Governador paulista quer frear escândalo Arruda, diz jornalista

Segundo relato de Rodrigo Viana, ex-jornalista da Rede Globo e responsável pelo blog “Escrevinhador”, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), intercedeu junto à emissora pedindo para “pegar leve com Arruda” e evitar maiores repercussões sobre o esquema de propina descoberto no governo de José Roberto Arruda/Paulo Otávio, revelado pela Operação “Caixa de Pandora”, da Polícia Federal.

“Isso respingaria na minha candidatura”, teria argumentado o tucano, na descrição de Rodrigo Viana, que tem como fonte um senador. Este parlamentar, diz Viana em seu blog, tem informações seguras sobre o esquema do governador do DF. “Em julho, ele avisou a vários jornalistas que havia uma fita de Arruda pegando dinheiro. Poucos acreditaram. As fitas estão aí”, lembra Viana, descrevendo o parlamentar como “um dos mais bem informados do Congresso (ele transita bem entre governistas, mas é de um partido que tem boas relações com a oposição)”.

Agora ele adverte que a fita mais impactante ainda não foi divulgada. Arruda apareceria numa cena de “adoração monetária”, louvando as notas novinhas em folha. “Eu vi a fita, ela existe. Só não sei se vai aparecer”, disse o membro do Senado.

O senador deu as informações numa conversa em “off” com jornalistas: “a Globo vai tirar o pé do escândalo, o Serra chamou a direção de jornalismo e ‘pediu’ (ênfase irônica) para baixar a bola, e não bater tanto no Arruda”, informou o parlamentar. O que tem atrapalhado o plano tucano de sumir com o escândalo são as manifestações, carreatas e protestos quase diários exigindo a saída do governador e do vice. Além disso, destacam-se as ações da OAB-DF e outras entidades, que estão determinadas a não descansar enquanto Arruda, Paulo Otávio e sua turma não forem defenestrados do Palácio do Buriti.

Na avaliação do ex-jornalista da Globo seria difícil ignorar um escândalo desses. Mas, em sua visão, tudo é uma questão de ênfase jornalística. O pedido de Serra, segundo ele, “não foi pra sumir com o caso, mas pra baixar a bola…”. Coincidência ou não, na mesma hora em que a Rede Record fazia uma reportagem de meia hora sobre a pancadaria promovida por Arruda contra os estudantes em frente ao Palácio do Governo do Distrito Federal, no início da semana passada, a Globo apresentava uma reportagem sobre um robô no Japão. Também na mesma semana, o “panetonegate” já tinha sumido da primeira página da “Folha”. Mas, no caso da Folha, nem precisaria mesmo do “pedido” de Serra. Para se ter uma idéia da “isenção” dos Frias, no auge do escândalo de Arruda, uma das manchetes da “Folha”, foi “Dinheiro do BNDES sai mais rápido para petistas”.

“Parece inacreditável. Mas, nesse caso, quase tudo parece inacredi-tável: das meias e cuecas à desculpa do panetone… Eu já não duvido de mais nada”, comenta o blogueiro, atualmente trabalhando na TV Record de São Paulo.

Num dos novos filmes revelados esta semana Arruda aparece pedindo a Durval Barbosa que arranje um emprego para seu filho, além de insinuar que tem algum esquema no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Além de receber os pacotes de dinheiro, ele diz “isso aqui é para resolver as questões no TSE”. Sobre seu filho, ele acrescenta. “O menino formou em economia. Você arranja aí uma colocação para ele numa dessas empresas do esquema, mas não deixa ninguém saber que ele é meu filho”. Segundo alguns cálculos, cerca de R$ 500 milhões foram desviados pela quadrilha chefiada por Arruda. Tudo devidamente filmado e gravado por Durval Barbosa, até então, homem de confiança do governador.

A preocupação do tucano com o desgaste que sofrerá com a continuidade das notícias sobre o caso Arruda tem fundamento. Serra tinha praticamente convidado o governador para compor sua chapa como vice na eleição de 2010. Ele estava tão empolgado com Arruda que já tinha até um magnífico e criativo slogan para a campanha eleitoral da dupla. “Vote num careca e ganhe dois”, disse Serra, sob risos e aplausos de seguidores de ambos, numa reunião realizada em setembro, em Brasília. O encontro, que teve a presença dos “dois carecas” foi realizado para a assinatura de um convênio entre a Sabesp (empresa de saneamento paulista) e a Caesb, sua congênere no Distrito Federal (ver foto ao lado, reprodução do vídeo que corre na internet).

SÉRGIO CRUZ

Jornal Hora do Povo

Rizzolo: Bem primeiramente precisa-se saber se isso é verdade, se houve efetivamente ” um pedido de Serra”, eu acho difícil. Para casos como este, Serra nem precisaria “pedir”. Se a emissora, como consta o texto é pró Serra, para que ” pedir”? Agora não há dúvida que isso irá respingar na candidatura Serra. Provavelmente na campanha política o PT vai requentar o assunto até sua exaustão, e não é por menos, um mensalão do DEM deverá ser explorado como assim o foi, o mensalão do PT, nada mais natural, não é?

Arruda anuncia desfiliação do DEM e diz que deixa vida política

BRASÍLIA – O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, anunciou nesta quinta-feira, 10, seu desligamento do DEM. O partido se reuniria na manhã sexta-feira, 11, para decidir o destino de Arruda, que está sendo acusado de envolvimento em esquema de corrupção.

Em coletiva de imprensa realizada sede do governo, o governador do DF disse também que se afastará da vida política.

Na quarta-feira, o governador havia entrado com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de suspensão da reunião do DEM, mas a ministra do TSE, Carmem Lucia, negou o recurso.

Apesar de Arruda alegar que não teve direito de defesa nesse processo, a ministra Carmem Lúcia disse que o próprio governador afirma que foi notificado a apresentar defesa em oito dias. “Ocorre que é o prazo estatutariamente previsto e contra o qual não há notícia de que se tenha insurgido”.

Arruda também havia pedido a transferência do caso, que seria analisado na Comissão Executiva Nacional do partido, para o Diretório Regional, em Brasília, cujo presidente é seu vice, Paulo Octávio, também acusado de participar do esquema, conhecido como “Mensalão do DEM”.

O prazo para a entrega da defesa de Arruda aos líderes do DEM se encerra às 18 horas desta quinta. Segundo informações do partido, a expulsão de Arruda seria inevitável, mas sob a alegação de garantir o direito de ampla defesa ao acusado, líderes do DEM marcaram a reunião para sexta e permitiram que ele preparasse sua defesa.

O governador do Distrito Federal é apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos articuladores de esquema de arrecadação e distribuição de propina a membros da base aliada de seu governo, ação investigada pela Operação Caixa de Pandora, deflagrada no dia último dia 27.

Antecipação

Para o senador democrata Antonio Carlos Magalhães Júnior (BA), Arruda “esticou a corda” ao pedir a suspensão da reunião do DEM no TSE, já que isso teria antecipado o resultado da decisão do partido.

“Se existisse alguém que estivesse indeciso quanto ao voto agora ficou difícil (para Arruda). A tendência natural é por uma medida mais drástica. A grande maioria vai caminhar agora para a expulsão”, disse o democrata baiano.

agencia estado

Rizzolo: A situação de Arruda já estava insustentável, além disso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), negou o pedido de liminar feito pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), no mandado de segurança impetrado ontem. No mandado, o governador pedia a suspensão do processo interno aberto pelo DEM, que pode resultar em sua expulsão dos quadros do partido. No pedido, Arruda alegou que faltou prazo para apresentar sua defesa ao partido. O pedido de liminar ocorreu às vésperas da reunião da Executiva Nacional do DEM, marcada para amanhã. Integrantes da Executiva já sinalizaram que a expulsão de Arruda é certa. Menos mal, não é ?

Arruda pressiona DEM por voto secreto e pede absolvição

BRASÍLIA – O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), não sai do telefone. Preocupado com o julgamento de sua eventual expulsão do partido, ele vem fazendo dois pedidos aos colegas da executiva nacional que analisará seu caso na sexta-feira: pede que seja absolvido e que o voto seja secreto.

O regimento prevê o voto fechado, mas diversas lideranças democratas já se mobilizam para reverter essa dinâmica. Arruda é suspeito de comandar um esquema de corrupção, já conhecido como mensalão do DEM, e vem perdendo apoio político a cada dia.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), um dos maiores defensores da expulsão do colega por julgar que as acusações mancham a imagem da legenda, apresentará na sexta um requerimento pedindo o voto aberto. Essa é a estratégia dos contrários à permanência do governador e fruto do temor de que a votação confidencial viabilize sua permanência.

O argumento será de que o voto secreto no âmbito interno da sigla não tem sustentação constitucional.

“Vou apresentar a questão de ordem na hora da votação”, afirmou Demóstenes. “Se ele for absolvido, o partido mergulha de uma vez na história do mensalão e se iguala aos demais.”

Nos últimos dias, Arruda disparou telefonemas aos membros da executiva nacional –45 ao todo– pedindo apoio à sua causa e ao instituto do voto secreto. Seus advogados já cogitam recorrer caso a expulsão se confirme.

Líder da bancada na Câmara, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) providencia uma lista de assinaturas a favor do voto aberto. Quer apresentá-la no início da reunião, prevista para às 8h da manhã.

“Estamos tomando todos os cuidados para que a reunião ocorra com total transparência”, assegurou.

“Já criamos o movimento do voto aberto”, acrescentou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

A assessoria de imprensa do governador não estava imediatamente disponível para comentários.
agencia estado

Rizzolo: Não tenham ilusão de que Arruda será expulso. O governador sabe muito e isso não interessa a ninguém. Se o voto será secreto ou aberto é apenas um detalhe. Nossa democracia está doente, e só há uma solução: reforma política, financiamento publico de campanha, acabar de vez com a impunidade, e jamais eleger novamente políticos profissionais, o resto é perfumaria.

Lula diz que crise no DF é deplorável e defende Constituinte

KIEV – Um dia após dizer que as “imagens não falam por si só”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou nesta quarta-feira, 30, o fato de políticos do Distrito Federal terem recebido dinheiro de empresários, conforme imagens divulgadas pela Polícia Federal.

“É deplorável para a classe política”, desabafou o presidente, ao defender a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte, depois das eleições de 2010, específica para refazer a lei eleitoral. “Não é possível continuar do jeito que está. Todo mundo quer a reforma política, mas ela não acontece. Da mesma forma que todo mundo quer a reforma tributária e ela também não acontece. Só eu já mandei duas reformas políticas para o Congresso. Enquanto não tiver uma reforma política, nós vamos ser pegos de sobressalto, com notícias dessas magnitude”, afirmou Lula, pouco antes de embarcar de Kiev, na Ucrânia, para a Alemanha.

Lula disse que não foi condescendente ao afirmar, na terça-feira, 1º, que as imagens do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, secretários e deputados distritais recebendo dinheiro não falavam por si só. “Eu não fui condescendente, nem incriminei ninguém. Apenas disse que tem um fato em apuração, que é preciso que termine a apuração, que a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça estão investigando. Eu não posso, como presidente da República, condenar alguém numa pergunta ou entrevista, com mesma facilidade que vocês (imprensa) . Tenho de esperar o fim da investigação para falar”, disse.

O presidente destacou, no entanto, que “as pessoas que fizeram coisa errada têm de pagar”.

Lula disse que viu algumas imagens na imprensa e que considera o caso muito grave. “Tudo isso vai ser um processo, que vai passar por vários tribunais, até o juízo final. Não sei o que o parlamento distrital vai fazer. A mim resta esperar a decisão da Justiça e do inquérito que vai para a Polícia Federal”.

Reforma política

O presidente reiterou a necessidade da reforma política pelo Congresso Nacional, para “moralizar os partidos políticos e o processo eleitoral”.

“Se o Jânio Quadros (ex-presidente da República) fosse vivo, diria que existe um inimigo oculto que não deixa votar no Congresso. Todo mundo já percebeu que isso tem de ser votado, mas quando chega ao Congresso não votam. É como a reforma tributária”, disse o presidente.

Ele lembrou que quando o texto de reforma tributária foi apresentado por seu governo, houve um pacto entre governadores, empresários, sindicalistas e líderes. “Só que quando entra no Congressos tem uma força invisível que não deixa andar.”

Questionado se essa força invisível seriam os próprios legisladores, Lula admitiu que sim. “Possivelmente sejam. Os partidos políticos deveriam estar defendendo essas reformas.”
agencia estado

Rizzolo: Bem uma coisa é a reforma política, necessária, que todos querem menos os partidos e os empresários que doam e acabam tendo o parlamentar nas mãos. Outra é a sórdida capacidade de receber. E não é difícil, ser honesto milhões de brasileiros o são, mas um governador, de um partido que se diz moralista, protagonista daquelas cenas? Isso é deplorável.

O problema não é unicamente a reforma política, são os políticos brasileiros, esses que já estão aí há anos e que dominam os partidos, as convenções internas, etc. Constituinte para isso nem precisa, todos querem a reforma, porem existe resistência partidária e empresarial, maus empresários pagam para ter retorno, e o ciclo se perpetua. Para isso não há necessidade de Constituinte e sim de vergonha na cara.

Em nota, Arruda diz que apresentará ‘provas irrefutáveis’ de sua inocência

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM) divulgou nota na tarde desta terça-feira (1º) que apresentará “provas irrefutáveis de sua inocência e de que foi vítima de um complô urdido por um homem que tem mais de 30 processos por corrupção” –uma referência ao ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, que denunciou o suposto esquema de corrupção no governo.

Segundo Arruda, todos os processos contra Barbosa são do tempo em que o ex-secretário ocupava cargo de confiança no governo anterior, do ex-governador Joaquim Roriz, então no PMDB, hoje filiado ao PSC. De acordo com o a nota, Barbosa teria em suas denúncias a “ajuda de adversários políticos, e que, para se livrar da lama, jogou lama em todas as direções”.

O governador também negou que na reunião com a direção do Democratas, nesta segunda-feira (30), tenha pressionado a legenda contra sua expulsão. “Ao contrário de versões maldosas veiculadas em alguns veículos de comunicação, a reunião transcorreu em um clima de elegância e respeito mútuo, sem nenhum tipo de pressão. O que o governador do DF pediu foi que o partido desse a ele amplo direito de defesa, respeitando os prazos estatutários”, diz a nota.

Arruda diz ainda que confia na “decisão serena do partido” e que “respeitará seja ela qual for”. A Executiva Nacional do DEM se reúne às 16h desta terça em Brasília para decidir o futuro de Arruda.
globo

Rizzolo: A classe política desse país é realmente vergonhosa. Só mesmo deletando todos os políticos profissionais, e elegendo novos nomes conseguiremos restabelecer a ética. É claro que há necessidade de uma reforma política, porem isso não é motivo para que a desonestidade reine. Quem é ético, honesto, jamais recebe dinheiro ilícito. Falta religião, respeito, ética, e principalmente vergonha. O pior é que desta feita é a oposição que é corrupta, não existem mais nomes, nos resta apenas os novos que surgirem e dispostos a lavar a dignidade da coisa pública.

FHC teme consequências ao PSDB de mensalão no DF

CURITIBA – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje, em Curitiba, esperar que o episódio envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), não afete o PSDB. No entanto, deixou escapar que pode resultar alguns respingos para o partido na relação que tem com o Distrito Federal, visto que faz parte do governo.

“Eu não sei qual vai ser a decisão lá em Brasília”, disse o ex-presidente, que esteve em Curitiba para uma palestra a empresários no Fórum de Marketing, realizado no Teatro da Universidade Positivo. “Agora é um fato importante, tem consequências.”

Fernando Henrique ressaltou que não queria se antecipar a qualquer desdobramento do caso no Distrito Federal e muito menos sobre qual deve ser a decisão do DEM. “Isso não afeta a relação do PSDB com o DEM, mas afeta a relação do DEM com o Distrito Federal e, por consequência, também a nossa, não há dúvida”, afirmou.

Sobre as eleições no Distrito Federal, o ex-presidente disse que não sabe quais serão os candidatos. “Mas em função do que aconteceu serão outros. O governador era um candidato forte. Vai continuar sendo? Quem será o candidato? Haverá outros candidatos? Qual será a posição dos outros? Consequências vão ter”, ressaltou.

Sucessão presidencial

Questionado sobre a urgência ou não de o PSDB definir seu candidato a presidente, Fernando Henrique disse que a questão foi precipitada pela “insistência” do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, “em lançar um (candidato) por antecipação e colocou o carro adiante dos bois”.

De acordo com o ex-presidente, nem mesmo a pessoa indicada “reiteradamente” pelo presidente (a ministra Dilma Rousseff) assumiu a candidatura. “Não tem nenhum candidato, não só do PSDB, não tem nenhum”, afirmou. “É estranho que peçam ao PSDB para assumir. Ninguém assumiu. Não tem nenhum candidato posto, assumido”, reforçou FHC.
agencia estado

Rizzolo:É claro que o fato irá atingir o PSDB, as relações do partido com o DEM são estreitas e ideologicamente próximas. Com efeito o cenário político nas próximas eleições pode se alterar em vários Estados. Apesar de ser prematuro afirmar, a eventual candidatura Serra poderá ficar fragilizada. FHC sabe que os respingos ocorrerão, agora o pior é a situação da oposição desmoralizada, o que isso irá render nas eleições em 2010…