Os líderes do G20 – o grupo formado pelos países mais ricos do mundo e pelos principais países em desenvolvimento – encerraram nesta quinta-feira a reunião de cúpula em Londres com a promessa de destinar mais de US$ 1 trilhão para combater a crise financeira global.
A maior parte desse dinheiro, US$ 750 bilhões, deve ser destinado ao FMI (Fundo Monetário Internacional), mas um investimento de US$ 250 bilhões está previsto para impulsionar o comércio global.
O G20 também decidiu reservar mais US$ 100 bilhões para ajudar especificamente os países mais pobres afetados pela turbulência econômica.
Além de aprovar a injeção de recursos, os líderes chegaram a um consenso sobre outros pontos, como a imposição de sanções a paraísos fiscais e um compromisso com a Rodada de Doha de liberalização do comércio mundial e contra o protecionismo.
“Este é o dia em que o mundo se uniu para reagir à recessão global, não com palavras, mas com um plano para a recuperação global e para reforma, com um cronograma claro”, disse o anfitrião do encontro, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ao encerrar a reunião em Londres.
Segundo Brown, não há “consertos rápidos” para enfrentar a crise, mas as promessas anunciadas pelos países do G20 poderão “encurtar a recessão e salvar empregos”.
Doha
O G20 decidiu criar um novo órgão internacional, que atuará junto com o FMI para garantir uma cooperação entre os países e implementar um sistema de alerta para problemas no sistema financeiro.
Brown disse que os líderes do G20 concordam em relação à necessidade de “agir urgente” para concluir a Rodada de Doha e denunciar países que adotem medidas protecionistas.
Houve um consenso também em relação à necessidade de um maior controle do sistema financeiro, incluindo as operações de fundos hedge – que movimentam bilhões de dólares e são atualmente livres de regulamentação.
“Nós decidimos que, de agora em diante, eles serão regulados”, afirmou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em entrevista coletiva.
“Eles terão que ser declarados e estar sujeitos a mais supervisão. E haverá mais transparência na forma que os fundos são gerenciados, mais controle sobre a forma como os bancos fazem negócios em relação aos fundos hedge.”
Antes da reunião, analistas apontavam uma divisão no G20 entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, que seriam favoráveis à ampliação das verbas de estímulo às economias, e França e Alemanha, favoráveis a uma ênfase maior na regulamentação do sistema financeiro.
Em suas declarações, Brown destacou que iniciativas nacionais para estimular a economia já estão sendo tomadas, no “maior estímulo macroeconômico que o mundo já viu”, mas não falou de novos investimentos nesse sentido.
“Nós estamos no meio de uma expansão fiscal que verá, até o final do ano que vem, uma injeção de US$ 5 trilhões em nossas economias.”
Paraísos fiscais
Em relação aos paraísos fiscais, a declaração final prevê a imposição de sanções a todos que se recusem a adotar as regras da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) para combater a lavagem de dinheiro e a evasão fiscal.
“Nós concordamos que os paraísos fiscais que não fornecem informações solicitadas vão acabar”, disse Brown. “A OCDE publicará nesta tarde uma lista de paraísos fiscais que não colaboram e em relação aos quais uma atitude precisa ser tomada imediatamente.”
De acordo com o repórter da BBC John Moylan, a cúpula do G20 será considerada um sucesso se a recessão global, resultado da crise financeira, for aguda, mas breve, e não longa como alguns analistas avaliam que será.
Tanto o FMI como o Banco Mundial preveem que a economia mundial terá seu primeiro encolhimento em décadas neste ano.
O G20 reúne as maiores economias do mundo e é responsável por 90% da produção econômica mundial, 80% do comércio global e dois terços da população mundial.
bbc
Rizzolo: Ontem manifestantes exigiam da cúpula do G-20, que se reúne na cidade, que tomassem medidas contra a “economia de cassino” que envolve o mundo, em especial os países centrais.
A truculência da polícia inglesa acarretou pelo menos uma morte, muitos feridos e 63 presos. Na revolta, o Royal Bank of Scotland – beneficiado com cerca de US$ 30 bilhões de dinheiro público (20 bilhões de libras esterlinas) – teve sua sede, que fica próxima ao Banco da Inglaterra, atacada, janelas estilhaçadas e seu hall de entrada ocupado.
Hoje, com mais calma, o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown anunciou os pontos mais importantes do anúncio do G-20.
1 – O total de aporte na economia mundial chegará a US$ 5 trilhões até o fim do ano que vem. Isso contando o que já foi feito e o que ainda será.
2 – Os recursos disponíveis para que o FMI ajude países com problemas serão triplicados, passarão de US$ 250 bilhões para US$ 750 bi.
3 – Serão reservados US$ 250 bilhões para financiar o comércio internacional.
4 – Os países que fazem parte dos “paraísos fiscais” serão regulados e muitos e terão que transmitir informações fiscais e tributárias. Haverá incentivos para que isso aconteça e sanções aos que não concordarem.
5- Haverá maior regulação no sistema financeiro. Os bancos terão limite menor para alavancagem, e terão que correr menos riscos. Isso inclui as agências de risco e os fundos de investimento hedge.
6 – Haverá estímulos para diminuição do consumo de carbono e ações para a criação de “empregos verdes”.
7- A Rodada Doha será reaberta com novas negociações sobre o comércio internacional.
As bolsas pelo mundo reagem bem ao anúncio do encontro. O índice Ibovespa, da bolsa brasileira, mantém alta de 4,60%.