Dilma se muda para a Granja do Torto onde vai morar até posse

A presidenta eleita, Dilma Rousseff, passa o feriado de hoje em Porto Alegre com a família e, quando retornar a Brasília, o que deve ocorre no fim do dia desta segunda-feira, já deve se instalar na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República. O Torto será a residência de Dilma até a data da posse, no dia 1º de janeiro, quando ela se mudará para o Palácio da Alvorada

Na semana passada, enquanto a presidenta eleita acompanhava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem a Seul, na Coreia do Sul, a mudança de Dilma foi transportada da casa onde ela morou durante o período da campanha, no Lago Sul de Brasília, para a Granja, que fica a menos de 20 quilômetros da Praça dos Três Poderes.

A mãe e a tia de Dilma, que atualmente vivem em Belo Horizonte, vão morar com ela em Brasília.

Ao se mudar para a Granja do Torto, Dilma Rousseff repete o que fez o presidente Lula em 2002, durante a transição. Lula também permaneceu na granja durante a reforma do Palácio da Alvorada, entre dezembro de 2004 e março de 2006. O Torto já foi a residência oficial de dois presidentes da República: João Goulart e João Baptista Figueiredo.

Dilma Rousseff retorna a Brasília após ter participado, na semana passada, das reuniões da Cúpula do G20 (que engloba as maiores economias mundiais, incluindo os países emergentes), em Seul, na Coreia do Sul, ao lado do presidente Lula. Na ocasião, ela disse estar preocupada com a guerra cambial que causa desequilíbrio na economia mundial. Segundo a presidenta eleita, é fundamental que medidas econômicas sejam adotadas de maneira coletiva e não de forma isolada.

Dilma se referiu às decisões dos governos dos Estados Unidos e da China de fortalecimento da economia interna e que acabaram por prejudicar a economia internacional. As críticas aos dois países dominaram as discussões do G20. Foi a primeira participação da presidenta eleita nesse fórum e a última de Lula como presidente do Brasil.

Ossário com vítimas da ditadura será aberto até o fim do mês

No dia da Proclamação da República, uma notícia alentadora ao avanço democrático: o grupo de trabalho que procura restos mortais de presos políticos que teriam sido enterrados no Cemitério da Vila Formosa, na capital paulista, deve abrir o ossário clandestino existente no local no próximo dia 29. Investigações preliminares indicam que as ossadas de oito presos políticos mortos durante o regime militar podem estar guardadas no local.

A previsão para a abertura foi feita na sexta-feira (12) pelo procurador regional da República Marlon Alberto Weichert, que acompanha o trabalho da equipe no cemitério. Segundo ele, a chegada ao ossário é prioridade da equipe formada para a localização de ossadas de dez mortos.

De acordo com Weichert, as ossadas procuradas na Vila Formosa são de: Antônio Lucena, Joelson Crispin, Antônio dos Três Reis Oliveira, Alceri Gomes da Silva, José Ferreira de Araújo, Edson Quaresma, Roberto Macarin, Devanir José de Carvalho, Sérgio Corrêa e Virgílio Gomes da Silva.

Dos dez, só os restos mortais de Sérgio Corrêa e Virgílio Gomes da Silva não estariam no ossário clandestino. O Ministério Público Federal (MPF), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e parentes de Corrêa e Silva acreditam que eles estejam enterrados em outra área do cemitério, como pessoas não identificadas.

Ilda Martins da Silva, viúva de Virgílio, afirmou, em entrevista à Agência Brasil, que ela mesmo localizou o corpo de seu marido no Cemitério da Vila Formosa, em 2004, 35 anos após a morte dele. Ela própria procurou por documentos no Instituto Médico Legal (IML) para encontrar o túmulo de Virgílio, que está hoje, segundo ela, em uma área completamente modificada do cemitério.

Hoje com 79 anos, Ilda tinha 41 quando seu marido foi morto por agentes da Operação Bandeirantes (Oban). Na época conhecido como Jonas, Virgílio foi preso por ter participado do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, em 1969.

Ansiosa pela identificação dos restos mortais do marido, Ilda acompanha frequentemente os trabalhos de investigação. Entretanto, confessa que ainda não sabe o que fará caso as suspeitas dos investigadores seja confirmada. “Só quero encontrar a ossada mesmo”, disse. “Depois, vou pensar no que vamos fazer.”

Ilda conta que os quatro filhos que teve com Virgílio já colheram amostras de sangue para exames de DNA que podem ajudar no reconhecimento do corpo.

Weichert afirmou que não há previsão para o fim dos trabalhos de identificação das ossadas existentes no cemitério. Ilda, contudo, não dá sinais de desistência. Quer saber onde está seu marido para, pelo menos, dar satisfações a seus filhos mais novos, que eram bebês quando Virgílio morreu e não se lembram do pai. “A esperança é a última que morre”.

Da redação, com Agência Brasil