Com muito orgulho participei do ato nas Arcadas, na sala do estudantes !!
Gabriel Chalita, escritor, católico, e radialista da Canção Nova, fala sobre a campanha a campanha de ódio feita contra Dilma
http://www.youtube.com/watch?v=xS2pv2z8BP4&feature=player_embedded%5D
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), manifestou-se, por meio de nota, “preocupada com o momento político na sua relação com a religião”. “Muitos grupos, em nome da fé cristã, têm criado dificuldades para o voto livre e consciente”, afirmou a entidade, no comunicado.
A manifestação deve endereço certo: o bispo de Guarulhos (SP), d. Luiz Gonzaga Bergonzini, que tem pregado o voto contrário à candidata Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando. Ele também quer levar o aborto para o centro do debate eleitoral, embora nenhum candidato tenha se proposto a mudar a legislação sobre práticas abortivas.
“Dos males, o menor”, tem dito d. Luiz Gonzaga, ao defender o voto contrário a Dilma que, segundo ele, apoia o aborto. A candidata já negou várias vezes essa suposição, mas o bispo tem usado suas missas para acusar Dilma e o PT de terem incluído em seu programa de governo a defesa do aborto. Guarulhos, na Grande São Paulo, tem 1,3 milhão de habitantes.
Para o secretário-executivo da Comissão Justiça e Paz, Daniel Veitel, Dilma foi a única candidata que se declarou claramente a favor da vida. “O José Serra (presidenciável do PSDB) não tem uma posição clara”, criticou. Veitel lembrou que a CNBB não impôs veto a ninguém nas eleições. Afirmou ainda que alguns grupos continuam induzindo erroneamente os fiéis a acreditarem nisso.
“Constrangem nossa consciência cidadã, como cristãos, atos, gestos e discursos que ferem a maturidade da democracia, desrespeitam o direito de livre decisão, confundindo os cristãos e comprometendo a comunhão eclesial”, afirma a nota da comissão.
Da Redação, com informações da Agência Estado
Rizzolo: Na verdade essa questão do aborto é um pano de fundo para abrir uma polêmica contra a candidata Dilma, até por que Serra também não se definiu , aliás, o Jornal Nacional desta quarta-feira 06/10 escondeu a gafe cometida pelo candidato José Serra durante a reunião que ele teve com aliados em Brasília. Foi uma gafe relevante, já que ele tratava da questão que os tucanos trouxeram com força para o debate político nos últimos dias: o aborto. Serra disse: “Eu nunca disse que sou contra o aborto, até porque sou a favor”.
A candidata da PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, respondeu hoje a um artigo publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assinado por d. Luiz Gonzada Bergonzini, bispo de Guarulhos, na Grande São Paulo, recomendando o boicote à candidatura dela por causa da defesa do aborto nos casos permitidos por lei. Em entrevista à rádio Marano, de Garanhuns (PE), concedida hoje de manhã, Dilma avaliou que o aborto não deve ser tratado como uma questão religiosa, mas de saúde pública.
O texto do bispo, intitulado “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, foi publicado na segunda-feira, mas não está mais disponível para leitura no site da CNBB. No artigo, d. Luiz diz não pertencer a nenhum partido, mas ressalta que, como bispo, “denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus, como o suicídio, o homicídio, assim como o aborto, pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender”.
“Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto”, diz o texto. “Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não deem seu voto à senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais ”liberações”, independentemente do partido a que pertençam.”
Na entrevista, Dilma afirmou que a posição de d. Luiz não representava a da CNBB como um todo. “Até onde eu sei não é a posição da CNBB”, disse. Ela defendeu que o governo cumpra a lei e faça o procedimento em estabelecimento de saúde públicos nos casos estabelecidos por lei – estupro e risco de morte para a mãe.
“O que nós defendemos é o cumprimento estrito da lei, que prevê casos em que o aborto deve ser feito e provido pelo Estado”, afirmou a petista, ressaltando que mulheres com melhores condições fazem abortos em clínicas, enquanto as menos favorecidas acabam recorrendo a técnicas perigosas, como o uso de agulhas de tricô.
“Não conheço nenhuma mulher que ache aborto uma coisa maravilhosa. Não se deve tratar a questão como religiosa, mas de saúde pública”, afirmou. “(O bispo) parte de pressuposto incorreto. Tanto eu quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não somos pessoas que acham que o aborto é algo para se falar que se defende. O aborto é uma violência contra corpo de mulher”, disse a candidata.
estadão
Rizzolo: Bem essa é uma questão controversa, pessoalmente sou contra o aborto, porem existem casos já previstos em lei que se autoriza fazê-lo. A grande questão é a população de mulheres pobres, que acabam se submetendo à clinicas clandestinas, muitas vezes contraindo infecções, e morrendo. Eu entendi muito bem a colocação da candidata Dilma Rousseff, não é que ela seja a favor do aborto, aliás só uma pessoa com um coração maldoso poderia apregoar e achar que o aborto é bom, sua colocação foi a de saúde pública, restrita a esse universo.
Em relação ao Velho Testamento o aborto é proibido, até porque ao meu ver, isso é um retrocesso espiritual, tanto é que dois grandes rabinos de Israel dirigiram uma carta às comunidades judaicas locais dizendo que os abortos no país “atrasam a chegada do messias”, informa a edição digital do jornal Yedioth Ahronoth. “A imensa maioria dos abortos é desnecessária e está proibida pela Halajá (lei religiosa judia)”, assinalam Yona Metzger e Shlomo Amar na carta.No escrito, o rabinato superior anuncia que estuda renovar a luta contra o aborto com a criação em seu seio de um comitê especial para tratar de impedir o “assassinato de fetos no ventre das mães”. Trata-se de uma “autêntica epidemia que leva a cada ano a vida de dezenas de milhares de judeus” e que “além da gravidade do pecado, atrasa a chegada do messias”.
BRASÍLIA – Os envolvidos no processo de aborto de uma menina de 9 anos que foi estuprada foram excomungados pelo arcebispo de Olinda e de Recife, d. José Cardoso Sobrinho. De acordo com a polícia, o padrasto da criança já confessou que abusava da garota. A decisão da Igreja foi criticada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
Para o ministro, a decisão foi “radical” e “inadequada”. “A lei brasileira é muito clara: a interrupção da gravidez é autorizada em caso de estupro. Trata-se de uma criança e, do ponto de vista biológico, não acredito que ela tivesse condições de levar a termo essa gestação de gêmeos”, disse, ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro.
Para Temporão, o ato de excomungar os envolvidos no aborto é um contra-senso diante do que aconteceu à criança, vítima de estupro pelo padrasto. “Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante.”
agência estado
A menina está em uma maternidade pública do Recife, onde foi internada na última terça-feira, 3, quando começou a receber medicamentos para interromper a gravidez. No fim da manhã da quarta-feira, 4, a direção do hospital confirmou o aborto.
Rizzolo: Realmente a postura da Igreja Católica neste caso é lamentável. Ademais, afronta algo do ponto de vista jurídico como lícito. Não bastasse o sofrimento que o destino impôs a esta criança, os envolvidos, no estrito cumprimento do dever legal, sofrem esta censura religiosa. O ministro Temporão está coberto de razão ao expor sua indignação. Por estas e por outras tantas, é que os evangélicos avançam em direção a mais adeptos a cada dia que passa. Neste caso específico, não há que questionar aspectos religiosos, e sim aliviar o sofrimento das vítimas.
Documento da Igreja Católica intitulado “Análise da Conjuntura”, divulgado ontem durante congresso internacional em Indaiatuba (SP), critica a ação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva frente à crise econômica e diz que “Lula entregará ao seu sucessor ou sucessora um país em situação tão precária quanto a que recebeu”.
Ao tratar do tema “A política econômica do Brasil frente à crise”, a análise aponta que “o presidente continua dando força ao agronegócio e à mineração, sem atentar para os danos ambientais”, e que isso gerará “a crise ecológica” no país.
“Tudo se passa como se o aumento da produção para a exportação fosse uma solução e não um paliativo que adia a crise econômica, mas antecipa a crise ecológica, que é muito mais grave e que prejudicará mais os mais pobres do que os ricos”, diz um trecho do texto.
O documento tem dez páginas e é assinado por padres e teólogos que são assessores da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
A “Análise de Conjuntura” foi feita a pedido da CNBB para orientar os bispos sobre temas atuais. Apesar disso, há uma aviso no início do texto que diz que “este não é um documento oficial da CNBB”.
A análise foi divulgada durante congresso internacional “Cultura da vida e cultura da morte”, promovido pela CNBB e pela Pontifícia Academia Pro Vita, um centro de estudos do Vaticano. O evento começou anteontem e termina amanhã. Entre os temas discutidos por especialistas estão aborto, eutanásia e bioética.
Lula
Ainda no tópico que trata da crise econômica, os religiosos indicam que a política industrial do governo federal “vai no sentido de favorecer a indústria automobilística, como se ela tivesse futuro”.
“Fazendo de conta que a crise é apenas financeira e que o capitalismo encontrará uma solução tecnológica para os problemas de energia e de meio-ambiente, Lula entregará a seu sucessor (a) um país em situação tão precária quanto a que recebeu, com o agravante de um contexto mundial em recessão e não em crescimento”, diz trecho do documento.
Em outro tópico, denominado “A crise humanitária numa África ensangüentada”, a igreja aponta que a crise econômica “parece querer ofuscar que sua gravidade reside menos na quantidade de dólar que perdem o seu valor, do que na sua conjunção com outras crises menos visíveis: crise ecológica, energética e humanitária”.
Ao tratar da chamada “crise humanitária”, o texto descreve conflitos atuais no Congo e faz críticas à mídia. “O conflito na África não mobiliza a mídia, pois trata-se de populações pobres, cujas vidas parecem não ter o mesmo valor que a das populações ricas.”
Agência Estado
Rizzolo: O texto elaborado pela Igreja é um pouco romântico, mas o suficiente para gerar uma polêmica em relação à atuação do presidente Lula. Com efeito, o PT poderá entregar o País em situação precária, mais em face ao problema da crise mundial. Muito mais é claro, do que em razão das questões “ecológicas, capitalistas ou o Agronegócio” como afirma a Igreja.
Todos sabem que este Blog tem muitas restrições ao governo Lula, mas as pontuações, as críticas, sempre são levadas em conta o aspecto real econômico, ou seja, procura-se na análise crítica, argumentações plausíveis. Contudo, neste documento, ao que parece, a condição ideológica da Igreja assume um papel romântico de pouco lastro argumentativo, o que a torna incipiente e inócua.
A Igreja já teve em outras épocas, argumentos mais alinhados com a realidade política e econômica do que os de agora. É uma pena. Já estou até prevendo o que vão dizer. ” O Rizzolo bate no Lula todo dia, mas o defende dos ataques da Igreja ” Digam o que quiser, mas saibam que para convencer, os argumentos devem ser robustos, sólidos, e cristalinos. Desta vez, a Igreja perdeu-se na mesmice ideológica.
Os mistérios que envolvem a vida, sempre nos levam a reflexões que de uma forma ou de outra, nos colocam a um dilema que forçosamente nos conduzem a um conceito de Justiça. Poderia essa justiça se expressar em igualdade de oportunidades, direito a saúde, educação, e para isso, com certeza, teríamos instrumentos capazes de promover as devidas mudanças, desde os repugnáveis instrumentos revolucionários como a luta armada, ou os mais éticos ou humanos como a democracia, baseado na educação na informação e no civilismo. Estar vivo representa, em última instância, estar tutelado por algum direito, por algum instrumento capaz de alterar esse estado de necessidade.
A questão se torna complexa, quando temos que defender alguém que ainda não veio a este mundo, mas que com certeza após determinado tempo de gestação, se tornará um de nós. Baseado então em que poderíamos nos preocupar com um ser que ainda não é humano? Essa é a questão onde o Judaísmo e o Cristianismo me parecem dar as mãos. O problema é que ao procurar a origem desse conceito de defesa à vida, nos deparamos com as questões dos humanos, questões essas que passam pelo individualismo, e tomam contornos primordiais no julgamento de quem deve vir ao mundo e quem não tem este direito. A miséria, os problemas sociais, a desinformação, levam um contingente enorme de mulheres a questionar se podem ou não dar à vida a alguém que já de certa forma vive.
É nesse esteio de julgamento, cujos valores materiais decidem uma futura vida, que se apóia o direito ao aborto. Bem disse de forma apaixonante o arcebispo de São Paulo d. Odilo Scherer, que a Igreja Católica vai agir politicamente para impedir a aprovação, pelo Congresso Nacional, de projetos de lei que legalizam o aborto, a eutanásia e o uso de embriões em pesquisas científicas. Segundo ele, as propostas que dizem respeito ao que pode ser feito com “seres humanos” desvalorizam a vida, o que é inaceitável: “a Igreja não pode ter uma posição condescendente quando se trata da defesa da vida”.
A defesa da vida é comum a todos os seres vivos, e claro, é sabido que a interrupção de uma gravidez se dá, na maioria dos casos, por motivos financeiros, de conveniência; o que em última instância, se refere a uma incompetência do Estado, do regime capitalista ou socialista, seja ele qual for, a se sobrepor a essas condições humanas materiais que se posicionam acima dos valores da vida. Essa postura, é no mínimo, um desrespeito à Deus. O conceito divino nos obriga a encontrar meios para que a vida esteja acima dos interesses de sobrevivência, isso sim é um problema dos nós humanos que já vivemos neste mundo. Fica evidente no Judaísmo, que o aborto é condenável, exceto quando este ser que ainda não é humano, e sim um início de vida, ameace a vida de ser maior humano, a mãe. Neste caso, uma vida maior (a mãe) estaria definitivamente ameaçada, e assim nossos sábios entendem então, que poderia-se interromper a gravidez.
O conceito de não matarás do ponto de vista bíblico ou religioso, deve ser analisado caso a caso. Não podemos aceitar que um assassino liquide nossas vidas, para isso temos o instituto da legítima defesa, numa guerra matar é conseqüência de um conflito, mas inevitável, muito embora reprovável do ponto de vista ético. Fica patente, que a análise de cada caso poderá ensejar uma interpretação, contudo, no caso da liberalização do aborto a vida se torna banal, e nesse ponto as religiões se convergem.
Talvez a solução dos problemas sociais um dia virá ao nosso pobre país, não nessa geração, mas com certeza a redenção da maioria pobre e desassistida poderá enfim ser redimida por políticos sinceros, que por amor à vida, disponibilizarão meios materiais envoltos de Justiça Social. Talvez esse líder ainda virá, e não poderemos perder a oportunidade de deixá-lo nascer defendendo alguém que ainda não veio.
Fernando Rizzolo