IGP-M registra deflação de -0,01% em agosto
A desaceleração da inflação de junho para julho, aferida por vários indicadores, foi generalizada e puxada principalmente pela queda dos preços dos alimentos. E já na primeira prévia de agosto, ocorreu variação de -0,01% no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A redução dos preços de commodities agrícolas no atacado e dos preços de alimentos no varejo foi responsável pela deflação. Na primeira prévia de julho, havia ocorrido um aumento de 1,55%.
O IGP-M é usado como referência em reajustes de aluguéis e tarifas (água, luz e telefone), e também no mercado financeiro. Dois dos três componentes do IGP-M apresentaram desaceleração na passagem do decêndio de julho para o primeiro decêndio de agosto: o IPA (preços por atacado) teve deflação de 0,24% ante 1,97% verificado em julho. Já o IPC (preço ao consumidor) a desaceleração foi de 0,42% para 0,07%. A maior contribuição foi do grupo Alimentação que apresentou uma deflação de 0,59 em agosto ante uma variação de 0,89% na prévia de julho.
O primeiro decêndio do IGP-M de agosto compreendeu o intervalo entre os dias 21 e 31 de julho.
O índice que mede a inflação oficial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve uma variação de 0,53% em julho, ante 0,74% registrada no mês anterior. Ou seja, uma queda de 0,21 ponto percentual. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o grupo alimentos e bebidas apresentou um aumento bem menor do que nas apurações anteriores. A taxa caiu de 2,11% em junho para 1,05%, em julho. Segundo o IBGE, “alguns alimentos registraram inclusive variações negativas nos preços. O consumidor passou a pagar menos, por exemplo, pelo arroz, que, de uma alta de 9,90% em junho, passou para uma queda de 0,51%”.
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), de acordo com a FGV, passou de 1,89% em junho para 1,12% em julho. Esse indicador foi puxado para baixo com a diminuição da variação de 3,88% para 1,14% dos preços dos produtos agrícolas no atacado, no período.
O Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), referente a famílias com renda mensal de 1 a 2,5 salários mínimos, caiu de 1,29% em junho para 0,61% em julho, em função da queda ou deflação de preços de alimentos.
ESPECULAÇÃO
A redução da inflação se deu no mesmo momento em que os preços das commodities – que virou alvo dos fundos de especulação após a derrocada da pirâmide de papéis imobiliários nos EUA – tiveram queda acentuada nos mercados futuros, nas maiores economias mundiais. Nos últimos 30 dias, até 7 de agosto, segundo o índice Commodity Research Bureau (CRB), o preço do milho teve uma queda de 27% e a soja, 22%. Já o petróleo, a variação foi de -17%.
Os resultados, de imediato, remetem ao terrorismo inflacionário propalado pelo Banco Central, escorado por seus colunistas na mídia, o pretexto para a nova escalada dos juros.
A especulação externa com commodities, particularmente com alimentos, teve reflexos em nosso mercado interno. No entanto, para Meirelles e demais membros da trupe do Comitê de Política Monetária (Copom) os aumentos localizados se deram em função do aumento do consumo da população, passando alardear um suposto descontrole inflacionário. Era apenas o pretexto para aumentar os juros, mesmo com a inflação dentro dos limites estabelecidos pelo regime de metas – o IPCA acumula 6,37% nos últimos 12 meses -, feito de encomenda para transferir os recursos do Tesouro Nacional para a especulação financeira. Na ótica do BC, errado estava o presidente Lula quando determinou, após a estagnação verificada em 2005 e 2006 – resultante exatamente da política de juros alucinados de Meirelles -, que fosse implantada uma política de crescimento acelerado.
Além do “surto” inflacionário, Meirelles tem alegado que o BC visa o centro da meta (4,5%) para 2009. Ou seja, não se trata apenas de manter a inflação dentro da banda (entre 2,5% e 6,5%). Mas, se o objetivo é o centro, para que ter banda? A não ser que o objetivo seja manter os juros nas alturas e derrubar o crescimento para abaixo dos 4%, conforme as estimativas do PIB divulgadas semanalmente pelo boletim Focus.
Hora do Povo
Rizzolo: Essa questão do BC de focar a inflação no centro da meta, e ao mesmo tempo em que notamos uma desaceleração nos preços dos alimentos, Meirelles insiste que a inflação é devido a demanda interna, serve apenas, na verdade, para chancelar sua política de alta dos juros, visando beneficiar os especuladores. Ora, se observamos uma queda do preço das commodities, se observamos no mercado interno uma desaceleração dos preços, porque insistir no “centro da meta”?
A verdade é que o Copom e o BC que no Brasil são ” autônomos “, e isso para eles é uma maravilha, não querem o desenvolvimento do Brasil, não querem e pouco se importam no fato de termos que criar 4,5 milhões de novos empregos por ano para absorvermos os jovens que entram no mercado de trabalho. Inflação, como eu sempre afirmo, se combate com desenvolvimento, produção, maior oferta de produtos, que por si, gera mais emprego e desenvolvimento.
A situação agora é ruim, até porque com a queda dos preços das commodities comprometeremos o superávit comercial, as exportações nossas de manufaturados estão emperradas face ao real valorizado, enquanto isso a ” farra no Cassino Brasil” continua, e o batuque dos enormes lucros dos bancos prestam vassalagem ao governo Lula, o presidente preferido pelo povo e pelos banqueiros que se refastelam nos lucros.