O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta segunda-feira (23) o uso de sua imagem pela campanha do tucano José Serra à Presidência, o que classificou de “enganação”. Na última quinta-feira (19), o presidenciável do PSDB usou imagens em que aparece ao lado de Lula durante seu programa eleitoral na TV, o que motivou uma representação do PT na Justiça contra o candidato.
– Todo mundo sabe que eu tenho lado, que eu tenho uma candidata, que eu tenho um partido, e todo mundo sabe quem eu quero que seja eleita presidente. É sempre muito ruim pessoas que, em momento de eleição, achem que seja possível enganar a sociedade com imagens de pessoas que você tem participação política contrária.
No último sábado, o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Henrique Neves mandou arquivar as duas representações do PT contra Serra. Para Neves, só Lula pode contestar a inserção partidária no rádio e na TV.
Hoje, o presidente afirmou que não irá entrar na Justiça contra o candidato. Apesar das críticas, Lula afirmou que é “natural” que seus opositores o elogiem porque, passadas as eleições, eles devem se reencontrar nas “esquinas de São Paulo”.
Lula também comemorou o crescimento de sua candidata à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, que lidera as últimas pesquisas de intenção de voto, mas evitou comentar uma possível vitória no primeiro turno.
– Se vai ganhar no primeiro ou no segundo turno não importa. O que importa é que ela vai ganhar.
O presidente também disse que irá se esforçar para eleger o petista Aloizio Mercadante governador do Estado, embora ele esteja muito atrás do concorrente do PSDB, Geraldo Alckmin, e afirmou que deve retornar a São Paulo para fazer campanha para o senador em outras quatro ocasiões, pelo menos.
R7
Rizzolo: O uso da imagem de Lula pela oposição é algo extremamente anti ético, e custo a acreditar que os tucanos chegariam a este ponto. Pior ainda é a alegação do presidente condenando tal ato, e a oposição não se manifestar. Quando poderíamos imaginar que o nível político chegaria a esse ponto, e que Serra no seu desespero usaria de tal expediente. Está no momento faltando amor próprio e discurso à oposição, e insistir na imagem de Lula é descaracterizar o próprio partido.
Candidatos com ficha policial ou cassados pela Justiça Eleitoral afrontam a Lei da Ficha Limpa e fazem campanha, confiantes de que serão eleitos. Há casos emblemáticos em vários Estados envolvendo nomes notórios, como ex-governadores, um dirigente de futebol e até um bicheiro.
No Rio de Janeiro, o ex-presidente do Vasco e ex-deputado federal Eurico Miranda (PP) tenta voltar à Câmara dos Deputados apresentando-se como “candidato ficha limpa”. Ele é réu de processos em varas criminais da Justiça Federal, alvo de inquéritos em andamento e um dos denunciados pela CPI do Futebol do Senado, finalizada em 2001.
Eurico nunca foi condenado em decisões colegiadas – o que o deixa de fora das inelegibilidades previstas pela Lei da Ficha Limpa. “Sou ficha limpíssima”, afirma o dirigente esportivo. “Foi justamente essa lei que me motivou a fazer campanha”.
Na semana passada, o TRE do Rio deferiu a candidatura de Eurico. Ele apresentou 15 certidões criminais negando condenação. Em 2007, ele foi condenado a 10 anos de prisão por crimes tributários pela 4ª Vara Federal Criminal do Rio. O STJ, porém, anulou a sentença. Duas ações tramitam em varas federais e um inquérito na Justiça estadual.
“São questões que envolvem recolhimento de INSS. Esse não é mais um problema meu. É problema do Vasco”, alegou Eurico.
Em Alagoas, o ex-governador Ronaldo Lessa, cujo pedido de candidatura ao governo pelo PDT foi impugnado pelo TRE, foi orientado pelo advogado a ignorar a decisão da Justiça e continuar em campanha.
Para Lessa, a decisão do TRE-AL foi política e será revertida pelo TSE. Ele não se considera um ficha-suja, apesar de condenado por um colegiado, acusado de abuso de poder político e eleitoral, nas eleições de 2004.
“Os verdadeiros bandidos permanecem impunes, enquanto eu estou sendo punido por ter dado aumento aos servidores da Educação”, afirma.
Cassado pelo TSE por corrupção eleitoral em fevereiro do ano passado e barrado pelo TRE da Paraíba com base na Lei da Ficha Limpa, o ex-governador Cássio Cunha Lima está em plena campanha para o Senado pelo PSDB.
Ele aguarda que o TSE julgue recurso contra decisão do TRE que manteve a impugnação de sua candidatura. No programa eleitoral, se apresenta como “injustiçado” que acatou a decisão da Justiça. Nas primeiras aparições, disse que já foi punido e não vai desistir da candidatura ao Senado.
Bicho. José Carlos Gratz, preso em 1989 pela Polícia Federal acusado de comandar o jogo do bicho em Vitória, foi uma espécie de governador às avessas, exercendo enorme poder na vida política e econômica do Espírito Santo. Do cargo de presidente da Assembleia Legislativa, controlava o Poder Executivo.
Durante pelo menos duas administrações, o governador que não rezasse a cartilha dele não conseguia apoio do parlamento.
Em 2002, acusado pelo Ministério Público Estadual do desvio de R$ 26,7 milhões do Legislativo, teve o mandato cassado. Foi preso outras duas vezes, e ainda responde em liberdade a cerca de 150 ações judiciais.
Mesmo com um currículo desses, encontrou abrigo no nanico PSL e arquitetou a volta à vida pública, na disputa pelo cargo de senador. Foi o primeiro político do país a questionar a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa no STF, com duas ações com pedido de liminar, nas quais busca sustentar a candidatura.
O TSE vai julgar uma das ações, e a outra teve o pedido negado pelo ministro do STF Carlos Ayres Britto.
Dos candidatos impugnados pela Procuradoria Eleitoral do Maranhão, enquadrados na Lei da Ficha Limpa, todos aparecem na TV e no rádio fazendo campanha normalmente, como Jackson Lago (PDT), Sarney Filho (PV), Cléber Verde (PRB) e Márcia Marinho (PMDB). / ALFREDO JUNQUEIRA, WILSON LIMA, RICARDO RODRIGUES, ADELSON BARBOSA DOS SANTOS e ALEXSANDER PANDINI
estadão
Rizzolo: Por aí vocês podem inferir que não há outra maneira de limpar o Congresso a não ser não mais votando em políticos profissionais. É triste notar que pessoas como eu, que jamais exerceram um mandato, com boa intenção, não somos disponibilizadas com tempo devido na televisão, ficando a maior parte desse tempo nas mãos de candidatos que nada contribuem para a moralidade do Congresso. Na maior parte das vezes são fantoches de interesses particulares dos que financiam suas campanhas. Mas vamos dar a resposta nas urnas, vamos limpar o Congresso, preciso da ajuda de todos para trazer dignidade ao Congresso Nacional, conto com o seu voto em São Paulo !