Governo lamenta crise entre Venezuela e Colômbia e fala em mediação

BRASÍLIA – O assessor de Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, lamentou a decisão do governo venezuelano de romper relações diplomáticas com a Colômbia. Em entrevista há pouco no Palácio do Itamaraty, Garcia disse ter convicção que a situação irá se “recompor” com a posse do novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

Principal interlocutor do presidente Lula com autoridades latino-americanas, Garcia informou que o governo brasileiro está ajudando por meio de conversas a resolver o impasse. “Há disposição (de conversar) dos dois governos no futuro próximo, com a posse do presidente Santos”, disse. “Estou convencido de que haverá vontade das duas partes de resolver isso”, completou.

As declarações foram dadas após Garcia participar de almoço com o presidente Lula e o primeiro-ministro do Kwait, xeque Nasser Al Sabah.

Crise

Nesta quarta-feira, a Colômbia apresentou na OEA indícios de que a Venezuela abriga 1,5 mil guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em seu território.

Em seguida, o presidente venezuelano Hugo Chávez anunciou o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia. O governo de Álvaro Uribe lamentou a decisão. Os EUA criticaram a medida de Chávez. A OEA pediu calma e diálogo a ambas as partes.

Com informações da Efe e da AP

Rizzolo: A questão principal em si, não é acusação, mas sim os desdobramentos que isso pode tomar. O papel do Brasil sempre foi o de mediador, e nesse momento, é importante que o Brasil amenize os efeitos do conflito e restabeleça a paz e a tensão gerada pelo ocorrido. O presidente Lula, e seu interlocutor Garcia, sempre foram dados ao entendimento, e hoje o Brasil tem um peso na América Latina para desempenhar bem esse papel.

Dilma diz a bispo que aborto é questão de saúde pública

A candidata da PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, respondeu hoje a um artigo publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assinado por d. Luiz Gonzada Bergonzini, bispo de Guarulhos, na Grande São Paulo, recomendando o boicote à candidatura dela por causa da defesa do aborto nos casos permitidos por lei. Em entrevista à rádio Marano, de Garanhuns (PE), concedida hoje de manhã, Dilma avaliou que o aborto não deve ser tratado como uma questão religiosa, mas de saúde pública.

O texto do bispo, intitulado “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, foi publicado na segunda-feira, mas não está mais disponível para leitura no site da CNBB. No artigo, d. Luiz diz não pertencer a nenhum partido, mas ressalta que, como bispo, “denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus, como o suicídio, o homicídio, assim como o aborto, pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender”.

“Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto”, diz o texto. “Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não deem seu voto à senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais ”liberações”, independentemente do partido a que pertençam.”

Na entrevista, Dilma afirmou que a posição de d. Luiz não representava a da CNBB como um todo. “Até onde eu sei não é a posição da CNBB”, disse. Ela defendeu que o governo cumpra a lei e faça o procedimento em estabelecimento de saúde públicos nos casos estabelecidos por lei – estupro e risco de morte para a mãe.

“O que nós defendemos é o cumprimento estrito da lei, que prevê casos em que o aborto deve ser feito e provido pelo Estado”, afirmou a petista, ressaltando que mulheres com melhores condições fazem abortos em clínicas, enquanto as menos favorecidas acabam recorrendo a técnicas perigosas, como o uso de agulhas de tricô.

“Não conheço nenhuma mulher que ache aborto uma coisa maravilhosa. Não se deve tratar a questão como religiosa, mas de saúde pública”, afirmou. “(O bispo) parte de pressuposto incorreto. Tanto eu quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não somos pessoas que acham que o aborto é algo para se falar que se defende. O aborto é uma violência contra corpo de mulher”, disse a candidata.
estadão

Rizzolo: Bem essa é uma questão controversa, pessoalmente sou contra o aborto, porem existem casos já previstos em lei que se autoriza fazê-lo. A grande questão é a população de mulheres pobres, que acabam se submetendo à clinicas clandestinas, muitas vezes contraindo infecções, e morrendo. Eu entendi muito bem a colocação da candidata Dilma Rousseff, não é que ela seja a favor do aborto, aliás só uma pessoa com um coração maldoso poderia apregoar e achar que o aborto é bom, sua colocação foi a de saúde pública, restrita a esse universo.

Em relação ao Velho Testamento o aborto é proibido, até porque ao meu ver, isso é um retrocesso espiritual, tanto é que dois grandes rabinos de Israel dirigiram uma carta às comunidades judaicas locais dizendo que os abortos no país “atrasam a chegada do messias”, informa a edição digital do jornal Yedioth Ahronoth. “A imensa maioria dos abortos é desnecessária e está proibida pela Halajá (lei religiosa judia)”, assinalam Yona Metzger e Shlomo Amar na carta.No escrito, o rabinato superior anuncia que estuda renovar a luta contra o aborto com a criação em seu seio de um comitê especial para tratar de impedir o “assassinato de fetos no ventre das mães”. Trata-se de uma “autêntica epidemia que leva a cada ano a vida de dezenas de milhares de judeus” e que “além da gravidade do pecado, atrasa a chegada do messias”.

Charge do Regi para o Correio da Amazônia