O corte agora foi de 0,5% e a taxa básica caiu para 3%. Já o pacote anunciado por Bush, de US$ 150 bilhões, dará um cheque de restituição de US$ 600 a cada contribuinte que declare até US$ 75.000 no IR, mais US$ 300 por filho menor
Na tentativa de conter a crise nos bancos, corretoras e seguradoras, e a recessão, o banco central dos EUA, o Federal Reserve, voltou a cortar na quarta-feira 30 de janeiro, pela segunda vez em nove dias, a taxa básica de juros, que agora caiu para 3%. O corte de 0,5% na reunião regulamentar do Fed de janeiro, foi o dobro do que vinha sendo previsto pelos bancos. No corte anterior, decidido, em caráter de emergência, em pleno feriado e por videoconferência, o Fed havia reduzido o juro básico em 0,75%, o maior corte de uma só vez em 25 anos. O BC dos EUA também cortou na quarta-feira em 0,5% a taxa de empréstimos entre bancos, a chamada taxa de redesconto, que caiu para 3,5%.
PACOTE
Noutra frente, o pacote anunciado por Bush, de US$ 150 bilhões – cerca de 1% do PIB dos EUA -, parece muito aquém do que a situação exige. O secretário do Tesouro de Bush, Henry Paulson Jr., teve que negociar com os democratas sua aprovação na Câmara dos Deputados. Pelo acordo, 116 milhões de pessoas receberão cheques de restituição de imposto de renda. Cada contribuinte que perceba até US$ 75.000 terá direito a US$ 600; US$ 1200 para o casal (teto de US$ 150.000 de renda), e mais US$ 300 por filho menor. O cheque-restituição será reescalonado a partir desse teto de US$ 75.000 de renda, e zerado a partir da renda declarada de US$ 87.000 (até US$ 150.000 o casal).
60 DIAS
O pacote inclui US$ 28 bilhões para que pessoas isentas do imposto de renda possam receber cheques de US$ 300. Temporariamente também será elevado de US$ 417.000 para US$ 729.750 o valor limite de hipoteca que poderá ser coberto pelas seguradoras Fannie Mae e Freddie Mac. Paulson afirmou que, assim que o Senado aprove, e Bush assine a lei, em “60 dias” os cheques estariam sendo enviados, possivelmente a partir de maio ou junho. Ele estimou em dez semanas o tempo necessário para enviar todos os cheques, isto é, antes das eleições de novembro. O pacote ainda terá que ser aprovado no Senado.
Mas há pouca gente que creia que essas medidas serão suficientes. Como assinalou a revista inglesa “The Economist”, a expectativa do governo dos EUA e do Fed de que a crise do estouro da bolha das hipotecas não iria se alastrar ao conjunto da economia se desfez em janeiro. Supõe-se que os rombos recordes do Citibank e da Merrill Lynch no último trimestre de 2007 tenham ajudado a clarear as idéias.
De acordo com uma compilação da BBC, as perdas até dezembro passado chegam a US$ 22,1 bilhões na Merrill Lynch, US$ 18 bilhões no Citibank, US$ 9,4 bilhões no Morgan Stanley, US$ 3,2 no Bear Stearns, US$ 3 bilhões no Bank of America, US$ 3,2 bilhões no JP Morgan Chase e US$ 1,1 bilhão no Wachovia. Os rombos devem ser ainda maiores, já que todo dia mais um mafuá com papéis bichados vai à lona, forçando a mais baixas contábeis nos ativos que os bancos diziam ter. Abalroados, o Citibank e a Merrill Lynch precisaram comunicar ao distinto público que estavam sendo socorridos por fundos soberanos de vários países, além de um príncipe saudita no caso do primeiro, em respectivamente, US$ 14 bilhões e US$ 6,6 bilhões.
Às más notícias se soma o anúncio do Departamento do Comércio, no início da semana, de que as vendas de casas novas despencaram 26,4% no ano passado, para 774 mil. Uma queda pior ainda do que a da crise de 1980 – quando encolheu 23,1%. Ainda segundo o Departamento, no ano passado os EUA tiveram o mais fraco crescimento do PIB desde 2002 – 2,2%. No último trimestre, o crescimento anualizado ficou em 0,6%. Também piorou o desempenho das exportações, ainda com crescimento, mas baixando de 19% no terceiro trimestre, para 3,9% no quarto trimestre, em relação a igual período do ano anterior, mesmo com a desvalorização do dólar pernate outras moedas.
Hora do Povo
Rizzolo: Todas as medidas para conter a crise imobiliária nos EUA foram tomadas à tempo pelo FED, além disso, o enfrentamento da mesma e suas medidas drásticas adotadas po Ben Bernanke, presidente do FED, foram chanceladas pelos conservadores dos EUA , inclusive por Alam Grinspum. Um fato preocupante , sem dúvida, é o anúncio do Departamento do Comércio, no início da semana, de que as vendas de casas novas despencaram 26,4% no ano passado, para 774 mil, esse dado com certeza nos leva a uma percepção da dimensão da crise. As medidas de incentivo ao consumo podem levar os EUA, se não houver uma fina dosimetria nos cortes das taxas de juros, a um aumento da inflação, que a meu ver já é esperada. Contudo já há quem detecte sinais incipientes de “estagflação”, ou seja, um período de ausência de crescimento associada à alta de preços.