem mais de 18 mil funcionários em cargos de confiança (número parecido com o da Prefeitura de São Paulo). Ora, ninguém conhece 18 mil pessoas – e, entre as pessoas conhecidas, quantas serão de sua inteira confiança, ou pelo menos levemente honestas?

Há muito mais nomeações. Há os nomeados do Governo Federal, dos Governos estaduais. O dirigente petista Luís Favre sustenta que o Governo paulista tem mais de 40 mil cargos. Verdade ou não, é um número possível, diante da avalanche de pessoas que vivem às custas dos impostos que o caro leitor está pagando.

Há o excesso de parlamentares (para que 513 deputados? Para que 81 senadores? Por que São Paulo, que conviveu com 21 vereadores, precisa de 55, com motoristas, assessores, secretárias, boys, aspones em geral? E os quase oito mil vereadores a mais que o Congresso acaba de inventar? E os municípios que são, na verdade, distritos, mas têm direito de gastar com prefeito e Câmara?)

O brasileiro não desiste nunca. Paga, paga, paga, e outros aproveitam.

Aquele Roxo, aquilo roxo

O Paulo Roxo que vem sendo mencionado no noticiário sobre o Panetonegate como o novo Marcos Valério – o ex-carequinha que foi operador do Mensalão mineiro e do Mensalão nacional – é aquele mesmo que era amigo de PC Farias, o primeiro-tesoureiro da campanha de Fernando Collor. Aliás, é também próximo a Collor. O ex-presidente não mentia ao dizer que tinha “aquilo Roxo”.

Exemplo de cima

Lembra do deputado Paulo Roberto, do PTB gaúcho, acusado de vender as passagens que recebia do Congresso para viagens a serviço? De contratar funcionários fantasmas? De ficar com parte de seus salários? Não? A Câmara também não lembra. O processo está há quase dois meses na Mesa, que deveria encaminhá-lo ao Conselho de Ética. Nelson Marquezelli, seu colega do PTB gaúcho, pediu vistas do processo e não o liberou mais. Agora, só em 2010.

Sem um pio

Conta-se que um passarinho se atrasou na migração anual para locais mais quentes e acabou vencido pelo frio. No chão, quase congelado, esperando a morte, de repente teve um alívio: uma vaca, daquelas do efeito estufa, usou-o como privada. Aquecido, o passarinho ficou tão feliz que começou a cantar. Um gato que passava por ali cavoucou o montinho, achou o passarinho e comeu-o. As três lições da história: 1) nem sempre quem o cobre de merda lhe faz mal; 2) nem sempre quem o tira da merda lhe faz bem; 3) passarinho na merda não pia.

Economia a sério

Vamos parar com essa bobagem de pibão e pibinho, que parece meio pornográfica – como diria o jornalista Ancelmo Góis, saliências. O Produto Interno Bruto brasileiro subiu menos do que se esperava, no terceiro trimestre. Acreditava-se em 2%, subiu 1,3%. Mas pelo menos subiu. E há um número escondido na análise econômica que vem sendo pouco notado: os investimentos cresceram 6,5%. Com produção ampliada, pode-se consumir mais sem risco de inflação. Com isso, fica reforçada a posição do ministro Mantega. É ótimo: se Mantega deixa o cargo, pode chegar a vez de Aloízio Mercadante. E se ele revoga o PIB?

Caem árvores para…

Da ministra (e candidata) Dilma Rousseff, em Copenhague, onde se discute o meio-ambiente: “O Brasil, como disse o presidente Lula, mata a cobra e mostra o pau. Mas claro que queremos preservar a cobra e o pau”.

O tom verde está na preservação da cobra e do pau. Mas a frase tem a ver com Copenhague o mesmo que os 785 membros da delegação brasileira: nada.

… imprimir essas coisas

Do ministro do Futuro e Áreas Afins, Samuel Pinheiro Guimarães, explicando por que Japão e Alemanha não fazem parte do Conselho de Segurança da ONU: “por terem desafiado a liderança anglo-saxônica do mundo”. Na verdade, é porque perderam a guerra. A Alemanha invadiu a Polônia, a Dinamarca, a França, a Noruega, a União Soviética, a Hungria e outros países, nenhum deles anglo-saxão. O Japão invadiu Coréia, China, Filipinas – cuja herança anglo-saxônica é bastante discutível. Quem mais lutou contra eles ficou no Conselho de Segurança – até os franceses, graças à Resistência de De Gaulle e Henri Giraud.

Língua bífida

Frase de um jornalista de primeira, daqueles que escovam os dentes no Instituto Butantan (e as cobras se afastam, com medo), sobre a foto em que aparecem os casais Arruda e Lula, com Lula segurando sorridente a camiseta de campanha de Arruda: “Em verdade vos digo: não sei quem está mais mal acompanhado”.

Carlos Brickmann é Jornalista, consultor de comunicação. Foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes (prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA, em 78 e 79, pelo Jornal da Bandeirantes e pelo programa de entrevistas Encontro com a Imprensa); repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S.Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

Senado aprova ingresso da Venezuela no Mercosul

BRASÍLIA – Orientada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a base aliada enfrentou resignada os discursos da oposição contra governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, mas na hora do voto exerceu o poder de maioria e aprovou, na noite desta terça-feira, 15, por 35 votos a 27, o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul.

Para participar do bloco, no entanto, a Venezuela ainda precisa do aval do parlamento do Paraguai, que deixou as discussões para 2010, quando o Brasil estiver dado o assunto por encerrado. Embora o presidente paraguaio, Fernando Lugo, seja próximo ao governo venezuelano, ele não tem maioria no parlamento daquele país. Argentina e Uruguai já aprovaram o protocolo.

A aprovação do texto cumpre promessa do presidente Lula, feita, no último dia 8, durante a 38ª Reunião de Cúpula do Mercosul, ao presidente venezuelano de que o Senado iria aprovar o protocolo, assinado em junho de 2006, em Caracas.

“Tanto o Itamaraty quanto o presidente Lula vivem ambos prisioneiros do que Hugo Chávez determina”, criticou Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). “O coronel Hugo Chávez é um autoritário, um inimigo da liberdade. Aqueles com quem ele não pretende trabalhar são afastados e perseguidos”, completou o senador pernambucano.

“Tratar Hugo Chávez como caudilho e ditador é uma imprecisão, porque ele foi eleito duas vezes com reconhecimento da oposição e da Organização dos Estados Americanos (OEA). O Brasil não pode temer Hugo Chávez”, defendeu o petista João Pedro (AM), um dos únicos senadores do governo a subir à tribuna para defender o protocolo.

A votação do protocolo já se arrastava por três anos e meio no parlamento brasileiro. As discussões do projeto colocaram o presidente Venezuela em rota de colisão com os parlamentares brasileiros. Em 2007, Chávez chegou a dizer, em viagem a Manaus, que o Congresso brasileiro repetia “como papagaio o que dizem em Washington”, provocando a ira de setores da oposição brasileira. Era uma resposta à moção aprovada no Senado que pedia a reabertura da RCTV, emissora privada que não teve a renovação autorizada pelo presidente venezuelano.

Tempos depois, Chávez disse que se o protocolo não fosse aprovado até setembro daquele ano, 2007, retiraria o pedido de adesão ao Mercosul, o que repercutiu mal até mesmo com Lula. “Se não quiser ficar, não fica”, desafiou o presidente. José Sarney (PMDB-AP) disse, à época, que Hugo Chávez não estava pronto para participar do bloco e afirmou que o presidente venezuelano poderia comandar uma corrida armamentista na América do Sul, o que seria, segundo o senador “o desequilíbrio estratégico do continente”. Durante a votação de ontem, Sarney, na presidência do Senado, não fez considerações sobre o projeto.

Precedente X balança comercial

Em resposta, à pressão do presidente da Venezuela a oposição atrapalhou as votações em todas as instâncias da Câmara e do Senado. Na última comissão na qual foi discutida, de Relações Exteriores do Senado, a oposição aproveitou o fato de ter a presidência do colegiado para colocar a relatoria do protocolo sob cuidados do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

“Na Venezuela, jornalistas estão na prisão, os servidores públicos são obrigados a filiarem-se ao partido oficial, há presos políticos. Estamos abrindo precedente perigosíssimo. Além disso, em todas as disputas políticas a Venezuela atuou contra o Brasil”, defendeu Tasso Jereissati no relatório contrário à adesão do país ao bloco comercial.

Coube ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), rebater Jereissati em relatório paralelo aprovado na comissão em 29 de outubro último. “Não ampliamos a democracia isolando ninguém. Se existem problemas, e eu reconheço que existem problemas, o remédio é integração, abertura, intermediação internacional”, retrucou Jucá.

Números informados pelo senador Romero Jucá afirmam que as exportações brasileiras para a Venezuela passaram de US$ 608 milhões para US$ 5,15 bilhões entre 2003 e 2008 – crescimento de 758 % em cinco anos. Hoje, o Brasil tem com a Venezuela seu maior saldo comercial: US$ 4,6 bilhões dólares, valor 2,5 vezes superior ao obtido com os EUA, US$ 1,8 bilhão.

Rizzolo: Não há como deixar de integrar a Venezuela no Mercosul. O discurso da oposição é vazio e mistura conteúdo político com econômico. Na integração comercial entre os países do Mercosul, não podemos deixar com que os as posturas de cunho ideológico se sobreponham aos interesses da nação, aliás a integração da Veneuela no Mercosul beneficiará os Estados do nordeste, hoje a Venezuela é o nosso sétimo parceiro comercial.

Mercado interno sustentará economia, diz ministro

BRASÍLIA – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, disse hoje que a economia continuará sendo sustentada em 2010 pelo mercado interno. Segundo ele, haverá uma melhora nas exportações, mas a recuperação nos mercados compradores não será suficiente para gerar um comércio internacional forte.

Jorge lembrou que o Brasil já exportou a um câmbio mais valorizado que o atual, mas a diferença, agora, é que o mercado não está comprando. Por isso, de acordo com o ministro, o cambio não é o principal problema para as exportações brasileiras. Ele avaliou que as medidas anunciadas na semana passada, pelo Ministério da Fazenda, “estão de bom tamanho”.

Segundo Miguel Jorge, o mercado interno vai se normalizar em 2010, com a recuperação da economia. Ao ser questionado se as medidas prometidas para ajudar o setor exportador estariam encerradas, Miguel Jorge disse que não. O ministro disse que o governo teve que fazer, neste momento, uma “escolha de Sofia”, ao decidir entre ajudar o mercado interno, que está forte, ou as exportações, que não tinham muita saída.

“Tivemos que resolver um para depois ajudar o outro”, afirmou. Ele lembrou que o mercado interno responde por 87% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto as exportações correspondem a 13% do PIB. “É óbvio que as primeiras medidas tinham que reforçar os 87%. A questão das exportações era muito difícil de resolver, porque não depende só de nós”, afirmou, referindo-se à situação do mercado internacional.

Preço do aço

O ministro disse ainda que, se houver um aumento no preço do aço nacional, o governo poderá propor à Câmara de Comércio Exterior (Camex) uma redução na alíquota do imposto de importação (II). Segundo ele, qualquer reajuste neste momento não tem justificativa.

As associações das indústrias consumidoras de aço têm alertado o governo para um possível reajuste de até 15% a partir de janeiro. O ministro disse que o governo vem acompanhando o preço do produto. “Se nós verificarmos que houve um aumento que não se justifica – e, por tudo o que se vê, não se justifica -, há possibilidade de reduzirmos a alíquota de importação do aço”, advertiu.
agencia estado

Rizzolo: Quem acompanha este Blog , sabe que sempre defendi a expansão do mercado interno. O grande problema é que com uma taxa de juros reais a este patamar, fica difícil implementarmos de forma sustentável, o nosso mercado interno que é de um enorme potencial. A grande saída para o Brasil, esta na dinâmica da implementação dos programas de transferência de renda, os quais emprestam de forma significativa um impulso ao desenvolvimento do mercado consumidor interno do Brasil. Com uma política mais ajustada do ponto de vista macroeconômico, estaremos mais próximos deste objetivo.