Serra vai ficando para trás, apontam novas pesquisas

Perplexo, o presidente do PSDB admite que Dilma “cresceu mais do que devia”

As últimas pesquisas sobre as eleições presidenciais de 2010 estão mostrando uma situação periclitante para o candidato tucano José Serra. Ele não para de cair enquanto a ministra Dilma Roussef só faz aumentar a sua popularidade entre os eleitores. Segundo algumas fontes, no último levantamento do Ibope, Dilma já teria atingido a dianteira e, em outra pesquisa encomendada pelo PT e levada ao Planalto na última sexta-feira, a ministra já estaria com 3 pontos percentuais à frente de José Serra.

Nem mesmo o Ibope, o mais serrista dos institutos, conseguiu esconder a desastrosa performance do candidato tucano. Os resultados de sua última pesquisa, encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), realizada entre 5 e 10 de março com 2.002 pessoas em 142 municípios e que devem ser divulgadas nesta quarta-feira, estariam transformando a apreensão nas hostes tucanas em verdadeiro pânico. A pesquisa Ibope/CNI que mostra Serra caindo foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número 5429/2010.

Há diversas fontes e informações diferentes sobre o resultado deste levantamento. Para uns o Ibope vai mostrar que a diferença entre Serra e Dilma praticamente evaporou, caindo de 21% em dezembro para apenas 5%. Naquele mês, Dilma tinha 17% e Serra, 38%. Em fevereiro a diferença já tinha caído para 11 pontos e agora praticamente sumiu. Outros noticiários, por sua vez, ao comentarem o resultado do Ibope/CNI, confirmam o desabamento de Serra, mas, além disso, acrescentam que o instituto já vai mostrar a ministra na frente de Serra.

Em janeiro e fevereiro, outras pesquisas de institutos diferentes também captaram o rápido crescimento das intenções de voto na candidata petista. Os levantamentos do Datafolha, Sensus e Vox Populi mostraram quedas impressionantes na diferença entre os dois candidatos. Segundo todas os levantamentos, Serra tem queda constante e Dilma sobe sem parar. Os institutos já revelavam situações de empate técnico. Seja qual for o resultado do Ibope, com Dilma quase passando ou já na frente, o fato é que o instituto não terá conseguido – como gostaria seu presidente – esconder a forte ascensão da ministra.

O desânimo dos tucanos com o desempenho de seu candidato e o resultado das pesquisas vêm contaminando toda a oposição. Isso ficou patente nas declarações de insatisfação feitas por parlamentares do Dem e do próprio PSDB. O presidente nacional do PSDB, senador Sergio Guerra (PE), em entrevista ao programa “É Notícia”, apresentado pelo jornalista Kennedy Alencar, na Rede TV, no último domingo foi melancólico. Ao falar sobre a indecisão de Serra em assumir a candidatura, Guerra deixou escapar que dois fatos muito negativos prejudicaram a já tensa situação do governador. “Nesse período aconteceram fatos que não estavam previstos. A ministra [Dilma Roussef] cresceu mais do que devia. Cresceu além de nossas expectativas”, reclamou. “Além disso”, prosseguiu o presidente do PSDB, “as chuvas tiveram um papel importante aqui em São Paulo para o governador de uma forma muito especial e para o prefeito mais ainda”.

O serrista Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, que tinha alardeado que a ministra Dilma não passaria dos 20%, foi obrigado a reconhecer em entrevista que queimou a língua. Admitiu que haverá uma “disputa plebiscitária”. Ao jornalista Ricardo Kotscho ele jurou que ainda acredita que o governador Aécio Neves será o vice de Serra. Na seqüência acabou revelando que a situação de Serra está uma draga e que o tucano precisa de um bom vice para salvar sua candidatura. “Vice bom, normalmente, é aquele que não tira voto. No caso do Serra, porém, poderá ser fundamental na campanha, mas só se for o Aécio, pela importância dele”, disse.

O professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, também fez uma análise das dificuldades de Serra. “Ele está parado e ela [Dilma] está andando. Se comparar a exposição dela na mídia e a dele até agora, ela tem se beneficiado ao máximo da presença do presidente Lula junto a ela”, avaliou. Para outros analistas, o PSDB está com motor de fusca, enquanto Dilma Rousseff anda a mil, ao participar em quase todas as inaugurações do governo. Agora mesmo ela intensificou sua agenda no Sul e Sudeste e visitou o Nordeste, região onde é forte seu potencial de crescimento.

Nas próximas duas semanas, a ministra vai cumprir um intenso roteiro de visitas aos Estados na companhia do presidente. A agenda de ambos inclui uma visita à favela de Paraisópolis – a segunda maior de São Paulo -, no próximo dia 25, para uma cerimônia de licenciamento de rádios comunitárias e inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De São Paulo, Dilma seguirá para o sul da Bahia, onde participa da inauguração de um gasoduto em Itabuna (BA).

Já o tucano, além da dificuldade em achar que queira ser seu vice, está esbarrando em muitos contratempos. Um deles é a Linha 4 do Metrô: a previsão era inaugurar quatro estações, mas só duas devem ficar prontas. Para o presidente da Comissão de Obras da Assembleia Legislativa, deputado Simão Pedro (PT), a pressa causa prejuízo para o estado. A Linha 4 é a mesma que foi palco da tragédia de 2007, com o desabamento das obras da estação de Pinheiros e a morte de sete pessoas.

SÉRGIO CRUZ
Hora do Povo

Rizzolo
: O crescimento de Dilma é espantoso. O grande problema do candidato da oposição é o nordeste e Minas Gerais, todos sabem que no segundo maior colégio eleitoral Serra leva “uma lavada”, em face disso, muitos especulam que Serra vai desistir. Muitas são as razões para o desgaste do governador, principalmente ter seu nome vinculado ao PSDB e FHC, cujo governo ignorou a classe trabalhadora e prestigiou a privatização e a especulação.

Charge do Aliedo para o Charge Online

Uma campanha curta e feroz – Coluna Carlos Brickmann

Dizem que José Serra revelará nos próximos dias aquilo que até seus poucos fios de cabelo sabiam há pelo menos dois anos: que é candidato à Presidência da República. Dizem que Ciro Gomes está descobrindo, nesses últimos dias, que o presidente Lula não o quer como candidato à Presidência. E, sem Lula, não dá. De qualquer forma, com ou sem Ciro, o quadro está montado: é Dilma x Serra, PT x PSDB, com Marina Silva e outros candidatos menores na disputa.

Mas campanha, que é bom e custa caro, é coisa que ainda demora: vem aí a Copa do Mundo, que monopolizará os debates até o início do segundo semestre. O tema é a Seleção, é Dunga, é quem entra na última convocação. Adriano vai? E Ronaldinho Gaúcho? O goleiro reserva é Doni ou Vítor? Terminada a Copa, só então, a partir de julho (e até outubro) teremos a campanha eleitoral.

Será curta, mas pesada: exércitos de militantes (ou, como podem ser chamados, patrulheiros) dos principais candidatos estão a postos, prontos para atacar os adversários. Com a entrada da Internet no circuito eleitoral, a agressividade não tem limites. Há a agressividade natural de pessoas pouco educadas, ou excessivamente entusiasmadas; e já está havendo, é visível, a agressividade encomendada. É o serviço sujo, aqueles ataques baixos que os candidatos evitam fazer para não ficar mal com o eleitor, e que ignoram limites entre o público e o privado.

Vale tudo – desde culpar Dilma por atentados de que não participou até dizer que Serra não gosta de pobres. Ele gosta de todo mundo, desde que vote nele.

Brasil e Israel

Qual o resultado da visita do presidente Lula a Israel?

1 – Do ponto de vista concreto, ótimo: foi firmado o primeiro acordo de cooperação econômica entre Israel e um país do Mercosul.

2 – Do ponto de vista simbólico, ruim: ao se recusar a visitar o túmulo de Theodor Herzl, o escritor austríaco que há 115 anos publicou o livro “O Estado Judeu”, com as bases do sionismo moderno, Lula criou uma polêmica absolutamente inútil. É como se fosse à Índia e se recusasse a visitar o túmulo de Gandhi.

3 – Do ponto de vista de participação nas negociações de paz, risível. Seria a primeira vez que isso daria certo desde o filme “O rato que ruge”, de 1959.

Brasil contra 000

A represália do chanceler israelense Avigdor Lieberman, de não comparecer à sessão do Parlamento israelense em que Lula discursou, não deve ser levada a sério. Lieberman é uma espécie de Marco Aurélio Garcia com sinal trocado, um líder sem liderados, que chegou ao Governo por acaso e que, quando sair, dificilmente conseguirá voltar. Sua plataforma lembra um pouco a do francês Le Pen, que chegou a assustar num determinado momento mas perdeu a importância.

Pizza mal assada

Parte da oposição quer criar uma CPI para investigar o tesoureiro do PT, João Vaccari, acusado de irregularidades na direção da Bancoop e de participar do Mensalão. Bobagem: dentro de alguns dias o Congresso vai parar por causa da Semana Santa, a Copa, o recesso, as eleições. Não dá nem para assar a pizza. E se houvesse tempo não faria diferença: com a oposição que lá está, nem a CPI da Petrobras, que tinha tudo para ser explosiva, funcionou. Foi morninha, morninha.

Marinho e aéreo

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, do PT, está na Suécia, a convite da Saab, fabricante dos supersônicos Gripen. A Saab disputa com a Boeing e a Dassault o fornecimento de 36 caças à Força Aérea Brasileira. Curiosíssimo: Marinho não entende de aviões, nem de combate aéreo, nem de armamento. A única vantagem que leva sobre o caro leitor que também não entende do assunto é a proximidade com o presidente Lula – mesmo sabendo-se que, numa concorrência internacional desse tipo, da maior seriedade, nada se resolve por amizade, mas pelo estudo de uma comissão. Mas Marinho deve estar feliz. Gosta de viajar. E sua viagem à Alemanha, a convite da Volkswagen, é até hoje lembrada.

Auuuuuuuuuuuuuuu!

O vice Frank Aguiar, “o cãozinho dos teclados”, ocupa a Prefeitura de São Bernardo pela terceira vez em pouco mais de um ano. Marinho a-do-ra viajar.

Os limites da tolerância

O caso Vagner Love não pode se esgotar nos limites de uma reportagem da TV. O centroavante do Flamengo foi filmado num baile, em companhia de traficantes armados. Imagina-se que não consuma drogas, ou acabaria sendo flagrado num exame antidoping, mas sua presença ao lado de traficantes é inaceitável. Vagner Love é bom jogador, encaixou-se bem no time do Flamengo, sua vida particular só pertence a ele. Mas conviver com o crime violento é outra coisa.

Boa notícia

Vinícius de Moraes, poeta e diplomata, um dos maiores letristas que a música brasileira já teve, deve ser promovido, em memória, a ministro de primeira classe da carreira diplomática. Vinícius teve a carreira no Itamaraty cortada pelo marechal Costa e Silva, presidente da República, com a seguinte frase: “Demita-se este vagabundo”. O projeto da promoção está na pauta do Senado.