Sarkozy sofre derrota acachapante na França

Os franceses confirmaram neste domingo seu voto contra a direita no poder, liderada pelo presidente Nicolas Sarkozy, no segundo turno das eleições regionais, última votação na França antes das presidenciais de 2012, segundo as projeções dos institutos de pesquisa.

Após o fechamento das urnas, às 20h (16h de Brasília), o Instituto OpinionWay informou que a União para um Movimento Popular (UMP, direita), no poder, obteve 36,1% dos votos, contra 54,3% para a oposição, representada pelo Partido Socialista (PS), a Europa Ecologia e a Frente de Esquerda (liderada pelo Partido Comunista).

A neofascista Frente Nacional recebeu 8,7% dos votos em nível nacional, o que permitirá um bom número de deputados provinciais ao partido liderado por Jean Marie Le Pen.

Estes resultados confirmam o voto contra o governo Sarkozy, que enfrenta no momento o menor índice de popularidade desde o início do mandato.

A direita manteve a Alsácia, seu bastião no leste da França, e venceu na ilha de Reunión, no oceano Índico.

Mas com a vitória na Córsega, a oposição passa a controlar 21 das 22 regiões metropolitanas da França.

“Estas eleições confirmam o sucesso da esquerda. Não soubemos convencer”, disse o primeiro-ministro francês, François Fillon, após tomar conhecimento das projeções.

“Assumo minha parte da responsabilidade e amanhã conversarei com o presidente”, lastimou Fillon.

Grande abstenção

Após tais resultados na última eleição antes das presidenciais na França, em 2012, Sarkozy deverá proceder com uma ampla reforma ministerial.

O líder da UMP, Xavier Bertrand, também reconheceu a ampla vitória da oposição: “a esquerda ganhou estas eleições, precisamos admitir isto”.

Jean Francois Copé, presidente do bloco governista de senadores, classificou o resultado de “derrota real”.

A primeira secretária nacional do PS, Martine Aubry, disse a Sarkozy, nesta noite, que “mude profundamente de política”.

“Os franceses falaram, é preciso ouvi-los”, declarou a líder do PS no discurso de vitória, durante a apuração dos votos.

O prefeito de Paris, Bertrand Delanoe, do PS, considera que o resultado foi “muito negativo” para o governo, que “precisa corrigir sua política”.

Uma das grandes vitoriosas deste domingo foi Ségolène Royal, do PS, que em sua região de Poitou Charente, no centro do país, obteve mais de 60% dos votos, o que lhe habilita a se apresentar novamente como candidata à presidência.

Segundo Ségolène, estes resultados “mostraram o papel de trampolim das regiões contra a ineficiência”. A socialista prometeu “fazer todo o possível para transformar esta esperança em ação”.

O índice de abstenção, estimado em entre 47,5% e 49%, foi inferior ao registrado no primeiro turno, de domingo passado (53,6%), e este aumento de participação permitiu à direita evitar um desastre maior.

No total, 43,5 milhões de franceses foram convocados para eleger neste domingo 1.839 deputados provinciais para um mandato de quatro anos.

Da redação, com agências

Rizzolo: Isso demonstra a insatisfação dos franceses com a direita representada por Sarkozy. A política egoísta do presidente francês o levou a derrota, em Paris o descontentamento com o presidente é geral, tinha que dar no que deu a derrota. O descontentamento com o presidente Nicolas Sarkozy é cada vez maior. A crise da economia fechou empresas e fez o desemprego explodir. A resposta de Sarkozy, no entanto, foi a edição de um pacote de 20 bilhões de Euros (R$ 34 bilhões) de ajuda aos banqueiros e empresários.

Mas a festa continua – Coluna Carlos Brickmann

Todo mundo pensava que o Carnaval já tinha acabado. Mas:

1 – O governador paulista José Serra demorou meses para admitir sua candidatura à Presidência. Enfim, no dia de seu aniversário, anunciou apoteoticamente aquilo que todos já sabiam. E onde fez o anúncio: no Jornal Nacional, da Rede Globo? No Jornal da Bandeirantes Gente, da Rádio Bandeirantes? Na capa da Veja? Em rede nacional de TV, aproveitando algum horário de seu partido, o PSDB? Não, nada disso: fez o anúncio num programa de TV da hora do almoço, com audiência inferior a três pontos. E ainda disse que não fez o anúncio.

2 – Um grupo de prefeitos mineiros, que em 2006 apoiou a reeleição do tucano Aécio Neves para o Governo e de Lula para a Presidência (“Lulécio”), estuda apoiar o candidato de Aécio ao Governo, Antonio Anastasia, e a candidata de Lula à Presidência, Dilma Rousseff. Título divulgado por eles para a combinação de candidatos: Dilmasia. Só falta ser com “z”. Eta nome mais apropriado!

3 – O candidato tucano ao Governo de Goiás, Marconi Perillo, comemorou seu aniversário, no dia 5, com uma festa no Atlanta Hall, em Goiânia. O momento culminante ocorreu com a exibição de um vídeo de sua filha que estuda na Tasis em Lugano, na Suíça. É uma escola americana de excelente qualidade que opera em quatro países. Só a matrícula sai por 1.500 francos suíços, ou pouco menos de R$ 3 mil reais. Imagine-se a emoção do pai, que ganha R$ 16 mil como senador e faz tanto sacrifício para garantir à filha uma educação de nível!

DEM no fim

Esta informação vai cansar de ser desmentida, mas é verdadeira: o DEM, herdeiro do PFL, deve acabar no início do ano que vem. Sem seus líderes históricos, que morreram (como Antônio Carlos Magalhães) ou se aposentaram (como Jorge Bornhausen), ou estão sitiados pelos adversários (como César Maia), enfrentando problemas como o de seu único governador, o de Brasília, o DEM está nas cordas. Imagine a situação do prefeito paulistano Gilberto Kassab: se fica no enfraquecido DEM, sua carreira sofre; se sai, pode perder o mandato por mudar de partido. Se Serra for eleito, o PSDB pode ser o destino de boa parte do DEM.

Desmentido nº 1

César Maia, chefe supremo do DEM no Rio e respeitado analista político, confirmou e desmentiu a notícia. Disse que, se antes nem se falava no DEM sobre isso, hoje há setores que gostariam de uni-lo ao PSDB. Mas acrescentou: “É um equívoco e uma vontade ao mesmo tempo. A mídia e a elite querem impor um sistema binário no Brasil com PT e PSDB”.

Marinho aéreo

Demorou, mas aconteceu: o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, do PT, que viajou à Suécia a convite da Saab, fabricante dos supersônicos Gripen, já escolheu seu favorito na concorrência internacional para reequipamento da FAB: por pura coincidência, é o Gripen. O Rafale, francês, é o favorito de seu líder político, o presidente Lula, mas Marinho não resistiu à emoção de voar num Gripen e conhecer sua fábrica: “Acredito tratar-se de uma oportunidade única para uma real transferência de tecnologia para o Brasil e de ampla geração de empregos voltados à alta tecnologia”. Marinho sabe que, se houver transferência de tecnologia, a cidade beneficiada será São José dos Campos ou Gavião Peixoto, onde há fábricas da Embraer, e não São Bernardo. Mas não se importa. É um patriota!

Escorregando no óleo

O deputado Ibsen Pinheiro, do PMDB gaúcho, é um homem correto, bem preparado, mas nem sempre está certo. Neste caso da redivisão dos royalties do petróleo, está errado: primeiro, porque os Estados produtores têm custos (de infraestrutura, de recomposição do meio-ambiente, de rápido crescimento populacional) e merecem uma indenização por eles; segundo, porque não se arranca de um Estado uma quantia tão volumosa sem criar problemas – no caso do Rio, são R$ 5 bilhões por ano. Mas o fato é que o projeto de Ibsen não teria passado se o Governo, amplamente majoritário na Câmara, não quisesse aprová-lo. E é sempre bom lembrar que Ibsen é do PMDB, sócio do PT na base do Governo Lula, mesmo partido do governador Sérgio Cabral, que chora mas afaga o presidente.

Ponto futuro

Outro tema interessante que mobiliza os políticos é o destino dos lucros do pré-sal. Tudo bem – tirando alguns probleminhas, claro, como o fato de que o petróleo situado na região do pré-sal ainda demora para ser extraído, exige montanhas de investimentos, apresenta dificuldades técnicas que é preciso resolver e só se viabiliza com o barril custando caro, pelo menos tão caro quanto hoje, para que extraí-lo não dê prejuízo, em vez de lucro. Como não se diz no Interior (já que a frase lá é bem mais direta) estão contando com o ovo dentro da galinha.

De graça, mas pagando

A Anatel acaba de resolver definitivamente a questão da cobrança dos pontos adicionais de TV a cabo: as operadoras não podem cobrar por eles. Mas podem cobrar aluguel pelo decodificador, que hoje é cedido sem pagamento. O caro leitor vai continuar pagando (talvez até mais), mas com outro nome.