Enganou-se quem esperava um negro submisso no STF, diz Joaquim Barbosa

“Enganaram-se os que pensavam que o STF (Supremo Tribunal Federal) iria ter um negro submisso, subserviente”, afirmou o ministro Joaquim Barbosa, ao comentar os desentendimentos com alguns de seus pares, como Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Eros Grau, informa nesta segunda-feira reportagem de Frederico Vasconcelos, publicada pela Folha (a íntegra da reportagem está disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Em entrevista à Folha, Barbosa ainda atribui os atritos à defesa que faz de “princípios caros à sociedade”, como o combate à corrupção. Ele entrou em choque com ministros tidos como “liberais” em julgamentos da Operação Anaconda e ficou conhecido popularmente como relator do inquérito do mensalão e recentemente discutiu com Eros Grau sobre a liberação de um preso da Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

Barbosa nega ser “encrenqueiro” e diz não se sentir isolado no tribunal, onde “não costuma silenciar quando presencia algo errado”. Ele critica, por exemplo, os advogados de “certas elites” que monopolizam a agenda do Judiciário, inclusive no Supremo, marcando audiências para pedir que seus processos sejam julgados com prioridade, na frente de outros que entraram na Corte há mais tempo.

Folha online

Rizzolo: O ministro Joaquim Barbosa faz uma defesa de sua atuação no Supremo com muita propriedade. Não compreendo o porquê, de tanta indignação por parte de determinada corrente jurista ao observar as causas que o ministro negro abraça com seu devido fervor. Não há absolutamente nada que o ministro Joaquim Barbosa diga que não é a verdade, principalmente no tocante à observação em relação a advogados de “certas elites” que monopolizam a agenda do Judiciário, inclusive no Supremo, como afirma do nobre ministro. O ministro Joaquim Barbosa além de ser um grande jurista ocupa um cargo emblemático que representa o espírito de dignidade dos negros que pouca voz ativa tivera no decorrer da nossa história.