Para EUA, Brasil oculta prisão de terroristas, revela WikiLeaks

SÃO PAULO – Documentos diplomáticos secretos dos EUA divulgados no domingo, 28, pelo site WikiLeaks, revelam que as autoridades brasileiras prenderam “vários indivíduos engajados em supostas atividades de financiamento do terrorismo”, mas basearam sua detenção em acusações diferentes para “não chamar a atenção da mídia e dos altos níveis governamentais”.

As informações estão contidas em um relatório enviado pelo então embaixador da missão americana no Brasil, Clifford Sobel, às autoridades americanas em 8 de janeiro de 2008 referente à política brasileira em relação ao combate ao terrorismo.

Os relatórios são parte dos mais de 250 mil documentos vazados pelo WikiLeaks e publicados no domingo pelos jornais The New York Times (EUA), The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), El País (Espanha) e pela revista Der Spiegel (Alemanha). O material se refere a informações diplomáticas obtidas desde a década de 1960 até fevereiro deste ano.

No despacho, o embaixador afirma que o governo do Brasil é “um parceiro cooperativo” contra atividades terroristas, apesar de não gostar de tornar o assunto público. Segundo o documento, o Brasil colabora e inclusive “prende com frequência indivíduos ligados ao terrorismo”.

Por outro lado, o despacho afirma que o tema é tratado com cuidado no País, em parte, pelo “medo de estigmatizar a grande comunidade muçulmana no Brasil”, ou de “prejudicar a imagem da área como um destino turístico”. O texto afirma que a postura pública brasileira busca “evitar parecer com o que é visto como uma política agressiva dos EUA de guerra ao terrorismo”.

O despacho relativo ao Brasil, de janeiro de 2008, afirma que os mais altos órgãos do governo brasileiro, “particularmente o Ministério das Relações Exteriores”, são “extremamente sensíveis a quaisquer alegações de que terroristas tenham uma presença no País – seja para levantar fundos, arranjar logísticas ou mesmo transitar pelo território – e irão rejeitar vigorosamente quaisquer declarações” nesse sentido sobre o tema.

Apesar das prisões citadas, o documento assinado pelo embaixador lembra que, em geral, os suspeitos são acusados em vários quesitos, não relacionados ao terrorismo, para “evitar chamar a atenção da mídia e dos níveis mais altos do governo”. O documento cita especificamente a Polícia Federal, afirmando que ela prendeu no ano anterior (2007) vários suspeitos de financiar o terror, mas estes foram acusados por vínculos com o narcotráfico, entre outros. O documento afirma que também a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) “monitora as atividades desses supostos extremistas”.

O despacho ainda nota que a área que mais domina a cobertura jornalística nacional sobre a suposta presença de extremistas é a Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Apesar disso, o texto afirma que “a principal preocupação de contraterrorismo, tanto para funcionários brasileiros quanto para a missão dos EUA no Brasil, é a presença de atividades de indivíduos com vínculos com o terrorismo – particularmente vários suspeitos extremistas sunitas e alguns indivíduos ligados ao Hezbollah – em São Paulo e outras áreas do sul do Brasil”.

O WikiLeaks é um site que se dedica a revelar documentos militares secretos dos EUA e de outros países. Neste ano, o site divulgou cerca de 400 mil documentos secretos sobre a guerra do Iraque. Antes disso, o WikiLeaks já havia divulgado 90 mil relatórios confidenciais sobre abusos cometidos no Afeganistão.
Estadão

Rizzolo: Bem, se a informação procede, podemos ficar mais tranquilos, pois se as autoridades brasileiras, segundo os EUA, promovem a detenção de terroristas, ou pretensos terroristas, porem lhes outra tipificação penal, é sinal que as coisas funcionam no Brasil. A questão interna do ponto de vista político pouco importa, estamos nós ” fazendo a lição de casa” e entendo isso ser uma boa notícia, pena que vem dos EUA através do Wikileads, e não das autoridades brasileiras.

Com 887,4 mil alunos, classe D é o dobro da A nas universidades

A classe D já passou a classe A no número total de estudantes nas universidades brasileiras públicas e privadas. Em 2002, havia 180 mil alunos da classe D no ensino superior. Sete anos depois, em 2009, eles eram quase cinco vezes mais e somavam 887,4 mil.
Em contrapartida, o total de estudantes do estrato mais rico caiu pela metade no período, de 885,6 mil para 423, 4 mil. Os dados fazem parte de um estudo do instituto Data Popular.

“Cerca de 100 mil estudantes da classe D ingressaram a cada ano nas faculdades brasileiras entre 2002 e 2009”, observa Renato Meirelles, sócio diretor do instituto e responsável pelo estudo. “Hoje temos a primeira geração de universitários desse estrato social.”

Essa mudança de perfil deve, segundo ele, ter impactos no mercado de consumo a médio prazo. Com maior nível de escolaridade, essa população — que é a grande massa consumidora do país — deve se tornar mais exigente na hora de ir às compras.

O estudo, feito a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela também que as classes C e D respondem atualmente por 72,4% dos estudantes universitários. Em 2002, a participação dos estudantes desses dois estratos sociais somavam 45,3%.

São considerados estudantes de classe D aqueles com renda mensal familiar entre um e três salários mínimos (de R$ 510 a R$ 1.530). Os estudantes da classe C têm rendimento familiar entre três e dez salários mínimos. Já na classe A, a renda é acima de 20 salário mínimos (R$ 10.200).

A melhoria da condição financeira permitiu inicialmente a compra do primeiro carro zero e do celular aos brasileiros de menor renda. Abriu também, caminho para que eles tivesse acesso ao ensino superior.

Pesquisa do Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), que mede a intenção de compra dos consumidores por classe social, revela que subiu de 15%, no terceiro trimestre, para 17%, neste trimestre, a capacidade de gasto com educação em relação à renda da classe C.

Além da renda maior, Meirelles ressalta outros fatores que provocaram essa mudança de perfil socioeconômico dos universitários. Um deles é a universalização do ensino de segundo grau. Também contribuíram as bolsas de estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni) e a proliferação de universidades particulares.

Da Redação, com informações do O Estado de S. Paulo