Bicicleta e o Transporte do Futuro

O cheiro de tinta era forte; minhas mãos de menino apertavam o breque no guidão prateado da minha bicicleta nova. A sensação era de alegria incontida; a bicicleta era verde e vinha com uma bombinha para o caso de o pneu precisar ser enchido. Hoje, relembrando o dia em que ganhei aquele presente, a felicidade que senti me remete ao “sim” da minha primeira namorada, quando “a pedi em namoro”. Primeira bicicleta, primeira namorada… quanta emoção!

Mas por que aqui, parado no trânsito de São Paulo, num dia chuvoso, me lembrei da minha primeira bicicleta? Talvez por dois motivos: primeiro, lembrar um sonho de menino; segundo, saber que no futuro a bicicleta será o meio de locomoção mais comum. Em 2005, mais de 150 milhões de bicicletas foram vendidas no mundo, contra cerca de 60 milhões de carros. A venda de bicicletas tem aumentado porque estes veículos oferecem mobilidade fácil a milhares de pessoas, melhoram a saúde, aliviam os congestionamentos e não poluem o ar. Além disso, uma bicicleta custa 200 vezes menos que um carro e reduz a área que é preciso pavimentar. Em movimento, 6 bicicletas ocupam o espaço de 1 carro. Num estacionamento para carros cabem 20 bicicletas.

O maior desafio dos grandes centros urbanos como São Paulo é a falta de espaço nas ruas. Os dois principais corredores exclusivos para bicicletas na cidade estão hoje em terrenos do metrô – a ciclovia da marginal do Pinheiros, ou da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), e a ciclovia Caminho Verde, na Radial Leste. Em todo o município são apenas 35,5 quilômetros de ciclovias. Na região de maior trânsito da cidade, no limite das marginais, com raras exceções, não há lugares seguros para os ciclistas circularem.

Apesar de tudo, o número de deslocamentos diários de bicicletas* tem aumentando significativamente em São Paulo. Em 1997, equivalia a apenas 54% (54 mil viagens diárias) do número de viagens diárias de táxis (91 mil). Nos dez anos seguintes, houve um salto. Em 2007, já passava a ser 87% (148 mil), superior aos deslocamentos de táxis (79 mil).

Temos de implementar políticas de viabilidade a novos meios de transporte, como a bicicleta. Em países desenvolvidos como a Suécia, cerca de 10% das viagens são feitas de bicicleta e quase 40% a pé. Só em aproximadamente ⅓ dos percursos utiliza-se o automóvel, sem contar, é claro, com o viés de uma vida mais saudável, combatendo não só o trânsito, mas também o sedentarismo.

Trânsito, congestionamento, grandes centros e muita espera nas ruas durante a lenta caminhada dos automóveis nos fazem pensar nas soluções mais simples da vida, nos remete à saudade da antiga bicicleta, da primeira e descomplicada namorada e a tantas outras coisas. A imagem da antiga bicicleta verde, em função de tudo que é verde, acabará sendo a futura forma de se deslocar, talvez com mais poesia, diariamente, com o vento no rosto, nos unindo então aos sonhos do passado, à vontade de andar de bicicleta pelas ruas da cidade.

Fernando Rizzolo

Centrais repelem sabotagem do BC ao crescimento

O presidente da CUT, Artur Henrique, disse que, com a elevação da Selic de 8,75% para 9,5%, “o preço será pago pelos trabalhadores em geral, seja pela diminuição dos investimentos de parte do setor produtivo, atraído pela especulação, seja pela elevação do custo dos empréstimos ou do endividamento já existente. A taxa do crédito pessoal, hoje superior a 83% ao ano, e a do cheque especial, de 175% ao ano, tendem a subir junto com a Selic.

Já o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, avaliou que “a decisão do Copom é equivocada e perversa para com o setor produtivo, que gera emprego e renda. É lamentável que estejamos virando um paraíso para os especuladores do mundo inteiro, diante da elevada lucratividade paga pela exorbitante taxa de juros do Brasil. O Copom frustra os trabalhadores, que ansiavam por uma queda na taxa básica”.

De acordo com Paulinho, os membros do Copom têm “miopia econômica” e levam o país “na contramão do desenvolvimento, usando um método nefasto para conter supostas pressões inflacionárias”.

“As autoridades monetárias brasileiras se transformaram em meros aduladores dos especuladores, punindo a produção e estrangulando a abertura de novos postos de trabalho”, finalizou.

Para o presidente da CGTB, Antonio Neto, a decisão do BC “é sabotagem e rancor. Esta é a única explicação plausível para a decisão tomada pelo Copom de elevar a taxa de juros básica para 9,5% ao ano, sobretudo quando o país começa a se recuperar de convalescença econômica”.

“Sempre denunciamos que a política de juros altos implementada pelo Banco Central visava garantir ganhos fáceis para o capital especulativo em detrimento do setor produtivo e da geração de empregos”, ressaltou Neto.

A CTB considerou a decisão “um crime grave contra o crescimento do país e contra a classe trabalhadora”.

A UGT afirmou que a elevação é “uma paulada na expansão da economia brasileira”.
hora do povo

Rizzolo: Transcrevendo um comentário já feito, infelizmente o Banco Central tem uma visão pobre do que podemos chamar de desenvolvimento do mercado interno, da geração de emprego, e das exportações. Como sempre a legitimação vem sob a velha bandeira do controle da inflação. Com isso cada vez mais as exportações ficam prejudicadas, a valorização do real continua alta, e a festa dos especuladores enxarca o país com dólares para fins de realização de lucros a custa do cassino Brasil. Para finalizar, inflação se combate com aumento da produção, com investimentos nos meios de produção, com o fortalecimento do mercado interno.

‘Temos candidato com bigode que vai fazer tremer o chuchu’, diz Marta

SÃO PAULO – O presidente Lula encerrou a maratona do 1 de Maio em uma manifestação organizada pela Central Única dos Trabalhadores em São Bernardo do Campo – a cidade do ABC Paulista onde construiu sua carreira de líder sindical. Foi um evento de forte coloração eleitoral.

Ao lado de Lula, no palco armado para shows musicais e que funcionou como um palanque improvisado, estavam a ex-ministra Dilma Rousseff, pré candidata do PT à Presidência, a ex-prefeita Marta Suplicy, que deve concorrer a uma vaga no Senado, e o senador Aloísio Mercadante, pré-candidato a governador. Os três discursaram.

Em seu pronunciamento, a ex-prefeita disse que os eleitores paulistas devem “dar um basta na tucanagem no nosso Estado” e apontou o nome de Mercadante como o encarregado de fazer a mudança. ” Temos um candidato com bigode, que vai fazer tremer o chuchu. O picolé vai tremer”, disse ela, numa alusão ao candidato tucano, Geraldo Alckmin, que na campanha presidencial ganhou o apelido de “picolé de chuchu.”

O presidente fez um balanço emocionado de seu governo e das conquistas dos trabalhadores, sem referências diretas às eleições e a nomes de candidatos. Ao final disse: “Para que isso continue, todos sabem o que devem fazer.”

agencia estado

Rizzolo: Eu pessoalmente não gosto de adjetivar as pessoas, entendo que a Marta nem precisava usar certos termos em relação ao Alckmin. Eleição se ganha com propostas, com nível e Mercadante tem tudo para enfrentar o candidato tucano, fazer alusão à Alckmin como “picolé de chuchu” o nível desce e a democracia empobrece.