Vizinhos ‘têm receio de liderança de Lula, diz ‘La Nacion’

O presidente Luís Inácio Lula da Silva enfrenta receio de seus colegas sul-americanos quanto à busca do Brasil pela liderança regional, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal argentino La Nacion, por ocasião da cúpula presidencial em Salvador.

O encontro vai reunir 29 presidentes latino-americanos. “Alguns analistas avaliam que o país anfitrião vai mostrar sua liderança regional nesta cúpula quádrupla – a do Mercosul, da Unasul, a primeira da América Latina e do Caribe e a do Grupo do Rio – mas outros analistas advertem que nem todos os líderes estão contentes com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, inclusive a Argentina”, diz o jornal.

“Há mal estar da Argentina, Equador, Bolívia e Paraguai com o Brasil”, diz o jornal, que diz que estes países “questionam a orientação que (o Brasil) quer impor na economia”.

Segundo o La Nacion, as diferenças começaram durante as negociações da Rodada Doha de comércio global em julho, em Genebra, quando o Brasil, que negociava em nome dos países em desenvolvimento, aceitou a proposta dos países ricos apesar da oposição argentina.

“O Brasil usa os países em desenvolvimento para se posicionar como jogador global e depois faz com eles o mesmo que os países desenvolvidos”, disseram analistas do governo de Cristina Kirchner ao jornal. Segundo esses analistas, a Índia e a África do Sul também teriam ficado descontentes com a mudança de posição brasileira em Doha.

Já o Equador, segundo o jornal, está envolvido em duas disputas com o Brasil, um por conta da expulsão da Odebrecht por conta de uma represa e outra por um empréstimo do BNDES para a construção dessa empresa.

“Os países reunidos no bloco Alternativa Bolivariana para a América (ALBA), liderados pela Venezuela de Hugo Chávez, se solidarizaram com o Equador neste caso. Diferentemente da petro-diplomacia de Chávez, Lula não saiu pela região apoiando candidatos presidenciais nem assegurando o abastecimento energético.”

O La Nacion afirma que Bolívia e Paraguai também mantêm tensas negociações com o Brasil, a Bolívia por conta do preço do gás vendido ao vizinho, e o Paraguai por conta do preço da eletricidade gerada por Itaipu.

Em editorial sobre as cúpulas paralelas em Salvador, o La Nacion afirma que no encontro, os presidentes Lula e Chávez vão continuar disputando dissimuladamente a liderança regional, mas que, provavelmente, será difícil que os líderes regionais cheguem a um acordo sobre uma política comum e como colocá-la em prática. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Agência estado

Rizzolo:Muito embora a política internacional brasileira tem sido desastrosa em muitas questões, realmente pode-se observar um mal-estar entre os vizinhos na medida em que o governo brasileiro não chancela todas as posições adotados pela maioria dos países da América Latina.

E isso o faz com muito bom senso, vez que a contaminação ideológica nas tomadas de decisões desses países, atrapalham o desenrolar e os avanços com os demais países como os EUA e a Europa. A visão ainda antiamericana desses países, é retrógrada e o Brasil jamais deve compactuar com esses ideais bobos. Lula muito embora alguns não concordem, é um grande estadista, e acredito que a melhor forma de manter-se nos limites de sua popularidade atual, é se afastar daqueles que internamente bradam o grito petista de radicalismo.

Aliás, a nova pesquisa sobre a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu a 80,3% em dezembro e bateu novo recorde, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda-feira, 15. Em setembro, a aprovação pessoal do presidente estava em 77,7%.

Após recorde em 2007, investimentos podem desabar com crise

GENEBRA – Depois de atingir um recorde histórico em 2007, os investimentos podem desabar no mundo diante da crise financeira em 2008 e multinacionais já refazem seus planos. As projeções indicam que os países emergentes sofrerão menos, mas não devem ficar imunes ao choque. Um relatório divulgado nesta quarta-feira, 24, pela ONU aponta que os investimentos no mundo devem cair em pelo menos US$ 200 bilhões em 2008, em comparação aos dados de 2007. O Brasil é, para as maiores multinacionais, o quinto destino preferido de seus investimentos até 2010 e voltou a ser o maior receptor da América Latina.

A avaliação foi feita antes da crise que eclodiu na semana passada e, para os especialistas, tudo indica que o cenário deva ser ainda mais negativo diante das falências. A projeção inicial era de que os investimentos no mundo seriam cortados em 10%, “Acho que a queda será bem maior”, afirmou o secretário-geral da Conferência da ONU para o Desenvolvimento e Comércio, Supachai Panitchpakdi.

Antes da semana negra, a previsão era de que o Brasil poderia repetir e até superar o volume de investimentos de 2007, quando atingiu US$ 35 bilhões. A América do Sul foi ainda a região que registrou o maior incremento de investimentos em um só ano. A alta foi de 66% entre 2006 e 2007, puxada pelo Brasil. Para a ONU, a região se mostrou resistente aos choques e à desaceleração já apresentada na economia americana em 2007.

Por isso, há ainda uma certa esperança de que a queda em 2008 não seja tão pronunciada na região e no Brasil. Até agosto deste ano, o ritmo de crescimento dos investimentos era acelerado e o País já havia recebido US$ 25 bilhões.

A previsão falava de um novo recorde para o País e para a América Latina. Mas, com a turbulência, ninguém ousa por enquanto dizer qual será o novo volume de investimentos no País. O certo, segundo uma pesquisa com 300 multinacionais, é que os temores de uma desaceleração da economia já estavam fazendo os executivos repensar seus investimentos. A pesquisa mostra que o número de empresa que irá rever os planos aumentou de forma significativa.

Mesmo assim, o Brasil aparece como o quinto destino preferido entre as empresas pesquisadas. Em 2007, 12% dos executivos colocaram o Brasil como um dos destinos. Neste ano, 22% indicaram o País. Graças ao fluxo do primeiro semestre, o ano fechará com uma alta nos investimentos em relação a 2006, quando o fluxo atingiu US$ 19 bilhões. Para 2009, a ONU admite que o cenário pode ser pior.

O levantamento também confirma o interesse das multinacionais pelos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) que ocupam quatro das cinco primeiras posições. A liderança da China, porém, é ampla e o Brasil é apenas o último entre os quatro países do bloco.

Recorde

2007 ainda registrou um volume recorde de investimentos no mundo, chegando a US$ 1,8 trilhão. O volume foi 30% superior ao de 2006 e US$ 400 bilhões superior ao recorde anterior, registrado no ano 2000. Com isso, os estoques de investimento no mundo chegaram a US$ 15 trilhões.

Os países ricos ficaram com grande parte dos fluxos, cerca de US$ 1,2 trilhão, 33% acima do ano anterior. Até o ano passado, os americanos eram os líderes em termos de destino, com US$ 232 bilhões, seguido pelo Reino Unido e França. Os americanos também foram os maiores investidores do mundo no ano passado, com US$ 313 bilhões. Os fluxos para a Europa totalizaram US$ 804 bilhões em 2007, 43% acima do valor do ano anterior. Mas o volume para os emergentes atingiu seu recorde também em 2007, com US$ 500 bilhões. Metade desses recursos foi para a Ásia.

Cenário

Para 2008, a melhor das hipóteses é uma queda de 10% no total dos investimentos. Mas a própria ONU admite que a queda será bem maior. Apenas no primeiro semestre, o número de aquisições no mercado mundial despencou em 29%. “Está claro que haverá uma queda diante da crise”, afirmou o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi.

O impacto mais pronunciado será nos países ricos e a resistência dos países emergentes pode ajudar. Mas os economistas admitem que, na melhor das hipóteses, o crescimento dos fluxos de investimento para os países emergentes ficará estagnado. “Obviamente que se a crise continuar, os emergentes também serão afetados”, afirmou Panitchpakdi.

Para ele, não é de hoje que a ONU pede que o mundo debata um novo marco regulatório para o setor financeiro. “Precisa haver transparência. É inevitável que o estado tenha de voltar a ter um papel mais pronunciado nesse setor”, disse.
Agência Estado

Rizzolo: Particularmente eu acredito que vai haver uma retração nos investimentos de uma forma geral, contudo, no que diz respeito ao Brasil, acredito que um maior impacto surgiria se a economia da China sofresse um maior abalo, vez que nossas exportações de produtos primários constantes nas commodities, estão muito vinculadas aos países emergentes, e em especial à China.

Com efeito a melhor saída é ainda o fortalecimento do mercado interno, a vinculação dos recursos públicos nos financiamentos em substituição aos empréstimos no exterior, e desenvolvermos a indústria de manufaturados. Hoje as nossas exportações estão muito concentradas nos produtos primários, e urge a necessidade de desenvolvermos os manufaturados, agregando dessa forma valor aos nossos produtos. Além disso não podemos deixar de investir na infra-estrutura, a base de sustentação para o crescimento.

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