“Tenho jeito popular’, diz prefeito suspeito de beijar mulheres à força

Ademir Lindo, prefeito Pirassununga, atribuiu neste sábado (25) a uma “armação política” o episódio em que três mulheres o acusam de tê-las beijado à força em seu gabinete. Administrador da cidade distante 211 km de São Paulo, ele admitiu ao G1 “estar triste” com as acusações e afirmou que vai processar as denunciantes.

“Isso tudo é uma coisa absurda, sem cabimento. Sou vítima de armação política.Tenho 30 anos de vida pública e nunca tive problemas. Tenho um jeito popular de ser e sempre respeitei todo mundo; dou beijo, abraço. É questão de educação”, defendeu-se Lindo, do PSDB. Por causa das acusações, o prefeito está sendo investigado por policiais do município. Uma das mulheres seria menor de idade.

A Polícia Civil registrou três queixas contra Lindo por importunação ofensiva ao pudor e, de acordo com o delegado José Henrique Venturo, um inquérito será aberto. “Como eu vou beijar na boca sem a pessoa consentir”, questionou o político, em entrevista por telefone. Ele não negou, no entanto, que cumprimente mulheres com beijo no rosto. “É uma coisa carinhosa.”

O caso foi revelado quinta-feira (23) pela EPTV, afiliada da TV Globo em Pirassununga. Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que procurou o prefeito no dia 16 para conseguir um emprego na área da saúde. “Eu cheguei e ele me recepcionou com um selinho. Quando eu fui embora ele veio para me dar um selinho e eu me esquivei”, disse. Na quarta-feira (22), outra mulher também registrou um boletim de ocorrência alegando que ela e a filha, uma menor, foram beijadas na boca por Lindo.

O prefeito contou que toda quinta-feira abre seu gabinete para a comunidade. “Recebo entre 50 e 60 pessoas. Cumprimento todo mundo com a porta aberta, com testemunhas. Estou com a consciência tranquila”, afirmou ele, alegando inocência e informando que vai apoiar nessas eleições candidatos a deputado estadual e federal.

G1
Rizzolo:Realmente essa história de beijinho está ficando complicada. Outro dia foi um membro do Ministério Público quem beijou Suzane Richthofen; precisamos verificar se as acusações procedem, mas não deixa de ser interessante esse fato dos ” beijinhos” estarem se propagando por aí, principalmente em pessoas como ” jeito popular”. Como já disse no caso do promotor, beijinho é prerrogativa de Advogado em campanha política, portanto não fica bem para prefeito já eleito.

Tiririca, o candidato que não lê

Vários indícios sugerem que Tiririca não sabe ler nem escrever. A Constituição proíbe candidatos analfabetos

De acordo com a Constituição, os analfabetos são inelegíveis e, portanto, não podem se candidatar e receber votos. Por lei, os candidatos são obrigados a apresentar à Justiça Eleitoral um comprovante de escolaridade. Na ausência de comprovante, devem demonstrar capacidade de ler e escrever. Para registrar sua candidatura a deputado federal, Tiririca apresentou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo uma declaração em que ele afirma que sabe ler e escrever. Essa declaração, segundo as normas legais, deve ser escrita de próprio punho. Mas Tiririca, de fato, sabe ler e escrever? A suspeita é que não. Vários indícios permitem levantar essa desconfiança.

O humorista Ciro Botelho, redator do programa Pânico da rádio Jovem Pan, diz que escreveu sozinho o livro As piadas fantárdigas do Tiririca em 2006. A publicação é assinada só por Tiririca. Botelho diz que escreveu com base em histórias contadas por ele. “O Tiririca não sabe ler nem escrever”, afirma.

Dois funcionários da TV Record também disseram a ÉPOCA que nos bastidores do programa humorístico Show do Tom, do qual Tiririca participa, é sabido que ele não lê nem escreve. De acordo com Ciro Botelho, o palhaço conta com a ajuda da mulher para decorar suas falas: “A mulher fica no camarim com ele e vai falando o texto. Ele vai decorando e conta do jeito dele”.

A reportagem de ÉPOCA acompanhou Tiririca por dois dias na semana passada. Viu o candidato dar autógrafos com uma grafia bem diferente da que aparece na declaração apresentada ao TRE, com letras redondas. Aos fãs, ele assina um rabisco circular ininteligível e desenha o que seriam as letras do nome de seu personagem. Em duas ocasiões, a reportagem deparou também com situações que demonstram que Tiririca tem, no mínimo, enorme dificuldade de leitura. No dia 21, a reportagem pediu para Tiririca ler uma mensagem de celular. Ele ficou visivelmente assustado diante do aparelho. O constrangimento do candidato só foi desfeito quando uma assessora leu o torpedo em voz alta. Minutos antes, referindo-se às críticas feitas a sua candidatura nos jornais, Tiririca dissera: “Eu não leio nada, mas minha mulher lê para mim”.

No dia 22, ÉPOCA fez um teste com Tiririca. Durante um almoço, pediu a ele para responder a perguntas da pesquisa Ibope sobre o Congresso. As duas primeiras questões foram lidas pela reportagem e respondidas normalmente por Tiririca. Em seguida, foi apresentado ao candidato um cartão para ele ler a terceira pergunta e as alternativas de resposta. Nesse momento, seus assessores o cercaram imediatamente. O filho de Tiririca, Éverson Silva, começou a ler a pergunta para o pai, mas a pesquisa foi interrompida pelos assessores com a alegação de que ele precisava almoçar e que a aplicação da pesquisa não fora combinada previamente. A cena pode ser vista em um vídeo no site de ÉPOCA.

Depois desse novo mal-estar, ÉPOCA tentou questioná-lo sobre sua alfabetização. Sua assessoria de imprensa não permitiu mais contatos. Ela diz que Tiririca sabe ler e escrever, mas os pedidos de um encontro com o candidato para que ele lesse um texto e encerrasse as dúvidas foram recusados. A assessoria disse que Tiririca está na reta final da campanha e ficaria “chateado por ter de provar que sabe ler”.

O que acontece com um candidato sobre o qual há dúvidas sobre sua alfabetização? “Se houver dúvidas, o juiz pode submetê-lo a um teste”, diz o advogado Fernando Neves, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Neves, essa prova é simples e visa apenas certificar a capacidade de ler e escrever do candidato. Se o candidato não conseguir provar que é alfabetizado, a jurisprudência da Justiça Eleitoral diz que a candidatura deve ser cassada.

revista época
Rizzolo: Bem precisa haver prova de que o Tiririca é analfabeto. Mas esse não é um problema em si do candidato, é o de quem dá o seu voto para candidatos despreparados. É a democracia, qualquer um pode se candidatar, cabe ao eleitor o devido discernimento. Deveria ser ao contrário, candidatos preparados deveriam prosperar, mas estamos aprendendo a votar, não é ? Agora, com isso aí pior está que fica sim. Só me resta dizer o seguinte: Conto com seu voto, para dignificarmos o Congresso Nacional, e ponto final.

Só haverá 2º turno se rivais do PT virarem 5 milhões de votos

Análise: José Roberto de Toledo

As oscilações registradas pela pesquisa Ibope se devem principalmente à conversão dos indecisos. Eles caíram de 8% para 5% em uma semana e beneficiaram os candidatos de oposição. Com isso, a soma de brancos, nulos e indecisos chegou a 10%. Está muito próxima do que foram os brancos e nulos na eleição de 2006: 8,4%.

Logo, a fonte de votos dos indecisos está se esgotando como fator de crescimento dos oposicionistas. Na semana que falta até a eleição, José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) precisarão, necessariamente, “roubar” eleitores de Dilma Rousseff (PT) para conseguir levar a eleição para o segundo turno.

Não é uma tarefa fácil. Dilma tem cerca de 10 milhões de votos a mais do que a soma dos adversários. Se cooptarem metade, ou seja, 5 milhões de eleitores, haveria uma boa chance de segundo turno. Isso equivale a virar 625 mil votos por dia, de hoje até a eleição.

Para isso ocorrer, é necessário um fato novo. As denúncias apresentadas até aqui contra a candidatura da petista parecem estar perto do limite de seu impacto eleitoral.

A queda da ministra Erenice Guerra, da Casa Civil, teve um impacto limitado sobre a eleição. Apenas 27% dos eleitores souberam da demissão, tomaram conhecimento que a causa foi a acusação de que filhos da ministra intermediaram negócios com o governo e acham que isso é verdadeiro em algum grau. Mas 1 em cada 3 desses ainda vota em Dilma.

Na prática, apenas 9% dos eleitores admitem que o caso influenciou ou pode influenciá-los: 4% dizem que já mudaram de candidato e 5% afirmam que estão repensando seu voto. Porém, os percentuais são iguais para os eleitores de Dilma e de Serra. Logo, eventuais mudanças podem anular umas às outras.

A exigência de dois documentos para poder votar (título de eleitor e um documento com foto) não parece ser um fator decisivo no resultado da eleição. Nada menos do que 95% sabem da exigência e estão preparados para levá-los à urna. Não há diferença nisso entre os eleitores de Dilma e de seus adversários.

Rizzolo: No tocante a vantagem de Dilma , isso me parece já consolidado, já em relação aos documentos exigidos para o voto, entendo que essa exigência de dois documentos é um exagero burocrático, ao meu ver isso só dificultará o exercício da democracia. Fica claro que nos lugares mais distantes desse imenso Brasil, isso poderá afetar a população mais pobre que não possui toda a documentação exigida. O PT entrou com um pedido para que seja revista essa exigência vamos aguardar.

Avó de 41 anos é executada no estado americano da Virgínia

Teresa Lewis, uma avó de 41 anos, recebeu uma injeção na prisão da cidade americana de Greensville nesta quinta-feira (23), tornando-se a primeira mulher em quase um século a ser executada no sistema penal do estado da Virgínia, informou o Departamento de Correções.

A mulher morreu às 21h13 locais (22h13 de Brasília), após passar seu último dia em uma cela sem janelas, vigiada exclusivamente por mulheres e depois de se reunir com seus advogados, seu filho, sua filha e seu neto de um ano, informou o porta-voz Larry Traylor.

Um jantar repleto de calorias, com dois peitos de frango fritos, ervilhas com manteiga, refrigerante, torta de chocolate alemã e bolo de maçã, foi seu último desejo, segundo os funcionários da prisão.

Teresa estava no corredor da morte desde 2003, quando foi declarada culpada por planejar e ordenar dois homens – um deles seu amante – o assassinato de seu marido e seu enteado, Julian e Charles Lewis, em 2002. O plano foi elaborado para ela ficar com US$ 350 mil do seguro de vida do marido.

A família assistiu à execução, informou o porta-voz.

Clemência

Uma intensa campanha que pedia clemência por supostos problemas mentais da presa não conseguiu impedir que as autoridades aplicassem a injeção letal a Teresa, a 12ª mulher executada no país desde que foi restaurada a pena de morte, em 1976.

Seus advogados insistiram até o último momento que seu Quociente de Inteligência (QI), de 72, estava perto do limite legal do retardamento mental, 70, o que a impedia de planejar uma estratégia assassina e a tornava uma vítima da manipulação de um dos autores de fato do crime.

Os quase quatro mil pedidos de indulto que chegaram nos últimos meses ao escritório do governador da Virgínia, Robert McDonnell, procedentes em sua maioria de grupos de saúde mental, mas também de representantes da União Europeia e inclusive do escritor John Grisham, não impediram que o governador rejeitasse a revisão da pena.

Os pedidos também não convenceram os integrantes do Tribunal Supremo, que na terça-feira (21) ignoraram uma apelação para que a pena fosse trocada para a prisão perpétua, último recurso dos advogados de defesa.

Apesar de os dois homens que cometeram os assassinatos terem sido condenados à cadeia perpétua, a Justiça considerou que foi ela quem planejou o crime a sangue frio, com o objetivo de ficar com o dinheiro do seguro de vida de seus familiares, e por isso merecia uma sentença mais severa que a de seus cúmplices.

“Teresa Lewis é a pessoa mais malvada que conheci”, disse à imprensa local David Grimes, fiscal do condado de Pittsylvania. “Não há ninguém que a conhecesse antes dos fatos e que pensasse que era retardada mental ou que poderia ser”.

Seu advogado, James Roncap, insistiu esta semana que um dos cúmplices da acusada tinha assumido que a convenceu que tinha que matar seu marido, e que ela sofria um transtorno de personalidade que a fazia dependente.

Teresa, que repetiu à imprensa que lamentava profundamente seus crimes, se tornou nos últimos anos uma conselheira para outras mulheres na prisão de Fluvanna, onde ficou detida até sábado (18) passado.

Empregada matou a patroa

Na Virgínia, o estado que conta com mais execuções depois do Texas, nenhuma mulher tinha sido executada até esta quinta-feira desde que Virgínia Christian, uma empregada negra de 17 anos que tinha matado sua patroa, morreu eletrocutada em 1912.

Quase um século depois, os métodos mudaram, mas 52 mulheres seguem esperando a data de sua execução nos EUA, onde há cerca de 3.260 presos no corredor da morte.
g1

Rizzolo: Como Advogado sempre refleti sobre essa questão da pena de morte. Como já atuei no Tribunal do Juri, na Capital de São Paulo sempre houve dentro de mim uma inquietação em questionar até que ponto o Estado pode ser vingativo na execução de suas sentenças. Bem verdade é que existem agentes delituosos com pouca chance de recuperação, mas na sua maioria existe sim um componente psiquiátrico, doentio, que nos faz pensar que melhor seria o Estado tratar tais doentes como doentes e não como simples criminosos.. O grande problema na aplicação da pena de morte no Brasil, seria a falta de estrutura judicial competente para que os pobres tivessem os melhores advogados de defesa, além disso o Brasil não está preparado para esse tipo de pena que fere os princípios da dignidade humana. Não sou a favor da pena de morte num Estado como o brasileiro, muito embora não devemos nos abstrair da possibilidade de revermos a nossa legislação penal, porém sempre dentro de uma visão constitucional cidadã, em que os pobres não sejam vítimas de mais injustiça do que já sofrem.