Zelaya diz que pedirá destituição de golpistas em 24 horas

SAN JOSÉ – O presidente deposto de Honduras, José Manuel Zelaya, chegou na noite desta quarta-feira, 8, à Costa Rica, para iniciar, na quinta, um diálogo junto ao líder de facto de seu país, Roberto Micheletti, mediado pelo presidente Oscar Arias, com o objetivo de pôr fim à crise política na nação. O líder destituído adiantou que pedirá a remoção do governo interino em 24 horas.

Em sua chegada a San José, Zelaya afirmou disse esperar uma “resposta clara da contraparte golpista que rompeu o processo democrático”. Mais cedo, o presidente deposto chamou Micheletti, nomeado em seu lugar após o golpe do último dia 28, de “gorila” e assegurou que o novo chefe de Estado hondurenho deverá “pagar” por sua traição.

“A traição é um crime que não prescreve”, afirmou Zelaya em declarações a um canal chileno de televisão, nas quais também reiterou que não negociará com os “golpistas” nas reuniões desta quinta. Segundo Zelaya, Roberto Micheletti representa um regime que deu um golpe de Estado com armas e que cometeu crimes como “assassinatos, violações aos direitos humanos e especialmente a traição.”

O presidente deposto negou ter violado a Constituição e as leis, como disseram os novos governantes de Honduras para justificar o golpe contra seu governo. “Se meu crime é lutar pela justiça, me declaro culpado”, disse Zelaya.

A missão de Arias será mediar um plano para que presidente deposto volte a seu posto, com o compromisso de não tentar se reeleger. Na terça-feira, Micheletti disse estar muito feliz com a escolha do presidente costa-riquenho e afirmou estar “aberto para o diálogo”. Em seguida ele recuou, dizendo que não iria à Costa Rica “negociar, mas conversar.”

A crise em Honduras começou no primeiro semestre, quando Zelaya desafiava o Congresso hondurenho, a Suprema Corte e o Exército do país ao pressionar por um plebiscito para obter apoio a uma mudança na Constituição que permitiria ao presidente se reeleger além do mandato único de quatro anos. Antes que ele pudesse realizar a votação, em 28 de junho o Exército de Honduras o prendeu quando o chefe de Estado ainda estava de pijamas e o levou à Costa Rica

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Rizzolo: Já comentei anteriormente meu ponto de vista em relação a Zelaya. Mas poderíamos de forma breve fazer uma reflexão, sobre o uso da democracia plebiscitária como instrumento da autocracia. É exatamente nessa esfera que os aproveitadores do “seculo 21” atuam, promovendo sucessivas consultas populares sob a égide da legitimidade democrática, para que num golpe rápido e rasteiro, solaparem as instituições e por último rasgarem a Constituição do país. Talvez a nova forma de golpe branco, como costumo classificar, seria uma “interpretação estelionatária” da essência da democracia, de forma a levar o povo a incorrer em erro ideológico, ensejando uma visão de legitimidade popular, com um claro propósito de chancelar uma verdadeira autocracia, esta, a favor da linhagem esquerdista implantada na América Latina. Uma verdadeira inversão de valores, que apenas impressiona os incautos e o pobre povo inculto.

Justiça de Honduras emite ordem de prisão contra o presidente deposto

Manuel Zelaya é acusado de ‘traição à pátria’ e ‘abuso de autoridade’.
Derrubado no domingo, ele prometeu voltar ao país na próxima quinta.
A Justiça de Honduras informou nesta terça-feira (30) que, se voltar ao país, o presidente deposto Manuel Zelaya será preso.

Zelaya foi derrubado do governo pelos militares no domingo e expulso do país. A comunidade internacional não reconhece o governo interino de Roberto Micheletti e exige a volta de Zelaya ao poder.

A ordem de prisão contra o deposto foi emitida na noite de segunda pela juíza Maritza Arita e foi divulgada pela própria magistrada através das rádios locais.

A Justiça acusa Zelaya por 18 delitos, entre eles “traição à pátria” e “abuso de autoridade”.
globo

Rizzolo: Dizer que Manuel Zelaya é um coitadinho, ” um democrata” , um injustiçado, é chancelar suas arbitrariedades no desrespeito frontal às instituições. Zelaya é um daqueles que pelos discursos populistas acabou ” achando” que a tudo era permitido, entendeu que por ter apoio de Chavez e ser popular reduziria qualquer resistência na manutenção da ordem do país. O mais incrível é que um coro de esquerdistas apóiam essa tal Zelaya que queria apenas , e tão só, na prática, fechar o Judiciário, o Congresso e a Promotoria do país. E rasgar a Constituição. Coitadinho..

Hillary: OEA enviará delegação a Honduras para negociar

WASHINGTON – A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou hoje que a situação em Honduras resultou “em um golpe”. Ela disse que os Estados Unidos estudam qual consequência terá a crise em Honduras para os programas de assistência ao país. Segundo ela, a Organização dos Estados Americanos (OEA) enviará uma delegação à nação caribenha “para começar a trabalhar” com os setores em conflito na restauração do governo constitucional. “É importante que tomemos uma posição a favor do Estado de direito”, afirmou.

Governos de América Latina e Europa condenaram a derrubada do presidente Manuel Zelaya e pediram que o conflito seja resolvido pela via democrática. Brasil e Uruguai afirmaram que não reconhecerão nenhum governo hondurenho que não seja o de Zelaya, deposto e expulso do país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em seu programa de rádio semanal “Café com o Presidente” que não aceitará nem reconhecerá nenhum governo que não seja encabeçado por Zelaya “porque ele foi eleito diretamente pelo voto, cumprindo as regras da democracia”.

Honduras se arrisca a ficar isolada do resto da América Latina se o mandatário deposto não retornar à presidência, advertiu Lula, que afirmou ter conversado sobre a situação com os presidentes do Paraguai, Fernando Lugo, e do Chile, Michelle Bachelet. “Não podemos aceitar mais na América Latina que alguém queira resolver seus problemas de poder pela via do golpe”, concluiu o brasileiro.

O governo uruguaio informou que não reconhecerá como presidente provisório de Honduras Roberto Micheletti, que foi designado ontem pelo Congresso hondurenho, após o golpe. “A chancelaria uruguaia ratifica o comunicado emitido pelo Mercosul, em apoio à institucionalidade democrática, e manifesta seu mais enérgico repúdio ao sequestro e expulsão do presidente Manuel Zelaya, em aberta violação da ordem constitucional”, afirmou um comunicado publicado hoje no site da presidência.

Condenação

O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, também condenou a expulsão de Zelaya e pediu seu imediato retorno ao poder. “A solução para qualquer disputa deve se buscar sempre no diálogo e no respeito às normas democráticas”, afirmou ele, em comunicado. O presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D”Escoto Brockmann, disse que havia convidado Zelaya a Nova York, para que informe diretamente sobre a situação do país. Segundo D”Escoto, a deposição do líder hondurenho foi um ataque indigno à democracia.

Em Londres, o porta-voz do Escritório de Relações Exteriores Chris Bryant informou que “o Reino Unido condena a expulsão do presidente Zelaya e a restauração do governo democrático e constitucional em Honduras”. Na Alemanha, o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, disse que a detenção de Zelaya e seu exílio forçoso na Costa Rica “violam a ordem constitucional”.

O secretário geral Iberoamericano, Enrique Iglesias, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), afirmou que o golpe de Estado “é algo que não pode ser aceito”. Escolhido para o cargo pelos chefes de Estado e de governo dos países da América Latina, mais Portugal, Espanha e Andorra, Iglesias acredita que em Honduras “a vigência da Constituição” será retomada e Zelaya voltará ao poder. “Vamos ver as coisas no bom caminho.”

Iglesias considera que “a reação mundial foi impressionante”, pela rapidez e firmeza. Uruguaio, ele afirmou que “na América Latina temos superado essas etapas de golpes militares”, algo que “ninguém aceita” no continente. O secretário também elogiou o posicionamento do novo governo dos EUA, presidido por Barack Obama. “O governo Obama também teve posição firme e clara”, disse ele, que está no Brasil para um seminário no Rio, preparatório para a reunião de Cúpula Iberoamericana que será realizada em 30 de novembro, em Estoril, Portugal.
agência estado

Rizzolo: Já disse em um comentário anterior mas irei ratificar minha posição novamente. O presidente Manuel Zelaya agiu mal, provavelmente influenciado pelo seu ídolo Hugo Chavez. Tentou conduzir um plebiscito à revelia das normas legais. Com efeito não respeitou a Constituição – tanto que queria fazer um plebiscito inconstitucional – pouco se ateve ao Congresso e desprezou o Judiciário.

Bem, já vimos que Manuel Zelaya bonzinho não é, tampouco coitadinho e injustiçado. Se os países da América Latina entendem que conclamando o povo pobre, que se encanta com as palavras doces dos oportunistas, e com artifícios demogógicos podem golpear, rasgar, e queimar a Constituição de um país, estão eles enganados. Ninguém aqui está defendendo um golpe militar, até porque se os militares ficarem a coisa muda de figura. Agora uma coisa é certa, a democracia não pode subsistir ou ser suplantada com os artifícios da demagogia e do populismo. Isso não. Não é tão fácil, como Hugo Chavez, Morales e sua turma entender ser.