Contra fatos, não há argumentos

A intenção do Brasil de investir até U$ 1 bilhão na Bolívia, em acordos celebrados entre os dois países, vem de encontro a uma política honesta de integração entre os demais membros da América Latina. Na verdade, existe uma ressaca das diretrizes neoliberais que foram implementadas durante muitos anos nesses países, patrocinadas pelos governos dos EUA. Nada existe de mágico, ou de conspiratório, como muitos alegam a solidariedade latina ao povo Boliviano, e ao governo de Evo Morales, por conseqüencia. Se tomarmos como exemplo a Bolívia, em 1996, os 20% mais ricos ficavam com 56% da renda nacional; em 2001, ficavam com 58%. Nas mesmas datas a porção da renda destinada aos 20 % mais pobres caiu de 4,2% para somente 3,2 %.

Com todas as diferenças, que são significativas, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Nicarágua, Uruguai e Venezuela tomam rumos que os distanciam das diretrizes norte-americanas e criam vínculos de integração, de relações comerciais, energéticos, e financeiros como o Banco do Sul. O que ocorreu na Bolívia, foi que a imensa população indígena sempre fora esquecida, discriminada, viviam numa exclusão social e política imensurável; o que Evo Morales trouxe ao povo boliviano, foi a auto estima, e a interpretação real de que as riquezas minerais, os hidrocarbonetos, riqueza esta existente na terra boliviana, pertence aos bolivianos. Ora, num país paupérrimo, onde a exploração das riquezas sempre foram feitas e costuradas nas relações sombrias entre a elite e o capital internacional, nada mais natural, que, ao ressurgir com força a democracia participativa, os povos indígenas encontrassem o direito justo e nobre de serem os protagonistas dos desígnios de seu país e de suas riquezas. Costumo dizer que antes tudo ia bem, mas esqueceram os neoliberais do mais importante, da maioria indígena, e este foi o grande erro.

Muito embora a direita raivosa brasileira, que fala muito, mas absolutamente sem base, sem conhecimento, sem dados, abomine a idéia de uma integração entre os países latino americanos, ela caminha com vigor, da direção da inclusão das 230 milhões de pessoas que vivem na linha da pobreza. Os enfrentamentos com as elites quer no Brasil, como nos demais países acontecerão, mas numa visão otimista, faltará, como sempre, na contra argumentação destes separatistas, a cultura, o estudo, o aprofundamento, e o senso crítico discernitivo, e isso a direita no Brasil não tem, haja vista, os blogs de direita financiados pela elite, desprovidos de conteúdo argumentativo, de dados, confusos , aproximando-os mais a um formato das revistas “Caras” e “Quem”. E aqui, não estou acusando ninguem, contudo, contra fatos , não há argumentos, como se diz em bom Direito.

Fernando Rizzolo

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