BC quer mais juros para transformar o crescimento do país num vôo de galinha

Aliás, nem mesmo escondem que o objetivo é esse. Se dependesse de Meirelles e cia., o Brasil estaria em marcha acelerada para antes do século XVIII. Achar que um dos maiores países do mundo deve ser uma colônia que não pode crescer mais do que 4% ou 3,5% já era caduquice na época de Dª Maria, a Louca.

Meirelles omite expansão da oferta e diz que o problema é a “expansão da demanda doméstica

De repente, como se saíssem de bueiros destampados, alguns cavalheiros e damas puseram-se a invectivar furiosamente o responsável por nossos males. Não se trata mais da inflação, que se recusa, apesar de suas gestões, a ficar descontrolada. Nem mesmo da corrupção, no momento muito ocupada com os governos que eles apóiam, mormente os do Rio Grande do Sul e de São Paulo.

Não, dizem eles, o verdadeiro culpado é o crescimento. O crescimento? Pois é, o crescimento, esse resultado do esforço do presidente Lula e da sociedade brasileira. No fundo, a culpa é do Lula, que veio com essa idéia incendiária de que o país deve crescer, criar empregos, produzir e desenvolver tecnologia.

Assim, da senhorita Leitão até o exumado Gustavo Franco, o que é uma curta distância, todos eles se puseram a berrar contra o crescimento. Aliás, se precisássemos de uma prova das intenções dessa malta, bastaria a participação especial do precocemente mumificado Franco, um elemento que afundou o país com seu câmbio engessado, e que até Fernando Henrique teve que demitir, para que a subserviência aos bancos externos fosse dotada do mínimo de bom senso que lhe permitisse terminar o mandato…

Se dependesse deles, naturalmente, o Brasil estaria parado – ou, mais precisamente, em marcha acelerada para antes do século XVIII, pois, a idéia de que um dos maiores países do mundo não pode crescer mais do que 4% ou 3,5% (ou menos, porque essas cifras só existem para que o país seja empurrado abaixo delas) já era caduca na época de Dª Maria, a Louca.

Tudo seria apenas agitação inútil de baratas em polvorosa, se algumas delas não estivessem no Banco Central (BC). Em discurso na Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), na segunda-feira, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse que os aumentos de juros são um “remédio antecipado” contra a inflação. Ou seja, não têm como objetivo, como pregava antes, controlar uma inflação atual, à beira do descontrole (cf. Meirelles à Agência Brasil, 24/05).

BOBAGENS

Passados menos de um mês, onde foi que Meirelles enfiou essa inflação? Não sabemos, leitor. Aliás, nem queremos saber. O fato é que ficou claro que a inflação não estava à beira do descontrole. Daí, a nova versão, a do “remédio antecipado”, mais ou menos como se um médico, diante da possibilidade (que sempre existe) de alguém contrair pneumonia, enchesse o infeliz de penicilina por antecipação, apesar do sujeito estar bastante bem de saúde antes de ser entupido de remédio.

Meirelles sabe que isso é uma bobagem. Tanto assim que, algumas horas depois, mudou a versão. Segundo disse no programa “Roda Viva”, “num regime de metas de inflação, o que define que a taxa de juros está alta ou está baixa é o comportamento da inflação. Se as taxas [de inflação] estão consistentemente acima do intervalo de tolerância, significa que a taxa de juros está muito baixa”.

Se é assim, não teria sentido o aumento dos juros quando a inflação está na meta (ou seja, dentro do “intervalo de tolerância”), como é o nosso caso. E, realmente, não tem sentido, pelo menos não para combater a inflação, mesmo segundo a fraudulenta doutrina econômica da qual Meirelles é serventuário.

Vamos, aqui, fingir que não sabemos que a avaliação do “comportamento da inflação”, nesse “regime”, é determinado por uma meta que é estabelecida, com dois anos de antecedência, por aqueles cuja intenção é manter os juros altos. Portanto, é um critério mais viciado do que as roletas da Máfia.

Apesar disso, como no Brasil as taxas de inflação estão há alguns anos dentro do “intervalo de tolerância” (atualmente, 2,5 a 6,5%), Meirelles inventou outra: segundo ele, nesse caso não há “condições técnicas” de determinar se as taxas de juros estão altas ou baixas.

Então, por que ele aumentou os juros, e promete aumentá-los mais ainda, se não há “condições técnicas” de saber se a taxa de juros é alta ou baixa em relação à inflação? Pelo jeito, ele resolveu aumentá-las porque estava com dúvida.
Meirelles não é um herói sem nenhum caráter, porque não é nem mesmo um herói vagabundo como Macunaíma. No resto, é igual. Pode dizer qualquer coisa, não importa que não tenha lógica ou que seja o oposto do que disse horas antes. Desde que acoite os interesses a que serve, o resto que se dane.

No “Roda Viva”, ele esclareceu que quando a inflação ficar na meta, os juros vão baixar. Tentava passar, outra vez, que somente o “centro” da meta (4,5%) é que importa, mas, então, por que mencionou o “intervalo de tolerância” (a banda de 2,5 a 6,5%), como referencial para a taxa de juros?

A falta de coerência de toda essa algaravia, significa apenas que não é a inflação o problema deles, até porque os preços que estão aumentando não são determinados pela economia brasileira, mas pela especulação externa. Não é para combater um aumento de preços nas mercadorias negociadas na Bolsa de Chicago que os juros são aumentados. O que vêm como um mal em si é o crescimento. O que, aliás, foi escancarado pelos corifeus da banca desde a divulgação do crescimento de 5,8% no primeiro trimestre.

CRESCIMENTO

Quanto a isso, a ata da última reunião do Copom é uma coleção de ataques ao crescimento, ainda que daquela forma muito própria a certos vigaristas. Nela, pode-se ler: “o ritmo de expansão da demanda doméstica (….) continua colocando riscos importantes para a dinâmica inflacionária”.

O problema, portanto, é a “expansão da demanda doméstica”. O Copom omite que há também uma expansão da oferta doméstica e que não há sinal de esgotamento da capacidade ociosa da indústria. Mas o sintomático é que a palavra “inflação” foi substituída por algo chamado “riscos para a dinâmica inflacionária”. A inflação não saiu da meta que eles mesmos definiram, mas não estão combatendo a inflação, e sim “riscos para a dinâmica inflacionária”, expressão que parece ter sido cunhada pelo grande economista Rolando Lero, pois, o que significa “riscos para a dinâmica inflacionária”, senão que não há uma “dinâmica inflacionária”?

Mas, quem é o culpado por esses espectrais “riscos”? O crescimento – ou, na expressão castrada do BC, a “expansão da demanda”. Aqui, eis outra jóia encontrada da ata do Copom: “existe o risco de que os agentes econômicos passem a atribuir maior probabilidade a que elevações da inflação sejam persistentes”.

A palavra “inflação” aparece apenas para se dizer que o problema é o “risco” (sempre o “risco”) dos “agentes econômicos” acreditarem na “probabilidade” da sua futura existência. Tenta-se passar que a inflação é um risco real, mas, quando traduzida para língua de gente, a frase quer dizer apenas que essa inflação é uma probabilidade religiosa, uma questão de fé (e, mesmo assim, fé numa “probabilidade”). Se você, leitor, achou que a linguagem usada pelo Copom tem o propósito de tapeá-lo, acertou.

Fora isso, a ata do Copom garante que, se depender de Meirelles & cia., os juros vão continuar aumentando: “a atual postura de política monetária, a ser mantida enquanto for necessário, irá assegurar a convergência da inflação para a trajetória das metas”.

O fato de não existir divergência entre a inflação e a meta que eles próprios estabeleceram, não tem a menor importância. Porque o que eles querem combater não é a inflação.

CARLOS LOPES
Hora do Povo

Rizzolo: Mas é aquilo que eu estou já repetitivo de tanto comentar, e que no impecável texto de Carlos Lopes podemos inferir. O problema para Meirelles e o COPOM, é “expansão da demanda doméstica”, apenas esquecem eles, que há sim também, uma oferta maior de produtos no mercado interno, ou seja há uma ” expansão de ofertas domésticas” e isso eles não querem admitir.

Ora, porque não focar no desenvolvimento ao invés de procurar sob argumentos fantasiosos bloquear o desenvolvimento econômico. O conceito absurdo de ” remédio antecipado” só pode ser um decreto ao não crescimento do País, ou se quiserem, um decreto e um balde de água fria naquilo que o governo Lula acabou implementando: o desenvolvimento e o crescimento. É o famoso ganhou mas não levou, que querem institucionalizar. Como diz o texto, se dependesse deles, naturalmente, o Brasil estaria parado – ou, mais precisamente, em marcha acelerada para antes do século XVIII. Se médicos fossem preconizariam antibióticos a toda a população pois no frio as pneumonias aumentam, é caso do remédio antecipado em analogia à inflação.

A própria Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou nesta segunda-feira (16) que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrou uma variação de 1,07% na segunda prévia de junho, ante 1,12% registrado no início do mês. Ou seja, houve uma desaceleração na inflação. Mas segundo o BC, nada melhor do que jogar uma água fria no crescimento e expor o Brasil a uma forte pneumonia impedindo -o de trabalhar, de gerar empregos, de ser competitivo. Querem internar o Brasil, e o pior, Lula continua não tendo correlação de forças. Coisas que nem o Paulo Skaf da Fiesp entende.

Instigados pelo BC, especuladores exigem mais juros e PIB medíocre

Para reduzir o crescimento a 3,5%, projetam Selic em 14% em 2008 e a queda do PIB em 2009

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros de 11,75% ao ano para 12,25%, no dia 4, só fez aumentar a voracidade dos especuladores. Porém, Meirelles e cia. acham pouco. Da reunião do Copom até agora, nada mais fizeram do que açular mais ainda os apetites rentistas. No primeiro Boletim Focus, após o Copom, o BC , naturalmente atribuindo ao “mercado”, aumentou a estimativa da Selic em 2008 para 14% ao ano, ante 13,75%, projetado na semana passada.

Sem nenhuma questão econômica que avalize tal aumento da taxa de juros, fica explícito que o objetivo é frear o crescimento verificado no segundo governo Lula com a implementação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – cresceram os empregos, a renda e o consumo das famílias brasileiras. Em 2007, o país registrou uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,4%. Em sentido contrário, o “Boletim Focus” do BC prevê uma redução do crescimento do PIB em 2009 para apenas 4%.

Ou seja, para Meirelles o país não pode crescer mais de 3,5%, como deixou claro seu correligionário tucano e ex-ministro de FHC, Luiz Carlos Mendonça de Barros: “o governo fez um movimento correto ao aumentar o superávit primário em 0,5%. Embora modesto – e certamente insuficiente -, ele mostra um melhor entendimento da dinâmica que teremos que enfrentar nos próximos trimestres. Mas é sobre o Banco Central que recairá a maior responsabilidade para promover uma redução próxima a 2,5% na absorção interna ao longo dos próximos 12 ou 18 meses. Isso corresponde trazer o crescimento do PIB para algo próximo a 3,5% ao ano ao longo de 2009”, afirma no artigo “Em busca da estabilidade ameaçada”. No entanto, estabilidade ameaçada no país, só havia a dos especuladores, que viram mais recursos públicos serem direcionados para os investimentos e a produção – ainda que a maior parte dos recursos orçamentários continuasse a ser imobilizada e desperdiçada com juros. Porém, eles querem tudo, não se conformam em ter a maior parte.

Nem mesmo a inflação – o principal pretexto alegado para o aumento dos juros – pode servir de apoio ao aumento dos juros. Além de se encontrar sob controle, abaixo do limite da meta estabelecido pelo BC, é resultado da especulação externa com os preços dos alimentos.

Segundo o Boletim Focus, na reunião do Copom do final de julho, haveria um novo aumento de 0,5 ponto percentual nos juros básicos, passando para 12,75% ao ano. Assim, o BC já prepara o terreno para um efetivo aumento da taxa Selic na próxima reunião do Copom.

De imediato, a elevação ainda mais cavalar dos juros teria como alvo a redução do consumo das famílias, um dos pilares da retomada do crescimento econômico. Mas, também, afetar os investimentos, tanto do governo quanto privados, consubstanciados no PAC. O aumento da Selic implicará necessariamente em desviar mais recursos do Estado para pagamento dos juros da dívida pública e irá conter as intenções de investimentos dos empresários.

“A alta excessiva dos juros anula os efeitos positivos de políticas de estímulo à produção, pois encarecem o financiamento para investir na produção, e a conseqüente valorização do real reduz a competitividade dos produtos nacionais. Ambos conduzem ao menor crescimento”, afirma a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Não há nada no horizonte que justifique o aumento dos juros, a não ser a decisão do BC em impedir a retomada do desenvolvimento. Meirelles tenta repetir o feito de 2004, quando abortou o crescimento que se experimentava no terceiro trimestre daquele ano, quando o BC elevou a Selic em setembro após cinco meses congelada. O resultado foi uma expansão de apenas 3,2% do PIB em 2005 e de 3,7%, em 2006, já com a revisão dos cálculos feita pelo IBGE. Ou seja, o Brasil tinha todas as condições de entrar na rota do crescimento acelerado já no primeiro governo Lula. O processo foi interrompido por uma ação deliberada de Meirelles, quando elevou a taxa de juros.

Hora do Povo

Rizzolo: A política econômica orquestrada pelo Copom e BC em aumentar ainda mais os juros tem como objetivo segurar o desenvolvimento do País. Elevar a taxa básica de juros de 11,75% ao ano para 12,25%, aumenta o apetite dos especuladores que a cada dia participam mais do nosso mercado financeiro que se tornou um verdadeiro cassino. Como já disse inúmeras vezes a política do BC visa o não desenvolvimento, virando às costas à produção, ao aumento da oferta, suprindo a demanda, elementos estes que poderiam sim ir em direção ao combate a essa ” inflação”. Entender que o País só pode crescer 3,5 % é muito pouco, para um País que precisa gerar 5 milhões de empregos por ano. A ânsia em tirar o País na rota do crescimento é algo impressionante, e ao que parece levado pela argumentação da ” independência do BC” o governo se torna passivo e conivente. Enfim o que os especuladores querem é mais juros e PIB medíocre.

Meirelles açula expectativa de inflação para o BC elevar juros

Meta de Meirelles é combater o crescimento, não a inflação

Em abril, o IPCA ficou em 5,04%, portanto dentro da meta estabelecida de 2,5% a 6,5%

No sábado, em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Banco Central afirmou:

A) “… um aumento do superávit primário tem vantagens importantes (….). Isso tenderia a baixar as taxas de juros do país a longo prazo”.

Ou seja, ele propugna que os bancos passem a receber mais do Tesouro (“aumento do superávit primário”), mas, se depender dele, nem assim haverá baixa dos juros a curto prazo. Aliás, nem a médio prazo.

B) “… existe, sim, uma inflação de alimentos, mas não é só de alimentos. (….) Temos desde a inflação de matérias primas, metais, não metálicos, químicos, petróleo e uma atividade bastante aquecida levando também a uma inflação na área de serviços (….) o Banco Central vai manter a inflação na meta. (….) a taxa de juros juntamente com o sistema de metas de inflação têm se revelado no mundo todo como o mecanismo mais adequado para a aplicação da política monetária. (….) a meta de inflação (….) e a taxa de juros (….) é o sistema consagrado no mundo todo”.

Em que mundo vive o cara-pálida? Durante os 19 anos (1987-2006) em que ocupou a presidência do banco central norte-americano, Alan Greenspan se lixou para as metas de inflação. Onde foi que tal sistema foi “consagrado”?
Porém, o mais importante é que Meirelles garante aos habitantes do seu mundo que os juros vão continuar a subir… por causa da inflação.

PRETEXTO

No entanto, em abril, a inflação (IPCA/12 meses) ficou em 5,04%. Portanto, dentro da sua “meta de inflação” (formalmente estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional), que vai de 2,5% a 6,5%. Para maio, até os especuladores disseram esperar uma inflação de 4,73% em 12 meses (cf. o “boletim Focus”, do próprio BC, divulgado na segunda-feira, 26/05). Portanto, mais baixa ainda.

Então, de onde Meirelles tirou essa inflação aterrorizante, que estaria rondando a soleira da porta dos brasileiros? Obviamente, da sua necessidade de ter um pretexto para aumentar os juros.

Há um aumento de preços dos alimentos, devido à especulação desvairada no mercado internacional – um aumento sobre o qual, portanto, nada adiantaria um aumento de juros.

Porém, Meirelles resolveu transformar isso em inflação ampla, geral e irrestrita.
Com o presidente do BC propalando que a inflação está de volta, o que fará o atacadista, ou mesmo o dono da venda da esquina? Por que ele não se defenderia dos aumentos de preços com que terá de arcar, aumentando seus próprios preços? Se é o presidente do BC que está avisando que vem aí uma onda inflacionária, o que fará o fabricante e o comerciante, senão aumentar os preços por antecipação, para não ser vítima dos aumentos nas matérias-primas ou nos produtos já manufaturados?
Desde quando um presidente do BC pode: 1) dizer aos especuladores que os juros dos títulos públicos vão aumentar por um longo período? 2) dizer que aos industriais e comerciantes que seus preços vão aumentar? O incrível – nos perdoe o presidente Lula, cuja política de crescimento é a maior prejudicada com isso – é que Meirelles não seja chamado a responder perante a polícia e a Justiça.

O alvo, certamente, é a política de crescimento, sintetizada pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Por isso, Meirelles fala em “atividade bastante aquecida” e outros termos semelhantes. O indesejável é o crescimento e suas consequências – o aumento do emprego, do consumo, das vendas da indústria e do comércio, e o aumento dos recursos do Estado para o desenvolvimento.

Mas como Meirelles falsifica a inflação para criar uma onda inflacionária real – e, assim, ter pretexto para aumentar os juros sem que lhe caia na cabeça a espada proletária do supremo magistrado?

Para isso, ele inventou uma nova teoria: a de que não basta atingir a meta de inflação, isto é, ficar dentro da banda, mas atingir o centro da meta (4,5%) – senão o mundo cairá no abismo.

É verdade que o próprio sistema de “metas de inflação” é apenas uma excrescência inventada para extrair juros dos países periféricos. O critério desse sistema não é a realidade, mas um número artificial, que não leva em consideração as necessidades de crescimento, as potencialidades do país ou as carências da população. Repare-se que esse número (ou essa banda) só não é arbitrário em relação a uma questão: tem que ser o melhor possível para garantir que os juros continuem altos.

Assim, com uma meta artificialmente baixa, qualquer aumento da atividade produtiva e comercial parece provocar uma inflação quase desvairada. Na verdade, o que está errado é a meta, não a inflação. Esta aparece como alta apenas porque se escolheu uma meta completamente fora da realidade. Na definição da meta de 2005, Meirelles cortou a banda da inflação em 0,5, sem nenhum motivo e sem nenhuma fundamentação (cf. o testemunho do ex-ministro José Dirceu, HP, 14/05/2008).

Mas, como esses truques de mágico de mafuá não conseguem mais sustentar a política de juros altos, Meirelles fez duas inovações: a banda da meta de inflação deixou de ser banda. Só vale o “centro” da meta. A segunda inovação é propagandear a inflação, e, assim, provocar uma inflação verdadeira.

Na verdade, o sistema é tão frágil que até Meirelles é capaz de avacalhá-lo.

C) “Uma das razões da elevação do déficit de transações correntes é o aumento das importações, impulsionado pela demanda interna, que está bastante aquecida. Um dos mecanismos é exatamente um ajuste monetário que faz com que haja uma moderação desta demanda doméstica”.

Ou seja, também para a diminuição do saldo comercial, a solução é aumentar os juros. Que essa diminuição do saldo, com aumento das importações, tenha sido causado pela depreciação da cotação do dólar frente ao real, por sua vez causada pelos juros altos que atraem montanhas de dólares para dentro do país, é coisa que Meirelles passa por cima.

D) “É exatamente uma política monetária rigorosa, a não hesitação do Banco Central de manter a inflação na meta, é que garante o crescimento”.

ENTRAVE

Aqui passamos para o campo do franco cinismo. Não é o PAC nem os esforços do governo, os investimentos públicos, etc., que estão garantindo o crescimento. O que garante o crescimento são os aumentos de juros do Banco Central, justamente o maior entrave a que o país cresça. Mas talvez ele não esteja falando do Brasil. Pode ser que esteja falando da economia dos EUA. Realmente, uma das coisas que impede que ela vá para o necrotério esperar pelo sepultamento, são os bilhões que os bancos norte-americanos estão retirando do Brasil, sob a forma de juros, devido a Meirelles.
Mas, vejamos a última pérola. Perguntado sobre a efetividade de elevar o depósito compulsório dos bancos para reduzir um suposto “descompasso” entre a oferta e a procura, disse Meirelles que:

E) “Já está bastante acima da média e dos máximos praticados em outros países. A experiência do Banco Central, e de diversos bancos centrais do mundo, é de que o meio mais eficiente é exatamente o manejo da taxa básica, no caso do Brasil, a taxa Selic”.

Sintomático que ele diga que o depósito compulsório “já está bastante acima da média e dos máximos praticados em outros países”. E a taxa básica de juros, que é a maior do mundo, não está? Por que isso não serve como argumento para não aumentar os juros básicos?

Certamente, um aumento do depósito compulsório é também um aumento dos juros – mas não dos juros básicos, não dos juros dos títulos públicos, e sim das taxas dos bancos privados. Para Meirelles, portanto, não adianta qualquer aumento de juros, pois o objetivo do aumento é assaltar o Estado.
Hora do Povo
CARLOS LOPES

Rizzolo: Para Meirelles, a inflação parece ser um grande negócio. Na nobre argumentação clara e cristalina do impecável texto de Carlos Lopes, observa-se de que forma se dá a indução às propostas de mais aumento de juros, na visão anti desenvolvimentista de Meirelles, que em última instância, apregoa além de juros altos, uma maior transferência dos recursos do Tesouro aos bancos. (superávit primário).

O foco de um eventual combate à inflação que está ainda dentro do patamar, 2,5% a 6,5% seria sim, uma maior oferta de produtos de bens, desenvolvendo a produção, aumentando o mercado interno, para isso, como já disse inúmeras vezes o foco tem que ser o desenvolvimento e não o aumento dos juros focado apenas na inflação, o que traz inúmeros especuladores derramando no País uma quantidade enorme quantidade de dólares, valorizando ainda mais o Real, e impedindo as exportações ao mesmo tempo em que eleva o déficit de transações correntes. Só não vê quem é cego ou tem interesses em especular. Tenho pena do pobre empresário brasileiro, aquele que não consegue exportar, e observa os envios das enormes remessas de lucros feitas pelos beneficiados com a política do BC. Falta patriotismo, hein!

Copom se reúne e lobby dos bancos tenta aumentar juros

Não há inflação, capacidade ociosa é estável e salário cresceu menos que a produtividade. Nem os costumeiros pretextos ficaram de pé

Sempre, às vésperas de toda reunião do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom), escancara-se aquele lobby de banqueiros, especuladores, seus porta-vozes na mídia, e jurocratas em geral, com o objetivo de aumentar a taxa básica de juros. Porém, jamais outra reunião do Copom mobilizou tanto cinismo e falta de escrúpulos (inclusive aquilo que alguns chamam de “desonestidade intelectual” – como se ela fosse diferente das outras desonestidades) quanto a desta terça e quarta-feira.

Até o presidente da República, velho adversário das taxas escorchantes de juros, quiseram envolver no lobby. De uma declaração genérica do presidente Lula na sexta-feira – a de que “não será a redução de 0,25, a manutenção de 11,25% nem o aumento de 0,25 que trará qualquer transtorno à economia” – tentaram extrair uma aprovação para o aumento de juros. Interessante é que esses são os mesmos que pregam que o presidente não pode interferir nas decisões do BC. Mas, na hora de tentar aumentar os juros, recorrem a uma falsificação do significado de suas palavras. Qualquer praticante do conto do paco é mais honesto, além de correr mais riscos.
A resposta veio em menos de 24 horas. No sábado, depois que a “Folha de S. Paulo” estampou como manchete “Lula dá aval a aumento de juros”, um repórter disse ao presidente: “Tem gente achando que o senhor disse ontem que os juros podem subir”. Comentário de Lula: “Quem acha isso está louco”.

CICLO

Em suma, o que Lula afirmou, ao visitar um país estrangeiro, foi que uma ou outra ou nenhuma oscilação pontual nos juros não seria grande problema para a economia. Mas é evidente que ele não pregou que o Copom aumentasse os juros em sua reunião desta semana – mesmo porque os adeptos da medida não querem uma pequena oscilação pontual, mas “um ciclo” de aumentos de juros até dezembro de 2,5 pontos percentuais (cf. o artigo do ex-ministro Delfim Netto reproduzido parcialmente em nossa última edição; o BC, no Relatório Focus do último dia 11, dissemina a “expectativa” de um aumento de 1,5 até dezembro, atribuindo, como é sua rotina, tal expectativa ao “mercado”).

Mesmo um aumento pontual da taxa de juros, apesar de não ser um arraso para a economia, significaria um aumento nas transferências do Tesouro para os cofres dos bancos, sobretudo os estrangeiros – num país cuja dívida pública líquida monta a R$ 1.157.004,93 (Boletim do BC, 02/2008). Portanto, um aumento isolado, pontual dos juros, se não afeta o conjunto da economia, afetaria as finanças do Estado, como lembrou o “Monitor Mercantil” (v. o artigo “Partido do juro alto em nova ‘pajelança’: Lobby dos bancos por elevação da Selic cresce na véspera da reunião do Copom”, MM, 14/04).

Porém, um aumento continuado na taxa básica de juros (Selic) teria um efeito asfixiante sobre o crescimento, travando não apenas o consumo – como é intenção declarada do BC – mas também os investimentos. Em síntese, travando tanto a oferta quanto a demanda: garroteando a produção em prol da especulação desabrida e o consumo vital da maioria em prol da alucinada ganância de uma minúscula casta jurássica. O que, por sinal, já aconteceu uma vez, quando, após o crescimento de 5,4% em 2004, seguiram-se dois anos de estrangulamento, devido ao aumento dos juros.

A maior aberração é que não existe motivo, nem mesmo os costumeiros pretextos, para um aumento de juros agora – quanto mais para iniciar uma escalada nos juros, tal como a descrita pelas “expectativas” que mencionamos. Existe apenas vontade de empanturrar-se mais ainda com a especulação, avidez por roubar o Tesouro, para usar uma expressão corrente, popular – e exata.

Primeiro, nem o próprio BC conseguiu fabricar uma ameaça de surto inflacionário, justificativa habitual para o aumento de juros. Como observa o ex-ministro Delfim Netto, o último Relatório de Inflação do BC faz uma projeção central (ou seja, aquela que está no centro das probabilidades) de 4,6% para este ano e de 4,4% para o próximo ano. Em suma, o próprio BC faz uma projeção de queda da inflação até dezembro de 2009. Mesmo agora, quando, às vésperas da reunião do Copom, apareceram gralhas falando do aumento da inflação, ela está, pelo IPCA de 12 meses, em 4,6% – e metade dela é devida ao preço dos alimentos, uma alta de preços localizada, que não afeta o conjunto da economia, conseqüência da especulação com commodities no mercado internacional (como, aliás, com outros termos, apontou o ministro da Fazenda, Guido Mantega). É preciso ser idiota – ou vigarista – para atribuir essa alta no preço dos alimentos a um excesso de consumo pelo povo.

Ao mesmo tempo, há setores onde os preços estão em desaceleração – o setor de serviços, por exemplo – sem que um desses indivíduos proponha que os juros sejam reduzidos por causa disso.

Porém, antes de tudo, é preciso observar que o teto da meta de inflação é 6,5%. Logo, mesmo para os acólitos dessas metas, a inflação está longe de ultrapassá-las.
Segundo, a capacidade ociosa da indústria – isto é, a capacidade ainda não utilizada – permanece estável, sem sinais de esgotamento. Portanto, mesmo considerando uma perspectiva um pouco mais longa, as empresas estão em condições de suprir a procura por mercadorias, sem desabastecimento e alta de preços. A capacidade ociosa até aumentou: de 16,94% em janeiro para 17,10% em fevereiro (último dado divulgado pela Confederação Nacional da Indústria).

Ou seja, ainda que minimamente, aumentou a capacidade da indústria de satisfazer um aumento de consumo, o que se deveu ao aumento da sua capacidade instalada, que somente em 2007 elevou-se em 7% – conseqüência direta do crescimento em mais de 30% nos investimentos em máquinas e equipamentos, ocorridos nos últimos 3 anos (dados do IBGE e da FGV). Aliás, os investimentos têm crescido mais do que o dobro do crescimento do consumo (em 2007: 13,4% contra 6,5%).

Terceiro, como ressaltou Delfim, os salários (a capacidade de consumir da população) têm crescido menos que a produtividade (a capacidade de produzir mais no mesmo intervalo de tempo) da indústria.

É significativo que não exista ninguém, fora da camarilha mencionada no início desta matéria, defendendo o aumento de juros neste momento. Todos são contra, ainda que politicamente possam estar à direita, à esquerda ou ao centro, porque o único motivo para aumentar os juros agora seria beneficiar quem lucra com os juros. Só isso – e nada mais.

CARLOS LOPES
Hora do Povo

Rizzolo: Como bem colocou Carlos Lopes, com seu impecável texto, não há motivos para um aumento de juros, bem podemos observar destarte, que as expectativas nesse aumento irão com certeza ter um peso político maior do que os aumentos anteriores, até porque, existe toda uma pretensa argumentação baseada no nada, para justificar essa manobra especulativa, visando os interesses daqueles que vivem da financeirização da economia.

Agora, alegar que Lula foi vítima de uma ” falsificação no significado de suas palavras”, vítima digamos, de uma ” conspiração da mídia” é uma bobagem, com todo respeito à lucidez interpretativa do autor do texto, Lula tentou sim minimizar uma possível decisão, quis com suas palavras de impacto ” preparar terreno”, agora uma pergunta que não quer calar: Porque Lula não assume de vez, que não tem correlação de forças para derrubar esse bando do Copom e do Banco Central? Sabem o que vai ocorrer? Vão aumentar sim os juros, e acabou. E mais uma vez valerá um discurso de Lula no nordeste alegando a autonomia do Banco Central, para zerar o impacto, afinal os pobres do Brasil mal sabem ler, muito menos conhecer ou saber o que é taxa selic, juros, copom, ou Banco Central; conhecem o Bolsa Família, e desesperadamente temem perdê-la.

Delfim: falso risco inflacionário expõe ligação BC/“mercado”

O Brasil assiste a um “espetáculo de intrigas” dos agentes financeiros para sustentar a ata do Copom que sinalizou aumento de juros

“Com uma eficiente e mal disfarçada ação de marketing orquestrada, os agentes financeiros conseguiram transformar o problema da taxa de juros num cabo-de-guerra”, afirma o economista, ex-ministro da Fazenda e ex-deputado Delfim Netto, que, em dois artigos publicados na terça-feira, dia 8, no “Valor Econômico” e na quarta-feira, dia 9, na “Folha de S. Paulo”, expôs a tentativa de dar “suporte do ‘mercado’ ao ridículo ‘terrorismo’ da última ata do Copom” – que sinalizou com a elevação das taxas de juros em sua próxima reunião.

“A imbricação e cumplicidade entre o ‘diz-que-me-diz’ das autoridades e os ‘desejos’ dos agentes está estampada no Boletim Focus de 28 de março”, aponta Delfim. “O Banco Central, através de dura mensagem (estimulado pela ‘ciência’ do ‘mercado’), declarou o óbvio: está pronto para atuar de forma ‘preventiva’ para evitar a deterioração das expectativas inflacionárias. Não esclareceu nada. Apenas confundiu. Primeiro, porque seria espantoso se não estivesse pronto, se e quando, se verificasse a deterioração e, segundo, porque ignorou o seu próprio e importante papel na formação e na deterioração das expectativas”.

INTRIGAS

“Na última semana, o Brasil assistiu a um espetáculo de intrigas nos meios de comunicação para ‘afirmar’ a autonomia do Banco Central diante do ‘jurássico’ Ministério da Fazenda. Como? Iniciando já um movimento de elevação da taxa de juros. O ‘merchandising’ financeiro conseguiu quase unanimidade na direção do movimento. Para evitar eventual processo de formação de cartel, os agentes ‘fixaram’ taxas de juros diferenciadas para a Selic em dezembro: de acordo com a ‘qualidade’ da pseudociência, elas variaram de um modesto 12,5% até um fantástico 13,75%!”.
“A coisa tem um ar estranho. Ouvindo a autoridade monetária e lendo as análises do sistema financeiro, alguém que ontem tivesse chegado de Marte concluiria que o Brasil está sob grave ameaça de voltar a uma superinflação, que deve ser ‘preventivamente’ combatida por ‘superjuros’”.

Delfim observa que o Relatório de Inflação (do próprio BC), “é mais tranqüilizador. No seu cenário básico (crescimento de 4,8%, taxa Selic de 11,25% e taxa de câmbio de R$ 1,70)”, a projeção central é de 4,6% de inflação para 2008. “E, para o final de 2009, a projeção central é da ordem de 4,4%. O IPCA acumulado de 12 meses, até fevereiro, foi de 4,6%, fortemente influenciado pelo comportamento dos preços da carne, do leite e do feijão, o que tem pouco a ver com ‘excesso de demanda’. De fato, sem esses três produtos, o IPCA de 12 meses é de 3,4%”.

“Trata-se de saber se há evidência empírica convincente para a ameaça de uma ‘ação preventiva’, que pode ter conseqüências graves sobre o ‘espírito animal’ dos empresários. É este que está estimulando a volta dos investimentos, do crescimento do PIB e do emprego”.

“Pelo menos até agora não parece haver. Os quatro argumentos que tentam justificar a ameaça de aumento da taxa de inflação são duvidosos. O primeiro é que já somos um caso clássico de ‘excesso de demanda’, mas usa para demonstrá-la a ótica de uma suspeita macroeconomia de livro-texto; o segundo afirma que os salários reais estão crescendo mais do que a produtividade da mão-de-obra, o que é falso e, além do mais, ignora os avanços comportamentais do mercado de trabalho; o terceiro é que sem o nível de investimento X é impossível sustentar o crescimento Y, o que ignora a enorme instabilidade dessa relação e, o quarto, é a redescoberta arqueológica da Nairu: o nível de desemprego já estaria no nível abaixo do qual a inflação se acelerará…”.

Delfim considera que “a preocupação com o aumento dos preços dos serviços é justificada. Eles refletem as conseqüências de um aumento da demanda produzido pela modificação na distribuição de renda, ainda não acompanhada pela oferta. E como se ajustaria a oferta senão por um aumento de preços relativos? O importante é que eles não têm a capacidade para reproduzirem-se como um processo inflacionário. Os salários reais na economia estão crescendo menos do que a produtividade (o que explica o aumento dos lucros)”.

“Não parece portanto razoável iniciar um aumento da Selic que terá graves conseqüências sobre o custo da dívida pública (o mercado já ajustou o juro) apenas para ‘provar’ a autonomia do Copom”, considera Delfim Netto. “O Banco Central é hoje prisioneiro de sua própria armadilha. O que se espera dele é objetividade e moderação. Nunca ‘antes neste país’ foi tão importante obedecer à lei de Brainard: ‘Quando não tiver certeza sobre o que vai fazer, faça devagar’”.
Hora do Povo

Rizzolo: A verdade é que os altos lucros obtidos pelos especuladores falam mais alto do que qualquer argumentação interna. Temos que focar no desenvolvimento e não na inflação, que por hora não apresenta perigo. Fico a imaginar, já pensaram se os bancos que estão sendo socorridos pelo Fed (e outros especuladores malandros) resolverem pegar dinheiro emprestado lá e comprar títulos da dívida pública brasileira a juros de 11,50? Eles vão ganhar três vezes: quando pegarem emprestado lá; quando investirem no Brasil; e quando resgatarem o que devem lá!!! Quanto ao desenvolvimento do Brasil, não há problema. Pode-se esperar até que os banqueiros se refaçam do prejuízo das hipotecas imobiliárias.

Lula: ‘quem acha que autorizei aumentar juros está doido’

Durante uma visita a Praga, na República Tcheca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desmentiu notícias na imprensa brasileira de que teria dado sinal verde para um aumento da taxa de juros. ”Quem acha isso (que teria autorizado o aumento) está doido”, afirmou o presidente, ao ser abordado por jornalistas brasileiros na ponte Carlos, durante um passeio pela capital checa.

Lula disse que foi mal-interpretado por jornalistas no dia anterior, quando declarou que ”não será nem a redução de 0,25 (ponto percentual) nem a manutenção (dos juros) em 11,25 nem o aumento de 0,25 que trará qualquer transtorno à economia brasileira.”

Ainda na sexta-feira, em Haia, na Holanda, Lula disse que alta dos juros é uma decisão que cabe ao Banco Central. Na próxima terça e na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir se aumenta ou não os juros.

Enquanto a reunião do Copom não acontece, diversos setores do país mobilizam-se numa campanha para que o aumento de juros não ocorra. Entre aqueles que já aderiram à campanha está o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, Delfim Neto e a uma valorosa bancada de deputados na Câmara.

“Os gargalos, que são poucos e pontuais, devem ser enfrentados com medidas voltadas basicamente para a ampliação da importação; podem ser enfrentados com a redução do crédito localizado aos setores e não com a elevação da taxa de juros, que significa um corte do consumo de forma horizontal. A elevação dos juros atua sobre todo o consumo, e significaria, inclusive, a possível interrupção do ciclo de investimentos. Porque, se os juros sobem, o investimento produtivo deixa de ser atrativo, fazendo com que se alimente ainda mais a cadeia da financeirização do país”, defende Pochmann.

Campanha

Em meio à disputa dentro do governo – entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o PCdoB decidiu pautar o assunto das taxas de juro, ameaçadas de subir na próxima reunião do Copom, nos dias 15 e 16 de abril. O partido avalia que ao subir os juros, o Copom pode frear o desenvolvimento do país.

“O desenvolvimento tem que ser permanente e não um vôo de galinha”, defini Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB.

Em reunião esta semana com a bancada do partido na Câmara, foi definida uma programação para dar visibilidade à campanha ”juros altos não”. O slogan está estampado em camisetas, bottons, adesivos e nas falas dos parlamentares e dirigentes comunistas.

Em meio a discursos e distribuição de materiais a bancada do PCdoB também está articulando com outras lideranças partidárias a adesão à campanha para formar um grupo parlamentar afim de desenvolver atividades que pressionem o Copom a não aumentar os juros.

‘Sem nervosismo’

Devido às pressões dentro e fora do governo, Lula pediu calma. ”Os juros irão aumentar quando for necessário aumentar, e cair quando for necessário cair. Eu tenho dito ao ministro (presidente do Banco Central, Henrique) Meirelles e ao ministro (da Fazenda) Guido Mantega que não volte à tensão cada vez que o Copom for se reunir”, declarou Lula em Praga.

Lula disse ainda que não há motivo para nervosismo. ”A economia está bem, a economia está crescendo, o crédito está crescendo, a demanda está crescendo, a produtividade está crescendo. Se você tem um aumento sazonal de um produto, você pode corrigir no próximo trimestre ou no próximo quadrimestre. O momento é de menos palpite e mais tranqüilidade para ver as coisas acontecerem”, disse o presidente na sexta-feira.

A tentativa de aproximação com a República Checa se dá meses antes de o país assumir a Presidência da União Européia, em janeiro do ano que vem, quando ainda devem prosseguir as negociações para um acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul.

O Brasil é o principal parceiro comercial da República Checa na América Latina, mas os números são baixos: o intercâmbio comercial foi de apenas US$ 335 milhões em 2007, com uma desvantagem de US$ 214 milhões para o lado brasileiro. A presença de empresas brasileiras na República Checa é imperceptível.

Da redação, com agências
Site do PC do B

Rizzolo: Engraçada essa esquerda, e mais engraçado ainda é o presidente Lula apoiar veladamente em suas frases o aumento dos juros, e depois, como sempre, desdizer o afirmado. Observem que a esquerda stalinista sempre apóia absolutamente tudo no governo petista, e ” faz uma cena” em que não concorda com a política econômica. Ora, se de fato não concorda parem de apoiar o governo, tornem-se oposição como outras esquerdas, ou cerrem fileira com a oposição.

A velha desculpa é a autonomia do Banco central; está mais do que provado, que o empresariado, a população, enfim todos os segmentos da sociedade querem um basta nessa compulsividade por aumento de taxas de juros promovida pelo Copom e BC. Ou é oposição ou não é, agora ser contra com o slogan ” Juros altos não ” e ficar cortejando o governo petista, é no mínimo falta de caráter político. Poderia ser “Juros altos Não, discordar do PT também Não “. Incoerência pura.