O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo, Luiz Flávio Borges D’Urso, defendeu a permanência do secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, no cargo. Ele afirmou, na segunda-feira (10), que tais casos “já tinham sido apurados no âmbito de inquéritos policiais”.
Flávio D’Urso disse que recebeu “com reserva” a suposta notícia sobre o envolvimento do secretário com Paulo Li Kwen, investigado por contrabando, “aliás, como devem ser recebidas quaisquer denúncias que surjam na mídia em ano eleitoral”.
Na semana passada, 48 horas depois do pai de Tuma Júnior, o senador Romeu Tuma (PTB-SP), ter sido descartado da chapa serrista em São Paulo, apesar do apoio do presidente do PTB local a Serra – e 24 horas depois do presidente do PT-SP, Edinho Silva, ter admitido em entrevista a possibilidade do senador Tuma ser candidato na chapa que apoia Dilma e Mercadante – o jornal “O Estado de S.Paulo” publicou um dossiê relatando que interceptações telefônicas e de e-mails mostrariam que Tuma tinha um relacionamento com Paulo Li. O material faz parte de um inquérito realizado há um ano, que concluiu pela falta de indícios contra Tuma Júnior.
O secretário afirmou que a ligação de seu nome com Paulo Li é fruto de um “problema político”. “Fui investigado e chegou-se à conclusão que eu não deveria ser denunciado”. Tuma Júnior destacou que “do jeito que essa investigação está sendo tratada, é um abuso. Não da PF, mas de algumas pessoas da PF”.
O MPF em São Paulo confirmou que o secretário não foi acusado na denúncia e a assessoria de imprensa não soube responder se o nome dele é citado de alguma parte do inquérito. “Estou sendo vítima do crime organizado e de uma armação política muito grande”, frisou Tuma Júnior.
O Ministério da Justiça também informou que não há investigação nem pedido de interceptação telefônica contra o secretário na Polícia Federal.
O senador Romeu Tuma (PTB/SP), ex-superintendente da Polícia Federal, declarou que “amizade qualquer um de nós tem, uma série de amigos. Amizade, nós temos até o momento em que se acha que a pessoa não cometeu qualquer ilícito, a partir do momento que considera que ela tenha praticado não pode ser solidário com prática de ilícito”.
O secretário relarou que foi amigo de Paulo Li, mas “não sou amigo de contrabandista. Se cometeu crime, deixa de ser meu amigo”. Tuma Júnior observou que o caso foi encerrado no ano passado e voltou à tona por causa do enfrentamento que tem dado ao crime organizado.
O senador Romeu Tuma é um forte candidato à reeleição, com boas perspectivas de continuar no Senado, segundo apontam alguns institutos de pesquisas. Sua candidatura, no entanto, não interessa aos tucanos. Não é a primeira vez que, no período pré-eleitoral, surgem dossiês e campanhas manipuladas para derrubar candidatos. Em 2002, quando José Serra foi candidato a presidente, a então governadora do Maranhão, Roseana Sarney, postulante à candidatura presidencial pelo PFL (hoje Dem) foi atingida pelo fabricado “escândalo” Lunus, quando grampos telefônicos e um dossiê a tiraram da disputa. Posteriomente, a senadora foi inocentada.
hora do povo
Rizzolo: Concordo plenamento com o D´Urso. Transcrevendo um comentário meu desde a primeira notícia que surgiu, no Estadão: Sinceramente, acho um pouco prematuro acusar de forma contundente o policial e secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, até porque como ele mesmo afirmou ainda não teve acesso às investigações. Agora é intrigante pensar que Romeu Tuma Junior, com seu passado de combatividade, honestidade, passa de uma hora para outra como acusado de vínculo com o crime organizado. Sem querer defender, tampouco especular, é válida uma reflexão sobre o fato de que só agora, nesse ano de eleição, é que surgem especulações em relação a membros do governo Lula. Romeu Tuma Junior deve uma explicação ao povo brasileiro, e terá a oportunidade devida para responder a tais acusações que do ponto de vista pessoal, pelo que conheço de sua pessoa, não procedem.