José Gregório viajou para celebrar seus 72 anos de vida.
Parentes pensam em mandar rezar missa pelas vítimas no Rio.
“Minha vida está de cabeça para baixo”, disse o advogado Marco Túlio Moreno Marques, que desde a manhã de segunda-feira (1º) quando soube do acidente com o voo da Air France, onde estavam seus pais, não consegue mais trabalhar. O advogado que mora na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, vai duas vezes por dia ao Hotel Windsor, onde estão hospedados os parentes dos passageiros para obter informações sobre o voo.
Segundo Marco Túlio, seus pais, o juiz aposentado José Gregório Moreno Marques, de 72 anos, e a mãe, a advogada aposentada Maria Tereza Moreno Marques, de 79 anos, costumavam viajar com frequência para a França.
“Eles viajavam para Paris como quem ia para Petrópolis. Viajavam de três a quatro vezes por ano para lá. A França era como se fosse a segunda casa deles”, contou Marco Túlio, acrescentando que esta viagem seria para comemorar o aniversário de 72 anos de José Gregório.
Na manhã desta quarta-feira (3), segundo Marco Túlio, numa sala do hotel onde estão reunidos cerca de 40 parentes das vítimas da voo 447, funcionários da Marinha e da Aeronáutica informaram que foram encontrados destroços do avião da Air France a cerca de 90 quilômetros do Arquipélago de São Pedro e São Paulo.
“Eles disseram que já foi encontrado um pedaço do avião com cerca de sete metros de diâmetro, dez objetos metálicos e uma mancha de óleo de aproximadamente 20 quilômetros de extensão. Não tenho mais esperanças de encontrar meus pais. Não pretendo ir para o Recife acompanhar as investigações, porque isso não vai adiantar nada”, contou o advogado.
O advogado contou que vai duas vezes por dia ao hotel – pela manhã e à noite – para obter informações sobre as buscas. Ele disse que as pessoas ficam reunidas numa sala com computadores, onde acessam informações através de agências francesas e internacionais de notícias. Só entram no local quem tem um cartão magnético que foi dado apenas aos parentes e a funcionários da Air France.
“Ontem (segunda-feira, dia 2), um familiar chegou a comentar que teriam achado um sobrevivente. Houve uma comoção geral na sala, mas logo em seguida a informação foi desmentida. Já não tenho mais esperanças”, disse o advogado.
Ele contou ainda que um grupo de parentes está se mobilizando para mandar rezar uma missa pelos passageiros, no Rio.
“Não seria uma missa de sétimo dia. Seria só uma forma de celebrar a memória das pessoas queridas. Estamos trocando informações e telefones para ver quando isso pode ser feito”, disse o advogado, resignado.
globo
Rizzolo: Vou transcrever um texto de outro comentário meu a respeito da tragédia, que serve como uma reflexão sobre a perda de entes queridos e a visão espiritual e contextual desse infortúnio.
Dificilmente entenderemos a lógica divina. Na verdade ela não foi constituída para que o nosso sentido humano pudesse compreendê-la. De nada adianta ficarmos revoltados com os desígnios de Deus, muito pelo contrário, a postura que devemos ter em relação às tragédias e os infortúnios, é de conformação. É interessante analisarmos que a mais importante reza judaica aos mortos, Kadish , é na verdade uma exaltação à Deus.
Diante da tragédia devemos exaltar o resplandecer divino, sua glória, só assim poderemos nos situarmos numa mesma dimensão de aceitação, e entender que diante da lógica de Deus necessário se faz o aceitar, até para que a alma daquele que já se foi, possa subir e descançar. Entender a morte, é algo que jamais um cérebro humano será capaz de fazê-lo, a lógica é outra, assim sendo poderemos entender o Kadish suprindo a lacuna entre o ilógico humano e o lógico divino. Mais uma vez espero que as famílias encontrem um conforto espiritual independente da religião, e que as vítimas sejam lembradas por todos aqueles que os conheceram.