BRASÍLIA – Senadores do grupo suprapartidário que defende a renúncia de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado avaliaram nesta terça-feira que a decisão de anular os 663 atos administrativos secretos não exime toda a responsabilidade do presidente diante da crise da Casa. A avaliação dos parlamentares é de que a anulação dos atos foi importante, mas ainda não é suficiente.
Para o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, a decisão foi tardia. Para o tucano, Sarney só se convenceu em invalidar os atos quando se viu acuado diante de outras acusações, como a de que a fundação que leva o seu nome teria desviado recursos de patrocínio cultural cedido pela Petrobras.
“Isso não responde e nem esclarece nada. É como se um sujeito entendesse uma piada um mês depois de ela ter sido contada”, ironizou Virgílio, que apresentou duas acusações contra o presidente José Sarney ao Conselho de Ética do Senado – uma responsabilizando-o pela edição dos atos secretos e outra pedindo apuração sobre o caso envolvendo a Fundação José Sarney.
Na opinião do líder do PSB, Renato Casagrande (ES), a anulação dos atos foi uma decisão importante para arrefecer a crise, mas ainda não é suficiente. “Foi uma decisão de peso e que responde de maneira firme à crise que mergulhou o Senado e mostra que estamos dispostos a corrigir os erros do passado. Agora, é preciso avaliar que melhora o ambiente geral da Casa, mas não responde à uma série de questões que atingem o presidente Sarney pessoalmente”, afirmou.
Cristovam Buarque (PDT-DF) endossa o grupo de senadores que defendem a saída de José Sarney da presidência do Senado, e também avalia que o peemedebista tem muito mais a explicar além da edição dos atos secretos. “O cancelamento dos atos não responde, não explica as denúncias que o envolvem diretamente, como o nepotismo pessoal, o dinheiro da Petrobras, a mentira sobre a responsabilidade administrativa da fundação, entre outras acusações. O presidente tem que conseguir explicar tudo isso que diz respeito a suas ações”, disse.
Anulação
Nesta terça-feira José Sarney anunciou a anulação dos 663 atos secretos que foram editados pela administração do Senado nos últimos 14 anos. O presidente pediu ainda um relatório à diretoria-geral da Casa com as providências que devem ser tomadas para ressarcir aos cofres públicos todos os pagamentos efetuados ilegalmente a partir de atos secretos.
A comissão criada por Sarney para analisar os atos secretos apontou o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia e o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi como responsáveis pela edição dos atos. Os dois são servidores de carreira do Senado e passaram a responder, na semana passada, a processo administrativo que pode acarretar na sua demissão sumária.
último segundo
Rizzolo: A medida vem tardiamente. Talvez, por isso, seus efeitos pouco serão notados. Ademais, não foi explicitado de que forma isso se daria, como e quando. A grande verdade é que o povo brasileiro já não suporta mais tanta lama. Não é possível que o governo continue dando apoio ao senador Sarney na proporção dos escândalos que surgem a cada dia. Ainda me recordo da cena da ministra Dilma defendendo o Senador com veemência em entrevista. Ora, para alguém que já teve um passado político, como ela mesma se descreve, é no mínimo ridículo proteger Sarney a essa altura do campeonato. Mas o PT há muito deixou de ser um partido idealista, hoje é um balcão de negócios., que passa por cima da ética e dos compromissos com o povo brasileiro.Essa é a verdade.