Mulheres jovens sofrem com ‘fadiga de gênero’ e discriminação

LONDRES – As mulheres na chefia já não são algo estranho no mundo corporativo, onde as principais empresas consideram um “dever” aplicar programas que garantam a igualdade de gênero e a diversidade.

A incorporação de horários flexíveis de trabalho, licenças-maternidade e redes de mulheres virou norma em muitos setores.

Mas a diversidade de gênero no mundo dos grandes negócios gera a ilusão de que os problemas estão “resolvidos”, o que torna mais difícil detectar a discriminação sutil e até pode afetar as mulheres jovens em início de carreira.

“As mais jovens têm problemas para se conectar com as redes de mulheres no local de trabalho porque as consideram algo pertencente à geração de suas mães”, disse Elisabeth Kelan, professora do Departamento de Trabalho e Organizações do Kings College, em Londres.

Kelan descreve essa situação como “fadiga de gênero”, que implica que as pessoas no local de trabalho não têm energia para lidar com algo que já não veem como um problema.

A pesquisa que realizou para escrever o livro “Performing Gender at Work” concluiu que as mulheres jovens não estavam comprometidas com as redes femininas porque muitas as consideravam meros “clubes para se queixar”.

“Isto faz com que estejam privadas de dar sua opinião e que não tenham espaço onde debater os problemas de gênero que sofrem no trabalho”, acrescentou.

As empresas fizeram grandes esforços para combater a discriminação de gênero mediante a nomeação de funcionários dedicados ao tema da diversidade e a criação de programas que elevaram a igualdade entre os sexos.

Mas as mulheres seguem sendo minoria nos postos mais altos e têm dificuldades para manter seu status na carreira depois de ter filhos.

Alison Maitland, coautora junto com Avivah Wittenberg-Cox do livro “Why Women Mean Business”, diz que a discriminação frequente e repetidamente é inconsciente até que as pessoas se deem conta.

“Está enraizada no sistema, as expectativas e as atitudes nas organizações que foram projetadas e construídas por homens em outra época, quando eles eram a fonte de renda primária — e muitas vezes única — na família”, disse Maitland, que é diretora da Junta do Conselho Europeu para a Diversidade no Trabalho.

Maitland crê que a chave para a mudança é o surgimento de líderes comprometidos nos postos corporativos mais altos que compreendam que o equilíbrio de gênero é um tema de negócios, não uma questão que as mulheres devam “resolver.”

Os programas de diversidade são bons para centrar a atenção no tema de gênero, mas não são suficientes por si só, disseram especialistas.

“Não consideramos a diversidade de gênero como um adendo”, disse Jim Wall, presidente executivo de diversidade e gerente de talentos da Deloitte Touche Tohmatsu.

“Se está agregado, não é efetivo. Com esse enfoque particular, produz-se uma rápida adoção de um programa sem mudar o contexto geral da organização. Não é sustentável,” opinou.
agência estado

Rizzolo: A luta das mulheres por melhores condições de trabalho, salário, emprego jamais terminará. A forma na condução dessa luta será diversa e terá como aliada os novos meios de comunicação e pressão política que estes poderão fazer. Nesse dia Internacional da mulher, pensei numa forma de homenagear as mulheres. Lembrei-me dos meus primeiros anos de vida, minha mãe, minha avó, uma baba negra que cuidou de mim até os meus 9 anos, enfim todas as mulheres que influenciaram minha formação e tiveram no olhar a doçura, o amor, e a compreensão. Sei que em todas as mulheres existem esses dons, e hoje é um dia especial para eu dizer obrigado a todas as mulheres do Brasil.