Hugo Chávez: “dinheiro que está depositado nos bancos do Norte deve ser convertido em investimentos”

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou no domingo, em Buenos Aires, que o Banco do Sul é um instrumento de libertação e um “esforço de nossos países da América do Sul para derrotar a pobreza, a miséria, a marginalidade, o analfabetismo, para assegurar aos nossos povos educação, saúde, moradia e emprego digno”.

“Só unidos é que poderemos ser verdadeiramente independentes, verdadeiramente livres”, disse Chávez, acrescentando: “Sem igualdade não há pátria, sem igualdade não projeto de país, sem igualdade não há sociedades possíveis, nem de continente possível”.

Chávez defendeu que as reservas internacionais – “dinheiro que está depositado nos bancos do Norte” – sejam utilizadas em investimentos. “O Banco do Sul deve ser o primeiro passo para começar a trazer os capitais que são nossos, que são de nossos povos e convertê-los em investimentos, investimentos para o desenvolvimento, investimentos na luta contra a pobreza, contra a miséria”.

“Nós não somos párias, nem somos mendigos. E o presidente Kirchner demonstrou isso, graças ao povo argentino e à sua firme vontade, quando libertou a Argentina da dependência do Fundo Monetário Internacional”, ressaltou o presidente venezuelano.

Chávez concluiu dizendo que o Banco do Sul nasce de uma firme vontade política e enfatizou a unidade dos países sul-americanos. “Façamos realidade o Banco do Sul, façamos realidade a união energética do sul, façamos realidade a união, a Unasul, só assim seremos livres”.

Hora do Povo

Rizzolo: Leia uma pequena reflexão minha no artigo:

Banco do Sul um agente da integração

Muito embora os conservadores alegam que o Banco do Sul não passa de uma “invenção de Hugo Chavez”, e afirmam que o governo brasileiro esta sendo usado como massa de manobra nas más intenções dos seus idealizadores, o presidente Lula, nesse domingo, afirmou em seu discurso na Argentina, que o Banco do Sul servirá para financiar projetos na área de infra-estrutura, ciência e tecnologia, para reduzir a pobreza e as diferenças sociais e econômicas na região. Na verdade o Banco do Sul que será lançado no primeiro semestre de 2008, sera uma espécie de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da América do Sul, com recursos próprios para financiamento de desenvolvimento e integração.

Como se tivessem na contramão dos interesses da América Latina, os opositores da iniciativa, declaram que a “aventura do Banco do Sul” conta agora com a aquiescência de Guido Mantega, que como dizem, está menos refratário aos objetivos do Banco, o que certamente os irrita. No elenco de afirmações “vazias”, afirmam que o Brasil será manipulado pelo Conselho de Administração, pelos “discípulos de Hugo Chavez”, e que também beneficiará a Argentina que tem conseguido rolar sua dívida, graças ao apóio da Venezuela.

O que não dizem em nenhum momento, é que o Banco do Sul vem de encontro à criação de uma instituição financeira que irá contribuir para que os países latino-americanos rompam a dependência a mercados de capitais globalizados, incertos e altamente especulativos, propiciando a própria capacidade de reserva, a detenção de fuga de capitais e a inversão de recursos em forma consistente, com os direitos e as necessidades dos povos. Tenho dito que não podemos ficar à mercê das políticas perversas editadas pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Observem que na própria Ásia , países que já sentiram de perto os efeitos de crises, estão estudando a formação de Fundo Monetário Asiático mais conhecido como a Iniciativa de Chiang Mai e começou basicamente pela criação de uma rede de acordos bilaterais de “swaps”, cuja finalidade é prover financiamento de balanços de pagamentos em situação de emergência. Os países participantes são a China, o Japão, a Coréia do Sul e os dez membros da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas, entre outros).

O fracasso da rodada de Doha deixa cada vez mais claro que neste mundo de impérios globalizados, só tem vez os blocos coesos de interesses compartilhados. O Banco do Sul seria um amplificador vigoroso da voz e dos interesses latino-americanos, o que contraria interesses dos EUA que através do Brasil insistiram, desta feita, em não fazer do Banco do Sul um substituto do FMI, cuja política visa, na verdade, apenas os interesses do governo americano, haja vista o que ocorreu na gravíssima crise cambial e financeira asiática de 1997-98, que definitivamente mudou a percepção desses países. Houve descontentamento, e até revolta, com o modo como os EUA e o FMI abordaram a crise.

As recomendações de política econômica foram consideradas em grande parte medidas contraproducentes. Além disso, parece ter ficado evidente que os EUA estavam se valendo do Fundo e de outras instituições sediadas em Washington para promover o seu interesses nacionais. “O FMI tem feito mais para promover a agenda comercial e de investimento dos EUA na Coréia do que 30 anos de entendimentos comerciais bilaterais”, disse na época Lawrence Summers, então subsecretário do Tesouro do governo Clinton.

Fica claro, que para conseguir seu desiderato, o conservadorismo exulta e se delicia com a promoção de divergências via mídia e Congresso Nacional entre o Brasil e os países da América Latina, em especial à Venezuela, onde vêem a oportunidade de isolar o Brasil, deixando-o numa situação refratária a uma maior integração Latino Americana, para que talvez, finalmente, se sinta socorrido e alinhado aos interesses do EUA, até mesmo do ponto de vista militar, onde os investimentos das Forças Armadas são tímidos e precários frente a outros países da América Latina, e que certamente nos leva a uma reflexão, a uma pergunta. A quem isso serve?

Fernando Rizzolo

Banco do Sul um agente da integração

Muito embora os conservadores alegam que o Banco do Sul não passa de uma “invenção de Hugo Chavez”, e afirmam que o governo brasileiro esta sendo usado como massa de manobra nas más intenções dos seus idealizadores, o presidente Lula, nesse domingo, afirmou em seu discurso na Argentina, que o Banco do Sul servirá para financiar projetos na área de infra-estrutura, ciência e tecnologia, para reduzir a pobreza e as diferenças sociais e econômicas na região. Na verdade o Banco do Sul que será lançado no primeiro semestre de 2008, sera uma espécie de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da América do Sul, com recursos próprios para financiamento de desenvolvimento e integração.

Como se tivessem na contramão dos interesses da América Latina, os opositores da iniciativa, declaram que a “aventura do Banco do Sul” conta agora com a aquiescência de Guido Mantega, que como dizem, está menos refratário aos objetivos do Banco, o que certamente os irrita. No elenco de afirmações “vazias”, afirmam que o Brasil será manipulado pelo Conselho de Administração, pelos “discípulos de Hugo Chavez”, e que também beneficiará a Argentina que tem conseguido rolar sua dívida, graças ao apóio da Venezuela.

O que não dizem em nenhum momento, é que o Banco do Sul vem de encontro à criação de uma instituição financeira que irá contribuir para que os países latino-americanos rompam a dependência a mercados de capitais globalizados, incertos e altamente especulativos, propiciando a própria capacidade de reserva, a detenção de fuga de capitais e a inversão de recursos em forma consistente, com os direitos e as necessidades dos povos. Tenho dito que não podemos ficar à mercê das políticas perversas editadas pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Observem que na própria Ásia , países que já sentiram de perto os efeitos de crises, estão estudando a formação de Fundo Monetário Asiático mais conhecido como a Iniciativa de Chiang Mai e começou basicamente pela criação de uma rede de acordos bilaterais de “swaps”, cuja finalidade é prover financiamento de balanços de pagamentos em situação de emergência. Os países participantes são a China, o Japão, a Coréia do Sul e os dez membros da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas, entre outros).

O fracasso da rodada de Doha deixa cada vez mais claro que neste mundo de impérios globalizados, só tem vez os blocos coesos de interesses compartilhados. O Banco do Sul seria um amplificador vigoroso da voz e dos interesses latino-americanos, o que contraria interesses dos EUA que através do Brasil insistiram, desta feita, em não fazer do Banco do Sul um substituto do FMI, cuja política visa, na verdade, apenas os interesses do governo americano, haja vista o que ocorreu na gravíssima crise cambial e financeira asiática de 1997-98, que definitivamente mudou a percepção desses países. Houve descontentamento, e até revolta, com o modo como os EUA e o FMI abordaram a crise.

As recomendações de política econômica foram consideradas em grande parte medidas contraproducentes. Além disso, parece ter ficado evidente que os EUA estavam se valendo do Fundo e de outras instituições sediadas em Washington para promover o seu interesses nacionais. “O FMI tem feito mais para promover a agenda comercial e de investimento dos EUA na Coréia do que 30 anos de entendimentos comerciais bilaterais”, disse na época Lawrence Summers, então subsecretário do Tesouro do governo Clinton.

Fica claro, que para conseguir seu desiderato, o conservadorismo exulta e se delicia com a promoção de divergências via mídia e Congresso Nacional entre o Brasil e os países da América Latina, em especial à Venezuela, onde vêem a oportunidade de isolar o Brasil, deixando-o numa situação refratária a uma maior integração Latino Americana, para que talvez, finalmente, se sinta socorrido e alinhado aos interesses do EUA, até mesmo do ponto de vista militar, onde os investimentos das Forças Armadas são tímidos e precários frente a outros países da América Latina, e que certamente nos leva a uma reflexão, a uma pergunta. A quem isso serve?

Fernando Rizzolo

FMI precisa da competição do Banco do Sul, diz Stiglitz

20061220145337stigliz_2003.jpg

Stiglitz ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2001

Joseph Stiglitz, ex-chefe do Banco Mundial (Bird) e vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2001, acredita que o Fundo Monetário Internacional se tornou um ”clube de países ricos” e que a criação do Banco do Sul em vez de uma ameaça oferece, pelo contrário, ”a competitividade da qual o fundo necessita”.

”Existem duas falhas graves dentro do FMI. Uma delas é que se ele se tornou um clube dos países ricos, dos Estados Unidos e da Europa, principalmente. E dentro dele, apenas um país, os Estados Unidos, tem o poder de veto. Os Estados Unidos são atualmente a principal fonte de instabilidade no mundo, como se viu na crise do setor de subprime (de hipotecas de alto risco)”, disse Stiglitz à BBC Brasil.

Mas o ex-chefe do Bird acrescenta que ”o FMI não se atreve a criticar os Estados Unidos, mesmo porque o país é o principal financiador do fundo, o que torna difícil para o FMI ter uma visão objetiva desses fenômenos”.

O economista comenta que o fundo precisa rever o seu papel e ”se reinventar”. Por conta disso, ele acredita que a criação do Banco do Sul deve ser saudada, uma vez que o próprio fundo ”precisa de competitividade, de diversidade”.

Banco do Sul

O Banco do Sul partiu de uma iniciativa da Venezuela. Ele visa financiar projetos de desenvolvimento regionais e pretende ser uma alternativa local a instituições como o próprio FMI, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, todos com sedes em Washington.

A instituição deverá contar com a participação da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai e Venezuela. A data prevista para o início de seu funcionamento é no próximo dia 3 de novembro. Na semana passada, a Colômbia manifestou interesse em aderir ao Banco do Sul.

No entender de Stiglitz, o Banco do Sul poderá ter mais sensibilidade para lidar com crises locais do que o FMI. Ele cita o exemplo da crise econômica do Leste Asiático, que teve início no final dos anos 90, para enfatizar a suposta inaptidão do fundo em saber como agir diante de situações adversas regionais.

”Quando estourou a crise no Leste Asiático, havia uma pressão local para que se criasse um fundo asiático, mais capaz de entender a situação vivida na região e as estruturas locais, porque o FMI não estava sendo capaz de compreender o que estava se passando por lá”.

O economista defende ainda uma completa reformulação na forma como tanto os líderes do FMI como do Banco Mundial são selecionados, que é também uma das reivindicações de alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.

Pelo acordo em vigor desde a criação dos dois órgãos, em 1949, o comando do Banco Mundial fica com os Estados Unidos e o do FMI, com a Europa.

”Eu venho defendendo mudanças há oito anos. Eu desaprovei a forma como tanto Horst Köhler e Rodrigo de Rato foram escolhidos”, diz Stiglitz em relação aos mais recentes detentores do cargo de diretor do FMI. O espanhol De Rato será substituído em 1º de novembro pelo francês Dominique Strauss-Kahn.

Escândalo

Stiglitz comenta que os recentes episódios envolvendo Paul Wolfowitz, o ex-presidente do Banco Mundial, ”abriram os olhos” da instituição. Wolfowitz renunciou ao cargo em 30 de junho deste ano, após o escândalo em que foi acusado de nepotismo por haver autorizado a promoção de sua namorada, Shaha Riza, que também trabalhava no banco.

”Mas, mesmo depois disso, eles deram continuidade a um sistema fracassado de escolha sucessória. Existem movimentos, mas não saberia dizer se o processo de escolha das próximas lideranças já será diferente”, comenta o ex-presidente do Bird.

Em relação ao atual presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, Stiglitz diz que ”há referências de que ele trabalha duro e é muito envolvido, mas tenho dúvidas de que o nome dele estaria na lista final se não coubesse aos Estados Unidos indicar o presidente do órgão”.

Mas, acrescenta o economista, o presidente George W. Bush ”não apenas determina a lista final, como até mesmo a lista completa. E Bush não tem qualquer compreensão de desenvolvimento ou de multilateralismo”.

BBC Brasil

Rizzolo: Stinglitz é um defensor da integração da América Latina, esteve neste mes de outubro na Venezulena , participando do Forum de Estratégias para os Mercados Emergentes , Stinglitz, defendeu a política de Chavez na aplicação dos recursos advindos da venda de petróleo às iniciativas sociais, combatendo o analfabetismo, promovendo a erradicação da fome e da miséria, investindo na saúde pública e vertendo uma postura do Estado como principal agente de transformações sociais. O Banco do Sul vem nesse esteio de cooperação entre os países da América Latina, e é mais uma iniciativa que partiu da política integracionista de Chaves.

Na verdade, o Banco do Sul seria um amplificador vigoroso da voz e dos interesses latino-americanos, o que contraria interesses dos EUA que através do Brasil insistiram, desta feita, em não fazer do Banco do Sul um substituto do FMI, cuja política visa, na verdade, apenas os interesses do governo americano, haja vista o que ocorreu na gravíssima crise cambial e financeira asiática de 1997-98, que definitivamente mudou a percepção desses países.

Houve descontentamento, e até revolta, com o modo como os EUA e o FMI abordaram a crise. As recomendações de política econômica foram consideradas em grande parte medidas contraproducentes. Além disso, parece ter ficado evidente que os EUA estavam se valendo do Fundo e de outras instituições sediadas em Washington para promover o seu interesses nacionais. “O FMI tem feito mais para promover a agenda comercial e de investimento dos EUA na Coréia do que 30 anos de entendimentos comerciais bilaterais”, disse na época Lawrence Summers, então subsecretário do Tesouro do governo Clinton. Como bem disse Stinglitz ” o Banco do Sul poderá ter mais sensibilidade para lidar com crises locais do que o FMI “.

Mantega: FMI se moderniza ou não servirá mais para nada

20070201184418070202_mantega3_203.jpg

De Washington – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira em Washington que, ou o FMI (Fundo Monetário Internacional) ”se moderniza, se transforma ou vai cair em desuso, vai se tornar supérfluo, não vai mais servir para nada”.

Segundo o ministro da Fazenda, é preciso que o FMI modifique o seu atual sistema de cotas, levando em conta a crescente importância de países emergentes na economia mundial. Pelo sistema de cotas em vigor atualmente, quem tem o maior número de votos dentro do FMI são os Estados Unidos, seguidos por Japão, Alemanha, França e Grã-Bretanha.

Os comentários de Mantega foram feitos na sede da instituição, onde o ministro participa da reunião do FMI e do Banco Mundial. A reforma do sistema de cotas foi um dos temas discutidos por Mantega no encontro que manteve com representantes do G4, o grupo formado por Brasil, China, Índia e África do Sul.

A reforma no sistema de cotas teve início há um ano, durante um encontro do FMI em Cingapura, quando foram concedidas maiores cotas à China, à Turquia, à Coréia do Sul e ao México. Mas Mantega avalia que a discussão sobre o avanço das reformas pouco evoluiu desde então.

”Nós achamos que o processo caminhou muito pouco, que ele é insuficiente para atender as mudanças na importância econômica desses países (as nações emergentes)”, afirmou.

No entender do ministro, o fato de que algumas das principais economias emergentes não sofreram significativos danos provocados pela crise gerada pela bolha imobiliária americana e os empréstimos hipotecários do tipo subprime (de alto risco) são um sinal da crescente importância dos países em desenvolvimento e a prova de que eles precisam contar com uma maior representatividade junto ao fundo.

”A mudança ficou patente a partir dessa crise do subprime. Nós tentamos demonstrar que os países emergentes estão mais sólidos do que os países ditos avançados. E que portanto a nossa importância econômica é maior do que aquela que está expressa na nossa participação nas cotas e nas decisões do fundo.”

Mantega disse que se a mudança não ocorrer, os países emergentes irão ”criar outras instituições que possam substituir o fundo no futuro”, mas ressaltou: ”Não quero que isso aconteça”.

O titular da Fazenda ressaltou que o Brasil não pretende chegar ao ponto de se retirar do FMI. ”Não estou me afastando do fundo. É uma instituição que hoje está em crise, uma crise de identidade, de função. Acho que o fundo pode ser recuperado, ele tem jeito, mas desde que aceite passar por transformações importantes. Não é só o Brasil, outros países estão dizendo a mesma coisa: ou o fundo muda ou perece. Essa é a encruzilhada na qual nos encontramos.”

O ministro também criticou as projeções feitas pelo FMI em relação ao crescimento da economia brasileira para 2007 e 2008, que foram de, respectivamente, 4,4% e 4%.

”O Fundo Monetário fez uma leitura equivocada da dinâmica da economia brasileira em 2007, projetando um crescimento de 4,4%. Demonstra o desconhecimento do que está acontecendo no Brasil, que está crescendo de forma robusta, impulsionado por um mercado interno crescente e que vai desembocar talvez no melhor Natal dos últimos tempos, nós vamos ter um Natal muito rico no Brasil no final de 2007. Tudo indica que o nosso crescimento atingirá algo como 4,7%, 4,8% do PIB em 2007.”

O otimismo do titular da Fazenda se estende ao próximo ano, para o qual prevê um crescimento de 5% do PIB: ”Nós chegaremos a 2008 com uma economia aquecida, com o setor de construção civil aumentando a sua produção, um nível de investimento bastante elevado, e nenhuma razão para haver uma desaceleração da economia em 2008”.

Mantega também prevê que a inflação ficará sob controle, fechando na casa dos 4%, em 2007 e entre 4,1% e 4,2% no ano que vem.

O ministro voltou a falar da criação do Banco do Sul, um dos temas da entrevista que concedeu em Washington na quinta-feira. A instituição é uma iniciativa do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que visa ser uma alternativa local a instituições como o próprio FMI, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. O banco tem por propósito financiar projetos de desenvolvimento regionais.

O órgão deverá contar com a participação da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai e Venezuela. A data prevista para assinatura da ata que marcará a fundação do banco será no próximo dia 3 de novembro. Na semana passada, a Colômbia manifestou interesse em aderir ao Banco do Sul.

Mantega afirmou que gostaria de ampliar ainda mais o número de países que irão integar o banco. ”Eu pessoalmente estarei convidando aqueles que não estavam presentes, como o Chile, por exemplo, e o Peru. Acho que os 12 países sul-americanos deveriam fazer parte do conselho de gestão do banco.”

Mas o ministro destacou que ainda existe uma série de medidas que precisam ser tomadas para que o banco entre em funcionamento. ”Para que ele seja constituído, é preciso criar um estatuto. Até agora, só definimos os conceitos gerais. É preciso definir como ele irá funcionar, como vai emprestar, como será feita a análise de recursos, qual é o capital inicial de cada país. As regras do banco deverão ser discutidas daqui para a frente.”

O Estado de São Paulo

Rizzolo: O fracasso da rodada de Doha deixa cada vez mais claro que neste mundo de impérios globalizados, só tem vez os blocos coesos de interesses compartilhados. O Banco do Sul seria um amplificador vigoroso da voz e dos interesses latino-americanos, o que contraria interesses dos EUA que através do Brasil insistiram, desta feita, em não fazer do Banco do Sul um substituto do FMI, cuja política visa, na verdade, apenas os interesses do governo americano, haja vista o que ocorreu na gravíssima crise cambial e financeira asiática de 1997-98, que definitivamente mudou a percepção desses países. Houve descontentamento, e até revolta, com o modo como os EUA e o FMI abordaram a crise. As recomendações de política econômica foram consideradas em grande parte medidas contraproducentes. Além disso, parece ter ficado evidente que os EUA estavam se valendo do Fundo e de outras instituições sediadas em Washington para promover o seu interesses nacionais. “O FMI tem feito mais para promover a agenda comercial e de investimento dos EUA na Coréia do que 30 anos de entendimentos comerciais bilaterais”, disse na época Lawrence Summers, então subsecretário do Tesouro do governo Clinton.

Fica claro, que para conseguir seu desiderato, o conservadorismo exulta e se delicia com a promoção de divergências via mídia e Congresso Nacional entre o Brasil e os países da América Latina, em especial à Venezuela, onde vêem a oportunidade de isolar o Brasil, deixando-o numa situação refratária a uma maior integração Latino Americana, pra que talvez, finalmente, se sinta socorrido e alinhado aos interesses do EUA, até mesmo do ponto de vista militar, onde os investimentos das Forças Armadas são tímidos e precários frente a outros países da América Latina, e que certamente nos leva a uma reflexão, a uma pergunta. A quem isso serve?

Publicado em Política. Tags: . 1 Comment »

Desqualificar o Banco do Sul, um não a integração da América Latina

Editoriais conservadores, como o do Jornal O Estado de São Paulo de hoje dia 10/10/2007 , destilam seu ódio em relação à implementação do Banco do Sul e a participação do Brasil como membro. Alegam que o Banco do Sul não passa de uma “invenção de Hugo Chavez”, e afirmam que o governo brasileiro esta sendo usado como massa de manobra nas más intenções dos seus idealizadores. Como se tivessem na contramão dos interesses da América Latina, os opositores da iniciativa, declaram que a “aventura do Banco do Sul”, conta agora com a aquiescência de Guido Mantega, que como dizem, está menos refratário aos objetivos do Banco, o que certamente os irrita. No elenco de afirmações “vazias”, afirmam que o Brasil será manipulado pelo Conselho de Administração, pelos “discípulos de Hugo Chavez”, e que também beneficiará a Argentina que tem conseguido rolar sua dívida, graças ao apóio da Venezuela.

O que não dizem em nenhum momento, é que o Banco do Sul vem de encontro à criação de uma instituição financeira que irá contribuir para que os países latino-americanos rompam a dependência a mercados de capitais globalizados, incertos e altamente especulativos, propiciando a própria capacidade de reserva, a detenção de fuga de capitais e a inversão de recursos em forma consistente, com os direitos e as necessidades dos povos; tenho dito que não podemos ficar à mercê das políticas perversas editadas pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, observem que na própria Ásia , países que já sentiram de perto os efeitos de crises, estão estudando a formação de Fundo Monetário Asiático mais conhecido como a Iniciativa de Chiang Mai e começou basicamente pela criação de uma rede de acordos bilaterais de “swaps”, cuja finalidade é prover financiamento de balanços de pagamentos em situação de emergência. Os países participantes são a China, o Japão, a Coréia do Sul e os dez membros da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas, entre outros).

O fracasso da rodada de Doha deixa cada vez mais claro que neste mundo de impérios globalizados, só tem vez os blocos coesos de interesses compartilhados. O Banco do Sul seria um amplificador vigoroso da voz e dos interesses latino-americanos, o que contraria interesses dos EUA que através do Brasil insistiram, desta feita, em não fazer do Banco do Sul um substituto do FMI, cuja política visa, na verdade, apenas os interesses do governo americano, haja vista o que ocorreu na gravíssima crise cambial e financeira asiática de 1997-98, que definitivamente mudou a percepção desses países. Houve descontentamento, e até revolta, com o modo como os EUA e o FMI abordaram a crise. As recomendações de política econômica foram consideradas em grande parte medidas contraproducentes. Além disso, parece ter ficado evidente que os EUA estavam se valendo do Fundo e de outras instituições sediadas em Washington para promover o seu interesses nacionais. “O FMI tem feito mais para promover a agenda comercial e de investimento dos EUA na Coréia do que 30 anos de entendimentos comerciais bilaterais”, disse na época Lawrence Summers, então subsecretário do Tesouro do governo Clinton.

Fica claro, que para conseguir seu desiderato, o conservadorismo exulta e se delicia com a promoção de divergências via mídia e Congresso Nacional entre o Brasil e os países da América Latina, em especial à Venezuela, onde vêem a oportunidade de isolar o Brasil, deixando-o numa situação refratária a uma maior integração Latino Americana, pra que talvez, finalmente, se sinta socorrido e alinhado aos interesses do EUA, até mesmo do ponto de vista militar, onde os investimentos das Forças Armadas são tímidos e precários frente a outros países da América Latina, e que certamente nos leva a uma reflexão, a uma pergunta. A quem isso serve?

Fernando Rizzolo